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O Ano da Geringonça

6 Janeiro, 2017

O ano de 2016 será eternizado com a estreia nacional da primeira novela com a maior audiência até hoje, interpretada por um elenco nunca visto que juntou socialistas a comunistas na governação. Durante um ano conseguiu prender, diariamente, 10 milhões de pessoas que acompanharam com atenção, cada episódio.

O Ano da Geringonça (assim intitulada a trama), foi rica em encontros e desencontros, amores e afectos, comédia, tragédia,  suspense, cusquices e até, divórcios. Elogiada pelo Financial Times e DBRS, e alguns cromos em Bruxelas, destacada e apoiada por toda a comunicação social,  e alguns políticos de destaque duvidoso,  mostrou ser o maior êxito  até hoje nesta categoria. Vai fazer história. Ai vai… Vai…

Mas, este sucesso não seria possível sem personagens inigualáveis, que nos provocaram os mais díspares sentimentos, e nos prenderam ao ecrã,   num  enredo estonteante.  Não faltou amor e afecto  distribuídos pelo querido Marcelo que beijou, abraçou, tudo e mais alguma coisa. Que dançou com meninos de Moçambique. Que viajou por toda a parte sem esquecer de dar um abraço ao romântico ditador Fidel. Marcelo foi ainda o remake do inesquecível  Zé das Medalhas… Um “must”!

A trama foi prosseguindo a cada episódio com arrufos de namorados e divórcios, como aquela cena  na CGD, com Centeno a trair Domingues, que  o faz abandonar o “lar”. Onde Centeno  implora que fique mais um bocadinho até Macedo entrar na “casa”… Mas com  o desgosto, Domingues decide  mesmo partir culpando Costa, o mediador “matrimonial”, de o ter abandonado neste processo. Entretanto o Banco público ficou em gestão por sms e mails com a recapitalização urgente, que deixou de  o ser, e  passou para 2017 mas, com calma porque é preciso fazer render a novela… Isto promete…

Depois veio o episódio das aldrabices no ME com  certificados falsos de colaboradores a dizerem-se detentores de “quase cursos” por terem “tido vontade de frequentar” mas não o fizeram por “falta de tempo”, sem que isso  incomodasse alguém,  pois aldrabões de esquerda,  é outro nível. Mais adiante a dupla Brandão e Nogueira deram o golpe nas escolas com contratos de associação e deixaram 12 000 professores apeados, auxiliares no desemprego, alunos à deriva com cursos cortados ao meio. É  a adrenalina ao limite!  Yeahh!!!

Noutro episódio fomos envolvidos no  suspense dos casos   Galpgate , Plasmagate, Besgate onde a equipa do CSI continua em investigação, mas que um manual de conduta no Galpgate, abreviou. É  que isto prometia alongar o enredo por algumas décadas e é preciso cortar nalguns episódios de acordo com o realizador. Nada de grave.

E aquele episódio brutal do mistério no OE? Contas que não batem a “bota com a perdigota”, que puseram a cabeça num oito a quem se deu o trabalho de as perceber, com contas escondidas a ver se passa?

Ainda houve espaço para comédia com Galamba a debater economia. No Parlamento com sessões divertidas onde PCP e BE fingiram berrar contra propostas, para logo de seguida alimentar-se de saborosos sapos no bufete…  Dizem eles,  que austeridade de esquerda é gourmet.

Nem as beatas faltaram nesta história alucinante. Catarinas e Mortáguas, donas de uma cusquice aprumada, elas que juravam todos os dias fidelidade ao Partido, e esganiçavam contra os infieis do regime, foram vistas a praticarem o pecado capitalista em  compras na Zara e no Jumbo. Memorável!

Mas a novela atingiu  seu pico de audiência com um momento de terror interpretado por Mariana quando quis “ir buscar dinheiro a quem acumula dinheiro”. Um episódio tenso que se tornou viral com aquela professora a dar um  “chapadão à chavala”… Muito bom.

Enquanto isso, o vilão da trama, PPC, perseguido por apregoar o apocalispe, parece vir a ser o salvador disto tudo… Estranho… mas teremos de continuar a assistir  para perceber o que aí vem.

Uma coisa já sabemos: foi um ano  cheio de emoções fortes onde o espectador teve ainda o privilégio de uma participação forçada no financiamento arrojado desta novela da Geringonça.

Aguardemos, pois,  pelos próximos episódios.

19 comentários leave one →
  1. 6 Janeiro, 2017 17:51

    Não consigo deixar de rir com a excelente ironia e qualidade do texto e de me preocupar com a desgraça comprovado que ele encerra. “Mas prontos” ver a mana mortágua ( filha do assaltante de bancos – convém não esquecer) a fazer compras nesse antro do capitalismo que dá pelo nome de sara ou vê – lá usar maquilhagem na TV, esse produto de degradação burguesa, faz-me sentir leve por imaginar o sapo que ela engole/enfia, todos os dias, com gel aquoso emprestado pelo moço do brinco, para escorregar melhor…

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    • Cristina Miranda permalink
      6 Janeiro, 2017 19:24

      Obrigada 🙂

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    • Isabel silva permalink
      7 Janeiro, 2017 01:43

      Eu, como regra, não vejo TV portuguesa. Não é snobismo, é uma questão de sobrevivência num estado mental tão equilibrado quanto possível. Tento ver dois ou três debates por semana, os suficientes para saber as novidades. Às vezes ouço as notícias da meia-noite e aí descubro situações importantes de que nunca mais se fala. Leio uns 4 ou 5 comentadores na internet, poucos títulos de jornais ( o expresso, nunca ) e, mesmo assim,com esta atitude comedida não consigo evitar umas horitas de depressao de vez em quando. Quem consegue explicar a resistência e a passividade dos meus conterrâneos? O José Gil deu uma achega mas eu ainda não fiquei convencida.

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  2. bentoluis permalink
    6 Janeiro, 2017 17:53

    *comprovada e Zara, dois erros de escrita.

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  3. 6 Janeiro, 2017 18:04

    O melhor é irem-se habituando. Cada vez vai ser mais difícil um partido de direita ou uma coligação de direita fazerem aprovar na AR os seus lunáticos programas de governo e respetivos orçamentos,
    O meu desejo é que Passos Coelho e as suas ideias brilhantes continuem a mandar no PSD…

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  4. maria permalink
    6 Janeiro, 2017 19:03

    Ilusionismo! Os pobres pensionistas receberão o aumento de 6 e 10€ em Setembro mas a propaganda do governo, COSTA e seus muchachos fazem contar já, como se as melhorias enchessem os bolsos dos pensionistas. Pois, no NATAL estes pensionista já gastaram por conta, daí o aumento.

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  5. maria permalink
    6 Janeiro, 2017 19:04

    Digo: constar

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  6. Filipe Costa permalink
    6 Janeiro, 2017 19:35

    Os duodécimos foi boa ideia, as pessoas aprenderam a poupar, ou não, agora que revogam 50% da medida, têm que lançar uns foguetes para iludir a maralha, menos 20 ou 30 euros mensais, pesa bem na carteira de um reformado.

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  7. Juromenha permalink
    6 Janeiro, 2017 20:45

    Brilhante exercício de ironia.
    E não esquecer que grande , para não dizer a totalidade, do “êxito” da novela se deve à “crítica favorável” e “isenta” daquilo que aqui passa por comunicação “sucial”…

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  8. 6 Janeiro, 2017 22:28

    Pensava que os portugueses eram burros. Excluindo os presentes, como mandam dizer as tão esquecidas boas maneiras. E não só, evidentemente não são todos burros, há-os é em excesso.
    Mas depois de pensar bem, os portugueses são mais como sapos.
    Os sapos, mergulhados em água a ferver saltam logo dali para fora, mas se forem mergulhados numa panela ao lume com água ainda tépida, não sentem o aumento da temperatura e deixam-se cozer enquanto vão fazendo alegremente a sua vidinha.
    Um burro não cai nessa. É que nem um burro cai nessa, e eu só já vejo é sapos.
    É só uma teoria.

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  9. Alain Bick permalink
    7 Janeiro, 2017 12:11

    felis anus novo para a geringonça

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