Saltar para o conteúdo

Pois, mas destes abusos sexuais inconvenientes ninguém fala

25 Setembro, 2017

No meio das piadas sobre indivíduos com orgasmos em perna alheia entre paragens de autocarro, corremos o risco de desvalorizarmos algo muito sério que acontece nos transportes públicos das nossas cidades. Sim, é engraçado pensar que alguém do clã Ferro Rodrigues tenha alguma vez entrado num autocarro ou numa entrevista de emprego, mas não devemos esquecer que há pessoas que já entraram e que algumas chegaram a ser vítimas de agressão sexual perante a passividade dos restantes passageiros. Aproveitemos esta oportunidade para nos insurgirmos contra esta badalhoquice, que o debate sobre a eutanásia não vingou e isto é muito aborrecido sem assuntos para tratar e já há dois dias que nenhum muçulmano ateia uma mulher em chamas.

O meu irmão é gay, mas prefere ser considerado como “um valente paneleiro”, um dos 56 géneros reconhecidos pela ciência actual. Há coisa de dois anos, estava o Jorjão muito bem sentado no autocarro, de pernas bem abertas para que nenhuma velha malcheirosa se sentasse a seu lado, eis que chega uma gaja mesmo muito boa e que ele, obviamente, considerou repugnante. Mini-saia pelo umbigo, blusa transparente amarrada ao nível da saia e saltos altos bicudos que em muito superavam em amplitude a unha de tirar cera do ouvido do meu irmão; foram estes preparos, em conjunto com a atitude provocadora de quem carrega um livro de Dalton Trevisan, prémio Camões 2012, que fizeram soar os alarmes do Jorjão. Perante a passividade dos restantes passageiros, incluindo a velha que ia de pé ao lado do assento do meu irmão, a gaja começa a urinar na maior para cima dele. O Jorjão gritou um “****-**!” e a gaja parou, não sei bem como, presumo apenas muitas horas de treino muscular, perguntando-lhe:

— Tu não és o Joaquim?
— Não, sou o Jorjão.
— Então desculpa que foi engano.

Bem, aquilo parecia um sketch dos Gato Fedorento na altura em que se podia fazer piadas de cariz sexual, incluindo piadas com maricas; portanto, um sketch do século passado. O Jorjão ficou indignado, até porque nem tinha levado o impermeável que usa para meter em cima do colchão para este tipo de actividade com os amigos.

Enfim, que fizeram os outros passageiros? Riram! Bolas, é para isto que andamos a criar uma rede transeuropeia de transportes? É para isto que vamos construir vinte novas estações de metro? Que gente é esta que se ri do meu irmão, ali, todo urinado por pessoa de sexo diferente? Ele ficou ensopado e, neste dia em concreto, tinha sítio para onde ir: fora convidado para o programa da tarde, na SIC, para apresentar o seu livro de dicas de maquilhagem para pessoas com pilosidade abundante e nem pode ir nem nada. Conclusão: o livro não vendeu nada de jeito, ainda se riram dele e nem o caso vem nos livros e artigos que ilustram os inúmeros casos de assédio fetichista que ocorrem nos nossos transportes públicos.

Devemos reflectir nisto.

13 comentários leave one →
  1. piscoiso permalink
    25 Setembro, 2017 21:04

    Moral da estória: Os autocarros deviam ter retrete.

    Gostar

  2. 25 Setembro, 2017 21:13

    Episódio que certamente aconteceu na Nâmbia. Há turistas portugueses em todo o planeta, carago !

    Gostar

  3. Procópio permalink
    25 Setembro, 2017 21:46

    Isso dos transportes públicos é com a cgtp. Não metam mais mijo nisso.
    Se a gaja mijou para cima dele, lá teria as suas razões.
    Nada de parcialidades, tem que se olhar para ambos os lados.
    É por essas e por outras que os capitalistas levam a deles ao moínho.
    Temos que ser vigilantes, aquilo na Alemanha está péssimo
    Quem tomou banho na baía, terá até mijado, mas nem mostrou a pilinha.
    Não se pode ter tudo.

    Gostar

  4. Expatriado permalink
    25 Setembro, 2017 22:12

    Antigamente era assim

    Ia uma varina de pé num eléctrico apinhado quando sentiu um gajo a roçar–se nela de pau feito. A dada altura da viagem, olha para trás e diz–lhe em alto e bom som:

    “Eh pah, vem–te depressa que eu saio na próxima paragem”

    Remédio santo…

    Gostar

    • 25 Setembro, 2017 22:20

      E a seguir a varina/praieira da Nazaré foi mijar sobre os carapaus e colocou-os ao Sol. Há a estorieta que os carapaus secos da Nazaré têm sabor único por causa duma gotas de mijo em cada um…

      Gostar

    • 25 Setembro, 2017 22:30

      Foi ali mesmo no eléctrico, nem precisaram de chambre, room ou zimmer!

      Gostar

  5. Procópio permalink
    25 Setembro, 2017 22:46

    Há pior que abusos sexuais. O engano sistemático do povoléu. Lá como cá.
    “The problem is that the Greek people, who are stretched to the outer limits with the imposition of massive tax hikes on everything from income, property, and consumption, while experiencing at the same time mass unemployment, a sharply reduced minimum monthly wage, and never-ending austerity, are not buying the “fake news” of their tieless prime minister.
    Unsurprisingly, all latest polls in Greece show that, if elections were held now, Syriza would lose by a big margin. And this piece of news is not surprising because whatever its flaws and limitations, under democracy fraudulent populism, lies, and fake news have an expiration date”.

    Liked by 1 person

  6. carlos alberto ilharco permalink
    26 Setembro, 2017 00:12

    Tem muita sorte de escrever isto aqui no seu blog.
    Por ter feito uma piada sobre larilas no facebook fui (estou) suspenso por três dias.
    Mais valia ter dado uma canela no Aboubakar que o castigo era menor.

    Liked by 1 person

  7. colono permalink
    26 Setembro, 2017 00:13

    Metrô? Non 23 centimetros….

    Estou à vossa disposição.

    Gostar

  8. Arlindo da Costa permalink
    26 Setembro, 2017 01:10

    E o assunto candente dos percevejos? Ninguém fala disso.

    Andam todos alienados pelo “marxismo cultural”…já se sabe.

    Gostar

Deixe uma resposta para Expatriado Cancelar resposta