O Que Andam Nossos Filhos a Comer?
Podem pintar o quadro como quiserem mas o que está a acontecer nas escolas com a comida dos nossos filhos é a repetição do problema que nos afectou com os fogos: a falência do Estado no seu dever de protecção. Como se explica que se sirva rissóis sem fritar, carne crua com sangue à vista, lagartas a passear na sopa, quantidades quase inexistentes de proteína? Fácil: o Estado depois de concessionar um serviço demite-se da sua obrigação de fiscalizar, controlar e acompanhar o serviço prestado verificando se cumpre ou não o caderno de encargos. Não faz nada. Como nada fez na prevenção de fogos, como nada fez na prevenção da legionella em hospitais públicos, como nada faz para fiscalizar qualquer área da sua competência. O Estado é o ÚNICO principal culpado destas situações.
A culpa começa no preço. Nos concursos o preço base é fixado em 1,50€ mais IVA. Não se insere um preço mínimo dando assim a oportunidade de vender abaixo, até menos 50% do valor de referência. Ainda, o preço base apresentado pelo Estado é calculado APENAS de acordo com o histórico! Ou seja, sem cálculos que o justifiquem. Pior: à empresa não lhe é exigido aquando da candidatura uma nota justificativa de preço onde se discrimina como se chegou ao preço que vai a concurso e onde se pode verificar se foram contempladas todas as despesas de acordo com caderno de encargos, tal como acontece, por exemplo, na área da segurança privada. Nada. Ora assim, a malta faz o que quer só para ganhar o concurso: a empresa espreme o preço e o Estado esfrega as mãos de contente porque vai pagar poucochinho. Assim, temos a fórmula perfeita para ter um serviço da pior qualidade.
Mas há mais: o preço tem de incluir sopa, prato, sobremesa, pão, consumíveis, despesas com a loiça, talheres, tabuleiros, transporte e… pessoal. Como é que a empresa que ganhou concurso até 2020 consegue com valores que vão de 1,18€ a 1,47€ cobrir todas estas despesas? Eu explico: roubando ao caderno de encargos com o “aval” do Estado. Há 10 anos o valor de referência a concurso era de 2€. Tirem daí as vossas conclusões.
O Estado proporcionou negligentemente que a qualidade fosse descurada escandalosamente ao promover preços baixos (diga-se abaixo do preço de custo). Quem se surpreende depois que haja carnes vindas da China, Espanha ou França, produtos congelados, filetes com espinhas, peixe congelado da Argentina, sopas com fécula de batata, sobremesas instantâneas com água, comida que chega em mau estado, problemas com quantidades, falta de pessoal, plafond de compras que, semana sim semana não, se esgota ficando a escola sem matéria prima para as refeições?
Não se pode exigir qualidade a quem vende um produto abaixo do preço de custo. E se isso acontece é porque interessa ao Estado. A prova está, como já disse na ausência de nota justificativa de preço no concurso e ausência quase total de fiscalização com aplicação de multas praticamente inexistentes e quando se aplicam não são sequer cobradas. Dito de outra forma, ser prevaricador em Portugal nos concursos públicos compensa porque o Estado nem sequer se importa com isso.
O estranho é quando verificamos que com as escolas que não são concessionadas, estas podem gastar por refeição, apenas com os alimentos – recursos humanos são pagos à parte – 1,68€ mais 0,22€ de ajudas. Consegue perceber porque razão as escolas com cantinas próprias funcionam bem? Pois. Os milagres não existem. Qualidade depende também do preço.
Já morreu uma menina com a bactéria do e.coli por via alimentar na escola. Outra colega encontra-se com os sintomas da bactéria. O caso tem sido abafado, claro. Tal como toda a censura que já conhecemos sempre que há mortes nesta governação. Mas a realidade por muito que tentem escondê-la, vem sempre ao cimo porque é imperioso denunciar. Quem nos protege se não formos nós próprios a fazê-lo ou a exigi-lo?
Saiba que em caso de se verificar na escola de seu filho uma ocorrência irregular na cantina, deve informar a Direcção que ao tomar conhecimento tem de actuar junto da empresa para corrigir. Se persistir a escola deve pedir a intervenção da DGEsTE. Saiba ainda que todos os dias tem de ser cozinhado duas refeições a mais, uma para a Direcção outra para Associação de Pais e que qualquer pai que o solicite, deve ser autorizado a provar o almoço.
Agora que sabe seus direitos, faça uso deles e exija. Só assim podemos prevenir e melhorar as condições em que são servidas as refeições aos nossos filhos.
Fonte: Jornal Observador
Lagartas na sopa e falta de proteina, no mesmo parto, é, digamos, um paradoxo. Mas partilho da indignação.
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Ahahahahahahahahah
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Deviam de obrigar todos os dias um deputado diferente a comer uma refeição escolar.
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Eu sei o que andam a comer os meus filhos.
Ou isso é coisa para os governos e para os partidos?
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Então, só por curiosidade, que idade têm os seus pimpolhos e em que escola aprendem bem cedinho por uma cartilha “socialista” que os partidos e os governos (que o papá não apoia) não devem interferir quando há o que o post demonstra ?
Sabe mesmo o que comem sem serem comidos ?
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Só era quando o governo tinha de matar a fome às crianças que foram abandonadas na falência socialista. Quando o governo se torna socialista até as crianças são reaccionárias como os trabalhadores. Os arlindos são umas cabras machos
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Cristina Miranda,
Oportuno e certeiro post.
A propósito de alimentação (e manias) acabei de rir com um comentário da Zazie no “Portadaloja” sobre os/as vegan: “gente-soja” !…
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“e que qualquer pai que o solicite, deve ser autorizado a provar o almoço.”
Infelizmente está aqui a resposta para explicar porque isto existe.
Quantos sabem disto?
Quantos usam esta prerrogativa?
O português na maior parte das vezes não sabe dos seus direitos e quando sabe por comodismo não os usa.
Prefere criticar o “eles”.
Declaração.
Não tenho filhos em idade escolar e netos não acompanho.
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Não é Pedigree Pal?
Agora só os pobres ignorantes e os ricos atávicos é que têm filhos, o resto do povo esclarecido tem cães adoptivos.
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ahahahaha
Essa podia ter-me sido roubada
“:O)))))))))
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Uma estatueta de plástico genuíno da Santa Liberdade em troca?
🙂
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Fartei-me de rir com o Pedigree Pal. Acho que não resisto a adoptar, tal como adoptei a “escardalhada” da autoria do “Despastor”.
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Mais um ou dois anos de governo socialista e temos a grande fome da Ucrânia.
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Conheço bem o setor da Restauração Coletiva. Só faltou acrescentar no post a brutal pressão dessas empresas sobre os seus fornecedores a nivel de preços. Acredito que muitos só trabalhem para eles para aquecer, para não terem de despedir ou conseguirem manter a funcionar a sua capacidade instalada. Sinceramente, não sei até que ponto a cartelização que havia há uns anos entre empresas no setor não era benéfica para todos.
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