A angústia dos materiais no momento da nomeação
Nos últimos dias quase ninguém resistiu a comentar, muitas vezes de uma forma trocista, a nomeação de João Galamba para a Secretaria de Estado da Energia. Inicialmente, por causa do perigo de retaliação, que poderia materializar-se num corte de luz, considerei essa atitude imprudente. No entanto, depois de olhar com atenção para as facturas da electricidade cá de casa, passei a olhar para as velas, lamparinas, arcas salgadeiras e fogões a lenha com outro carinho. Assim sendo, relativizado o risco, também me vou aventurar nessa análise política.
Alguns apoiantes do Governo, defendendo a escolha de António Costa, afirmam que não é necessário ter conhecimentos na área da energia para se desempenhar com excelência as funções, eminentemente políticas, de Secretário de Estado da Energia; simultaneamente, numa manobra de flic-flac intelectual, aproveitam para elogiar a vasta experiência de Francisco Ramos na área da saúde e sublinham a enorme mais-valia dessa experiência para o desempenho do cargo de Secretário de Estado da Saúde. Já alguns dos opositores, funcionando como espelho, garantem que a ignorância técnica de João Galamba é fatal naquele lugar, ao mesmo tempo que asseguram, com igual convicção, que a sabedoria de Francisco Ramos não é motivo bastante para que fiquemos descansados.
Percebemos desta forma que a avaliação curricular, o método mais utilizado em todo o mundo, não é adequada às singularidades da política portuguesa, pois se uma pessoa pertencer ao partido certo, ter ido ao Corte Inglés de Vigo é habilitação suficiente para assumir a pasta dos Negócios Estrangeiros; pertencendo ao errado, até um híbrido português de Talleyrand com Metternich será alvo de fortes críticas se ambicionar mais do que a portaria do Palácio das Necessidades.
Cercados por este contexto altamente polarizado, talvez seja então mais justo que julguemos o trabalho de João Galamba de acordo com os critérios que ele utiliza para julgar o trabalho dos outros. E nesse caso, infelizmente, as notícias não são famosas. Se o ex-deputado, há uma semana, comentando a descida do rating português em 2011, realçava que esta tinha ocorrido uns dias depois da substituição de José Sócrates por Passos Coelho, temos a obrigação de lhe lembrar que, já depois da sua ida para a Energia, havia milhares de pessoas sem electricidade na Região Centro e postes de alta tensão dobrados sobre si próprios num estado de angústia extrema. Em 44 anos de democracia nunca se tinha visto o equipamento tão triste com uma nomeação. E, como bem sabemos, o material tem sempre razão.
Onde é que já se viu ter que saber alguma coisa para se poder juntar à roubalheira…
Se conhecimento nas respetivas áreas fosse um pré-requisito para lá trabalhar, a esquerda acabava na hora!
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João Galamba devia ter sido promovido a Ministro. Tem muito potencial.
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João Galamba foi nomeado secretário de estado da energia, pois o Costa quer queimá-lo de vez. Adivinha-se o desastre na energia, a acção do lobi da EDP, e o fim da sua carrreira política.
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O João Galamba?
Acho bem, caramba!
Um burro carregado de livros é um doutor.
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Esse potencial não se escreve com um u?
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Lindinho da bosta
O que tu merecias era uma galambada pelo teu comentário.
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De vento em pôpa.
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Não entendo o porquê de tantos chiliques em relação ao tach… perdão, em relação à nomeação de Galamba. Não foi todo este governo um longo cortejo de nomeações de gente sem qualquer perfil para o cargo – quando não um perfil que é a negação do próprio cargo? Senão vejamos: um alarve como João Soares para a Cultura; um troglodita como Santos Silva para a diplomacia; uma abelha-maia para a Administração Interna; um Wally (porque, tal como o caixa-d’óculos dos livros, sempre que olhamos para uma fotografia do PS no poder, ele está lá sempre no fundo mais ou menos escondido) para a Defesa. Portanto, qual é a admiração de o depilado Galamba ter a sua secretariazinha de Estado? Toda a estrutura deste Estado Socialista é composta de gente que não devia estar lá: ou por inadequação, ou por incompabilidade, ou por derrota eleitoral…
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Caro Sérgio, grande texto com um excelente final !
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