Saltar para o conteúdo

O festival da política

9 Agosto, 2019

Vi hoje no Observador um artigo de Saliu Djau sobre acabar com a mutilação genital feminina. Confesso que não li o texto, mas tive curiosidade em perceber quem seria o seu autor.

Este assina a peça como “Guineense, membro da organização do Festival Política e da rede transacional de ativistas, MURAL- Mutual Understanding, Respect And Learning.”
O meu interesse cresceu substancialmente!

Tive oportunidade de verificar que o Festival Política já vai na sua terceira edição e o tema deste ano é dedicado à “Europa” e serão abordadas questões como “o populismo e a pressão migratória que estão a criar divisões no espaço da União Europeia, o ‘Brexit’ e as fake news”.

Fiquei também a perceber que o Projecto MURAL tem como parceiro nacional o Alto Comissariado para as Migrações.

Dediquei atenção adicional a estas instituições e constatei que a produtora principal do espectáculo é a “Associação Insonomia” (NIPC 514833610), cuja fundadora teve contratos com a Câmara Municipal de Cascais de mais de 120.000€ por ajuste directo para “implementação do plano de transparência, integridade, accountability” e “recuperação de impostos municipais”.

Na produção deste acontecimento cultural também esteve a “Produtores Associados” (NIPC: 508038197) que por sinal teve 298 contratos públicos por ajuste directo, num total de perto de 6 milhões de euros e cujo sócio é ex-deputado do PCP.

Por sua vez os mesmos sócios desta produtora têm outra empresa chamada “Idade das Ideias” (NIPC: 513445137) do qual também fez parte um avençado da Câmara Municipal de Sesimbra. Esta produtora teve, por sua vez, 118 contratos públicos por ajuste directo, no valor global de mais de 3 milhões de euros.

A “Produtores Associados” detém ainda uma quota de 50% numa outra empresa do ramo chamada “Bravopalco” (NIPC: 508702240), esta com outros 44 contratos públicos por ajuste directo no valor global de quase 900 mil euros.

Voltando ao Festival Política, conforme noticiou o Público, em edição anterior do evento foi produzido um vídeo de divulgação cuja narrativa anti-abstenção era o do perigo de as decisões políticas serem deixadas a pessoas “racistas, chauvinistas, homofóbicas, xenófobas e saudosistas dos tempos do Salazarismo”. Na altura o PS e o PAN também usaram este vídeo na campanha das autárquicas. (Pergunto-me se os abstencionistas terão mesmo o perfil acima descrito. A ser verdade, mais de metade dos eleitores nacionais serão pouco menos que nazis…)

Além da preocupação de apelo ao voto, gostaria de salientar que este Festival também já teve como mensagem central a necessidade de “beijos apaixonados para acabar com as discriminações”.

As pessoas e entidades envolvidas nas actividades e contratos a que acima faço referência não são, que eu saiba, suspeitas ou arguidas de qualquer ilegalidade ou irregularidade. Salvo informação que desconheça, tudo é legal e trata-se de prácticas comerciais habituais. Aliás, toda a informação recolhida é de acesso público e irrestrito à distância de um click através da internet.

Mas, o que concluo de tudo isto?

Duas coisas:

  1. Que a política é mesmo um festival e que o festival é mesmo política.
  2. Que a “rede transacional de ativistas” vive à custa do dinheiro dos contribuintes.

Entretanto, a causa contra mutilação genital feminina parece relegada para um secundaríssimo plano por esta gente.

*

12 comentários leave one →
  1. Prova Indirecta permalink
    9 Agosto, 2019 12:44

    Jornalismo de investigacao : televisao pública , onde andas ?

    Liked by 1 person

    • Carlos Rosa permalink
      10 Agosto, 2019 14:54

      Será que o porco já foi agarrado pelo rabo?
      Porco ou Diabo, chamem-lhe o que quiserem. Tem rabo.
      Uma coisa é certa. Anda inquieto. Nota-se mais nos diabinhos que o rodeiam do que nele próprio, que é manhoso; ou não fosse o Diabo.
      Há uns anos atrás, quando era mais novo, tive uma experiência interessante. Um homem adulto, do campo, que levava um porco gordo à trela para a matança, descuidou-se e deixou fugir a corda. O porco corria e ele já não o conseguia agarrar. Aí entrei eu em cena. Desenvolto, com uma corridinha alcancei o porco e apanhei-lhe o rabo. Puxando o rabo para cima tirei a força do porco nas pernas. Facilmente o imobilizei e entreguei ao dono.
      Moral da história;
      Quando agarrarmos o rabo do nosso porco ou Diabo, temos o problema quase resolvido. Daí à matança não demora nada.

      Gostar

  2. Manuel Assis Teixeira permalink
    9 Agosto, 2019 12:49

    Alem do escândalo relatado pergunto: o Observador alberga textos desta maltosa? Tenho notado nos últimos tempos algumas estranhas aberturas…

    Gostar

  3. André Silva permalink
    9 Agosto, 2019 13:22

    Sem comentários…

    Gostar

  4. Jornaleco permalink
    9 Agosto, 2019 13:41

    Na Alemanha é igualzinho, ou ainda muito pior.

    Agora, práticamente cada universidade alemã, tem uma cadeira para burros. Eu não sei como se diz correcto em português: gender education.

    Mas de 200 professores na Alemanha a ensinar porcaria, da pior, que se pode imaginar. Os dois géneros, homem e mulher, já não lhes chega. Tem que ser mais de 50 variedades ou assim (ver Facebook). A maldade e a estupidez total. Nem um cretino normal é tão burro.

    Em dez anos foram queimados 230 milhões de euros. A fomentar autênticos asnos.

    Mas há muito mais dinheiro queimado!

    E eu lembro os bandidos socialistas em Coimbra. Gastaram o nosso dinheiro em autocarros eléctricos que não valem um corno. O ambiente nada quer saber. Só dói na nossa carteira.

    Mas era bom para nós saber o aumento brutal dos custos de manutenção dessas camionetas, que eles vão querer ocultar a nós, que pagamos a factura toda.

    E tudo isto, porque a tal esquerda (fascista) não respeita o povo e não sabe governar.

    Gostar

  5. basto_eu permalink
    9 Agosto, 2019 14:44

    Chama-se a este festival, roubar com o conhecimento de todos.

    Gostar

  6. JgMenos permalink
    9 Agosto, 2019 15:09

    O Festival do Corretês pesa milhões por ano.
    O SNI do passado era uma miséria.

    Gostar

  7. lucklucky permalink
    9 Agosto, 2019 16:16

    Então não sabem, a Política- ou seja a violência de cobrar impostos -existe para agradar ao Jornalismo Marxista?

    Julgam que era par agradar aos eleitores?

    Não. É ao grupo de privilegiados que tem protecção jornalista.

    Qualquer Câmara que dê subsídios à Extrema Esquerda fica logo protegida das más notícias.

    Liked by 1 person

  8. Andre Miguel permalink
    9 Agosto, 2019 16:47

    Porque é a que reforma municipal, anunciada nos tempos da troika, ficou na gaveta?
    Porque seria o fim das clientelas, da compra de votos, do comer da manjedoura do orçamento, dos caciques, do compadrio, etc, etc etc. Então é que coisa ficaria que não se aguentava. A atribuição de subsídios e ajustes directos das câmaras deste lugar chamado Portugal deve ser a coisa mais terceiro mundista que existe na Europa… Enquanto os alemães pagarem a coisa aguenta-se.

    Liked by 1 person

  9. Leunam permalink
    9 Agosto, 2019 20:54

    Se houvesse Lei e Ordem por cá, metade dos responsáveis pela gestão do dinheiro público estariam na cadeia a cumprir penas pesadas pelas aldrabices que cometem, diariamente, a todos os níveis:

    Aldrabices com terrenos.
    Ajustes directos de inutilidades aos amigos em detrimento de obras verdadeiramente úteis para a comunidade.
    Nepotismo.
    Destruição do que funciona para adjudicar a reconstrução.
    Alienação de bens públicos em negociatas para benefício de alguns.
    Prendas injustificadas.
    Comezainas.
    Passeatas injustificadas para os próprios, para os amigos e …para os velhinhos que por vezes nem vão ver nada de especial, vão só pelo almoço e para arejar…
    Placas comemorativas com um nome dum Sr. Autarca que fez (?) que inaugurou, que esteve presente, que …
    Apoios a artistas para fazerem mamarrachos, filmes sem imagens e outros com imagens mas sem espectadores…
    Basta ler os Jornais.
    Por isso alguém disse:
    Em Portugal, actualmente, o que é público não tem dono!

    Ai António que falta cá fazes!

    Liked by 1 person

  10. Beirao permalink
    10 Agosto, 2019 09:42

    Controlo apertado sobre os dinheiros dos meus impostos pois não quero que um centimo caia nas mãos destes trastes esquerdalhos sugadores insaciáveis do suor de quem trabalha e produz riqueza.
    Fora com esta trupe de parasitas que outra coisa não pretendem que instaurar ditaduras marxistas na terra dos totos que ainda se deixam ir nas balelas dos amanhas que cantam. Corram-se estes energumenos!

    Gostar

  11. Raghnar permalink
    10 Agosto, 2019 10:14

    Ora cá está o verdadeiro motivo pela aversão à austeridade, com verdadeira austeridade estas “gorduras” desapareciam todas.

    Claro que implementar um “enorme aumento de impostos” é o caminho mais fácil…

    Gostar

Indigne-se aqui.