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Orações, milhares delas

8 Novembro, 2019

Há imensas imagens daquele dia lindo, o mais belo de todos os dias belos a que assisti via televisão. Nenhuma dessas imagens expressa inequivocamente a beleza plena que emana da experiência que é assistir a tudo a directo, e muito menos do que deve ter sido a sensação arrebatadora em cada reacção nos braços da marreta a esmigalhar a edificação do Mal erigido em betão nos precisos momentos do embate. Ora et labora de São Bento de Núrsia, em que cada abalo do muro por força de martelo é uma assombrosa oração em si própria.

Foi no dia 9 de Novembro de 1989 que descobri que a fé não é a crença em divindades e sim a manifestação do real espírito humano. Foi o dia em que, com 15 anos de idade, chorei a ver televisão.

19 comentários leave one →
  1. 8 Novembro, 2019 11:44

    Pois, é bonito e leva-nos, muitas vezes, a ter vergonha de nós mesmos, quando o exemplo dos outros pode ter esta grandeza.
    Porque o ser humano tem o espírito divino dentro de si.

    Só não consigo pensar o mesmo que o Vítor. O meu pessimismo face à condição humana tem unicamente como solução a obrigatoriedade de acreditar em algo superior- em Deus.

    Se não acreditasse em Deus, em quem é que acreditaria?

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  2. 8 Novembro, 2019 11:50

    A partir daqui é que as coisas podem ter muitas variantes.

    Acreditar em Deus, pode ter muitos nomes, esse Deus e até foi formulado por pagãos- Platão e Aristóteles, por exemplo. Ou mesmo antes, pelos pré-socráticos.

    Ter religiões é outra coisa. Mais complicada.

    Mas a alternativa de divinizar o humano é mil vezes mais perigosa. É daí que vem a religião americana, formulada pelo Emerson e toda a new-age, bem como o teísmo maçónico ou mesmo o budismo zen.

    Não me agrada porque o perigo da hubris humana é enorme. Desatar um ser humano e achar-se Deus é ficar para lá da moral.

    Foi assim, aliás que se criaram as seitas milenaristas e os imensos anti-cristos que se auto-proclamavam divinos.
    O Marx inspirou-se nisso mesmo para inventar o comunismo.
    E era maçónico/ mais um illuminati- só por coisas

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    • 8 Novembro, 2019 11:55

      Divinizar o humano tem sido a causa de todos os males, em particular desde a última metade do século XVIII. Prefiro ver nos humanos a manifestação de algo maior do que eles, como a força necessária para derrubar o muro.

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      • Jornaleca permalink
        8 Novembro, 2019 12:18

        a.
        Errado!
        Completamente!

        Que pretende com essas mentiras?

        Quem são esses, que querem transformar o ser humano em deuses mortais?

        Não são os mesmos que negaram, que o ser humano tem em si a tendência para o mal?

        b.
        Porque é que mesmo os trabalhadores bons em Portugal, como você, não sabe, e se souber, não informa, sobre a brutal realidade actual na Alemanha? Que aqueles, que controlavam a RDA controlam AGORA outra vez, e desta vez a actual Alemanha?

        Está consciente deste pormentor brutal e feio?

        A Merkel e a PIDE comunista dela tem 87 por cento do país debaixo de controlo. Não existe liberdade de expressão nenhuma na Alemanha.

        Porque é que não dizem isto aqui ao pessoal?

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      • 8 Novembro, 2019 16:57

        Exacto. Essa força é sentido de justiça, por exemplo.

        Também acredito que por vezes se juntam e acordam.
        Mas, como diria o Santo Agostinho, é preciso primeiro experimentarem todo o mal- rastejarem na vileza e sob ela.

        E esses conheceram o mal e beberam esse cálice que por cá nunca se bebeu e continua adocicado e tentador.

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  3. Jornaleca permalink
    8 Novembro, 2019 12:10

    Citação: “Foi no dia 9 de Novembro de 1989 que descobri que a fé não é a crença em divindades […]”

    Um burro perfeito a falar. O burro e mentiroso e ignorante é o autor.

    Quem assim fala, escreve não tem cultura nenhuma.

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    • Jornaleca permalink
      8 Novembro, 2019 12:33

      Caro autor, caro Vitor Cunha,

      eu desejo esclarecer, que o meu argumento acima, não é nenhum argumento ad hominem, jamais (!), e só se refere ao seu argumento. Nem mais nem menos.

      Eu não estou a atacar a si como ser humano, senão só a sua frase, que é errada. Claramente. Sem dúvidas nenhumas.

      Existe tanta verborreia e tanta má comunicação, tantas definições erradas, que dificultam a discussão honesta.

      O homem moderno é que tem a pior fé.

      O cristão é o único, o ÚNICO, que tem dois caminhos. A fé, é o caminho mais curto. E a ciência o mais longo. Mas ambos vão ter ao mesmo sítio.

      Agora, a fé, da qual você escreve, fala, nada tem de ver com a que tinha na mente.

      O ateísmo é que é fé pura. Porque não fala sobre ela?

      Eu gostaria de saber o seguinte:
      Como é que define justiça?
      Como define fé?

      E como enfrenta aqueles que sabem, que o DEUS CRISTÂO existe?

      Todas as crianças sabem-o.

      Sabe como é que o DEUS CRISTÂO é definido?

      Não sabe. Nota-se como escreve.

      Lembra-se do apóstolo Tomás?

      Se fazer uma inquisição rigorosa à ideologia cristã e uma ao ateísmo, sempre com o mesmo rigor IMPARCIAL, o pensamento cristão ganha sempre.

      A lógica foi e é sempre cristã.

      P.S.:
      Mas o pior de tudo é, que em Portugal, os alunos bons, como você, não notaram ainda, que os comunistas CONTROLAM TUDO OUTRA VEZ, na ALEMANHA ACTUAL!!

      Não castigaram os maus, naquele tempo, e agora conquistaram e controlam tudo relevante.

      E agora?

      Metem as cabeças na areia e fingem que não é assim? Até quando?

      Existe um abismo grande, entre o que se fala em Portugal e a realidade brutal e feia na Alemanha.

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  4. Miguel permalink
    8 Novembro, 2019 12:42

    Bonito texto. Tinha 12 anos e andava na Escola Alemã de Lisboa. Apesar de novo e de muita coisa me passar ao lado, não deu para não perceber a importância do momento. E teve um impacto ainda maior, ao ver de perto como os Alemães que cá estavam (entre alunos e professores) viveram estes dias. Só mais uma coisa: faz-me imensa confusão por qualquer coisa que aconteça se faz a notícia com um “fez-se história”. Enfim. Este sim, foi um momento de História.

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  5. Filipe Bastos permalink
    8 Novembro, 2019 12:50

    E assim nasce um espírito direitista. Aos 15 anos, vê uns alemães contentes a partir um muro. Lá em casa, possivelmente, já ouvia falar nos sacanas dos comunas, esses ladrões, assassinos, mandriões, que querem roubar as pessoas decentes.

    Vai crescendo, possivelmente com certo conforto, casinha e popó, boas escolinhas, tudo baseado em “mérito e responsabilidade”, como o papá ensinou. Mesada, só depois de limpar o quarto. Claro que a D. Conceição, a empregada lá de casa, depois vai limpar melhor; mas ele fica com a satisfação do dever cumprido.

    Ganha certezas. Quem tem é porque o merece. Igualdade é mentira. Esquerda é inveja. O capitalismo é inevitável. Americanos bons, russos maus. E quando vê o muro a cair, todo o mundo lhe faz sentido: derrotámos o Mal! E vai abraçar a D. Conceição, chorando de alegria, enquanto esta passa a ferro.

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    • Expatriado permalink
      8 Novembro, 2019 13:03

      O complexo de inferioridade é lixado…

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    • 8 Novembro, 2019 13:12

      De “provavelmente” construiu uma tese confortável. A isso chamo fé.

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      • 8 Novembro, 2019 16:59

        É a fezada deste bestiário de esquerda 🙂

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      • Filipe Bastos permalink
        8 Novembro, 2019 17:24

        “A isso chamo fé.”

        Nah, é só imaginação. Fiquei muito longe? A empregada chamava-se D. Alice, não D. Conceição? Mas em muitos casos, é isto o espírito direitista:
        – uma vidinha, no geral, boa e confortável;
        – valores e preconceitos instilados pelo papá, cujo papá já vivia bem e muito lamentava o 25/4;
        – a necessidade de justificar a boa vidinha com o seu mérito pessoal;
        – e de ver a desigualdade e a miséria alheia como justas: são pobres porque ‘merecem’.

        Depois temos a variante self-made:
        – origens mais humildes, mas ‘honradas’;
        – melhora a vida realmente com esforço e mérito;
        – como se safou, passa a desprezar quem não se safa;
        – torna-se defensor, e até parte activa, do sistema desigual e iníquo que tinha inicialmente contra si.

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      • 8 Novembro, 2019 17:49

        É uma entrevista?

        Bob Dylan: I do know what my songs are about.
        Playboy: And what’s that?
        Bob Dylan: Oh, some are about four minutes; some are about five, and some, believe it or not, are about eleven or twelve.

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    • Filipe permalink
      8 Novembro, 2019 14:10

      E assim nasce um espírito esquerdista. Aos 40 anos o jovem vê uns alemães contentes a partir um muro. Lá em casa, possivelmente, já ouvia falar nos sacanas dos capitalistas, esses ladrões, assassinos, mandriões, que querem roubar as pessoas decentes.

      Vai crescendo, possivelmente com muito conforto, casinha e popó capitalista que o yugo é para a D. Conceição, boas escolinhas, tudo baseado em “igualdade e felicidade”, como o papá homem e o papá mulher ensinou. Mesada, só depois de preparar uma ganza. Claro que a D. Conceição, a empregada lá de casa, depois vai limpar os cinzeiros; mas ele fica com a satisfação do dever cumprido.

      Ganha certezas. Quem tem é porque o merece. Igualdade é verdade. direita é tirania. O comunismo é inevitável. Russos bons, americanos maus. E quando vê o muro a cair, todo o mundo lhe faz sentido: temos de derrotar o Mal! E vai abraçar a D. Conceição, chorando de tristeza, enquanto esta passa a ferro.

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    • A. R permalink
      8 Novembro, 2019 20:42

      “E vai abraçar a D. Conceição, chorando de alegria, enquanto esta passa a ferro.” Que poético. Uma injustiça para um regime que recebe tantas pessoas que emigram para procurar uma vida melhor.

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  6. Procópio permalink
    8 Novembro, 2019 16:52

    Os muros afinal não são assim tão maus. Bastava que existisse uma porta por onde pudessem passar as pessoas para o lado do muro que quisessem, coisa que os comunas nunca aceitariam.Aí está a diferença fundamental entre liberdade de pensar e agir e o espírito concentracionário. Perder tempo a discutir ideologias! Cada um pensa como quer. Temos é que ter a possibilidade de passar para onde nos sentirmos melhor. Conheço gente para quem Cuba, Coreia do Norte, Venezuela seria o sítio desejável para viver, só que não vão para lá. É preciso separar águas para que ninguém se magoe.
    Isto não é novo, há povos cujo destino é emigrar. Outros que vêm razões para se separar, o brexit, a catalunha. o país basco e muitos outros.
    Isto vai ficar duro. Não devia ser preciso emigrar lá para fora, temos que criar espaço para vivermos em paz.
    Os mais poderosos já o fazem pela calada. Há cada vez mais gente a sentir-se a mais, porque a perseguição e a censura já deitam a cabeça de fora. Accionadas por vários partidos, governantes nojentos, jornalista avençados e juízes, ora armados com tesouras, ora com programas viciados em escolhas tortuosas.

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  7. Procópio permalink
    8 Novembro, 2019 16:56

    https://observador.pt/2019/11/08/novo-banco-vai-pedir-mais-de-700-milhoes-ao-fundo-de-resolucao-este-ano/
    Descanse, isto não tem nada a ver consigo.

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  8. Arlindo da Costa permalink
    9 Novembro, 2019 02:30

    Para mim foi tão emocionante como foi o 25 de Abril ou como está acontecendo no Chile ainda com cancros do fdp do Pinochet.
    Viva a liberdade e abaixo todos os totalitarismos!

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