Saltar para o conteúdo

A Imprensa do Regime

10 Janeiro, 2024

Marcelo Rebelo de Sousa anda há pelo menos 6 anos a defender e manobrar para que a imprensa e a comunicação social receba apoios do Estado. A lenga-lenga é a cotumeira fantochada mendaz da preocupação com a defesa da democracia e da liberdade. Como se ao longo da história a censura e o controlo político dos media não tivessem sido sempre introduzidos em nome do bem comum e do interesse nacional…

Marcelo, um dos mais ocos e mimados políticos que conhecemos, fez dinheiro e adquiriu notoriedade em homilias semanais nas televisões e criou uma rede de influência servindo de gerador de notícias, casos e intrigas na imprensa. Usa e abusa de relações de confiança com jornalistas para manobras politicas e espanta-se agora que vários orgãos de comunicação social estejam pelas ruas da amargura.

Há dias, veio mais vez dizer que é urgente um «acordo de regime» para salvar os media. Sucede que grande parte dos media fazem parte do próprio regime conforme interessa à oligarquia que coloniza o Estado. Há empresas de comunicação social alapadas ao poder, veiculando recados e recebendo orientações de dirigentes políticos.

Mesmo assim, o presidente clama por ainda mais controlo público dos media. Outtras vozes patetas vieram juntar-se à reivindicação: Uma directora de um pasquim dito de referência exige a nacionalização imediata de jornais em dificuldades; um autarca acusado de peculato pela Justiça acha que o JN deve figurar na lista de Património Cultural Imaterial da UNESCO; o edil do Porto que os Chineses querem fazer transitar para a EDP e o PS quer afastar de candidato às Europeias afirma que “não se pode deixar morrer o JN” e entristece-se por a Lei não lhe permitir usar mais dinheiro dos contribuintes para apoiar os títulos da cidade. E até o bispo Linda vem fazer feia figura ao juntar-se ao entertainer Abrunhosa para enaltecer o chamado jornalismo portuense.

Que diria esta gente sobre a nacionalização dos media ou apoios do estado à comunicação social se no Governo estivesse André Ventura ou, elevando o exemplo para outro patamar de craveira política, e se Passos Coelho fosse primeiro ministro?

Sendo verdade que um pacto de regime não alteraria o actual panorama de subserviência dos jornais ao poder, o que é certo é que uma ainda maior dependência financeira do Estado seria o golpe mortal para a credibilidade da imprensa portuguesa. E garantiria ainda a ausência de incentivos para a melhoria e inovação tão necessária às empresas de comunicação.

A componente de culpas da má gestão empresarial na crise dos media são contingências da iniciativa privada e, a menos que queiramos instaurar um regime fascista com tudo dentro de o Estado e nada fora do Estado, em vez de invocar a proteção da liberdade e da democracia em vão, convinha compreender que o estado calamitoso de muitos media se fica a dever em grande medida à promiscuidade e conflitos de interesse entre jornalistas, comentadores, políticos e homens de negócio do regime.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

4 comentários leave one →
  1. André Silva's avatar
    André Silva permalink
    12 Janeiro, 2024 12:58

    Na realidade, nada de verdadeiramente novo (muito pelo contrário, já estafado de tanto se ver).
    O povo tuga na sua grande maioria (ou não fosse intrinsecamente maioritariamente de esquerda) até m*rda come com prazer, desde que lhe digam que é caviar.
    Já assim é há muitos anos, em particular desde o 25/Abril/1974 (cada vez e mais justamente conhecido como a “Roubolução dos Cravas”.

    Gostar

  2. Desalinhado's avatar
    Desalinhado permalink
    13 Janeiro, 2024 10:13

    Contra factos não há argumentos. Já ninguém, ou quase ninguém, compra jornais. Não só por culpa do advento das novas tecnologias, que lhes arruinou o negócio, mas também, e fundamentalmente, porque hoje o jornalismo que se faz é medíocre e intragável, e os jornais são o espelho deste desplante de promiscuidade, subserviência e subsídio-dependência ao poder político instalado.
    Estes jornalistas da treta, formados e medrados pelo mesmo guião de universidades doentias e fanáticas, aceitam facilmente uma linha editorial toda igual – salvo raras excepções – só para manterem o emprego e o estatuto, bajulando e obedecendo a quem manda e perseguindo e discriminando quem os ousa enfrentar e criticar.
    Jornais que não se sustentam a si próprios devem fechar e acabar, como qualquer outro negócio, e não fazem falta nenhuma à democracia, como hipocritamente nos andam a apregoar, pois o que faz falta a uma democracia é gente que produza e não se acomode.
    Como se diz na minha terra, não caem os parentes na lama se os senhores jornalistas ficarem no desemprego, não são mais que os demais cidadãos, e é para aprenderem o que custa a vida, e talvez seja uma boa aprendizagem para aprenderem a ser mais humildes e menos arrogantes, pois em relação a vós não tenho pena nenhuma nem chorarei nenhuma lágrima.
    Vão cavar terra que também faz bem!

    Gostar

    • André Silva's avatar
      André Silva permalink
      15 Janeiro, 2024 12:17

      MUITO BEM DITO! TUDO!

      Gostar

    • Mário Marques's avatar
      Mário Marques permalink
      16 Janeiro, 2024 12:35

      Bem escrito, e não é por acaso que a Lusa é controlada pelo governo a Reuters é controlada pela NOM/NWO, etc.

      Gostar

Deixe uma resposta para Desalinhado Cancelar resposta