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Lucros Escandalosos vs Prejuízos Irrelevantes

28 Fevereiro, 2008
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Um dos sintomas do nosso atraso está também numa certa visão negativa do sucesso das empresas que nasce na esquerda, é amplificada na comunicação social e se espalha por toda a sociedade. Como explicar esta preocupação permanente com os lucros das empresas que são sempre apelidados de escandalosos, excessivos e gananciosos, quando comparados com a indiferença com que se tratam os prejuízos das empresas, públicas e privadas? Onde estão os posts indignados com os perdas reais ou camufladas por subsidiação permanente de empresas e institutos públicos em espaços tão relevantes como o Arrastão, o Ladrão de Bicicletas, o blogue do Timóteo, o 5 Dias ou o Causa Nossa…?Não há. A esquerda não perde tempo com irrelevâncias. Lucros privados, não. Prejuízos públicos, querem lá saber.

68 comentários leave one →
  1. 28 Fevereiro, 2008 09:13

    E à direita a mesma coisa. É o fundamentalismo católico a vir ao de cima.

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  2. Helena Matos permalink
    28 Fevereiro, 2008 09:15

    Não é apenas nesta assunto. Do jornal da paróquia às folhinhas do BE está instituído que todas as pessoas à excepção dos redactores dessas prosas, suas famílias e grupo de amigos deviam viver no campo. Ontem num forum – creio que na RR – era deprimente ouvir o esforço dos geógrafos e economistas na tentativa de convencerem o moderador que a produção agrícola mundial não tem diminuído apesar da população rural estar a diminir.
    DE nada serve dizer que não adianta estar a chorar pela velha aldeia onde as histórias dizem que eram todos amigos, as crianças não tinham traumas, as mães estavam em casa e não se vivia nada mal. Pese este quadro de enorme felicidade que a comunicação social insiste em manter como verdade oficial as pessoas abandonaram as aldeias. Logo sempre que se discute o assunto é na perspectiva daquuilo que se deve fazer para levarmos as pessoas de novo a tão bucólica existência

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  3. 28 Fevereiro, 2008 09:30

    Tem razão o JCD no seu argumento. Isso não valida, no entanto, que os lucros da banca tenho sido originados em ganhos de eficiência, como sugere JM.

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  4. 28 Fevereiro, 2008 09:32

    Já foi ali em baixo citado Matsushita: “o lucro de uma empresa apenas se pode justificar pelo beneficio que retorna à sociedade”.
    Quando por cá, o coeficiente Gini, sim o Gini, é de 0,38, é de supor que o suposto sucesso das empresas não retorna, para que o Gini fosse da ordem dos 0,32.
    Em Espanha, Gini está a 0,34.

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  5. lucklucky permalink
    28 Fevereiro, 2008 09:34

    A Esquerda não se interessa por prejuízos porque para ela a receita para esses problemas foi sempre simples: Usar o poder do Estado para sacar recursos ás pessoas, por outras palavras: Aumentar os Impostos.

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  6. lucklucky permalink
    28 Fevereiro, 2008 09:45

    Note-se que aumentar os impostos é receita recente. Umas décadas atrás a solução da esquerda era imprimir mais dinheiro. A inflação foi sempre uma maneira de sacar recursos das pessoas sem que a maioria se apreceba quem foi o culpado.

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  7. 28 Fevereiro, 2008 09:48

    Muito bem observado jcd. Prova de que o que move a esquerda é principalmente a inveja dos outros. Como outro comentador dizia noutro dia “Por trás de cada socialista, está um invejoso”. Por isso são apanhados tantas vezes em situações contraditórias, tal como apregoando uma coisa e fazendo outra. Mário Soares, por exemplo, o grande ícone do socialismo em Portugal, é um dos casos mais flagrantes daqueles que apregoa uma coisa e faz outra. Por isso, as pessoas já acham natural esta hipocrisia. E no fundo resume-se tudo a isso, à inveja.

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  8. 28 Fevereiro, 2008 09:53

    Como já referi considero-me de esquerda e pasme-se acredito no mercado livre. Acredito também que o lucro é um incentivo fundamental e que as empresas têm direito ao mesmo e que os acionistas têm direito ao seu usufruto. Pasme-se e sou de esquerda. Acho também que há leis e deve haver moral ética nos negócios e que apenas respeitando umas e outras é aceitável existir lucro. Acedito que é o estado o garante do respeito por essas regras, pela lei, pela moral e pela ética. É ou deveria ser. Isto faz de mim um perigoso fundamentalista de extrema-esquerda ? Eu sei que as ideias radicais do tipo o mercado resolve são muito atractivas – já passei por aí – mas sugiro que estudem os pressupostos que fundamentam esses raciocinios como já referi aqui. Estudem-nos e expliquem-nos porque acho que em ultima análise seria a melhor forma de nos convencerem (ou não) da vossa razão.

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  9. 28 Fevereiro, 2008 10:34

    “Quando por cá, o coeficiente Gini, sim o Gini, é de 0,38, é de supor que o suposto sucesso das empresas não retorna, para que o Gini fosse da ordem dos 0,32.”

    Se acabarmos com os ricos, ficamos com um óptimo índice de Gini.

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  10. 28 Fevereiro, 2008 10:46

    Jcd,

    Não lhe choca que a índices de pobreza tão elevados correspondam índices de riqueza tão elevados, alguma coisa deve estar mal, ou não lhe parece?

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  11. lucklucky permalink
    28 Fevereiro, 2008 10:50

    “Acedito que é o estado o garante do respeito por essas regras, pela lei, pela moral e pela ética. É ou deveria ser. Isto faz de mim um perigoso fundamentalista de extrema-esquerda ?”

    Não diria tanto extrema esquerda uma vez que acredita em alguma liberdade económica. Torna-o no entanto muito próximo do Fascismo “Nada fora do Estado” ou do Salazarismo uma versão mais suave de autoritarismo . Aliás os ultimos dias no Blasfémias demonstram porque é que seminalmente o Salazarismo durou 40 anos e se não fosse a Guerra de África ainda provavelmente lá estaríamos.

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  12. lucklucky permalink
    28 Fevereiro, 2008 10:51

    “Não lhe choca que a índices de pobreza tão elevados correspondam índices de riqueza tão elevados, alguma coisa deve estar mal, ou não lhe parece?”

    Onde está a “correspondência”?

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  13. 28 Fevereiro, 2008 11:08

    Rb

    O colonialismo acabou. Como é que elimina a pobreza em África? Invadimos 50 países para tomar conta deles durante 50 anos? Não podemos obrigar os países mais pobres do mundo a se auto-governarem com bom senso.

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  14. 28 Fevereiro, 2008 11:09

    Entre os lucros fabulosos da banca e os enormes “buracos financeiros” das empresas públicas existe um ponto comum. São duas formas diferentes de “sugar o sangue fresco da manada”.
    Os primeiros, directamente, perante a falta de regulação do Estado e inexistência de legislação. Os segundos, através dos impostos ao cidadão que depois o Estado faculta na forma de subsídios a esses “elefantes brancos”. Neste caso, não são prejuízos (ou abririam falência); são lucros igualmente fraudulentos.
    Nenhuma das formas justifica a outra, e o empobrecimento gradual do país (com a classe média a desaparecer) tem muito a ver com estas duas realidades.

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  15. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 11:29

    ««Não lhe choca que a índices de pobreza tão elevados correspondam índices de riqueza tão elevados, alguma coisa deve estar mal, ou não lhe parece?»»

    Normalmente o que está errado é que quem tem índices de probreza elevados não é capaz de produzir riqueza por responsabilidade própria.

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  16. 28 Fevereiro, 2008 11:32

    “Se acabarmos com os ricos, ficamos com um óptimo índice de Gini.”
    jcd

    Não quero acabar com os ricos, nem eles se deixam acabar.
    Em Espanha até há mais ricos que cá, e o Gini é mais pequeno.

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  17. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 11:35

    ««Os primeiros, directamente, perante a falta de regulação do Estado e inexistência de legislação.»»

    O Carlos descobriu um sector em que não há legislação nem regulação em Portugal. E logo a banca.

    ««Nenhuma das formas justifica a outra, e o empobrecimento gradual do país (com a classe média a desaparecer) tem muito a ver com estas duas realidades.»»

    Ainda não percebi porque é que a classe média precisa da banca. Se eles não prestam um serviço útil a um bom preço, tenho a certeza que não compensa à a classe média pedir empréstimos a bancos ou a meter o dinheiro no banco. Para alem de que existem por aí uns bancos estrangeiros. É só escolher.

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  18. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 11:38

    ««Em Espanha até há mais ricos que cá, e o Gini é mais pequeno.»»

    Mas o índice de Gini deve ser um objectivo da política económica? Se sim, a melhor forma de chegar a um bom índice de gini é o empobrecimento dos ricos.

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  19. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 11:40

    ««Não lhe choca que a índices de pobreza tão elevados correspondam índices de riqueza tão elevados»«

    Eu também acho chocante que a ideologia miserabilista predominante nos países pobres, onde a inveja é dominante e o lucro é um mal, conduza a uma grande diferença entre ricos e pobres. Como se tem visto nesta discussão, uma das causas dessa diferença é o miserabilismo e a ideologia anti-capitalista.

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  20. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 11:41

    Acho interessante que depois de conderarem o lucro, muitos se espantem com a pobreza. Uma coisa leva à outra. Onde está o espanto?

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  21. 28 Fevereiro, 2008 11:49

    O Carlos descobriu um sector em que não há legislação nem regulação em Portugal. E logo a banca.

    Não descobri nada. É do conhecimento geral que o Estado trata a banca com paninhos quentes… Porque precisa dos seus “empréstimos” cujos juros os contribuintes pagarão a longo prazo, e de alguns dos seus poleiros.
    Transcrevo o nosso amigo LR:
    Mas você deve é culpar o Estado corporativo que temos por ser permissivo aos vários grupos de interesses. E tem razão.

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  22. 28 Fevereiro, 2008 11:57

    …Eu também acho chocante que a ideologia miserabilista predominante nos países pobres

    O que choca JM, não é a miséria em si nem que “que a índices de pobreza tão elevados correspondam índices de riqueza tão elevados”.
    O que o choca definitivamente é o facto do miserável ter a ousadia de contestar a sua situação! É um miserável e ainda por cima invejoso. Parece-me o Falabela na série da Globo: “Odeio pobre !”

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  23. 28 Fevereiro, 2008 12:03

    “Mas o índice de Gini deve ser um objectivo da política económica? Se sim, a melhor forma de chegar a um bom índice de gini é o empobrecimento dos ricos.”
    JM

    Deve ser um objectivo da política socio-económica.
    Os ricos até podem ser mais ricos, como por ex. em Espanha.

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  24. 28 Fevereiro, 2008 12:08

    “Em Espanha até há mais ricos que cá, e o Gini é mais pequeno.”

    Adicione o “subsídio” não declarado às rendas antigas ao rendimento dos reformados e ficamos logo com um índice de Gini mais pequeno.

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  25. 28 Fevereiro, 2008 12:11

    “Deve ser um objectivo da política socio-económica.”

    O índice de Gini, um objectivo? Deus nos valha. Diminuir a pobreza é um objectivo, diminuir o índice de Gini consegue-se muito mais rapidamente mandando o dinheiro dos ricos para os paraísos fiscais.

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  26. 28 Fevereiro, 2008 12:12

    Essa é baixa.

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  27. 28 Fevereiro, 2008 12:13

    Sobre o índice de Gini:

    http://ablasfemia.blogspot.com/2006/05/o-valor-dos-ndices.html

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  28. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 12:22

    ««O que o choca definitivamente é o facto do miserável ter a ousadia de contestar a sua situação!»»

    O miserável até pode contestar a sua situação, mas não deixará de ficar miserável por causa disso. E se usar métodos que desincentivas a criação de riqueza podemos ter a certeza que perpetuará a sua situação. Aliás, o Carlos tem dado a sua contribuição ao colocar o problema da miséria como um problema de distribuição de riqueza e não como um problema de (falta de) criação de riqueza.

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  29. 28 Fevereiro, 2008 12:31

    Na verdade o país fica mais “rico”, se for criar mais riqueza aos ricos, e mais pobreza aos pobres.

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  30. 28 Fevereiro, 2008 12:37

    “Acho interessante que depois de conderarem o lucro, muitos se espantem com a pobreza. Uma coisa leva à outra. Onde está o espanto?” – JM

    Perfeitamente.

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  31. 28 Fevereiro, 2008 12:52

    Na verdade o país fica mais “rico”, se for criar mais riqueza aos ricos, e mais pobreza aos pobres. – Piscoiso

    Que ridículo. Quanto mais rico é um país menos pobres existem. Basta ver as maiores economias do mundo e como os pobres de todo o mundo querem ir trabalhar para esses países.

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  32. Anónimo permalink
    28 Fevereiro, 2008 12:56

    “Normalmente o que está errado é que quem tem índices de probreza elevados não é capaz de produzir riqueza por responsabilidade própria.
    JM”

    Para que sejam capazes de produzir riqueza por responsabilidade imprópria é que deveríamos deixar de os explorar.

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  33. 28 Fevereiro, 2008 12:58

    A argumentação do Comissário Miranda, é que a riqueza é criada pelos ricos e a pobreza pelos pobres.
    Amen.

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  34. 28 Fevereiro, 2008 13:00

    “Para que sejam capazes de produzir riqueza por responsabilidade imprópria é que deveríamos deixar de os explorar.”

    Geralmente, quando deixamos de os “explorar”, empobrecem ainda mais.

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  35. 28 Fevereiro, 2008 13:02

    “Na verdade o país fica mais “rico”, se for criar mais riqueza aos ricos, e mais pobreza aos pobres.”

    Pouco provável. Quando os ‘ricos’ enriquecem, consomem mais, criam mais empresas, aumentam a procura de serviços e distribuem sempre parte da riqueza criada, parte através dos impostos. Pode haver aumento de desigualdade mas é quase sempre acompanhada de diminuição de pobreza (absoluta, que a relativa é só estatística para entreter sociólogos).

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  36. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 13:07

    ««Para que sejam capazes de produzir riqueza por responsabilidade imprópria é que deveríamos deixar de os explorar.»»

    Portugal ultimamente tem tido a sorte de ter visto muitas multinacionais sair daqui para ir explorar os países de leste. Sorte a nossa.

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  37. 28 Fevereiro, 2008 13:23

    ahahahaha!…

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  38. 28 Fevereiro, 2008 13:31

    Claro, claro, quanto mais rico for o rico, mais migalhas sobram para o pobre.
    Pobres de espírito, não faz parte da equação.

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  39. 28 Fevereiro, 2008 13:55

    “Normalmente o que está errado é que quem tem índices de probreza elevados não é capaz de produzir riqueza por responsabilidade própria.”

    Isso diz o João Miranda a quem, certamente, foram proporcionadas desde nascença todas as condições para produzir riqueza.

    Quantos e quantos pobres há inteligentes que não tiveram oportunidade de singrar num mercado de trabalho adequado ao seu valor e quantos e quantos ricos burros (ocos) foram levados ao colo para esses mercados.

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  40. 28 Fevereiro, 2008 13:59

    Faz-me lembrar uma quadra solta do Sérgio Godinho:
    Quando se emborracha o pobre dizem olha o borrachão,
    quando se emborracha o rico acham graça ao figurão.

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  41. 28 Fevereiro, 2008 14:06

    “Quantos e quantos pobres há inteligentes que não tiveram oportunidade de singrar num mercado de trabalho adequado ao seu valor e quantos e quantos ricos burros (ocos) foram levados ao colo para esses mercados.”

    Não acredito nisso. Em países ricos, os alunos inteligentes têm sempre acesso a bolsas de estudo oferecidas por companhias privadas. Aliás, essas companhias competem pelos melhores alunos. Nos países mais pobres, as universidades são à borla.

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  42. 28 Fevereiro, 2008 14:09

    “Claro, claro, quanto mais rico for o rico, mais migalhas sobram para o pobre.
    Pobres de espírito, não faz parte da equação”

    Isto demonstra que o que incomoda ao Piscoiso é a existência dos ricos e não dos pobres.

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  43. lucklucky permalink
    28 Fevereiro, 2008 14:09

    “que a índices de pobreza tão elevados correspondam índices de riqueza tão elevados”.

    Ainda ninguém que defende o acima escrito demonstrou alguma casualidade.

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  44. 28 Fevereiro, 2008 14:43

    “Quando os ‘ricos’ enriquecem, consomem mais, criam mais empresas, aumentam a procura de serviços e distribuem sempre parte da riqueza criada, parte através dos impostos. Pode haver aumento de desigualdade mas é quase sempre acompanhada de diminuição de pobreza (absoluta, que a relativa é só estatística para entreter sociólogos).”

    Nem mais. A malta de esquerda devia percebem que nunca foi causa de pobreza para ninguém haver ricos aos lado. Isto é verdade para as regiões, para os países e para as pessoas. Se alguém tem dinheiro é mais provável que eu lhe consiga vender alguma coisa – nem que seja o serviço doméstico; se ninguém tem dinheiro, não se vende nada a ninguém.

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  45. 28 Fevereiro, 2008 14:46

    Mas a questão de fundo não tem lógica: a malta de sequerda parece acreditar que o lucro é uma apropriação indevida de recursos que, de outra forma, ficariam à disposição da comunidade. Não percebem que são parte (tal como os ordenados dos funcionários das empresas com lucros) da criação de valor originada pela acção da empresa e que se essa empresa não existisse essa criação de valor não iria para outro lado, mas simplesmente não existiria.

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  46. 28 Fevereiro, 2008 15:15

    “Não acredito nisso. Em países ricos, os alunos inteligentes têm sempre acesso a bolsas de estudo oferecidas por companhias privadas. Aliás, essas companhias competem pelos melhores alunos. Nos países mais pobres, as universidades são à borla.”

    Isso é tudo bonito em teoria, na prática é o que se vê. Parece-me evidente que alguém que nasce rico tem muito mais hipóteses de singrar no mercado do que alguém que nasce pobre.
    É como diz não sei quem, o homem é ele e as suas circunstâncias.

    É evidente que há pobres que não fazem nada para sair da pobreza e conformam-se com ela mas, generalizar e dizer que os pobres só são pobres por culpa própria, para mim, é conversa de rico sem o mínimo de consciência social.

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  47. 28 Fevereiro, 2008 15:21

    E voltando ao tema central do post, o que mais me escandaliza é que em época de grandes sacrifícios para todos os bancos continuem a lucrar, aparentemente, sem sacrifícios e com um regime fiscal priveligiado em relação às empresas, a que acrescem as aldrabices com ofshores etc. e tal.
    O que sucede é que os particulares e as empresas andam todos com as calças na mão por causa dos tais sacrifícios e têm de se empenhar junto da banca que é quem a final lucra com a crise do país.
    E tudo isto com o beneplácito do Estado.

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  48. 28 Fevereiro, 2008 15:58

    …o Carlos tem dado a sua contribuição ao colocar o problema da miséria como um problema de distribuição de riqueza e não como um problema de (falta de) criação de riqueza…

    O problema de criação de riqueza funciona quando a classe pobre é um dos intervenientes nessa criação de riqueza e não só o contribuinte líquido da Oligarquia.

    Se entendeu isso, entendeu mal. Não sou a favor do Zé do Telhado. É claro que sou a favor da criação de riqueza. Como já disse várias vezes, o problema não está nas empresas nem nos empresários, mas na falta de políticas de desenvolvimento integrado do país, colocando grande parte dessa riqueza ao serviço de todo o país.

    Como exemplo limite, lembro alguns países de África e do Médio Oriente Islâmico onde uma pequena classe enriquece à conta da posição de poder e da exploração do petróleo, mantendo em paralelo uma massa enorme de deserdados da sorte. O Estado, nesses países confunde-se com essa classe rica.

    O que proponho não é uma redistribuição de dinheiros na folha salarial (tirando ao rico para dar ao pobre), mas uma política de Estado com investimentos importantes na Educação e Formação, e uma política fiscal mais realista de modo a provocar uma igualdade de oportunidades. Neste momento (esquecendo o betão e o cimento) e olhando para o aspecto humano, Portugal está mais perto dum pais de terceiro mundo, do que de um país europeu.

    Os países que se preocupam com o nível da sua população e lutam por uma maior igualdade de oportunidades, destinguem-se dos tais países do terceiro mundo onde até há alguns ricos e alguma riqueza.

    As suas teorias, levam a este desenvolvimento desequilibrado a 2 velocidades, e a médio prazo à rotura económica do país como já aconteceu na Argentina. O país, como as equipas de futebol, funcionam com o concurso de todos e não com a riqueza de poucas “estrelas”. O depauperamento progressivo de vastos sectores de população (2 milhões em Portugal) é uma realidade que deveria preocupar os responsáveis pela condução da economia do país.

    Em conclusão, não quero Portugal transformado numa Cuba, mas evoluindo para os padrões dos países europeus mais avançados (onde até há muitos ricos). E nesses países, as diferenças entre as classes sociais são menores, e as oportunidades das famílias de menos recursos, muito superiores.

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  49. JoãoMiranda permalink
    28 Fevereiro, 2008 16:13

    ««E voltando ao tema central do post, o que mais me escandaliza é que em época de grandes sacrifícios para todos os bancos continuem a lucrar,»»

    Está a sugerir que os gestores dos bancos devam prejudicar os interesses dos accionistas para favorecer os clientes? Isso não é gestão danosa?

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  50. 28 Fevereiro, 2008 16:26

    Está a sugerir que os gestores dos bancos devam prejudicar os interesses dos accionistas para favorecer os clientes? Isso não é gestão danosa?

    Não, estou a sugerir que o Estado imponha à banca e aos accionistas os mesmos sacrifícios que impõe aos demais, por exemplo, não compactuando com offshores.
    E já agora que sejam responsáveis perante a justiça tal como os demais e que as operações furacão não passem de ventania ocasional.

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  51. Red Snapper permalink
    28 Fevereiro, 2008 16:31

    Não. Não é gestão danosa. Quando se favorece os clientes não se prejudica os interesses dos accionistas. Gestão danosa é quando os gestores metem ao bolso por portas travessas, é quando fazem cambalachos à rebelia dos accionistas.
    Favorecer os clientes, especialmente em tem de crise, e quando se sabe que os lucros são substanciais, é um investimento. Claro que nem todos conseguem ver isto.

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  52. 28 Fevereiro, 2008 16:32

    “Não, estou a sugerir que o Estado imponha à banca e aos accionistas os mesmos sacrifícios que impõe aos demais, por exemplo, não compactuando com offshores.”

    Mas os clientes dos bancos que exigem o recurso às offshores pegam no dinheirinho e levam-no para Gibraltar. Acha mesmo que ganharemos alguma coisa com tal medida?

    E repare quem dá o exemplo:

    http://www.cgd.pt/solucoes_investimento/estruturados/2007/12/offshore_Janeiro_2011.htm

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  53. 28 Fevereiro, 2008 16:38

    “Acha mesmo que ganharemos alguma coisa com tal medida?”

    Coragem e moralidade.

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  54. 28 Fevereiro, 2008 16:48

    Carlos, um relatório sobre o “free econony index” diz isto sobre Portugal.

    “No que se refere ao mercado laboral, o documento adianta que as regulações inflexíveis de emprego impedem o crescimento da produtividade e das oportunidades de emprego totais. O custo de empregar um trabalhador é elevado e a rigidez de contratar e despedir um trabalhador cria uma aversão de risco para as empresas que, caso contrário, empregariam mais pessoas, refere a Heritage Foundation, sedeada em Washington, nos Estados Unidos.”

    Portanto, os factos desmentem o que o Carlos diz sobre o problema dos ricos e pobres em Portugal ter que ver com falta de oportunidade iguais. Em Portugal é precisamente o contrário, mesmo antes de se criar riqueza já se está preocupado em distribuí-la. É o resultado da aplicação do socialismo em países pobres como já foi demonstrado vezes sem conta na prática.

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  55. 28 Fevereiro, 2008 18:15

    Tina,
    Não consigo ver a relação do texto que apresenta com a conclusão que retira. Estou totalmente de acordo com o texto e também penso que as leis laborais estão desajustadas às necessidades do país e prejudicam em ultima instância os trabalhadores.

    O que digo e mantenho, é que a redistribuição se faz pela regulação do estado, tomando medidas para envolver TODA a população no desenvolvimento do país. A acumulação da riqueza em meia dúzia de empresas por ineficácia da regulação estatal, encaminha o país a passos rápidos para o terceiro mundo e para o desaparecimento da classe média. Nos últimos anos acentuou-se o leque salarial, o fosso entre ricos e pobres, e aumentou a percentagem de cidadãos no limiar da pobreza (cerca de 2 milhões – 1/5 da população).
    Como descarto a hipótese de haver 2 milhões de mandriões, tenho que concluir que o Estado portugues não sabe desde há algumas décadas, como desenvolver harmoniosamente o país. Talvez os nossos políticos possam aprender alguma coisa com os países nórdicos, ou até aqui perto, com a Irlanda! Para já estamos ao nível do Kuwait (mas sem petróleo).

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  56. 28 Fevereiro, 2008 19:03

    “Isto demonstra que o que incomoda ao Piscoiso é a existência dos ricos e não dos pobres.”
    Tina

    Se quer que lhe diga, nem os ricos nem os pobres me incomodam.
    O post é um exercício intelectual, que se não tiver uns salpicos de humor, é uma grande xaxada.

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  57. Johnny be cool permalink
    28 Fevereiro, 2008 19:24

    Meus caros amigos, o problema de Portugal é muito simples, MENTALIDADE! Para o porugues comum, a regra de ouro é como fugir aos impostos, como pagar menos e ao mesmo tempo, exigir mais do estado, mais ordenados, mais hospitais, mais tudo! Isto é resultado de uma ditadura de direita criada pelo Senhor Doutor Professor Oliveira Salazar… Aquele que para muitos fazia falta à malta… Por amor de deus… Nos paises “desenvolvidos” esta mentalidade nao existe! O que o portugues quer é “mamar” de uma teta chamada Estado, e quando o Estado corta é o que se vê! Para não falar de uma má distribuição dos fundos europeus ao longo destes anos como por exemplo a agricultura, sim, as famosas PickUp’s do agricultores! 20 anos de má gestao, em geral, dá nisto! Uma bola de neve gigantesca…..

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  58. 28 Fevereiro, 2008 20:13

    “A acumulação da riqueza em meia dúzia de empresas por ineficácia da regulação estatal, encaminha o país a passos rápidos para o terceiro mundo e para o desaparecimento da classe média.”

    Mas as leis laborais pouco flexíveis contribuem para que isso aconteça porque desmotiva a iniciativa privada tal como diz no artigo. E isso contribui para menos emprego e mais pobres. O facto de a riqueza estar acumulada em meia dúzia de empresas não vai necessariamente afectar o índice de desemprego.

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  59. portela menos 1 permalink
    28 Fevereiro, 2008 23:03

    A direita não perde tempo com irrelevâncias, desde que possa privatizar ganhos e socializar despesas.

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  60. Anónimo permalink
    29 Fevereiro, 2008 02:54

    Curiosamente, essa mesma Heritage Foundation, diz o seguinte
    ” As duas potências emergentes da actualidade, Índia e China, ocupam respectivamente o 115º e 126º lugares no índice de liberdade económica, muito embora apresentem um crescimento económico rápido. ”

    Ou seja, curiosamente, segundo os parâmetros dessa mesma Heritage Foundation, as duas potências emergentes e com crescimento económico rápido, estão classificadas nos últimos lugares.
    O melhor, é mesmo não não ligarmos ao que diz sobre portugal.
    Pois como se comprova, liberdade economíca e resultados, não são a mesma coisa. Os piores classificados, tem melhores resultados.

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  61. Anónimo permalink
    29 Fevereiro, 2008 02:56

    Curiosamente, apenas constato. Mais nada.

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  62. 29 Fevereiro, 2008 08:39

    “O melhor, é mesmo não não ligarmos ao que diz sobre portugal.
    Pois como se comprova, liberdade economíca e resultados, não são a mesma coisa. Os piores classificados, tem melhores resultados.”

    Para além da falta de liberdade nums parâmetros ser mais importante do que noutros, os casos que aponta são de economias emergentes (caso da China), e é natural que estejam a crescer rapidamente. Quem beneficia mais da globalização são precisamente os países mais pobres porque com a mão de obra barata podem exportar para qualquer lado. Portugal não pode competir a esse nível então tem que procurar eliminar as obstruções ao crescimento da sua economia que, como o relatório apontou, é o medo de arriscar devido aos custos elevados de empregar um trabalhador.

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  63. 29 Fevereiro, 2008 09:53

    O facto de a riqueza estar acumulada em meia dúzia de empresas não vai necessariamente afectar o índice de desemprego.

    É claro que vai.
    Só há uma forma da riqueza obtida por uma empresa ter utilidade para um país – o reinvestimento. E esse cria emprego.
    Há empresas em Portugal que transferem a riqueza para os seus centros de decisão colocados fora de Portugal;
    há empresas portuguesas que destribuem essa riqueza pelos seus administradores que a usam em despesas de consumo primário;
    há empresas que preferem investir na especulação bolsista ou imobiliária…

    Como vê há muitas formas de “usar” a riqueza e nem todas trazem vantagens evidentes ao país.

    Pode-me dizer que o empresário que vai comprar o seu 3º Lamborghini está a dar emprego ao vendedor e algum lucro ao importador de automóveis… Prefiro porém a actuação de Belmiro ou Amorim, que reinvestem em indústria comércio e serviços, a riqueza obtida.

    Qual deve ser o tipo de regulação estatal ? Intervir pela via fiscal e legislativa para incentivar o investimento.

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  64. 29 Fevereiro, 2008 11:26

    Ninguém no seu perfeito juízo iria investir em Portugal se não pudesse fazer o que quisesse com os seus lucros. O que Carlos preconiza, representaria o total descalabro da economia portuguesa já que afuguentaria os investidores para países onde pudessem actuar mais livremente. Em vez de tentar fomentar a criação de pequenas companhias através de diminuição do IRC e flexibilização das leis laborais, o que o Carlos preconiza é controlar os grandes investidores através de limitações e carga fiscal. Isso é equivalente a matar a galinha dos ovos de ouro.

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  65. 29 Fevereiro, 2008 12:03

    “Só há uma forma da riqueza obtida por uma empresa ter utilidade para um país – o reinvestimento. E esse cria emprego.”

    Se toda a riqueza obtida fosse reinvestida, não haveria qualquer incentivo a investir. O que sobra é que apetece.

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  66. Anónimo permalink
    29 Fevereiro, 2008 16:53

    “Se toda a riqueza obtida fosse reinvestida, não haveria qualquer incentivo a investir. O que sobra é que apetece.”

    Isso é no vale do Ave. O Belmiro tem opinião diferente.
    E é escusado de ser “toda”. Pode ser parte, ou incentivada .

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  67. Anónimo permalink
    29 Fevereiro, 2008 16:57

    ” Quem beneficia mais da globalização são precisamente os países mais pobres porque com a mão de obra barata podem exportar para qualquer lado.”

    Quem beneficia mais com a globalização, não são os países mais pobres. São alguns dos países mais pobres.
    E quem beneficia acima de tudo, são as empresas-mães, de origem em países mais ricos. Escusado dar exemplos.

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  68. carlos permalink
    2 Março, 2008 19:22

    Se toda a riqueza obtida fosse reinvestida, não haveria qualquer incentivo a investir.

    Como é evidente. De outro modo o Belmiro andava nú e a pé…

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