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Pois eu não subscrevo nada

14 Abril, 2008
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Eu até compreendo, meu Caro CAA, conhecendo o teu carácter assaz religioso, que apoies a indignação moralista do Mário Crespo. Mas tal não passa da reacção politicamente correcta do mainstream, que insiste no erro de misturar a moral com a política e com os negócios, duas áreas que são – e devem ser – totalmente amorais.

A atitude habitual nestes casos é diabolizar os políticos, as empresas e os empresários, o que nos confere um muito aceitável estatuto de puristas guardiões de nobres valores como o do pudor. Todos se esquecem porém de três premissas fundamentais, a saber:

  • Os agentes económicos reagem adequada e racionalmente a incentivos, sob pena de comprometerem a sua actividade;
  • É ao Estado ou a entidades por ele dominadas a quem cabe a (i)rresponsabilidade pela atribuição dos (maus) incentivos;
  • A carne é fraca e este mundo está infestado de pecadores. 

O implícito “É assim!” do Jorge Coelho traduz, no fundo, a clarividência de quem conhece muitíssimo bem o sistema vigente – ou não se tratasse de um dos seus principais “arquitectos” – e sabe aproveitar em benefício próprio os incentivos que aquele disponibiliza. Recusasse ele o convite, haveria por certo muitos outros “apparatchiks” em fila disponíveis para a função.

Por seu lado, as empresas e os empresários procuram racionalmente maximizar proveitos e minimizar custos. E num contexto putrefacto como o português em que o Estado pretende regular e conduzir a actividade económica ao mínimo detalhe, fica-lhes sempre mais em conta optarem por uma estratégia de rent seeking do que pelo risco da inovação, com pequeníssimas garantias de sucesso num mercado distorcido e pouco concorrencial.

É demagógico defender a “emancipação de tutelas constrangedoras” e ignorar que são aquelas mesmas tutelas que têm o monopólio da coerção e da fixação de regras limitadoras da livre concorrência e da inovação. No salazarismo tínhamos o condicionamento industrial que beneficiou meia dúzia; no pós-revolução temos a partidocracia e seu financiamento, os mega-projectos, os choques tecnológicos e todo o dirigismo económico que bem caracterizam a mui socialista política redistributiva de ir tirando pouco a todos para dar a alguns.

Por isso, meu Caro CAA, ataquemos os genes do sistema vigente, do intervencionismo económico, o maior factor da corrupção, em vez de nos indignarmos com os seus efeitos. Enquanto liberais, cabe-nos essa nobre missão.

37 comentários leave one →
  1. rxc permalink
    14 Abril, 2008 22:24

    Alegremente a caminho do fascismo? É a vida (ou vidinha como diria o excelentíssimo engravatado).

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  2. 14 Abril, 2008 22:37

    Falta aspear assaz!

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  3. balde-de-cal permalink
    14 Abril, 2008 22:39

    esta república nacional-socialista tem um grande dirigente (führer) as SS (schutzstaffen)procedem a operações de limpeza: chamam-lhes comissários politicos e bufos. eles comem tudo no largo dos ratos

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  4. Pi-Erre permalink
    14 Abril, 2008 22:50

    Não creio que esteja lá muito tempo. Basta cair um andaime e matar alguém (coisa vulgar na construção civil) para ele dar logo à sola dizendo que a culpa não pode morrer solteira.

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  5. Pi-Erre permalink
    14 Abril, 2008 22:57

    “A carne é fraca e este mundo está infestado de pecadores.”

    O Homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, louvado seja o Diabo.

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  6. 14 Abril, 2008 22:59

    insiste no erro de misturar a moral com a política e com os negócios, duas áreas que são – e devem ser – totalmente amorais.

    Senhores, proponho que doravante o dinheiro colectado pelo fisco deixe de servir para que se façam obras públicas, se mantenham os serviços de saúde, se garanta a educação e o ensino superior, e se destine exclusivamente a encher as contas bancárias dos detentores de cargos públicos. É certo que são os contribuintes a garantir ao Estado esse dinheiro, e deviam receber algum retorno do esforço fiscal que fazem – mas desde quando é que a política tem de obedecer à moral?

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  7. 14 Abril, 2008 23:02

    E já que falo nisso, proponho também que sejam abolidas (1) a jorna máxima de trabalho diário, (2) o salário mínimo, (3) a escolaridade obrigatória, (4) a proibição da punição física sobre os trabalhadores que não demonstrem a proficiência entidade como necessária pela entidade patronal. Isso do moralismo nas relações laborais, herança atroz daquilo que o séc. XX teve de pior, é para acabar e já.
    É triste que haja LR’s a escrever coisas como «os negócios e a política são coisas necessariamente amorais». E por sobre triste é dramático que o digam depois de tudo o que sucedeu nos últimos 200 anos…

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  8. 14 Abril, 2008 23:04

    “É assim!”

    Quem classifica Jorge Coelho simultaneamente de “clarividente” e “apparatchik”, das três uma: não sabe o que significa clarividente, não sabe o que significa apparatchik ou não sabe o significado de ambas as palalavrinhas.

    Ainda bem que não subscreve.

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  9. 14 Abril, 2008 23:10

    Perdão: «a proficiência entendida como necessária (…)»

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  10. 14 Abril, 2008 23:37

    Dizia CAA:

    “Mas tal não passa da reacção politicamente correcta do mainstream, que insiste no erro de misturar a moral com a política e com os negócios, duas áreas que são – e devem ser – totalmente amorais.”

    Realmente ainda bem que sou “mainstream”. E não se engane conheço o significado da palavra “moral”. Para si portanto as regras da politica e dos negócios resumem-se a? é que algures tem de colocar a linha ou então de liberais passam a anarquistas … O que seria sem dúvida divertido, muito divertido.

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  11. 14 Abril, 2008 23:48

    JV,

    “E já que falo nisso, proponho também que sejam abolidas:

    (1) a jorna máxima de trabalho diário” – de acordo: primazia à liberdade contratual;

    “(2) o salário mínimo” – de acordo: só fomentaria o emprego;

    “(3) a escolaridade obrigatória” – de acordo: a escola não deve ter o monopólio do ensino, nem este deve ser imposto;

    “(4) a proibição da punição física sobre os trabalhadores que não demonstrem a proficiência entidade como necessária pela entidade patronal” – em desacordo: no caso em apreço, é mais eficaz o despedimento; e a punição física, em qualquer circunstância, é um atentado à integridade da pessoa, um direito natural que tem de ser protegido; é nestas situações que não se dispensa a existência do Estado.

    “Isso do moralismo nas relações laborais, herança atroz daquilo que o séc. XX teve de pior, é para acabar e já” – não tem de haver moral nas relações laborais; apenas o cumprimento recíproco de um contrato, assinado livremente por ambas as partes.

    “É triste que haja LR’s a escrever coisas como «os negócios e a política são coisas necessariamente amorais». E por sobre triste é dramático que o digam depois de tudo o que sucedeu nos últimos 200 anos…”

    O que sucedeu nos últimos 200 anos foi um crescimento económico sem precedentes, na sequência da revolução industrial e que tirou o homem de uma situação de miséria em que sempre viveu desde o início da humanidade. Foi isso – o crescimento, impulsionado pela inovação que floresceu num clima de livre iniciativa – que dignificou (ou “moralizou”, se preferir) a existência humana.

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  12. 14 Abril, 2008 23:55

    Fernando Vasconcelos,

    “Para si portanto as regras da politica e dos negócios resumem-se a?”

    Clareza, transparência e possibilidade de escrutínio.
    Mas ainda ninguém me conseguiu provar que é preferível atacar o efeito (as negociatas) do que as causas (o regime).

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  13. 15 Abril, 2008 00:02

    Mas a política e os negócios nunca tiveram moral. A moral nasce daqueles que, não ocupando nem o poder político nem o económico,lançam mão dela para espartilhar o poder daqueles que o têm. A moral “traduz, no fundo, a clarividência de quem conhece muitíssimo bem o sistema vigente” e a utiliza para o limitar. A moral é amoral. Mas como luta contra outras amoralidades, contribui para o equilíbrio da imoralidade. A moral é uma forma engenhosa de destribuição dos poderes. Uns têm a força, outros o dinheiro, outros a moral. O ideal é que se controlem uns aos outros.

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  14. 15 Abril, 2008 00:26

    Então ninguém faz um post sobre o impacto ambiental do acordo ortográfico, em discussão no Pros&Kontras ?

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  15. rxc permalink
    15 Abril, 2008 00:29

    O que aconteceu nos últimos 200 anos foi uma luta constante para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, sem a qual nunca teriam obtido o nível de qualidade de vida que o LR tanto apregoa. Deve pensar que os patrões deram essas melhorias de barato…

    Vir dizer que o homem viveu na miséria até à Revolução Industrial é ser-se no mínimo muito redutor na análise histórica da Humanidade. É também esquecer-se dos milhares de milhões de seres humanos que nunca vão aceder aos patamares de desenvolvimento que nós Ocidentais temos a felicidade de ter (por uma impossibilidade física resultante dos limites em recursos existentes no planeta). Acho que nos próximos anos vamos ter algumas demonstrações dramáticas de como o seu ponto de vista está errado…só espero estar enganado.

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  16. Max permalink
    15 Abril, 2008 01:12

    Gostava que as virgens ofendidas me dissessem qual a solução para impedir casos como este. Aumentar o período de nojo a que os governantes estão obrigados? Ou será que preferem que sejam simplesmente proibidos de exercer qualquer cargo depois de serem governantes? Gostava de saber que classe política teríamos se tal acontecesse.
    Compreendo quem acha que este caso é sintomático do ‘bloco central de interesses’ que corrói a nossa democracia mas, pergunto, não será mais transparente contratar a pessoa em causa do que tê-la a seu soldo de forma menos clara?
    Sinceramente, irrita-me a arrogância intelectual daqueles que acham que pessoas como Jorge Coelho não podem ser contratadas por nada além das suas ligações políticas.

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  17. 15 Abril, 2008 03:11

    Nem tu, nem eu.

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  18. Moral permalink
    15 Abril, 2008 09:21

    Se esta posta serve para alguma coisa, é apenas para fazer entender, a quem ainda não o tivesse entendido, que LR é AMORAL e acha muito bem.

    Apenas espero, para ver se um dia aprende, que seja capaz de transmitir aos seus filhos (se, desgraçadamente, os tiver) os seus altos valores.

    Assim se explica a sua indignação com a esterelização forçada dos cães perigosos… Solidariedade racial, é o que é

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  19. 15 Abril, 2008 09:28

    Fernando Vasconcelos,

    O CAA não acha nada disso. Aliás, acaba de me informar que pensa o contrário.

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  20. 15 Abril, 2008 09:52

    LR,

    Os teus argumentos resumem-se num só: o clássico “o problema não é esse”.

    Quando dizes: « ataquemos os genes do sistema vigente, do intervencionismo económico, o maior factor da corrupção, em vez de nos indignarmos com os seus efeitos. Enquanto liberais, cabe-nos essa nobre missão», laboras num equívoco ainda mais clássico.

    No fundo estás a significar que face à porcaria, como ela faz parte do sistema (coisa que nunca neguei nem julgo que esteja no texto de Mário Crespo), nem sequer nos devemos indignar com ela ou dizer que o cheiro não é o mais agradável. Não, temos é de resolver o problema todo, preferencialmente de uma vez só. Ou nem sequer tratar de nenhum. É como se alguém que tem uma doença grave tivesse um acidente e partisse uma perna – na tua lógica, não valeria a pena tratar a perna quebrada já que o essencial reside na doença grave de que padece.

    É evidente que este espectáculo é fruto do sistema neo-socialista em que marinam os 2 partidos do poder. É líquido que o intervencionismo estatal é o pai e a mãe da corrupção económica, do peculato e do tráfico de influências. É claro que esse é o problema maior que temos de resolver.

    Mas não me peçam para ficar bovinamente impávido perante a porcaria à espera de resolver o todo enquanto a parte apodrece.
    Não é por ser religioso que não o sou por me faltar a sua característica sine qua non: crer no sobrenatural. Mas porque não consigo ter uma quietude oriental perante as injustiças. Aliás é por isso que tenho alguma intervenção pública e foi por causa disso que entrei no mundo dos blogues.

    O que tu pedes é quase perverso, ‘amoral’ como alguém eufemisticamente já aqui afirmou – “é assim”, donde aceitemos os factos, os fados, a fatalidade das coisas da vida e pensemos só no todo, o problema na sua última instância: desculpa, não te quero ofender, mas RELIGIOSO É QUEM DEFENDE ESTE TIPO DE DISPARATES FINALÍSTICOS.

    E, essa sim, é que é uma atitude inútil, inócua, vazia de resultados – quem espera apenas pela resolução final, e a final, dos problemas raramente em êxito. Os resultados positivos só são conseguidos quando somos capazes de solucionar aquilo que nos está mais próximo. Os bons resultados têm sempre um sentido ascendente, do mais próximo para o mais longínquo, do local para o central. E nunca o inverso que é a chave de quase todas as tiranias.

    Não tenho jeito para ser espectador.

    Relembro-te a frase que está no Museu do Holocausto, em Washington, e que é um dos meus lemas de vida:
    “Thou shalt not be a victim. Thou shalt not be a perpetrator. Above all, thou shalt not be a bystander”

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  21. 15 Abril, 2008 10:12

    LR,

    Acima, na primeira frase: “Os teus argumentos resumem-se num só” falta um ‘quase’.

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  22. Doe, J permalink
    15 Abril, 2008 11:01

    CAA Diz:
    15 Abril, 2008 às 9:52 am (…)

    E diz muito bem.
    E subscrevo eu a 100% todo este comentário.

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  23. 15 Abril, 2008 11:15

    .

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  24. 15 Abril, 2008 11:20

    Caro LR,

    é muito pouco credebilizador você tentar branquear o oportunismo dos privados ao abrigo dum liberalismo muito mal interpretado.

    A propósito do peakoil, deixo aqui um comentário muito pertinente que você infelizmente não ousa criticar:

    Os cereais, quer dizer, o pão e o arroz, entre outros alimentos básicos, entraram numa espiral inflacionista extremamente perigosa. Estas são algumas das causas evidentes:
    (…)
    É preciso confrontar urgentemente José Sócrates e o seu diletante ministro da agricultura sobre estas questões. Nada fizeram relativamente aos OGMs, como nada disseram sobre a legitimidade do cultivo de milho, da beterraba e de outras espécies vegetais para alimentar o nosso irracional e agora insustentável sistema de transportes. Pelo contrário, o irresponsável poder político que tomou as rédeas deste país, anuncia mais mil quilómetros de autoestradas, aeroportos intercontinentais e novas travessias do Tejo, sem se sequer se colocar a dúvida sobre o efectivo interesse e sustentabilidade de tais investimentos. Nem sequer pergunta quem irá pagar no futuro as dívidas que alegremente se predispõe a contrair. As Parcerias Público Privadas são (é o Tribunal de Contas que o diz) um embuste financeiro. Dele lucram apenas a simbiose oportunista e cada vez mais corrupta entre políticos indesejáveis e industriais preguiçosos, sem imaginação, egoístas e no fundamental subsídio-dependentes. E quem os alimenta, ou seja quem lhes pagas os subsídios (seja sob a forma de portagens, seja sob a forma de transferências forçadas do Orçamento de Estado, seja sob a forma de taxas e impostos municipais agravados — que o digam as populações onde plantaram estádios de futebol hoje às moscas, mas com encargos financeiros para toda uma geração!) somos todos nós, quer dizer os pobres dos contribuintes. É preciso dizer basta a esta canalha!
    Aqui: http://oam.risco.pt/2008/04/fome.html

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  25. Winston Smith permalink
    15 Abril, 2008 12:23

    LR,

    Se as decisões dos agentes económicos são aceitáveis porque “as empresas e os empresários procuram racionalmente maximizar proveitos e minimizar custos”, porque é que se exige às pessoas um comportamento diferente?…

    Ie, para um indivíduo que tenha nascido por cá e que não seja especialmente brilhante na arte da bola, a política é uma saída onde potencialmente “maximiza os seus proveitos” (já tenho algumas dúvidas quanto ao minimixar dos custos) logo é uma opção natural de quem age racionalmente procurando optimizar a sua própria situação.

    Porque é que hão-de exigir determinados padrões éticos aos indivíduos quando se dedicam à política quando se dedica às empresas já se aceita que sigam apenas o caminho da maximização do lucro?

    Sugiro que comece por aplicar a sua tabela de liberalismo darwinista desde o princípio (ie, desde que cada pessoa começa a tomar decisões na sua própria vida) e vai ver onde chega.

    Cumprimentos

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  26. 15 Abril, 2008 13:02

    “E já que falo nisso, proponho também que sejam abolidas:

    (1) a jorna máxima de trabalho diário” – de acordo: primazia à liberdade contratual

    Sofisma liberal clássico: afirmam que querem a liberdade contratual como se não soubessem que o patronato está numa posição de força na hora de o negociar. A menos que haja leis em contrário – leis que, note-se, só se fazem por motivos mesquinhamente morais…

    “(2) o salário mínimo” – de acordo: só fomentaria o emprego

    Também fomentaria a miséria, transformando-nos numa reprodução á escala da China, mas isso parece importar-lhe pouco.

    (3) a escolaridade obrigatória” – de acordo: a escola não deve ter o monopólio do ensino, nem este deve ser imposto

    Ou seja, para si parece-lhe legítimo que crianças de 6 anos possam trabalhar sem ter sido alfabetizadas, e razoável que pais que ganham mal não possam escolarizar os seus filhos. Continue, continue que só se aprendem coisas novas por estas paragens…

    (4) a proibição da punição física sobre os trabalhadores que não demonstrem a proficiência entidade como necessária pela entidade patronal” – em desacordo: no caso em apreço, é mais eficaz o despedimento; e a punição física, em qualquer circunstância, é um atentado à integridade da pessoa, um direito natural que tem de ser protegido

    Direito «Natural»? Olhe que essa concepção é moral, oh LR! Não devia estar excluída das relações económicas que (cito) «são e devem ser amorais»?

    Isso do moralismo nas relações laborais, herança atroz daquilo que o séc. XX teve de pior, é para acabar e já” – não tem de haver moral nas relações laborais; apenas o cumprimento recíproco de um contrato, assinado livremente por ambas as partes.

    Indexados a uma legislação laboral que proteja o elo mais fraco dessa contratualização, em nome de Direitos Naturais (entre os quais se conta o direito ao descanso, a um salário condigno, à educação, enfim, a tudo o que o LR disse concordar que seja abolido).

    “É triste que haja LR’s a escrever coisas como «os negócios e a política são coisas necessariamente amorais». E por sobre triste é dramático que o digam depois de tudo o que sucedeu nos últimos 200 anos…”

    O que sucedeu nos últimos 200 anos foi um crescimento económico sem precedentes, na sequência da revolução industrial e que tirou o homem de uma situação de miséria em que sempre viveu desde o início da humanidade. Foi isso – o crescimento, impulsionado pela inovação que floresceu num clima de livre iniciativa – que dignificou (ou “moralizou”, se preferir) a existência humana.

    Sim, sim. Também houve o século XIX e as hordas de miseráveis que se arrastavam famintos pelas ruas da Europa porque «a Economia não tinha de ter Moral». Também houve Metternich e Bismarck, Estaline e Hitler, Mussolini e Mao Tsé-Tung, porque «a Política não tinha de ter Moral». Fraco consolo essa meia dúzia de ricaços engordados pela imoralidade, quando vemos que ela também serviu para tudo isto – pelo menos para mim, e para as pessoas normais, assim parece. Para o LR, ao que consta, já não.

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  27. 15 Abril, 2008 13:02

    E tenho pena que nao tenha respondido ao comentário 6.

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  28. Lololinhazinha permalink
    15 Abril, 2008 14:16

    Nove anos sem ocupar cargos públicos. NOVE ANOS. Se isso não chega para que o homem possa estar liberto para fazer o que bem entender da sua vidinha, não sei o que propõem. Cargos políticos vitalícios?
    Podiam ter optado por uma dessas soluções disfarçadas chamadas de assessoria. Ao invés, o vínculo foi publicamente assumido.

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  29. Doe, J permalink
    15 Abril, 2008 18:04

    Lololinhazinha Diz:
    “(…) não sei o que propõem.”

    Que não seja preciso contratar bandos de políticos “na reserva” para resolver as dificuldades que os bandos de políticos “no activo” levantam?

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  30. 15 Abril, 2008 18:06

    “Gostava de saber que classe política teríamos se tal acontecesse.”

    Max,

    onde tem andado nos ultimos anos?

    Para ter isto, preferia funcionário publicos de carreira a gerir o estado.

    A liberdade contratual? Qual? A liberdade que um Romeno com mulher e 3 filhos tem para assinar um contrato a ganhar 100 euros por 30 dias de trabalho, ou morrem todos à fome?

    Que o liberalismo é amoral nós sabemos. Como sabemos que o Estado lhe facilita a vida. Se querem tanta liberdade, por que não dar liberdade aos vossos credores para vos caçarem o patrimonio individual? Assim brincávamos todos aos liberais.

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  31. ana permalink
    15 Abril, 2008 22:21

    “Ironia das ironias…

    A ministra da Educação hostilizou os professores.

    Aos sindicatos para além de os hostilizar, insultou-os, humilhou-os, acusou-os de TODAS as culpas. Só visto…

    Os últimos dias revelaram uma ministra colada aos sindicatos…

    Há trinta e tal anos que não via disto…

    A ministra perdeu, de facto, os professores.
    Vendido”

    Estranaha situação esta a merecer atenção e análise

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  32. 16 Abril, 2008 09:59

    CAA,
    15 Abril, 2008 às 9:52 am

    Eu não sei se o argumento é clássico, mas é evidente que o problema não é esse. É óbvio que face à “porcaria” e ao ambiente fétido, de nada te adianta a indignação furibunda ou o tapar de nariz, que o fedor persistirá. Ou tratas de higienizar todo o sistema ou viverás eternamente em ambiente putrefacto.
    E não se trata de prolongar a vida com a amputação de uma perna a alguém que padece de doença incurável. Trata-se de matar um polvo com múltiplos tentáculos que obstaculiza a vida de todos nós e nos vem coarctando, dia a dia, a liberdade. Podes cortar-lhe um tentáculo, que ele crescerá de novo e logo outro te abafará. É portanto preferível poupares energias com meras beliscadelas e tratares de lhe acertar na cabeça, de destruir no fundo o centro de comando.
    E isto, meu Caro, não significa que eu ponha em causa uma estratégia de pequenos passos. Mas ela tem de ser consequente e ter como objectivo atacar o cerne da questão e não meros efeitos. Tudo o resto, inclusivé saber qual de nós será mais religioso, é puro lirismo.

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  33. 16 Abril, 2008 10:03

    JV,

    “E tenho pena que nao tenha respondido ao comentário 6.”

    Para quê, se ele só denota que você não percebeu o sentido fundamental da posta? Quem insiste apenas em olhar para a árvore, não consegue ver a floresta.

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  34. 16 Abril, 2008 10:06

    Paulo Vaz,

    “é muito pouco credebilizador você tentar branquear o oportunismo dos privados ao abrigo dum liberalismo muito mal interpretado.”

    Outro que não percebeu ou não quer perceber. Onde é que eu estou a branquear o que quer que seja? O que eu disse foi que, face ao sistema e incentivos que ele propicia, os agentes actuam da forma mais racional. E de nada adianta apelar à sua virtude. São interesses – e grandes – que estão em causa.

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  35. 16 Abril, 2008 12:04

    «Onde é que eu estou a branquear o que quer que seja? »

    Claro que estás, caro LR! Sem o querer, mas estás.
    Se eu fosse advogado de um desses escolheria precisamente a tua argumentação materialmente desculpabilizante: o problema é o sistema, é o todo, é a cabeça do polvo e só ela, de nada vale lutar contra o resto.

    Efeitos:
    1. Traz o imobilismo;
    2. Carrega a fatalidade;
    3. É uma argumentação que tanto serve para congelar quem quer fazer alguma coisa como, também, serve como uma luva aos corruptos que acidentalmente sejam apanhados – éo sistema, é assim, se não formos nós outros o farão…

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  36. Lololinhazinha permalink
    16 Abril, 2008 15:07

    “Se eu fosse advogado de um desses escolheria precisamente a tua argumentação materialmente desculpabilizante: o problema é o sistema, é o todo, é a cabeça do polvo e só ela, de nada vale lutar contra o resto.”

    Eu não sou advogada de nenhum deles (infelizmente) mas também penso como o LR.

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  37. 16 Abril, 2008 17:03

    Para quê, se ele só denota que você não percebeu o sentido fundamental da posta?

    O sentido do seu post é o de que os agentes políticos e os agentes económicos não devem reger-se por nenhum parâmetro moral. Ora, se assim é, torna-se claro que qualquer político pode embolsar o dinheiro dos impostos: a única coisa que o pode impedir é uma lei que ele, de conluio com os seus comparsas, pode mudar a seu bel-prazer. Ou então o respeito por concepções abstractas, como os «Direitos Naturais» que o LR trouxe à colacção: e que são, como eu disse e o senhor não teve a ousadia de negar, construções de tipo moral.

    Quem insiste apenas em olhar para a árvore, não consegue ver a floresta.

    Está intimado a alinhavar dois únicos argumentos que consubstanciem a acusação que me faz. Não há nada nos meus textos que aponte para uma apreciação restritiva do que está a dizer, nem forma de os interpretar que o leve a inferir isso. Certamente, porque o LR sim tem uma visão redutora dos fenómenos político-económicos do Mundo em que se inscreve (basta ler o comentário 11 e a circunscrição da sua visão do Mundo aos interesses do patronato, e de seguida o comentário 26, onde expus todas as variáveis que, por sofisma ou pura ignorância, não abordou), já foi obrigado por diversas vezes a engolir essa frase, aplicada ao modo como raciocinou. Acto contínuo, e podre de rancor, pôs-se de tocaia à espera da primeira oportunidade para a usar numa discussão com alguém. Pequena mas crucial diferença: quem lho chamou explanou, decerto, as razões por que o fazia; o LR, no caso vertente, limita-se a lançar o labéu para ver se alguém o acredita. Mas não fica na feira, como dizem os brasileiros, esta sua atitude: espero prova, e clara, que não é qualquer um que me insulta.

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