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Perguntas simples

21 Setembro, 2008

Qual é a evidência empírica que permite saber que estamos perante um problema de falta de regulação em vez de um problema de fracasso da regulação? Lembro, mais uma vez, que o sistema financeiro americano é regulado ao ponto de as autoridades terem poder para proibir o short selling e nacionalizar empresas por critérios arbitrários. Se há falta de regulação, que poderes é que as autoridades públicas deviam ter a mais?

36 comentários leave one →
  1. Carlos Duarte permalink
    21 Setembro, 2008 09:13

    Caro JM,

    É óbvio que se trata de um fracasso de regulação acima de tudo. O que não quer dizer que tenha havido regulação em excesso (que até pode ter existido), mas sim regulação “incorrecta”.

    No fundo, acho que se trata de um problema de accountability: nos dias de hoje, os gestores dos bancos raramente são solidários com a instituição, i.e., se ela for ao charco a eles não acontece nada (excepto perder o emprego, claro). Isto é especialmente grave nos EUA em que os acionistas têm peso quase nulo sobre a “board”.

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  2. JoaoMiranda permalink*
    21 Setembro, 2008 09:22

    ««É óbvio que se trata de um fracasso de regulação acima de tudo. O que não quer dizer que tenha havido regulação em excesso (que até pode ter existido), mas sim regulação “incorrecta”.»»

    Falta saber se a regulação “correcta” é possível. Ou seja, porque é que se acreita que é possível faz a regulação “correcta” de um sistema complexo? Um os indícios de que não é possível é a quantidade de teorias e de regras de regulação que todas a gente está a propor após a crise. Porque é essas teorias não foram capazes de evitar a crise? O que é que garante que as regras de regulação agora propostas são adequadas para resolver a próxima crise? Alguém pode garantir um sistema regulatório à prova de crises? Qual é esse sistema regulatório?

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  3. vasco permalink
    21 Setembro, 2008 10:36

    Creio que a questão relevante é: será que com ainda mais ou “melhor” (aqui seria preciso uma definição não circular) regulação a probabilidade de uma crise como a actual seria menor? Que evidência empírica tem o João Miranda para responder pela negativa, excluindo a que vem dos exemplos do excesso de regulação, que são extremos? Nenhuma.

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  4. JoaoMiranda permalink*
    21 Setembro, 2008 10:55

    ««Que evidência empírica tem o João Miranda para responder pela negativa,»»

    Que evidência empírica é que o Vasco tem para responder pela positiva? Nenhuma.

    Que evidência empírica é que o Vasco tem que as alterações na regulação não provocariam ainda mais problemas? Nenhuma.

    Que evidência empírica é que o Vasco tem que o empirismo é a melhor forma de lidar com esta questão? Nenhuma.

    O problema se calhar está na abordagem empírica a um problema que não pode ser tratado empiricamente.

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  5. vasco permalink
    21 Setembro, 2008 11:13

    Não só não tenho evidência empírica, como não sei a teoria. Não tenho uma opinião informada sobre o problema e limito-me a comentar o que me parecem ser falhas lógicas na argumentação. O João Miranda é que parece ter as soluções para tudo. Mas se este problema “não pode ser tratado empiricamente”, isso quer dizer exactamente o quê? Que estamos perante um qualquer fenómeno de dinâmica não-linear e que mudar os parâmetros da equação não lhe altera a natureza, pelo que mais tarde ou mais cedo estaremos perante o mesmo problema? O que oiço dos especialistas é algo diferente. Parece que as causas próximas desta crisa são conhecidas.

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  6. 21 Setembro, 2008 11:15

    Para as pessoas que têm ido longe o impossível não existe. Se houve falhas, o que parece evidente, o caminho é verificar o que falhou e corrigir o sistema. As medidas agora tomadas eram mais que necessárias: para que não arda tudo, chamam-se os bombeiros; com o fogo extinto, o rescaldo e, só depois, um estudo aprofundado da situação e a tomada de medidas (não há nada definitivo!) a um prazo mais dilatado, sempre com navegação à vista. O regulador, naturalmente, terá que ser independente. Aí estará o busílis da questão.

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  7. JoaoMiranda permalink*
    21 Setembro, 2008 11:22

    ««O João Miranda é que parece ter as soluções para tudo. »»

    Curiosamente, os meus úlimos 3 posts são para mostrar que há problemas para os quais determinadas classes de soluções não são possíveis.

    «« Que estamos perante um qualquer fenómeno de dinâmica não-linear e que mudar os parâmetros da equação não lhe altera a natureza, pelo que mais tarde ou mais cedo estaremos perante o mesmo problema?»»

    Creio que isso está correcto.

    ««O que oiço dos especialistas é algo diferente.»»

    O que é que os especialistas disseram há 4 ou 5 anos? É que o que eles dizem agora não demonstra nenhuma capacidade predictiva. Se os especialistas fossem assim tão bons, não haveria crises económicas.

    «« Parece que as causas próximas desta crisa são conhecidas.»»

    Mesmo que se conheça a causa de um fenómeno, isso não permite evitar um fenómeno similar no futuro. Existem crises económicas a cada 10 anos. As causas de cada uma delas são conhecidas a posteriori. O que não se sabe é a causa da próxima crise. Também se sabe quais são os princípios que uma vez aplicados permitem reduzir a dimensão das crises. Só que “mais regulação” não é um desses princípios. Mais regulação apenas altera a natureza do mercado, o que torna as causas da próxima crise imprevisíveis.

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  8. 21 Setembro, 2008 11:28

    “REGULAÇÃO”?
    mas o mercado não se regulava a si mesmo?
    estamos a entrar em período de descrença???

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  9. JoaoMiranda permalink*
    21 Setembro, 2008 11:35

    ««Se houve falhas, o que parece evidente, o caminho é verificar o que falhou e corrigir o sistema.»»

    Esta ideia funciona num automóvel em que a relação entre as peças é relativamente simples. Não funciona num sistema complexo em que a relação entre as partes é dinâmica.

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  10. 21 Setembro, 2008 12:21

    Alguém defende que é falta de regulação? A regulação bancária é uma técnica de aprendizagem lenta que teve esta falha e vai ter muitas mais ao longo dos tempos. Por exemplo, existe um rácio de solvabilidade estabelecido calculado em função dos riscos a que se atribuiu, apenas há 20 anos, um valor de 8%. Porquê 8%? Porque nunca houve razão para mudar. 20 anos é uma imensidão em termos de mercados financeiros mas não em termos de técnica nos mercados financeiros. Esta “crise” trará mais conhecimento que permita apurar a técnica mas, até ver, foi um erro provocado pela regulação e não o contrário. Erro que, aliás, se continua a fazer.

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  11. Anónimo permalink
    21 Setembro, 2008 12:21

    A prática do «short selling» significa “à la lettre” manipulação dos mercados accionistas. A regulação aqui funcionou e bem. De outro modo, deixaríamos de poder contar com instituições de bem para começarmos a contar com instituições de tipo mafioso.
    No filme em cartaz “Gomorra”, baseado no livro do escritor italiano Roberto Saviano, informa-se que o produto final obtido através das operações da mafia (venda de droga, tráfico de armas, extorsão etc.) integra um fundo financeiro de apoio à reconstrução do espaço urbano das antigas torres gémeas de Manhattan.

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  12. 21 Setembro, 2008 12:23

    O comentário 11 é meu.

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  13. 21 Setembro, 2008 12:26

    “Não funciona num sistema complexo em que a relação entre as partes é dinâmica”. Claro que funciona, um automóvel não deixa de ser um sistema termodinâmico onde a combinação química de hidrocarbonetos com o oxigénio provoca o movimento de sólidos metálicos deformáveis. No entanto, consegues olhar para ele como uma relação de peças, não consegues? Não percebo exactamente onde queres chegar com essa dos sistemas complexos. Claro que são complexos, claro que se governam por equações diferenciais desconhecidas e, pior, mutáveis, mas isso não quer dizer que não tenhas uma ideia sobre o funcionamento do sistema e, principalmente, das suas fronteiras de funcionamento.

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  14. JoaoMiranda permalink
    21 Setembro, 2008 12:35

    ««A prática do «short selling» significa “à la lettre” manipulação dos mercados accionistas. »»

    Eu ainda não percebi como é que podem sequer existir mercados financeiros funcionais sem short selling.

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  15. Gaspar permalink
    21 Setembro, 2008 12:40

    Acredito nos fundamentos do liberalismo e da economia de mercado. Tal não é incompatível com a necessidade de regulação, antes pelo contrário. E a razão é a existência de falhas de mercado, em sentido lato.
    Porventura, talvez uma das conclusões desta crise venha a ser que a dimensão e preponderância de algumas destas instituições financeiras, nomeadamente num mundo e economia globais, fogem em demasia ao princípio da atomicidade não se lhes podendo aplicar, sem mais nem menos, as regras que ditam a falência de uns e a sobrevivência de outros. Até se pode dar o caso (não sei, mas admito-o facilmente) que estamos perante um fenómeno criado ou exacerbado por intervencionismos anteriores mas isso, a meu ver, não elimina a necessidade de haver uma intervenção neste momento. Já não sei é dizer que tipo de intervenção seria melhor: falta-me informação e, principalmente, conhecimentos para formar uma opinião.

    Além disso, ao contrário do que depreendi (não sei se correctamente) num outro post seu, não se pode alegar que os milhões de pessoas que seriam penalizadas por uma falência da AIG, por exemplo, estivessem a pagar pela sua própria incúria, pelo facto de não terem feito uma análise adequada ao risco que estavam efectivamente a correr ao aderir aos produtos financeiros daquela instituição. Não concordo nada com esse ponto de vista. Seria de uma ineficiência brutal para toda a sociedade se casa indivíduo tivesse de conduzir as suas próprias análises, sobre tudo e mais alguma coisa, para definir as suas preferências.

    As pessoas não andam a realizar os seus próprios testes de qualidade e segurança aos automóveis ou aos restaurantes ou a outro qualquer bem: regem-se pela informação genérica que existe a este respeito, incluindo a que se pode deduzir do comportamento dos seus pares.

    Portanto, dificilmente se pode dizer, a meu ver, que o grosso das potenciais vítimas das falências que, segundo percebo, o João Miranda defende que deviam acontecer, caem no paradigma do arriscou e perdeu. A vasta maioria das pessoas não estava consciente dos riscos que estava a correr e tomou, assim, uma decisão com défice de informação e, em particular, um défice cuja responsabilidade não me parece que lhe possa ser imputada.
    Houve (e continua a haver) uma endógena assimetria de informação nestes mercados, o que, de resto, constitui uma outra falha de mercado clássica.

    Contudo, admito que o ponto anterior possa ser atacado à luz de uma leitura estrita dos princípios liberais: informadas ou não, as pessoas deverão assumir as suas responsabilidades. Mas então eu pergunto: e os outros, aquelas pessoas, empresas e países, que não correram quaisquer riscos ou que foram mais comedidos a corrê-los, também deveriam ser castigados com um eventual colapso do sistema financeiro?
    (o pressuposto destas intervenções é esse, não o estou a avaliar)

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  16. JoaoMiranda permalink
    21 Setembro, 2008 12:43

    ««Claro que funciona, um automóvel não deixa de ser um sistema termodinâmico onde a combinação química de hidrocarbonetos com o oxigénio provoca o movimento de sólidos metálicos deformáveis.»»

    Tudo isso é previsível. Não tem nada de complexo. Os sistemas financeiros são diferentes.

    ««No entanto, consegues olhar para ele como uma relação de peças, não consegues?»»

    Pois consigo. O que não consigo é fazer o mesmo para sistemas financeiros. Os sistemas financeiros não são relações de peças estáticas. A forma como os próprios componentes mudam em relação aos outros componentes e à própria regulação torna o sistema imprevisível.

    «« isso não quer dizer que não tenhas uma ideia sobre o funcionamento do sistema e, principalmente, das suas fronteiras de funcionamento.»»

    A ideia que é possível ter sobre o funcionamento do sistema não permite prever os aspectos necessários à sua regulação. Não é por acaso que a regulação desactualiza rapidamente. A inovação é uma componente significativa do sistema financeiro e a inovação não é previsível. A interacção entre os agentes e o regulador é outro factor a ter em conta.

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  17. 21 Setembro, 2008 12:44

    Devem então o Prof. Karamba e o Mestre Bambo poder anunciar livremente curas para tudo, desde SIDA a pernas partidas? Há distinção entre eles e os gestores destas empresas financeiras?

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  18. JoaoMiranda permalink
    21 Setembro, 2008 12:47

    ««As pessoas não andam a realizar os seus próprios testes de qualidade e segurança aos automóveis ou aos restaurantes ou a outro qualquer bem: regem-se pela informação genérica que existe a este respeito, incluindo a que se pode deduzir do comportamento dos seus pares.»»

    O que é que impede que façam o mesmo para os produtos financeiros? Não existem organizações de defesa dos consumidores e especialistas que aconselham a melhor forma de investir dinheiro?

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  19. JoaoMiranda permalink
    21 Setembro, 2008 12:54

    ««Mas então eu pergunto: e os outros, aquelas pessoas, empresas e países, que não correram quaisquer riscos ou que foram mais comedidos a corrê-los, também deveriam ser castigados com um eventual colapso do sistema financeiro?»»

    Esse é o argumento do medo. Não há qualquer evidência que quem foi cuidadoso corra qualquer risco. A ideia de que está tudo a falir cria a ideia errada que foi destruida uma quantidade colossal de riqueza. Não é isso que está a acontecer. Estão a falir empresas porque as dívidas subiram ligeiramente acima dos activos. Os credores podem recuperar o seu dinheiro quase todo.

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  20. 21 Setembro, 2008 13:16

    Cà vai um copy/past

    Alguém esqueceu-se do mercado
    Por Miguel Poiares Maduro

    A crise financeira dos últimos dias serve para recordar um facto muito simples: o mercado é um meio e não um fim. Já há muito tempo escrevi um texto em que defendia que era um erro confundir o Estado e o mercado com ideologias. Tratam-se apenas de duas formas diferentes de produzir decisões sociais.

    Tal como o Estado, o mercado é um simples mecanismo de agregação das preferências individuais em decisões colectivas. No Estado, o instrumento fundamental de agregação dos interesses individuais em decisões colectivas é o processo político (legislando, administrando etc.). No mercado, são as transacções. Estamos perante dois processos de decisão social distintos: um com uma tendência mais atomista, descentralizada e de cooperação voluntária (o mercado), o outro assente, sobretudo, em mecanismos de decisão mais centralizados e de cooperação imposta (o Estado). Mas, mesmo a este respeito, é preciso notar que o próprio mercado gera fenómenos de centralização (o primeiro dos quais são as empresas: como notaram, por ex., Coase ou Williamson as empresas são instrumentos de coordenação e hierarquia necessários à redução dos custos de informação e transacção; são, no fundo, mini-Estados). Isto significa que nem sempre o mercado assenta na ou produz liberdade (da mesma forma que nem sempre o Estado reproduz o interesse público) mas significa, igualmente, que o mercado tal como o Estado exige mecanismos de responsabilidade.

    Um das questões fundamentais das decisões colectivas é precisamente a responsabilidade: é esta que garante que a instituição que decide (Estado ou mercado) atende a todos os custos e benefícios potenciais (incluindo avaliando o risco). Quer Estado quer mercado têm de estar sujeitos a mecanismos de responsabilidade que correspondam às formas de poder e de decisão que assumam. No fundo, o que aconteceu na crise financeira foi que alguém se esqueceu de criar mecanismos de responsabilidade correspondentes às novas formas do mercado: criou-se uma cadeia de decisão em que o risco foi sendo transferido até ao ponto em que o último elo da cadeia já não tinha percepção do mesmo ou não estava em condições do avaliar. Isto não nos deve levar a colocar em causa o mercado mas apenas a recordar aquilo que é realmente o mercado.

    http://geracaode60.blogspot.com/2008/09/algum-esqueceu-se-do-mercado.html

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  21. 21 Setembro, 2008 13:54

    Os sistemas financeiros não são relações de peças estáticas.” (Como o automóvel)

    O JM deve ter o automóvel guardado na garagem, estático.
    Mesmo assim, um dia vai lá e encontra aquilo cheio de ferrugem… por falta de regulação, v.g. manutenção.

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  22. Gabriel Silva permalink*
    21 Setembro, 2008 14:11

    Tonibler,

    «Alguém defende que é falta de regulação? A regulação bancária é uma técnica de aprendizagem lenta que teve esta falha e vai ter muitas mais ao longo dos tempos. Por exemplo, existe um rácio de solvabilidade estabelecido calculado em função dos riscos a que se atribuiu, apenas há 20 anos, um valor de 8%»

    Sm, todos os não-liberais defendem que é falta de regulação.

    Nos EUA o rácio é de 3%. As famosas Fannie Mae e Fredie Mac estavam isentas dessa obrigatoriedade por serem paragovernamentais.

    Nas medidas anunciadas já conhecidas não se prevê alterar tal racio……

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  23. Gaspar permalink
    21 Setembro, 2008 14:12

    “O que é que impede que façam o mesmo para os produtos financeiros? Não existem organizações de defesa dos consumidores e especialistas que aconselham a melhor forma de investir dinheiro?”

    João Miranda, precisamente, tudo isso, verifica-se agora, falhou. Parece-me inegável que as pessoas estavam e foram severamente desinformadas, iludidas se quisermos, sobre o verdadeiro risco inerente aos produtos financeiros. De qualquer das formas, como disse, não quero ir muito por aí porque me parece que, na estrita observância dos princípios liberais, possa sempre defender que não há desculpas para a desinformação (embora eu não concorde).

    “Esse é o argumento do medo. Não há qualquer evidência que quem foi cuidadoso corra qualquer risco. A ideia de que está tudo a falir cria a ideia errada que foi destruida uma quantidade colossal de riqueza. Não é isso que está a acontecer. Estão a falir empresas porque as dívidas subiram ligeiramente acima dos activos. Os credores podem recuperar o seu dinheiro quase todo.”
    Não posso continuar a debater nesta direcção: não sei dizer, de facto, se estamos ou não perante o risco de se gerar uma corrida aos bancos capaz de fazer colapsar todo o sistema. Pessoas que tenho em grande conta e a quem reconheço toda a competência para falar no assunto, apesar das suas próprias dúvidas, dizem que sim, que esse risco existe, e eu tendo naturalmente a acreditar.
    Mas entrar nesse debate consigo está fora de questão.

    Em alternativa, e para que melhor perceba o seu pensamento, gostaria de saber se o João Miranda consideraria justificável o intervencionismo estatal ou regulamentar, se de facto, considerasse que estava em causa o colapso do sistema financeiro global (ou pelo menos o seu colapso em larga escala).

    Obrigado.

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  24. 21 Setembro, 2008 16:10

    João Miranda,

    «Eu ainda não percebi como é que podem sequer existir mercados financeiros funcionais sem short selling»

    Uma coisa é a prática do “D-Trade”, outra a do “Short Selling”.
    Esta última implica sempre um elevado número de movimentação de acções, um “sell off” de um determinado título, destinado a fazer baixar o preço, para, posteriormente, se proceder à “recompra” desse mesmo título a preços muito mais vantajosos. Esta prática do mercado bolsista, normalmente levada a cabo por uma única entidade de forma directa ou indirecta, através de empresas “off-shore” detidas por essa mesma entidade, não só lesa os interesses dos pequenos investidores, como pode ser uma forma de auto-financiamento ilícito, por via da compra de acções próprias.

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  25. Semcoiso permalink
    21 Setembro, 2008 16:39

    Querem respostas?
    Perguntem à Zazie!

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  26. Anónimo permalink
    21 Setembro, 2008 17:07

    Meu caro João Miranda, vamos lá a ver se nos entendemos sobre o papel e importância dos ditos especialistas.

    No corpo do comentário 7, parece haver uma dúvida (condenação) dos especialistas, quando afirma “Se os especialistas fossem assim tão bons, não haveria crises económicas”

    Todavia, e no comentário 18, estes dittos especialistas já se apresentam como excelentes, quando diz : “O que é que impede que façam o mesmo para os produtos financeiros? Não existem organizações de defesa dos consumidores e especialistas que aconselham a melhor forma de investir dinheiro?

    Afinal em que é que ficamos: Os especialistas são bons quando reforçam as nossas convicções, e irrelevantes quando as contradizem?

    Para quem defende tanto o primado dos principios, parece-me haver aqui uma contradição grave (para me ficar só por aqui).

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  27. JoaoMiranda permalink*
    21 Setembro, 2008 17:58

    ««Todavia, e no comentário 18, estes dittos especialistas já se apresentam como excelentes, quando diz : »»

    Pois. Mas estamos a falar de funções diferentes dos especialistas. Num comentário falva-se da capacidade de entender todo o sistema. Noutro na capacidade de informar o público sobre o risco e produtos financeiros vendidos ao grande público.

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  28. 21 Setembro, 2008 23:12

    Miranda,

    “Tudo isso é previsível. Não tem nada de complexo. Os sistemas financeiros são diferentes.”

    Porque conduzes automóveis e não instrumentos financeiros

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  29. Carlos permalink
    22 Setembro, 2008 13:22

    “Qual é a evidência empírica que permite saber que estamos perante um problema de falta de regulação em vez de um problema de fracasso da regulação?”

    Se admitirmos que o problema original são os activos subprime titularizados, vulgo CDO’s, RMBS’s e CMBS’s, então trata-se de um problema de falta de regulação. Estes produtos nunca foram regulados por nenhuma instituição. Aliás, por esse mesmo motivo é que são produtos que atraem muitos investidores e originadores.

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  30. Zé do Boné permalink
    22 Setembro, 2008 16:29

    Acerca do comentário 28

    Mas como é que pode um “especialista” informar o público sobre o risco e produtos financeiros vendidos ao grande público, se não conhecer o sistema como um todo?

    Como é que pode essse especialista medir o risco de um instrumento, por exemplo um derivado, se não o souber integrar na lógica de funcionamento do mercado?

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  31. l.rodrigues permalink
    22 Setembro, 2008 19:57

    Há muitos especialistas que há vários anos alertam para estes problemas todos. Só que não são muito populares entre a imprensa económica. Levam com rótulos de profetas da desgraça ou, cruzes canhoto, “esquerdistas” (liberais para os americanos) e nem vê-los nos Media mais populares. A ironia é que os mesmos media procuram respostas ainda nos mesmos que estiveram consistentemente errados.

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  32. JoaoMiranda permalink*
    22 Setembro, 2008 21:23

    ««Mas como é que pode um “especialista” informar o público sobre o risco e produtos financeiros vendidos ao grande público, se não conhecer o sistema como um todo?»»

    Pode porque a informação que esse especialista pode dar já ajuda o consumidor.

    ««Como é que pode essse especialista medir o risco de um instrumento, por exemplo um derivado»»

    O especialista limitar-se-á a dizer que os derivados não devem ser comprados por consumidores comuns.

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  33. JoaoMiranda permalink*
    22 Setembro, 2008 21:25

    ««Se admitirmos que o problema original são os activos subprime titularizados, vulgo CDO’s, RMBS’s e CMBS’s, então trata-se de um problema de falta de regulação. Estes produtos nunca foram regulados por nenhuma instituição. »»

    E isso não será uma falha de quem teria o dever de regular?

    Já agora, qual é o critério para regular contratos de produtos financeiros? É que, como se imagina, não se pode tipificar tudo e ordenar tudo. Os operadores mantêm a liberdade contratual e podem sempre fazer contratos privados.

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