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Vitor Gaspar e Hayek

18 Junho, 2011

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Um dos meus artigos favoritos em economia, é um artigo escrito por Frederick Hayek, e que foi publicado a 1 de Setembro de 1939, numa revista relativamente pouco conhecida. Esta data, 1 de Setembro de 1939, é uma data simbólica porque é a data da invasão da Polónia pela Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. E nesta mesma data e por coincidência, Frederick Hayek escreve um artigo que se chama “The Economics of Interstate Fedelarism”, a Economia do Federalismo Interestatal.

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E o que Hayek escreve nesse artigo é o sistema de governança económico que corresponde à existência de um mercado único. Reparem que é absolutamente notável que Hayek tenha escrito sobre isso em 1939, muitos anos antes de ter começado o debate que levou à assinatura do Tratado de Roma. Ele escreve isso antes da Segunda Guerra Mundial. E o que Hayek diz nesse artigo, ele tem duas ideias que são extraordinariamente fortes no artigo.

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A primeira é dizer: quando nós nos envolvemos num processo de integração que inclui a existência de um mercado único, então existem limites claros à actuação política que é viável a nível nacional ou regional. E esses limites decorrem da integração do mercado. Sendo o mercado supranacional, sendo um mercado supra-regional, o que pode ser conseguido unilateralmente (…)
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(…) a nível regional ou nacional é limitado. Nós conseguimos imaginar imensas políticas que poderiam ser conduzidas em economia fechada, mas não podem ser conduzidas no mercado integrado.

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O segundo ponto que o Hayek faz, é um ponto que para nós economistas, para um tipo como eu, é muito mais difícil de perceber mas é um ponto poderosíssimo, e é um ponto político, portanto, provavelmente a generalidade de vós captura esse ponto muito melhor do que eu. E o ponto que ele faz é o seguinte: se nós tivermos uma União que tenha um mercado único, constituída por um conjunto suficientemente amplo e diversificado de países, essa limitação à capacidade de conduzir políticas económicas a nível nacional, não vai ser compensada por uma maior capacidade de actuação a nível da União como um todo. E porquê? Devido ao facto político da diversidade. Isto é, Hayek dizia que numa União relativamente ampla e diversificada as posições dos vários Estados Membros sobre as políticas a seguir, seria suficientemente diversificado para impedir um consenso em torno de uma condução activa de políticas. Isto é, os países conseguiriam acordar regras supranacionais, mas não conseguiriam acordar formas de actuação concreta e pontual supranacionais, por causa deste facto político da diversidade.

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E é precisamente por causa do facto político da diversidade que eu julgo que está completamente fora de questão em termos de viabilidade política, ter uma política orçamental única a nível europeu. Mesmo questões como saber se algumas políticas a nível europeu serão reforçadas, mesmo questões como saber qual o grau de autonomia que a União deve ter do lado do financiamento do seu próprio orçamento, são questões delicadas e são questões que são activa e duramente debatidas neste momento.

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E essas questões são muito anteriores a uma questão de uma política orçamental única europeia, que me parece, portanto, completamente utópica neste instante.

49 comentários leave one →
  1. José Manuel Moreira permalink
    18 Junho, 2011 19:15

    Muito oportuno, JMM

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  2. zazie permalink
    18 Junho, 2011 19:16

    E não é que concordo com o João Miranda…

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  3. zazie permalink
    18 Junho, 2011 19:19

    É a única resposta ao texto totalitário e uniformizador do PMF

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  4. 18 Junho, 2011 20:16

    Para quem, ao longo dos anos, tenha estado atento, não podem subsistir dúvidas que Vítor Gaspar é, sem sombra de dúvida, a escolha mais adequada na pasta das Finanças nos tempos que vivemos e vamos continuar a viver. A citação que o João Miranda respigou, reforça a ideia que já tinha e que partilho com o meu colega de faculdade, ANL.
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    Conheci Vítor Gaspar enquanto aluno (do curso imediatamente anterior ao meu) e o seu brilhantismo de então permitia antecipar o fulgor, plenamente conseguido, da sua carreira profissional de então para cá. Que tenha também sorte agora pois não poderá passar sem ela.

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  5. Arlindo da Costa permalink
    18 Junho, 2011 20:24

    Gaspar e Hayek….
    O que esta gente alega para justificar ou para apoiar um simples Ministro das Finanças….

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  6. zazie permalink
    18 Junho, 2011 20:57

    Eu nada tenho a ver com liberalismo mas esta passagem é inteligente. O Hayek não é bíblia e nada impede que tenha dito coisas acertadas.
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    Pelo menos é uma boa passagem para resposta à parvoeira escrita pelo PMF. Essa é que podia ser assinada por qualquer xuxa totalitário.

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  7. carlos permalink
    18 Junho, 2011 23:01

    Pois é, já o estou a ver a fazer este discurso, por exemplo, em Mirandela…
    Sucesso garantido…, mas no café mais próximo.

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  8. JCA permalink
    18 Junho, 2011 23:11

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    Isso livralhadas de Hayeks, Escolas de Chicago e não me apetece escrever mais ‘idolos’ são biblias que alguns “ayatollas’ seguem como deuses perfeitos,
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    podem embasbacar simplórios com tanto autor, data e citações. Mas não é assim,
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    essa caldeirada toda só é util e RESOLVE se houver o génio de INTUIÇÃO e GÈNIO que os leu todos mas ACIMA DELES sabe dar o SALTO DA CARPA (sair da àgua e voar por cima),
    ,
    por exemplo da venda dum esquentador usado em 2ª mão construir um império de milhões sem recurso a bancas, ou amiguismos em poder, ou ‘surdas para olear a máquina’,
    .
    e há homens destes em Portugal que TRANQUILAMENTE não se assustam com NADA DO QUE SE MEGAFONE dalguns tugas para os Portugueses.
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    Apostam sem ilusões ou emoções que este Governo seja SUCESSO. Mas não morrem de amores por isso. SÃO HIPER-REALISTAS, altamente OPERACIONAIS. E sabem bem que não têm lugar nestas Governanças e arredores. Assustam, são buldozers brilhantissimos treinados a DECIDIR e GOVERNAR em cima do fio da navalha.
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    Pois é. É assim.
    Assistem sempre dispostos a colaborar para o SUCESSO com quem queira. Mas nada preocupados se não quiserem. Ciosamente independentes, não dependentes de nada. Custa muito ser assim, mas é possivel. São o EXITO. São muitissimo poucos em Portugal e fogem de ser badalados como o diabo da cruz. Low profile, austeros, terrivelmente objectivos e excepcionalmente bons a implantar mesmo o fel.
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    Despreocupados com Recessões, Crises, Catastrofismos e Tretas de quem apenas NÃO É SABIO embora tenha sabedoria da livralhada também util mas de longe incapaz na vitória da vida corrente pessoal, nacional e internacional.
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    Boa sorte ao actual Governo.
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  9. anti-comuna permalink
    18 Junho, 2011 23:12

    Caro JM, esse trecho das palavras do Vitor Gaspar é uma boa resposta a alguns em Portugal, com a mania que são experts em Hayek e dizem que €uro necessita de um orçamento federal para ser viável, e que é uma merda inventada pelos americanos para atacar o euro, mas que alguns em Portugal seguem religiosamente. Basta ler alguns no Cachimbo de Margrite.
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    É por isso que me rio bastante de alguns em Portugal, armados em seguidores do Hayek mas que, de certeza, nunca o leram a sério. lololololololol
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    Bem apanhada essa parte da entrevista, caro JM. Bem apanhada. Se calhar alguns que se dizem seguidores do Hayek nunca leram a sério coisas que o Hayek escreveu, para além dos catrapassos do costume. ehehhheheh

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  10. 18 Junho, 2011 23:30

    eu sei de montes de gente que morreu a defender fronteiras que devem estar à beira de zombies para nos assombrar. durante séculos a europa lutou por ser diversa. fogo , eixo franco alemão ? .e agora , coca cola e tal aculturação e mais não sei quê e europa una? santa paciência. jamais resultará. a escala natural é a tribo , bem longe da “união europeia”. estado nação já é artificial e disfuncional quanto baste sem rei. com rei lá vai funcionando , mesmo sem governo , vidé belgica.

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  11. 18 Junho, 2011 23:39

    dá ideia que clamam por um Imperador , os europeístas de ministros das finanças europeu e mais não sei quê. endoidaram de vez? ao menos que seja um parecido com alexandre o magno , sempre tinha um aristoteles por detrás.

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  12. zazie permalink
    18 Junho, 2011 23:43

    ehehe
    Grande boca.

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  13. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 00:15

    Já que o JM invoca as palavras do Vitor gaspar, acho que vale a pena ler algumas coisas dele que eu considero bastante importantes. Sob dois pontos de vista. Entender a nossa crise e entender a nossa crise no contexto da chamada crise da área euro. Destaco 4 links, para alguns papers dele (ou em co-autoria):
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    Click to access Miguel_St%20Aubyn.pdf

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    Click to access cnbwp_2008_14.pdf

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    Click to access Gaspar.pdf

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    Click to access intervpub20100910.pdf

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    No último link temos isto, que é deveras importante perceber, para até entender o que anda a Alemanha a fazer e porque o fazem, pese embora a má compreensão gerada no interior da própria zona euro e, sobretudo, serve como arma de arremesso dos americanos contra os europeus. O problema da falta de capacidade dos mercados em verdadeiramente disciplinar os governos. Isto é deveras importante para entender porquê que os mercados falharam, assim como a própria construção da arquitectura institucional da Zona euro. (Aqui tiro-lhe o chapéu por reconhecer as falhas de algo que ele próprio foi um dos que ajudou a criar.
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    Vale a pena ler o que ele escreveu para se ver que, pelo menos, ele entende parte dos problemas actuais portugueses e da Zona euro. Só tenho dúvidas que ele assuma verdadeiramente o que implica fazer-se para sairmos deste buraco em que os encontrarmos. Ter orçamentos superavitários e, sobretudo, não pregar calote aos investidores, pois isso irá reflectir-se no futuro, na nossa capacidade de financeiamento externo. Não apenas o Estado, mas sobretudo as nossas PMEs. (Que ele tem papers publicados também sobre elas, as PMEs.)
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    A minha dúvida é: terá ele coragem de impôr uma política orçamental que nos abra os mercados? Ou seja, termos superávites orçamentais, mesmo que os custos de curto prazo aparentem um falhanço no processo de ajustamento? (Que é isso que está a prejudicar bastante a Grécia.)
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    A ver vamos se ele vai ser capaz de passar da teoria à prática.
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    (Só não entendo como ele não percebeu claramente que foi a Alemanha que obrigou os mercados a terem uma melhor percepção dos riscos de cada estado soberano, quando a Merkel tentou impôr aos credores perdas eventuais pela sua má avaliação do risco de cada emissão. Mesmo que o timing levante muitas dúvidas, mas isso já é outra conversa.)

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  14. ricardo permalink
    19 Junho, 2011 00:17

    Ainda nenhum dos inteligentes que fala em “governação económica” e “ministro das finanças europeu” conseguiu explicar como é que esse facto vai resolver algum problema. O que eles intuem de forma vaga é que nesse caso, os que têm dinheiro seriam obrigados a sustentar os que não têm.
    Quem conhece a História da Europa, sabe que ela se fez contra a uniformidade e o centralismo, e mesmo hoje, vejam o que se passa na Bélgica entre flamengos e valões, em Espanha entre bascos, catalães e castelhanos, ou na Irlanda do Norte entre Irlandeses e ingleses.
    A Federação será o fim da UE.

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  15. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 00:33

    “Ainda nenhum dos inteligentes que fala em “governação económica” e “ministro das finanças europeu” conseguiu explicar como é que esse facto vai resolver algum problema. O que eles intuem de forma vaga é que nesse caso, os que têm dinheiro seriam obrigados a sustentar os que não têm.”
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    E quem lhe disse que que a governação económica europeia concertada implica um ministério das finanças europeu? O Trichet nunca disse que era um ministério, só o banana do Constâncio interpretou dessa forma e bufou para a nossa imprensa. (Este tem a mania de falar demasiado daquilo que deveria estar reservado ao principal rosto do BCE. Mas enfim, as peneiras do gajo são superiores à sua inteligência emocional.=
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    E quem lhe disse a si que que dar mais poderes a determinadas instituições europeias é impôr uma federação europeia? (Aliás, o Gabriel cá da casa também interpretou as palavras do Trichas como “fascismo europeu”, como se partilhar soberania fosse impôr de cima para baixo políticas conjuntas europeis.)

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  16. PMP permalink
    19 Junho, 2011 02:29

    Mas então não querem caminhar para federalismo mas inventaram este EURO ?
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    Então até o vosso adorado Hayek diz que não podem querer uma coisa e o seu oposto e depois não retiram as conclusões ? Leiam com atenção :
    “A primeira é dizer: quando nós nos envolvemos num processo de integração que inclui a existência de um mercado único, então existem limites claros à actuação política que é viável a nível nacional ou regional. E esses limites decorrem da integração do mercado. Sendo o mercado supranacional, sendo um mercado supra-regional, o que pode ser conseguido unilateralmente (…)
    (…) a nível regional ou nacional é limitado. Nós conseguimos imaginar imensas políticas que poderiam ser conduzidas em economia fechada, mas não podem ser conduzidas no mercado integrado.
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    Então continuam a não perceber e a não querer perceber como funciona um sistema económico monetário com bancos e depois vêm com lengalengas que não podemos ter divida publica comum, só porque não, mas depois precisam de divida publica comum para refinanciar a Grécia, Irlanda e Portugal (além do BEI !).
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    A malta do deficit publico zero continua a não dizer o que vai fazer com 800 mil desempregados ou mais.
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    Parece que o nosso novo ministro das finanças vai ter de aprender depressa que sem divida publica comum isto não vai lá.
    Vejam que a Itália já está na fila.

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  17. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 02:58

    O €uro é o principal problema dos gregos? Essa devia ser a questão posta pelos portugueses, já que alguns olham para o que se passa na Grécia como leading indicator de Portugal. Embora é visto dessa forma pela generalidade dos analistas (e muitos investidores) eu não partilho dessa opinião. Por duas ordens de razões. Em primeiro lugar a política grega é sui generis, assim como o seu sistema económico. Até bem recentemente, poderiamos considerar a economia grega como a mais soviética de toda a UE. (Não estou a exagerar, tomem bem consciência disto.) Só dou dois poderosos exemplos do que lá se passa. Se o Estado grego vendesse todas as suas participações empresariais, a preços actuais, logo em baixa, pagaria toda a sua dívida externa actual. Notem bem, para terem consciência do poder do Estado naquela economia. Os gregos se venderem as suas empresas públicas pagam a sua dívida pública e ainda sobrava dinheiro. (E isto tem implicações futuras para aferir da capacidade ou incapacidade da Grécia em sair do pesadelo em que se encontra.) O outro exemplo é da pesada legislação laboral grega que regulamenta e determina o acesso a variadas profissões e seus níveis salariais. Já em termos políticos, os gregos são os mais comunistas de toda a Europa. (Nem mesmo com um governo comunista em Malta faz do seu povo mais comuna que os gregos.
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    Dito isto, fácil é de entender que o problema grego é sobretudo a nível político local que não é bem comparável ao problema político português, pese embora a mentalidade socialista reinante em Portugal. (Pelo menos nas suas ditas élites.) Porque, em termos económicos, a Grécia está a viver uma transição de uma economia soviética para uma de pendor liberal e de economia de mercado. E esta transição custa imenso, o que gera ainda mais insatisfação numa população bastante sovietizada.
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    Porquê que o problema económico grego é menor do que pensamos? Por isto, se o Estado grego vender as suas participações estatais, reduz bastante a sua dívida pública. O que, tendo em conta o processo de ajustamento de custos a nível estatal, torna a sua dívida estatal sustentável. (Em Portugal vejo muita gente a falar do problema grego mas apenas de cátedra sem estudar a economia grega nos seus pressupostos fundamentais. Há demasiada gente em Portugal, académica, que escreve sobre estes assuntos mas são umas completas nulidades. Infelizmente. Deviam ler mais indicadores económicos e menos sebentas e manuais teóricos.) Ora, dito de outra forma, o problema económico grego é mais de modelo que derivado do euro. E é mais político que económico.
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    Sugiro esta leitura:
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    “When countries joined the common European currency, they gave up the right to use monetary policy to inflate or devalue. That left wage reduction and fiscal restraint as the only recourse in a crisis. With Greece’s money wages and government debt too high, the IMF-EU relief effort does not add any new options. Instead it delays default by offering yet more debt as a solution to too much debt, and it gives the Greek government more time to do what it has been unable to do–lower public-sector wages by about 20% and reduce the budget deficit by 10% of GDP.
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    This only prolongs uncertainty and offers debt-holders a promise by the Greek government that will be hard to honor. No wonder markets are skeptical.
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    What would have worked? Much of Greece’s industry and commerce, including much of the tourist industry, is owned by the state. It should be sold with the proceeds used to reduce public debt. That would make the remainder of the debt more sustainable and transfer workers to the private sector where competitive pressures for lower wages and increased productivity would more closely align employment costs and reality. If the socialist government returned more of the economy to the private sector, Greece would have a better chance of economic recovery.
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    Much of the Greek economy not owned by the state is “underground,” in the so-called informal sector, where wages and incomes adjust quickly to the market. Greece also should offer an amnesty for unpaid back taxes to those who join the legal sector.
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    If after selling assets the remaining debt is still unsustainable, Greece will have to default (it will be called restructuring, but it is nonetheless default). To lessen the pain from losses borne by Greek and foreign lenders following default, the country should commit to fiscal policies monitored by the European Union. But it should reject the IMF-EU loan. More debt, even subsidized debt, is not the right answer.”
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    In http://www.aei.org/article/102078
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    Por outro lado, nem o próprio Estado grego sabe o que tem em inventário para uma eventual venda:
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    “Yet by some estimates, the Greek state owns EUR270 billion of real estate alone, much of it yielding well below the 6% that the government must pay on its emergency loans, some of which could be sold to pay down debt. So far, the Greek government has seemed reluctant to consider selling this land and doesn’t even have a full inventory of what it owns. But with total public debt of EUR340 billion, even realizing a fraction of this estimated value could transform the government’s debt metrics.”
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    In http://blogs.wsj.com/simonnixon/2011/03/07/privatizations-key-to-greek-fortunes/
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    Por causa de um modelo económico soviético, a troika impôs uma vasta lista de privatizações (que os gregos acusam a Alemanha de as impôr para eles, os alemães, comprarem as “joias da coroa” gregas. Aqui o nacionalismo e orgulho grego falam muito alto), que os gregos não querem fazer. E por isso, por um lado temos o líder da troika, o Poul Thomnen a dizer à comunidade grega nos USA,, que o processo de ajustamento está a ser um sucesso e melhor do que se pensa, em recente conferência nos USA; e por outro, os alemães a forçarem os gregos a venderem o que têm (se tiver que ser, até o próprio Partenon ou as ilhas parasiadiacas), para baixarem a dívida pública e mudarem o seu sistema económico. Daí que a Alemanha (com o apoio da França) pressiona o que pode, a própria troka e as instituições europeias, para obrigarem a Grécia a vender o que tem.
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    Ora, o que os alemães querem é isto. Obrigar os gregos a viverem como os demais países europeus (na prática, alguns dizem germanizar a Grécia), a baixarem a dívida pública através da venda dos conglomerados estatais públicos gregos, gerar orçamentos primários positivos e liberalizarem a economia grega. Com esta receita, a economia grega irá ganhar músculo para viver sem as ajudas e os dinheiros europeus. (Leia-se, alemães.) Os gregos, tanto em pela sua mentalidade soviética como por um ódio antigo aos alemães, estão relutantes em aceitar as medidas exigidas pela troika (leia-se, Alemanha) e fazem chantagem com os alemães, ameaçando o default. (Que a Alemanha usa como forma de tentar obrigar os mercados a aferirem melhor os riscos de cada dívida soberana – ler os papers do Vitor gaspar, em especial o do quarto link – mas sem realmente desejar que haja um defalut grego – Uma jogada perigosa, que pode mesmo gerar um colapso financeiro europeu, que o Juncker já o diz em público.)
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    A minha questão original sobre os efeitos do euro na economia grega é a de que não impede um crescimento económico da Grécia. Como exemplo poderoso, temos as estatísticas sobre o comércio externo da Grécia. ( http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_PUBLIC/6-17062011-AP/EN/6-17062011-AP-EN.PDF ) No primeiro trimestre deste ano, as exportações gregas subiram 33% e as suas importações cairam 22%.O seu défice da balança comercial caiu para quase metade. E isso teve reflexos no próprio crescimento económico grego, que terá saído da recessão no primeiro trimestre, pese embora o colapso da procura interna grega.
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    Ou seja, a Grécia não tem um problema económico derivado do euro, como a generalidade dos nossos teóricos tugas escrevem abudantemente. (A maioria escrevem o que lêm na imprensa anglo-saxónica, fortemente xenófoba contra o povo grego, quase o acusando de ser mentecapto, alguns até chegam a dizer, americanos, que os gregos não são bem europeus mas mais do médio oriente, logo, povo de segunda.) A Grécia não está a viver esta crise por causa do euro, mas por causa do seu anterior modelo económico que colapsou durante a crise do crédito. O euro não é o culpado da crise grega e até a Grécia consegue aumentar muito as exportações (ganhando quotas de mercado ao contrário de Portugal). O problema da Grécia é o seu modelo económico soviético que colapsou com a crise da dívida, gerada nos USA. É por isso que é injusto ler algumas coisas que se escrevem, tanto dos gregos como até do próprio euro. Aliás, nesse aspecto, os gregos estão em melhor situação que os portugueses e irlandeses. No entanto, como existe no mundo anglo-saxónico uma forte xeonofobia contra os gregos, muitos fecham os olhos à incapacidade dos irlandeses em exportarem, mas atiram sobre a Grécia, como se eles, os gregos, não estivessem a aumentarem as exportações a um ritmo de crescimento que é apenas o quádruplo dos irlandeses.
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    Ora, o problema grego é relativamente simples mas ao mesmo tempo comlexo. É simples porque a sua economia está a responder aos desafios que a transição de uma economia soviética para a de mercado exigem. E a Grécia consegue exportar muito bem dentro da Zona euro. Mas é complexo, porque o problema é sobretudo político. Ou seja, as forças sociais mais fortes na Grécia são soviéticas e pró-estatais, que se recusam a aceitar a privatização da sua economia.
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    Dito isto, a Grécia não tem um problema com o euro mas consigo mesmo. Ou seja, até que os resultados do processo de ajustamento comecem a serem mais amplos e a destruição de empregos pare e o crescimento económico seja vigoroso, isto vai ser dificil de gerir em termos económicos e políticos por parte dos restantes europeus. (E que podem contagiar outros países, a começar pela Espanha, que já vê as suas taxas de juro a 10 anos a mostrarem uma forte subida e eventual quebra de uma resist~encia psicológica importante.)
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    Mas a Grécia não está irremediávelmente falida como quase todos dizem. Não, a Grécia tem é que acreditar que o processo de ajustamento vale a pena e que liberalizar a sua economia é a única forma de voltarem a terem uma propesridade económica importante. Mas para isso é necessário que a Grécia venda as suas participações estatais, ao mesmo tempo reduzindo a dívida pública e liberalizando a sua economia. Se os gregos o fizerem, a Grécia sairá da crise tão rápidamente como entrou, pois até dentro da Zona euro é dos países que maior dinamismo das suas exportações apresenta. A Grécia não está falida, está é emocionalmente armadilhada dentro da sua ideologia sovietizante.
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    Ora, a Grécia não é bem um leading indicator de Portugal. Em dois sentidos. Apesar de tudo, em Portugal há mesmo vontade de mudar, até porque o actual modelo económico estoirou e isso já todos o compreendem. Na Grécia ainda não existe bem essa cosnciência e a resistência à mudança é ainda maior, até porque a crise começou muito mais tarde que em Portugal. Mas por outro, enquanto a Grécia pode bem sair da crise rápidamente, Portugal não parece ter as mesmas condições para enecetar um elevado ritmo de crescimento económico (basta comparar o crescimento as exportações gregas com as portugueses) e, sobretudo, o Estado não tem muito para vender e baixar a sua dívida pública. (Os gregos deverão fazer agora aquilo que Portugal fez durante os governos do cavaco e sobretudo do Guterres.) Ou seja, em termos económicos e em termos financeiros, Portugal está em pior situação que a grega.
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    Mas em todo o caso, o problema grego não é o euro, assim como o português também, pese embora os problemas surgidos com a introdução do euro nestes países. E a Grécia não deve ser vista como leading indicator em termos políticos. (Basta ver que em Portugal, tanto os “acampados” como as manifes organizadas pelos comunas estão fora de moda e já não é bem vista pela restante população. O “acampamento” do Rossio foi um aborto político.) Duvido mesmo que este novo governo vá sofrer tanto desgaste político como alguns prevêm. Pelo contrário, os seus adversários quanto mais barulho fizerem contra o governo, menos simpatia popular terão. A pesada hacatombe eleitoral do BE é um sinal que algo mudou em Portugal, na opinião pública e na carola do eleitor.

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  18. PMP permalink
    19 Junho, 2011 03:19

    Expliquem lá porque inventaram este EURO único mas são contra a emissão de divida publica única em pelo menos 50% do PIB de cada país ? Já viram que o .R.Unido, Dinamarca e Suécia não têm EUROS ?
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    E agora :

    O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, alertou para o risco da contaminação da crise do euro à Bélgica e Itália, numa entrevista ao diário alemão Süddeutsche Zeitung, publicado hoje.

    “A falência pode contaminar Portugal e a Irlanda e, em virtude do seu endividamento, atingir a Bélgica e a Itália, mesmo à frente da Espanha”, afirmou ao jornal.
    Para Jean-Claude Juncker, ao fazer participar os credores privados no salvamento da Grécia, pode acontecer que, no pior dos casos, as agências de notação coloquem Atenas na categoria de “insolvência”, o que teria consequências catastróficas para a moeda única. “Estamos a brincar com o fogo”, disse.
    E se a Grécia for colocada naquela categoria, isso pode ter consequências dramáticas para os outros países da zona euro, como Portugal e Irlanda, e depois a Bélgica e a Itália.

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  19. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 03:25

    PMP, quando Vc. aprender o que é moeda, crédito e tal, venha fazer perguntas sobre coisas sérias. ehehehehheh
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    Preocupe-se mais em preencher as suas lacunas teóricas que inventar teorias que ninguém as compreende e partilha. lolololololol
    .
    .
    Até amanhã. Sugiro que leia o meu anterior texto e que medite nele. (E confirme algumas coisas que lá digo.) Depois venha-me falar de coisas sérias. 😉

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  20. PMP permalink
    19 Junho, 2011 03:40

    O AC, você que é tão sabichão explique lá à gente como é que funciona o crédito e o dinheiro, pois queremos ser milionários como você é !
    .
    Então eu é que tenho lacunas teóricas porque faço perguntas um pouco incómodas ?
    Não percebeu que quem não faz perguntas é porque não entendeu nada ?
    .
    Então diga lá onde existe uma moeda única sem divida pública única , excepto no EURO ?
    .

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  21. silva permalink
    19 Junho, 2011 09:43

    A DGERT tem por missão apoiar a concepção das políticas relativas ao emprego e formação profissional e às relações profissionais, incluindo as condições de trabalho e de segurança saúde e bem-estar no trabalho, cabendo-lhe ainda o acompanhamento e fomento da contratação colectiva e da prevenção de conflitos colectivos de trabalho e promover a acreditação das entidades formadoras.
    Tudo uma grande mentira, as provas são dadas com o despedimento colectivo de 112 pessoas do CASINO ESTORIL
    “Para Os Trabalhadores da empresa casino estoril no final se fará justiça, reconhecendo a insustentabilidade de um despedimento Colectivo oportunista promovido por uma empresa que, para além do incumprimento de diversas disposições legais, apresenta elevados lucros e que declara querer substituir os trabalhadores que despede por outros contratados em regime de outsoursing”.

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  22. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 12:15

    Eu ontem apresentei as minhas razões porque considero que a Grécia não está falida e, ao contrário de Portugal, tem maiores probabilidades de sair da crise rápidamente. Considero que o problema grego (e em larga extensão, a própria crise da dívida soberana dentro do Euro) é sobretudo político e menos económico. E até financeiro. Mas o que realmente me preocupa é a incapacidade de haver em Portugal um pensamento económico realista e, simultaneamento, ambicioso. Infelizmente, a generalidade dos nossos académicos são meros homens de letras armados com algumas ferramentas e estatísticas. Ou seja, uns líricos, que descrevem melhor os problemas que prescrevem soluções. E isto não me parece ser de agora.
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    Agora, a última moda entre os nossos opinion makers, é voltar a apostar na agricultura para sairmos da crise. Um anacronismo de quem, desesperado por não ter ideias a sério de como tirar o país da crise, se vira para aquilo que em teoria é mais fácil: voltar a esgravatar a terra para dar de comer aos portugueses. Aquilo que no salazarismo se poderia de chamar: política do apoio para dar de comer aos portugueses através da cultura da vinha. “O vinho dá de comer a 1 milhão de portugueses”, dizia-se então amiúde.
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    Nunca a agricultura portuguesa será solução para sairmos da crise em que nos encontramos. Ponto final, parágrafo. É fisicamente impossível. Não apenas porque a agricultura é cada vez mais de capital intensivo, logo os empregos a criar nunca colmatarão a actual população desempregada, como até as características dos solos portugueses e do seu clima não são apropriados para elevar a produção agrícola nacional de molde a colmatar as nossa necessidades alimentares. Quem fala tanto de agricultura (e já agora das pescas) não percebe o mínimo de agricultura e normalmente só percebe de hortas mas de as ver ao longe, das suas janelas citadinas. Mas o facto da agricultura portuguesa nunca ser solução para os problemas económicos nacionais faz parte da solução, mas não da maneira como o pensam. Mas isso fica lá mais para a frente.
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    Mas qual é mesmo a solução para os problemas económicos portugueses? Sendo simples a resposta, a implementação da resposta é complexa e dificil. Mas a resposta é velhinha. Tão velhinha que a solução é demodée. Mas é a única que é necessário implementar em Portugal. A aposta portuguesa é a industrialização do país, que nunca foi feita. Mesmo que nos tempos do Botas tenha havido uma tentativa de o fazer, mas que falhou redondamente, devido ao condicionamento industrial. Em Portugal nunca houve uma verdadeira industrialização do pais. Nunca houve mesmo uma revolução industrial portuguesa e nos locais onde houve, os resultados foram relativamente fracos, por causa do condionamento industrial. Portugal tentou passar de uma sociedade agrícola para uma sociedade de serviços sem se industrializar. Falhou redondamente e hoje pagamos por isto mesmo. Não fomos capazes de gerar uma cultura industrial, apesar de alguns capitães da indústria ainda vivos. (Ver que, tanto Belmiro de Azevedo, como o Américo Amorim, sempre que podem investem fora do sector industrial, pois é fora deste sector as maiores rentabilidades conseguidas.)
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    Mas não se pense que eu estou a inventar o ovo de Colombo. Isto é tão velhinho, que há cerca de 60 anos atrás, havia o mesmo debate. O nosso cientista tuga Pinto de Sá, no seu blogue, meteu um discurso do Ferreira Dias, que continua tão actual como nunca:
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    “O problema do fomento industrial é em si um problema simples. E quando digo simples não quero dizer que é infantil; quero dizer apenas que não é transcendente. ”
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    Ferreira Dias, in http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2011/06/de-onde-vimos-discurso-de-ferreira-dias.html
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    Já na altura o Ferreira Dias reconhecia o problema português: incapacidade de industrializar o nosso tecido produtivo. Este discurso aos nossos engenheiros do Ferreira Dias é deveras interessante porque ele explica em parte o porquê que a agricultura não é a solução mas apenas parte dela (e bem importante, diga-se de passagem) mas a indústria. Cuja industrialização nunca foi feita em Portugal. (E por isso a nossa balança comercial alimentar é deficitária mas não pelos motivos que a generalidade dos opinadores apresnetam.)
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    O Ferreira Dias era inteligente o suficiente para entender o problema económico português. Não foi é capaz de entender que esse mesmo condicionamento industrial foi a causa da ruina portuguesa, mais tarde, após o primeiro e segundo choque petrolífero. Hoje sabemos isso, com trabalhos do prof. Jorge Alves a serem bem explicativos do porquê que o condicionamento industrial falhou naquilo que se propunha. (Aconselho lerem o seu trabalho: Cruzar os fios – A FábricaTêxtil Riopele no Contexto Empresarial do Vale do Ave ou outros magnificos trablhos que tem desenvolvido.)
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    Mas ainda hoje o problema da nossa incipiente industrialização se nota nas nossas academias e nos nossos opinadores. É raro o académico tuga que aborde os problemas da industrialização incipiente portuguesa e até goste do tema Indústria. Infelizmente, os nossos académicos gostam mais de teorias complicadas para problemas mais simples.
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    Quando analisamos os chamados novos países desenvolvidos (antigamente, novos países industriais), em especial na Ásia, há um padrão nítido de desenvolvimento. De uma sociedade agrária para industria ligeira (baseada sobretudo na vantagem comparativa dos salários mais baixos e até no eventual paradoxo de Akerlof – ver isto como introdução: http://en.wikipedia.org/wiki/George_Akerlof ), de uma sociedade industrial de capital pouco intensivo para uma sociedade industrial de capital intensivo. Este padrão nítido pode ser encontrado no Japão, na Koreia do Sul, em Hong Kong, na Formosa, em Singapura e agora na China, India, Vietname, etc.
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    Este padrão nítido de desenvolvimento asiático (sobretudo asiático mas até a Turquia o está a fazer) nunca foi feito em Portugal. Se lerem o texto, até o Ferreira Dias falhou em compreender este padrão de desenvolvimento industrial. Repare-se que ele enumera alguns problemas do porquê que não se industrializou a economia portuguesa: falta de capitais, falta de mão-de-obra especializada e até falta de poder de compra dos portugueses. Mas a solução que ele apresenta para a industrialização portuguesa, através até do condicionamento industrial, falhou como continuará sempre a falhar, em qualquer parte do mundo. (Até a URSS, a Koreia do Norte, etc. falharam nessa implmentação. O caso norte-koreano é ainda mais gritante porque, depois da separação da guerra, os comunistas ficaram com a industria pesada e o Sul com a agricultura e mesmo assim, hoje o Sul, é um país desenvolvido e o Norte vive na miséria, onde a fome ceifa imensas vidas ciclicamente.) A industria pesada para ser bem sucedida (e menos arriscada) deve ser sempre precedida pela industrialização ligeira. A industria de capital intensivo é sempre precedido pela industria de mão-de-obra intensiva.
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    Porquê que a industrialização de capital intensivo deve ser sempre precedida pela de mão-de-obra intensiva? Por várias razões, mas entre as principais, a falta de capital, falta de um mercado nacional com elevado poder de compra, falta de experiência acumulada e incipientes economias de escala. Ora, a única forma de resolver parte destes problemas de economias subdesenvolvidas é fazer a industrialização por etapas, como fizeram os asiáticos, por exemplo. Com o Japão e a Koreia do Sul como poderosos exemplos. Começar pela industrialização ligeira aproveitando a vantagem da mão-de-obra barata para acumular capitais e experiência, para mais tarde aproveitar um maior poder de compra para encetar uma industrialização de capital intensivo.
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    Mas infelizmente nunca houve em Portugal uma industrialização do país e houve a tentativa de passar de uma sociedade agrícola para uma de serviços sem reunir condições de sustentabilidade deste novo tipo de economia. O aumento do poder de compra dos portugueses adveio sobretudo de um maior endividamento, de uma forte queda no nível de poupança e de um consumo estatal que não tem bases produtivas que gerem rendimentos susceptiveis de manter este peso do Estado.
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    Por não haver uma industrialização ligeira do país é que a nossa agricultura nunca conseguiu se desenvolver a sério e nunca Portugal foi capaz de aproveitar as suas vantagens comparativas. Basta ver que só muito recentemente é que o vinho português se industrializou. A venda de vinho em Portugal, em garrafão ou à pipa era o padrão até há muitos poucos anos. A venda de produtos alimentares industriais só muito recentemente se impôs, mas com o recurso à importação desses produtos porque nunca houve uma industrialização do produto agrícola português. Desde o tomate tuga à couve galega, em Portugal nunca houve uma industria forte que acrescentasse valor ao produto nacional. Ainda hoje o tomate português é exportado em bruto e importado sob a forma de ketchup, com o respectivo valor acrescentado a ser apropriado pelas empresas do exterior.
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    A única industrialização do produto português foi na área do peixe e outros produtos do mar, que até serviria para fazer em Portugal uma marinha mercante bastante forte, em peso relativo. Mas como a sua vantagem comparativa se esgotou, acesso a mão-de-obra barata, esta industria quase desapareceu, levando com ela a famosa marinha mercante tuga. Ou seja, a marinha mercante dependia da industria ligeira alimentar, esta definhando, definhou tudo o resto, porque não houve capacidade de gerar novas actividades económicas e industrias que sustentassem esta marinha mercante.
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    Mas não foi apenas a marinha mercante que colapsou com o fim da vantagem comparativa da mão-de-obra barata. Há outros exemplos. Veja-se o caso da industria de moldes em Portugal. Ela nasceu junto à Marinha Grande, cidade “cristaleira”, soube beneficiar do surgimento de uma industria ligeira da produção de brinquedos, mas esta desaparecendo para novos competidores asiáticos (em especial da Formosa, Koreia do Sul e Hong Kong), a nossa industria de moldes estagnou, estando a viver uma crise há bastantes anos. Como não surgiu uma industria de plásticos moderna em Portugal, mesmo com a chegada da Auto-Europa, da renault e da Pegueot, a nossa industria de moldes estagnou. E ainda não soube subir na cadeia de valor. Há até casos interessantes, de empresas de moldes que tiveram que colmatar a falta de clienetes apostando elas próprias na produção de plásticos.
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    Na industria têxtil aconteceu algo semelhante. Enquanto a mão-de-obra era barata face aos seus concorrentes, conseguiu crescer bem, em especial após a entrada na EFTA. Os portugueses aproveitaram a destruição de empregos no Norte e Centro da Europa para lhes fornecer este tipo de produção. Quando os seus salários começam a crescer, tanto a primeira vaga da industria têxtil como a segunda sofrem uma crise sem precedentes. (É até curioso que haja quem acredite que o proteccionismo seja a solução portuguesa quando foi a falta de proteccionismo de outros países europeus que deu um fòlego à industria têxtil, em especial a geração da segunda vaga.)
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    Portugal ainda tentou colmatar a falta de uma industrialização através do IDE. Mas este apenas funcionou quando os salários portugueses eram muito mais baixos que no resto da Europa e quando estes subiram, Portugal nunca mais soube captar IDE de capital intensivo, que prefere países como a… Alemanha. Nos últimos 10 anos, a par de uma liberalização do comércio europeu com o resto do mundo, este IDE saiu e deixou uma elevada taxa de desemprego, que ainda a temos onde esteve implantado esse IDE.
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    Um dos poucos sectores industriais que soube mesmo dar o salto foi o do Calçado, em que a saída das multinacionais foi colmatada pela industria nacional. Mas mesmo esta industria tem desafios pela frente fenomenais o que vai implicar um esforço gigantesco para conseguir consolidar as posições ganhas nos últimos anos. Felizmente parece que esta industria está a conseguir ultrapassar os seus obstáculos.
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    Dito isto, a resposta aos problemas portugueses é conseguir implantar uma industria ligeira a par de novas industrias, se calhar até de capital intensivo mas nascidas pelo esforço dos agentes económicos privados e não de burrocratas estatais, que falharam no passado, como falharão sempre no futuro. Não apenas em Portugal, mas noutros países, como por exemplo, no Brasil, na antiga URSS, na China (até determinada altura que culmina com a chegada ao poder de Deng Xiao Ping), na Koreia do Norte, etc.
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    O problema português é a falta de uma cultura industrial. É da megalomania dos académicos e dos políticos, que acham que pode nascer em Portugal uma industria de alto valor acrescentado sem passar pelas etapas de uma industrialização ligeira. Repare-se que só muito recentemente começaram a surgir industrias de plásticos não dirigida a brinquedos ou utensilios domésticos (como penicos, baldes ou até mesmo garrafões), que alimentos industrializados em Portugal começam agora a surgir em Portugal (pese embora o facto de uma Fima-Unilever existir há anos), desde sumos de fruta até a alimentos pré-cozinhados. E isso acontece só muito recentemente o que é paradoxal. Talvez porque o poder de compra dos portugueses está em queda e os sectores rent seeking começam a definhar por falta de hospedeiros que alimentem tantos parasitas.
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    Ora, a solução portuguesa, como bem aponta o Vitor bento, passa pela aposta na industria de bens transaccionáveis. Mas não apenas para exportação (embora primordial) mas até colmatar a procura interna que é colmatada pela produção estrangeira. Então, a política económica portuguesa deve-se dirigir a incentivar esta nova industria em detrimento de uma maior rentabilidade dos sectores rent seeking, que atrai os capitais nacionais e até estrangeiros. Mas não apenas as políticas públicas devem promover a industrialização, como ajudar a nossa incipiente industria a subir na cadeia de valor, na transição de uma industria de mão-de-obra intensiva para uma de capital intensivo. Onde esta industria seja mesmo uma aplicação da Ciência, tal como defendia o Ferreira Dias.
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    Uma palavra final. O tema da agricultura, que agora está na moda. A agricultura portuguesa nunca dará emprego á população portuguesa, pois a menos que se volte a uma agricultura de subsistência. Mas a agricultura portuguesa pode ajudar a esta industrialização necessária de Portugal. Porque a matéria-prima para muitas destas industrias podem ser produzidas em Portugal. Com o exemplo mais simbólico, a nova industria de azeites e óleos vegetais. Ou, se formos ainda mais ambiciosos na análise, podemos referir o uso de matéria-prima nacional na produção de óleos vegetais que por sua vez são matérias-primas na produção de sabonetes e sabões de alta qualidade, para nichos de mercado especificos. Desde consumidores com problemas de pele (como eczemas ou até a psoriase) até a consumidores sofosticados (e endinheirados) dispostos a pagar bem por produtos baseados em óleos vegetais. (E até podemos extender esta análise à cortiça produzida em Portugal, que poderá colmatar uma procura cada vez mais sofisticada na preservação do meio ambiente, sob duas formas: menores custos energéticos e biodegradabilidade dos produtos em si.)
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    Assim sendo, a salvação da agricultura portuguesa não representa a salvação da economia portuguesa. Quem o diz é um perfeito idiota que não estuda os problemas como deve ser, a começar pelo agronomia e pelo problema climático tuga. Mas a salvação da agricultura portuguesa só se fará através da empresarização dos nossos agricultores e respectiva industrialização da produção agrícola nacional. Que fique bem claro e deixemo-nos de embalar por utopias idiotas e completamente ignorantes.

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  23. PMP permalink
    19 Junho, 2011 12:36

    Muito bem AC, concordo (até fiz uma apresentação há cerca de 2 anos ao Clube da Via Rápida nesse sentido) excepto na dicotomia agricultura / industria, porque o que é necessário como país é aumentar as exportações e diminuir as importações, através da utilização de mão-de-obra disponível.
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    Mas que politicas deve o Estado adoptar para chegarmos a essa industrialização mais agriculturização ?
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    E já agora , reparou que os países Asiáticos que referiu optaram por moedas fracas , pelo menos até atingirem um grau de industrialização elevado ?

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  24. afédoshomens permalink
    19 Junho, 2011 13:56

    «Mesmo que nos tempos do Botas tenha havido uma tentativa de o fazer, mas que falhou redondamente, devido ao condicionamento industrial.»
    Anti,
    falhou nos casos das cimenteiras e da celuloses/pasta de papel???
    São dois exemplos de boas iniciativas do tempo do botas e que tiveram a capacidade de se reinventar.

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  25. Miguel Almeida permalink
    19 Junho, 2011 13:59

    será que ele leu O caminho para a Servidão?….. é que este país tem os seus servos bem presos….

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  26. afédoshomens permalink
    19 Junho, 2011 14:08

    agora que deu nega para ir para ministro é que o bento de careca reluzente-com-ar-de-canceroso é que ainda mais se vai pavonear nos pequenos ecrans…

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  27. 19 Junho, 2011 15:13

    Anti-Comuna,
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    Sabe que exportamos mais em flores do que em vinho?
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    Nichos são o nosso campeonato.

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  28. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 15:25

    “Anti,
    falhou nos casos das cimenteiras e da celuloses/pasta de papel???
    São dois exemplos de boas iniciativas do tempo do botas e que tiveram a capacidade de se reinventar.”
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    Mas falhou em tudo o resto, provando que no somatório não ganhamos nada com o condicionamento industrial. É como eu meter 1 milhão de euros em 100 empresas, duas darem-me bons resultados e perder dinheiro em todas as outras. Com o portefólio com rentabilidades fortemente negativas. Dá para eu dizer que sou um génio porque acertei em duas mas falhei em todas as outras? Medite lá neste problema e dê-me a sua honesta opinião.
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    “Mas que politicas deve o Estado adoptar para chegarmos a essa industrialização mais agriculturização ?”
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    Em primeiro lugar, a política económica e a orçamental devem ser “solidárias2 e complementares. Dito de outra forma, uma e outra devem estar irmanadas num mesmo objectivo: industrializar o país.
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    Em segundo lugar, acabar com a drenagem do país e da distorção de mercado promovida pelo próprio Estado. Isto é, se eu tiver dois projectos de investimento, um na área do rent seeking e outro na industria, um com rentabilidades prometidas mais altas e riscos menores e outro com riscos mais elevados e mais incerteza quanto à rentabilidade… Nem penso duas vezes. Opto pelo rent seeking. Na óptica de investidor, é minha obrigação optar pelos investimentos mais rentáveis face ao risco. Se o meu comportamento como investidor é este, o Estado deve desincentivar o rent seeking e promover os projectos industriais, sob várias formas, se calhar com fiscalidade “amiga”. (Que pode passar pelas taxas de IRC, amortizações de capitais investidos, etc. A panóplia é variada e existe.) Ou seja, no fundo o Estado deve promover políticas fiscais que incentivem o investimento na industria em detrimento do rent seeking.
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    Em terceiro lugar, é imperioso manter o país no euro. Acho que muitos ainda não percebem isto nem o porquê. Aqui poderiamos meter subitens. O primeiro, porque para se investir em novas industrias, sejam elas de mais ou menos capital intensivo, é necessário aceder a capitais externos e o mais barato possível. Segundo, porque é necessário manter um determinado nível de poder de compra para que hajam oportunidades para a industria. (De que me vale ter salários mais baixos se depois não tenho onde escoar produção que me paguem bem pela produção?)
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    A questão da moeda é falsa como Judas. E enganadora. Por exemplo, nós queremos competir nos mercados contra quem? Contra o Vietname? Contra a China? Contra o Paquistão? Ou contra a Alemanha, o Japão, contra os USA ou até mesmo a Espanha? Isto é deveras primordial. Que tipo de competição queremos abraçar? A competição pelo preço baixo (ver paradoxo de Akerlof) ou pelo salário alto, logo preços mais elevados? (Repare-se que temos um mix de industrialização a fazer: a ligeira e a de capital mais intensivo.)
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    Se queremos competir contra os países de primeira linha, temos que estar no euro. Se queremos optar por ter salários baixos, vamos competir contra os países de mão-de-obra barata. (Isto até mesmo estúpido debater, porque se perguntarmos aos dirigentes deste tipo de países eles sabem qual a resposta que é a única. Mas só mesmo em Portugal há ainda quem debata esta problemática, tal é o analfabetimos funcional dos ditos nossos opinadores.) Ora, eu proponho que se medite este gráfico que o CCZ publicou:
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    In http://balancedscorecard.blogspot.com/2011/05/como-e-que-os-economistas-do.html
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    Agora, os que acham que a saída de Portugal do euro é a solução, espero que saibam fazer continhas simples, do quanto é que o nível de vida dos portugueses tem que cair para competir com os países de mão-de-obra barata.
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    Qualquer pessoa com dois dedos de testa e que não seja um académico analfabruto, que vive de ilusões, sabe qual a resposta. Mas há sempre tolinhos em todo o lado, mas em Portugal parece que nascem como cogumelos. E têm doutoramentos na dita ciência económica e tudo! lololololololol
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    Face à resposta evidente, a solução passa por aumentar a produtividade. Mas aqui a porca torce o rabo, pois não há uma medida única e consensual sobre este assunto. (Ver isto que é interessante: http://www.blogger.com/comment.g?blogID=8455467&postID=194711527641548385&isPopup=true )
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    Mas eu dou dois exemplos de aumentos de produtividade evidentes e como o capitalismo é fantástico a reinventar-se. O primeiro é este:
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    Num cenário ficticional baseado na realidade, havia numa rua um restaurante que servia refeições económicas, e dada um determinado lucro. Um belo dia, surgiu uma empresa de fast food norte-americana que instalou nessa rua um restaurante. O anterior restaurante começou a perder clientela e dinheiro. E tinha algumas opções para resolver o problema. Fechar o restaurante, baixar os salários contra os pagos pelo de fast food, ou aumentar o valor para o cliente.
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    Vamos supor que o dono do restaurante decidiu aumentar o valor oferecido. o gajo em vez de fechar o tasco, ou baixar os salários (competir pelo custo), decidiu competir pelo valor. vai daí que remodelou o tasco, contratou um novo cozinheiro e passou a oferecer comida mais cara mas mais do agrado de um novo tipo de clientela.
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    Repare-se no que ele fez. Remodelou o tasco (capital intensivo), manteve os mesmos trabalhadores, só substituindo o cozinheiro (um custo maior, pois este novo chefe tinha melhor e mais formação que o anterior) e até os custos dos ingredientes mantiveram-se face ao passado, mas vendendo menos quantidade. O restaurante passou a dar dinheiro, pois com mais capital, menos ingredientes e um custo maior salarial, as vendas subiram porque o clienete passou a pagar mais pelo serviço prestado e um produto melhor, pagando peplo valor gerado no tasco. Houve uma subida na produtividade e talvez na rentabilidade dos capitais próprios.
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    Analise-se bem este anterior problema. A forma como o dono do tasco deu a volta à sua falta de produtividade. Não baixou os custos salariais (até os aumentou) e apenas baixou nos custos variáveis (se injectou capital próprio na remodelação do tasco, melhor ainda, pois até os custos fixos mantiveram-se) e, se calhar, até a rentabilidade dos capitais próprios subiram.
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    Portugal está hoje a viver na mesma situação. Ou aposta em salários muito mais baixos (e aqui sim, sai do aéreo e vai tentar competir e viver como se fosse na India) ou aposta em trabalhar melhor, indo de encontro a uma clientela mais sofisticada, exigente e que paga bem por um melhor serviço. O dono do anterior tasco foi o que fez. (E aconteceu isto, mais ou menos, em Portugal, numa praia do Norte.)
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    A questão também é esta. Nós não nos podemos focalizar apenas no produto. Temos que nos focalizar no cliente. E criar valor para que o cliente reconheça esse valor e pague bem por ele. Invés de apenas pensarmos em termos de produção, devemos antes de mais nos focalizarmos no cliente e como o conquistar. E aqui vou dar outro exemplo, real, de como é possível dar a volta por cima e ganhar dinheiro ao nos focarmos no consumidor e nas suas necessidades.
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    Com o surto da famosa escherichia coli (que veio desmistificar um bocado a própria agricultiura dita biológica, leia-se, vender esterco sob bonita embalagem, aproveitando a burrice do consumidor para lhe vender mais caro aquilo que ele poderia comprar mais barato. ehehehhehehh), as vendas de amukina, uma marca registada, subiram. Ou seja, o conusmidor, com medo de morrer ao consumir determinados alimentos não cozinhados, passa a comprar um produto que serve precisamente para matar esse tipo de bactérias, como a tal E. coli. A amukina.
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    Mas veja-se a sagacidade (e inteligência dos seus criadores) da empresa que comercializa o tal amukina. Eles conseguem vender um produto cerca de 10 vezes mais caro, que se pode comprar também, mas sem essa bonita estratégia de marketing, a um preço 10 vezes mais baixo. Ora, esse produto, amukina, é nada mais , nada menos que a corriqueira lixivia, mas com cerca de metade da concentração do produto bactericida. No entanto, aí está quem sabe criar valor, os gajos que comercializam a amukina aproveitam a carola, medos e necessidades do conusmidor mais sofisticado e vendem-lhes lixivia fraquita a um preço 10 vezes superior ao que encontram no mesmo supermercado. Isto também é produtividade. lololololololol
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    Mas, por vezes, a inteligência das empresas é maior e não se baseiam em “enganar” o conusmidor. A Renova conseguiu revolucionar a venda de papel higiénico, dando valor a um produto até agora combatido pelo preço. Isto se chama aumentos de produtividade. Vender papel higiénico a um preço mais alto, usando o cliente como seu aliado. O cliente ou as suas necessidades. Em vez da Renova apenas competir pelo preço, competiu pelo coração e cabeça do cliente. A vantagem da Renova está em saber focalizar-se no cliente. E é verdadeiramente surpreende como revolucionaram o mercado do papel higiénico.
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    Ora, os portugueses precisam é de terem acesso a clientes e focalizarem-se nos clientes. E em vez de tentar impingir a produção pelo preço, devem ter acesso ao cliente, estudar o cliente e suprir as necessidades e vontades do cliente. Ora, qualquer política económica deve também passar por aí. Ajudar os agentes económicos a focalizarem-se no cliente (seja doméstico, seja estrangeiro) e depois permitir que as empresas criem produtos e serviços que aumentem o valor e que este seja percepcionado pelo mercado. E isto é possível, basta tentar entender um bocado do que fez o sector do calçado e suas associações empresariais e imitar um bocado.
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    Há mais aspectos que importava destacar no que eu penso que é necesário fazer em Portugal. Mas básicamente é isto. E isto é que deveria ser tido em conta pelos decisores políticos.

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  29. PMP permalink
    19 Junho, 2011 15:33

    AC,
    Então quais as medidas concretas publicas que propõe para conseguirmos concorrer com países avançados, tendo uma moeda forte?
    Porque é que os casos de sucesso das nossas exportações não se multiplicam em larga escala?
    O que vamos fazer com 800 mil desempregados ?
    .
    A saída deste Euro não se põe, pois não é possivel, dado o enorme endividamente publico e privado.
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    Mas isso não impede de se afirmar que este EURO é inviável sem existir uma grande base de divida publica comum, por exemplo 50% do PIB de cada país.
    Basta perceber como funcionam os mercados, os bancos e o BCE para verificar a inviabilidade deste EURO.

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  30. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 15:35

    “Sabe que exportamos mais em flores do que em vinho?”
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    Em flores, não sabia. Mas em produtos horticulas sabia.
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    E aqui voltamos ao mesmo problema de sempre. Como fazer com que o consumidor pague por um produto de qualidade? Repare-se que os vinhos tugas ganham prémios que se farta, aqui e além fronteiras, mas depois vender ao cliente esse produto e cobrar mais por ele não é tão fácil como se pensa.
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    Agora, eu concordo muito consigo. Podemos ser campeões dos nichos de mercado. E temos exemplos em Portugal que conseguimos chegar lá. Mas é preciso muito trabalho, esforço, mudança de mentalidades e de políticas económicas e orçamentais.

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  31. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 15:44

    Caro PMP, quanto ás suas questõe sobre o euro, não vale a perder tempo consigo. Vc. não sabe o que é moeda e por isso, ou é capaz de me convencer que as suas ideias peregrinas estão correctas, ou nem vale a pena bater no ceguinho.
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    As políticas públicas começam logo a nível do Estado. Uma queda nas necessidades de financiamento do Estado para não secar o acesso ao crédito por parte das PMEs. Isto é o básico.
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    Aposta na fiscalidade que dê vantagens competitivas a quem investe na industria e penalização de quem investe no rent seeking.
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    Abertura dos mercados rent seeking.
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    Mudança nas políticas da Educação, formação profissional e talvez na questão estratégica da Ciência. (Isto aqui é que é um debate complicado que dá pano para mangas. Tenho um conterráneo que é director de um laboratório estatal que diz que não há empresários em Portugal que saibam dar valor à Ciência e à I&D e em parte tem toda a razão.)
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    .
    Mudança na burrocracia de licenciamento industrial, dando primazia à fiscalização em vez de atrapalhar os licenciamentos.
    .
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    Criação de grupos de consultadoria que criem ideias suscéptiveis de serem aproveitadas pelo tecido empresarial. (Dou apenas um exemplo corriqueiro. Um burrocrata pode descobrir uma oportunidade de negócio possível para as empresas nacionais e, ao invés de se queixar que os empresários não sabem aproveitar este potencial negócio, pode sugerir através de grupos e associações empresariais, essa oportunidade.)
    .
    .
    Mudança nas políticas energéticas tugas.
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    .
    Etc., etc. etc.

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  32. PMP permalink
    19 Junho, 2011 16:35

    AC, não seja convencido que lhe fica mal e não adianta de nada, porque no tema da moeda você nunca disse nada de jeito, porque faz como a maioria, repete as lengalengas da praxe como fazem os papagaios, mas sem perceber os mecanismos.
    .
    Você não faz ideia do que é o dinheiro, nem como se estabelecem as relações entre o dinheiro (neste caso os EUROS) , os bancos, o BCE e a divida pública.
    Quando perceber, vai ficar admirado e então entender a estupidez deste EURO único sem divida pública única, um exotismo de economistas incompetentes e ignorantes que veneram os Hayeks, Friedmans e seus ajudantes, mas não se dão ao trabalho de perceber como funciona um sistema monetário com crédito, pensam que é como um sistema de troca directa.
    .
    No que respeita à tal industrialização, a sua opinião vai no sentido do que tenho dito, ou seja são precisas politicas especificas para alterar a economia portuguesa, nomeadamente potenciar o ensino superior e a investigação, além da fiscalidade que premeie a industria e a agricultura e a criação de emprego, e a reformulação do papel da CGD como Banco de Fomento, a criação de polos de inovação regional (os tais consultores). Enfim fazer como faz ou fez a Alemanha, a Coreia, etc.
    .
    Mas há um ano atrás essas propostas eram declaradas de “fascistas ou comunistas”, porque o mercado tudo resolveria, o tal mercado racional, eficiente, que se existe só nos livros mas não na realidade.

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  33. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 16:44

    “Mas há um ano atrás essas propostas eram declaradas de “fascistas ou comunistas”, porque o mercado tudo resolveria, o tal mercado racional, eficiente, que se existe só nos livros mas não na realidade.”
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    Vc. acredita mesmo que existe um mercado aberto, livre e concorrencial em Portugal? Como pode acusar o mercado de ser ineficiente se ele nunca funcionou como tal?
    .
    .
    Eu não estou a dizer que o mercado tudo resolve. Não o resolver. Mas daí a Vc. dizer que o mercado em Portugal não funciona é mesmo para rir. Alguma vez em Portugal houve um mercado aberto, livre e concorrencial? Seja sincero e diga-me a verdade. ehehehheheheh
    .
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    Bem, agora deixo-o entretido com o problema da moeda, que sempre que o leio, só me dá vontade de ganir. lololololol

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  34. PMP permalink
    19 Junho, 2011 17:37

    AC, lá está você a ser convencido e pretensioso, o que lhe fica mal e não adianta de nada, é uma tolice que o diminui.
    .
    Não existem mercados livres , eficiente e racionais nunca, é o que quis dizer. Nem em Portugal nem em lado nenhum.
    Existem nos livros e nos artigos , com base em pressupostos e modelos “estilizados”, mas que não têm a ver com a realidade.
    .
    Vou insistir : Você não entende nada de moeda e de sistemas monetários, só repete lengalengas, sem perceber os mecanismos, aliás como a esmagadora dos economistas.
    .
    Quando perceber, explique aqui à malta.

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  35. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 19:23

    “Não existem mercados livres , eficiente e racionais nunca, é o que quis dizer. Nem em Portugal nem em lado nenhum.
    Existem nos livros e nos artigos , com base em pressupostos e modelos “estilizados”, mas que não têm a ver com a realidade.”
    .
    .
    Caro PMP, leia isto e comente, se quiser, claro. E puder. Depois diga-me alguma coisa:
    .
    .

    Click to access Index2010_highlights_Portuguese.pdf

    .
    .
    E repare na posição de Portugal. Deve ser culta do neoliberalismo, não? lolololololol

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  36. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 19:38

    Caro PMP, peço-lhe desculpa, mas já saiu o de 2011. E Portugal volta a afundar-se…
    .
    http://www.heritage.org/index/Ranking
    .
    .
    Já vai em 69ª posição. E quanto menos liberdade económica, piores os resultados económicos. Será solução baixar ainda mais a liberdade económica? Ou seja, cometer os mesmos erros? Medite nisto e diga-me alguma coisa, se faz favor. Se quiser, claro.

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  37. PMP permalink
    19 Junho, 2011 19:57

    Portugal é um país atrasado desde há séculos. O Estado Novo conseguiu alguma coisa, mas comparado com a Coreia, Finlândia, etc. por exemplo fizemos pouco. Depois o 24 de Abril destruiu muito do tecido económico.
    .
    Depois o Cavaquismo não tinha uma ideologia desenvolvementista, achava que bastava privatizar e arranjar investimento estrangeiro, por isso foi o terreno fertil para o inicio do crescimento do monstro estado e do monstro do BNTS.
    Depois o Guterrismo e Socratismo continuou a marcha acelerada para o abismo, agora com a protecção do EURO e do BCE.
    .
    Aderimos a este EURO porque os nossos economistas são fervorosos apoiantes dos mercados perfeitos, e racionais, mas não entendem nada de sistemas monetários, que se comportam de maneira muito diferente quando existem crises. Porque eles achavam que as crises tinham acabado para sempre !
    .
    Agora estamos à rasca. O que fazer ? Daqui a 6 meses será tão óbvio para toda a a gente:
    Tudo pelas exportações , nada pelas importações. Tudo pelo emprego, nada pelo desemprego.
    Este governo vai ter de tirar da cartola todas as ideias desenvolvementistas que já existiram ou venham a existir senão cai com a contestação que vem aí e com os ataques que vai sofrer na TV.
    .
    Mas como é que alguém pode defender alguma vez que Portugal podia entrar neste EURO com deficits correntes elevados e crónicos ? O nosso crescimento do PIB é ridiculo nos ultimos 15 anos !

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  38. PMP permalink
    19 Junho, 2011 20:03

    Caro AC,
    Para sustentar os dois monstros a divida e os impostos teriam que subir.
    .
    Mas repare que mesmo com deficits publicos elevados o desemprego é alto, por isso a receita tem de incluir muito emprego, não basta a receita da austeridade, isso é passado.
    .
    Mas se não tivessemos o EURO, o escudo teria já desvalorisado em 2001 e os dois monstros seriam agora muito mais pequenos.
    Claro que as férias e viagens no estrangeiro seriam mais caras, o que seria uma chatice.

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  39. anti-comuna permalink
    19 Junho, 2011 20:07

    É curioso que em 2011, Cabo Verde acabou de ultrapssar Portugal no indice de liberdade económica. O caso de Cabo Verde é interessante, por vários motivos. O primeiro, é que é o mais livre entre os PALOPs. O segundo, em teoria, aquele que em termos geográficos mais problemas tem para criar estruturas económicas sustentáveis. Em terceiro, e aqui aquele que mais me dá gosto em realçar, a sua moeda, o Escudo cabo-verdiano está indexado ao Eur, desde 1998. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Escudo_cabo-verdiano )
    .
    .
    No entanto, apesar de estar atrelado ao Euro, o Escudo cabo-verdiano não tem impedido Cabo Verde de crescer muito, em especial desde que se atrelou ao aéreo:
    .
    http://www.indexmundi.com/cape_verde/gdp_per_capita_(ppp).html
    .
    .
    A sua política monetária tem como objectivo primordial a estabilidade de preços:
    .
    http://www.bcv.cv/vPT/Politica%20Monetaria/Objectivos/Paginas/Objectivos.aspx
    .
    .
    E tem conseguido uma relativa estabilidade, mesmo não tendo moeda própria, em termos práticos. (Currency peg.)
    .
    http://www.indexmundi.com/cape_verde/inflation_rate_(consumer_prices).html
    .
    .
    Em 2010, veja-se bem este feito, Cabo Verde teve uma taxa de inflação de 1%.
    .
    .
    Paulatinamente Cabo Verde vai mostrando ao mundo, que não tem medo do euro, que mesmo sem recursos naturais, falta de água e solos, tem uma gestão macroeconómica prudente e é cada vez mais livre. Nunca lá fui, mas cada vez mais admiro este país. Um país que ultrapassou Porutgal no indice de liberdade económica. Um dia, quem sabe?, talvez venha a ser o centro financeiro da África Subsaariana. Oxalá o consigam, que bem merecem.

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  40. PMP permalink
    19 Junho, 2011 22:32

    O problema é como sair da recessão permanente que o deficit corrente nos traz. E este deficit num país pouco industrializado está fortemente correlacionado com a taxa de câmbio. Veja como Portugal cresceu após a desvalorização de 1983/4 e começou a derrapar logo que entramos no SME.
    .
    Acho que consegui uma explicação relativamente simples para o problema de uma moeda forte (doença holandesa ) :
    – Quem tem um emprego estável com salário médio/elevado como são boa parte dos funcionários do sector público mais os quadros médios e superiores do sector privado e do BNTS, prefere consumir produtos importados, e faz férias no exterior.
    Os funcionários dos BTS têm salários mais baixos e no fim vão para o desemprego.
    Dado que os custos totais no sector BTS não baixam significativamente torna-se dificil competir, pelo menos no arranque de novas empresas.
    Com uma desvalorização da moeda todos os salários são afectados por igual e os preços das exportações baixam imediatamemte.
    .
    Sobre Cabo Verde temos uma série um bocado esquisita :
    GDP – per capita (PPP) (US$) CAPE VERDE
    Country 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
    Cape Verde 1,500 1,700 1,500 1,400 1,400 1,400 6,200 6,000 3,200 3,400

    Mas são valores muito baixos e provavelmente têm forte contributo de ajudas internacionais.
    .
    Por outro lado a Islândia e a Hungria fizeram o oposto e deixaram a moeda desvalorizar, e agora estão com bons crescimentos e redução do desemprego.
    .
    Mas a questão que se põe é como podemos desenvolver o país. Claro que precisamos de baixar impostos nos BTS, será que chega ?
    .
    Sobre a questão monetária/bancária do EURO, basta ver que bancos e fundos de pensões têm de ir vendendo divida dos periféricos e comprando divida do centro, criando um ciclo vicioso.

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  41. anti-comuna permalink
    20 Junho, 2011 00:35

    “Por outro lado a Islândia e a Hungria fizeram o oposto e deixaram a moeda desvalorizar, e agora estão com bons crescimentos e redução do desemprego”
    .
    .
    Caro PMP, por acaso já reparou nas asneiras que escreveu? Vc. vive em que mundo?
    .
    .
    “O conselho da Islândia: não copiem o nosso caso
    .
    País vai começar a reembolsar Reino Unido e Holanda”
    .
    In http://www.agenciafinanceira.iol.pt/financas/islandia-icesave-bancarrota-agencia-financeira/1260585-1729.html
    .
    .
    Estou a ver aqui a cotação euro florim hungaro e não encontro essa tal desvalorização que o amigo fala. Pode-me fornecer um gráfico dessa desvalorização? Obrigado.
    .
    .
    A sério, é a ideologia que o leva a dizer determinadas coisas, não é? Por isso vê o mundo dessa forma, retorcida e até faz ver desvalorizações cambiais em países onde elas não existem. Mas enfim. Que se lhe há-de fazer?

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  42. anti-comuna permalink
    20 Junho, 2011 00:52

    O gráfico do florim contra o euro.
    .

    .
    .
    Por vezes me espanto como é possível truncar o mundo só para confirmar os preconceitos ideológicos de cada um. Assim não admira que se advogue determinadas coisas, determinadas soluções, etc. Advoga-se por mera teimosia não baseado na realidade do mundo e dos factos.
    .
    .
    Não admira que o amigo também tenha uma visão sui generis da moeda, do crédito, etc. vai um bagacinho?

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  43. PMP permalink
    20 Junho, 2011 10:59

    Lá vem o AC com as manias parvas e a insistir na sua ignorancia em como funciona a economia :

    – A Hungria deixou a moeda desvalorizar por várias vezes, sempre que necessário. Dessa forma evita recessões mais profundas. Depois e por via do crescimento económico a moeda fortalece.
    – Essa é a vantagem da moeda própria, ela pode flutuar livremente (liberalismo) para ajustar aos ciclos económicos, em vez de serem os juros e o desemprego a ajustar (são escolhas diferentes)
    .
    – A Islândia é o mesmo caso, a moeda desvalorisa e rapidamente a economia encontra sustentação, e a seguir volta a revalorizar lentamente. Portugal teve o mesmo comportamento em 1984, porque é uma tendência lógica e normal
    .
    Mas a vantagem principal de ter moeda própria é que a divida publica pode ser totalmente emitida internamente e assim não existe o risco de incumprimento.
    .
    Mas porque é que os liberais são contra a liberdade das moedas ?

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  44. afédoshomens permalink
    20 Junho, 2011 11:05

    cfr. a posição de joão ferreira do amaral

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  45. PMP permalink
    20 Junho, 2011 11:18

    http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=491047
    Porque o federalismo é inevitável
    A situação actual não é excepção. Os ministros das Finanças do Euro (os que pensam…) e um ou outro chefe de Estado já perceberam que o Euro está num beco sem saída. E que as tentativas feitas para o tirar de lá não funcionam. Porque uma união monetária (gerida por uma instituição central) não pode sobreviver, no longo prazo, sem uma união orçamental. Com tudo o que isso implica: aprovação centralizada de orçamentos, transferências orçamentais, emissão conjunta de dívida pública (ou parte dela) e fiscalização da execução….

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  46. afédoshomens permalink
    20 Junho, 2011 11:23

    «o federalismo é inevitável»

    Cristalino como a linfa cristalina, passe o pleonasmo.

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  47. afédoshomens permalink
    20 Junho, 2011 12:45

    o Bento diz que o novo ministro das finanças é tão ou mais brilhante que a sua careca luzidia!

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  48. anti-comuna permalink
    20 Junho, 2011 12:52

    “- A Hungria deixou a moeda desvalorizar por várias vezes, sempre que necessário. Dessa forma evita recessões mais profundas. Depois e por via do crescimento económico a moeda fortalece.”
    .
    .
    Não deixou nada a moeda desvalorizar. Foi é alvo de fortes movimentos de capitais. Mas analise a volatilidade do florim e diga-me se aquilo são desvalorizações ou movimentos normais dentro da “serpentina europeia”.
    .
    .
    Já vi que não vale mesmo a pena perder tempo consigo. É um aditantado mental que inventa largo e eu, como idiota que sou, não consigo perceber os menadros das suas teorias. Peço-lhe desculpa por me atrever em o tentar entender e retiro-me da discussão, envergonhado. Vc. é um génio e eu não posso debater com génios de tal calibre. eheehhehh

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  49. Amílcar Tavares permalink
    23 Junho, 2011 11:56

    Naquilo que diz respeito a Cabo Verde: que Deus te ouça!!, anti-comuna!

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