Saltar para o conteúdo

Um grito de lucidez no Financial Times

21 Junho, 2011
by

Poucos jornais terão defendido de forma tão sistemática e consistente que a solução para todos os problemas europeus e do euro passam por mais integração e mais “liderança” do que o Financial Times. Por isso apreciei especialmente este texto do seu colunista Gideon Rachman:

Those who argue that “political union” is the solution to the current crisis seem to believe that Europe’s problem is institutional (…) This is a profound misdiagnosis of the crisis. The real problem is political and cultural. There is not a strong enough common political identity in Europe to support the single currency. That is why German, Dutch and Finnish voters are revolting against the idea of bailing out Greece again – while Greeks riot against what they see as a new colonialism imposed from Brussels and Frankfurt.

To argue that even deeper political integration is the solution to this mess, is like recommending that a man with alcohol poisoning should treat himself with a more powerful brand of vodka.

It is important to understand that the origins of the current crisis lie precisely in the dream of political union in Europe. For the true believers, currency union was always just a means to that greater end. It was a way of “building Europe”. (…)

Joschka Fischer, a former German foreign minister, who is one of the boldest advocates of deeper European unity, was unrepentant in defending this elitist model of politics. He insisted that most important foreign policy decisions in postwar Germany had been made in the teeth of public opposition. “It’s called leadership,” he explained.

Such leadership is all very well, if it is vindicated by events. However, if elite decisions go wrong, they create a backlash – which is exactly what is happening in Europe now. German voters were told repeatedly that the euro would be a stable currency and that they would not have to bail out southern Europe. They now feel betrayed and angry. Greek, Irish, Spanish and Portuguese voters were told repeatedly that the euro was the route to wealth on a par with that of northern Europe. They now associate the single currency with lost jobs, falling wages and slashed pensions. They too feel betrayed and angry.

(…) A single currency that was meant to bring Europeans together is instead driving them apart.

(…)But if political union is not the answer to Europe’s problems, what is? There are two possible solutions. The eurozone leaders might somehow patch the current system up. Or the weaker members of the currency union – above all, Greece – could leave. That process would be chaotic and dangerous. But Greece, as it stands, is a demoralised country that has lost the sense that it controls its own government. Leaving the euro might just be the beginning of a national regeneration.

 

19 comentários leave one →
  1. PMP permalink
    21 Junho, 2011 11:37

    Mas o JMF foi contra a entrada de Portugal neste EURO e com esta taxa de câmbio ?
    Ninguem previu que um choque económico levaria à fuga de EUROS da periferia para o centro, criando um ciclo vicioso de onde é muito dificil escapar ?
    .
    E agora em vez de se procurarem soluções racionais começa-se a berrar para todo o lado ?
    .
    A solução não estará a meio do caminho, como de costume ? :
    a) moeda única exige parte de divida unica , porque não 50% do PIB , a atingir gradualmente ao longo de 4 anos , já que quer o BEI quer os fundos de resgaste já emitem divida única
    b) Cada país deve corrigir rapidamente os deficits correntes e o elevado desemprego através de politicas fiscais dirigidas e de industrialização/agriculturização, ao mesmo tempo que corrige os deficits publicos .

    Gostar

  2. zazie permalink
    21 Junho, 2011 11:40

    Claro que previram. Todos os que combateram os monetaristas diziam que isto ia acontecer. Mas os monetaristas são os neotontos da fezada na mãozinha invisível e auto-regulação monetária.

    Gostar

  3. afédoshomens permalink
    21 Junho, 2011 11:42

    em portugal todos previram ,na devida altura o logro do euro, excepto JOÃO FERREIRA DO AMARAL…

    Gostar

  4. Arlindo da Costa permalink
    21 Junho, 2011 11:45

    Excepto o João Ferreira do Amaral e o PCP, diga-se em abono da verdade.

    Gostar

  5. Pine Tree permalink
    21 Junho, 2011 12:03

    Caraneiro amigo, andamos todos ao mesmo! E quem não gosta de dinheiro fácil? Até eu.

    Gostar

  6. Carlos Dias permalink
    21 Junho, 2011 12:22

    Sair agora do euro não sei se será muito lúcido.
    Quando eu, por engano, entro numa autoestrada não penso em fazer inversão de marcha.
    Mas isso sou eu que conduzo em Portugal, o colunista do FT conduz em Inglaterra.

    Gostar

  7. PMP permalink
    21 Junho, 2011 12:46

    FINALMENTE TEMOS CAVACO, SÓ PRECISOU DE 30 ANOS PARA LÁ CHEGAR :

    “Portugal vive numa situação de emergência”, afirmou Cavaco Silva no discurso de tomada de posse do Governo liderado por Pedro Passos Coelho, …
    “As políticas públicas devem ser avaliadas em função do seu contributo para a competitividade externa. Tudo o que puder contribuir para reduzir o défice externo tem de ser valorizado”, adiantou.
    .
    TUDO PELAS EXPORTAÇÕES , NADA PELAS IMPORTAÇÕES !

    Gostar

  8. lucklucky permalink
    21 Junho, 2011 13:25

    Elementar.
    O problema é Político e Cultural mas não como o colunista diz.
    É Político e Cultural por causa da busca dos almoços grátis via crédito e além aumento de impostos via aquecimento excessivo da economia. Há uns países que culturalmente buscam mais o facilitismo que outros.
    .
    “os monetaristas são os neotontos da fezada na mãozinha invisível e auto-regulação monetária.”
    Pobrezinha… deve ser por isso que as taxas de juro são colocadas demasiadas em baixo
    para assim aquecer a economia aumentando as receitas do Estado e aumentando a dimensão dos Bancos.
    A mãozinha visível e bem regulada do preço do dinheiro pelos Estados.

    Gostar

  9. 21 Junho, 2011 13:26

    “German voters were told repeatedly that the euro would be a stable currency and that they would not have to bail out southern Europe.” – os alemães (franceses, ingleses,…) vão é “pagar” para salvar os bancos… alemães, franceses, ingleses, e este “pagar” é com juros para “amigo”. É por isto que a U.E. está moribunda.

    Gostar

  10. A. C. da Silveira permalink
    21 Junho, 2011 13:29

    O que João Ferreira do Amaral está a dizer é acertar no totobola à 2ª feira. Se o Guterres quando aderiu ao euro tivesse feito o que devia, isto é continuar as politicas de crescimente sustentado que vinham de trás, e não tivesse iniciado a espiral de endividamento publico, e ao mesmo tempo um crescimento da economia anemico que Socrates depois levou a um patamar de quase alienação, Portugal hoje provavelmente estaria com algumas dificuldades, mas nada que se parecesse com este clima de bancarrota onde estamos. Não tenham medo de chamar os bois pelos nomes; os graves problemas que atravessamos têm quatro responsaveis principais: Antonio Guterres, Jorge Sampaio, José Socrates, e Vitor Constancio.
    Para sair de onde está, Portugal tem que regredir em termos economicos e sociais, e fazer sacrificios que poucos imaginariam possiveis. Mas sairmos do euro como aconselha JFdoAmaral, é levar os portugueses para niveis de vida dos anos cinquenta do sec XX. Ele fala num custo de 50 ou 60 mil milhões. Só que se esqueceu de dizer que esse custo não é apenas para um ano. É para muitos anos.

    Gostar

  11. tina permalink
    21 Junho, 2011 13:36

    O problema cultural que se põe é que os gregos são como qualquer povo atrasado, que ainda se perde em quezílias internas. Isto é agravado pelo facto de saberem que a UE não os quer deixar cair porque isso significaria o fim do sonho europeu. Assim, continuarão a ser irresponsáveis ao ponto de não quererem saber se pagam ou não a dívida, já que acham que o problema não é só deles. Demonstra falta de brio e de princípios do povo grego.

    Gostar

  12. Hawk permalink
    21 Junho, 2011 13:57

    E porque não deixar os gregos entregues ao seu destino? Tenho a certeza de que não deixariam de encontrar soluções. E qual é, afinal, o problema para o qual eles andam à procura de solução? É a dívida? Não a pagam e fica o assunto arrumado. A vida continua.

    Gostar

  13. Lionheart permalink
    21 Junho, 2011 13:57

    Antes do João Ferreira do Amaral, já Alfredo de Sousa e Leonardo Ferraz de Carvalho escreviam sobre a “Europa” e os perigos para Portugal. Ainda estavámos na fase “áurea” do cavaquismo e ambos já previam a ressaca das “políticas” do betão, dependência do Estado e do abandono dos sectores produtivos. Hoje muito teriam a dizer…

    Gostar

  14. PMP permalink
    21 Junho, 2011 14:36

    Outro grito de lucidez (isto são bons augúrios para o PPC) :
    Louçã defende que “Portugal tem de resistir” à saída do Euro
    Francisco Louçã considera que “Portugal está a ser empurrado para sair do Euro”, mas defende que o País deve resistir porque as consequências dessa retirada seriam terríveis”.
    Enfrentariamos uma “desvalorização de 30% na moeda” a que teriamos de somar uma brutal inflação no crédito, porque os empréstimos continuaram a ser pagos em euros, lembrou em declarações ao Dinheiro Vivo.
    O líder do BE discorda, assim, de João Ferreira do Amaral quando, esta segunda-feira, em entrevista ao DN, disse que Portugal deveria preperar essa transição para a saída do euro, com o apoio da UE, por considerá-la inevitável.

    Gostar

  15. lucklucky permalink
    21 Junho, 2011 14:44

    João Ferreira do Amaral quer o poder brincar com o nosso dinheiro e fazer batota.
    Desvalorizar.

    Haputale, Sri Lanka:
    http://www.telegraph.co.uk/travel/picturegalleries/signlanguage/8588718/Sign-Language-week-157.html?image=13

    Gostar

  16. lucklucky permalink
    21 Junho, 2011 14:46

    “You ask credit
    i no give, you get mad
    I give credit you no pay, I get mad.
    Better you get mad.”

    Gostar

  17. Fredo permalink
    21 Junho, 2011 14:47

    Cavaco chegou agora de Marte, onde esteve durante 5 anos sem quaisquer contactos com Portugal.
    Apesar de estar mesmo a chegar já conseguiu ver o que ninguém ainda tinha descoberto:
    .
    “Portugal vive numa situação de emergência”, afirmou Cavaco Silva no discurso de tomada de posse do Governo liderado por Pedro Passos Coelho, …
    “As políticas públicas devem ser avaliadas em função do seu contributo para a competitividade externa. Tudo o que puder contribuir para reduzir o défice externo tem de ser valorizado”

    Gostar

  18. PAS permalink
    21 Junho, 2011 14:53

    @Tina
    O que é feito da herança grega? – Pergunto eu!

    O problema é o dilema tremendo que se projecta. Ou a Europa deixa cair a Grécia e salva os restantes países periféricos, ou arrisca-se a ver cair qual castelo de cartas Portugal, Espanha, Irlanda e quiçá Itália, à conta do cepticismo existente nos mercados quanto à recuperação grega.

    Gostar

  19. onossoamoreverde permalink
    22 Junho, 2011 03:16

    o problema e que a uniao europeia ficou a meio. o unico caminho para a europa que temos e o federalismo, onde a uniao monetaria pode funcionar porque a gestao central pode actuar. tudo o resto e conversa fiada de quem tenta justificar o falhanço da unao monetaria pelo facto da uniao economica (e politica) ter ficado pelo caminho. metamos a viola no saco e, ou criamos o estado europeu, ou abracemos uma politica niilista do estado e caguemos nos paradigmas actuais.

    Gostar

Indigne-se aqui.