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Os retornados começaram a chegar há 40 anos

20 Agosto, 2014

Para muitos os retornados surgiram em 1975, eram brancos e vieram na ponte aérea. Mas não: os primeiros chegaram no Verão de 74. Boa parte deles não eram brancos e muitos nunca tinham saído de África.

É uma história longa e complexa, a dos retornados. Três fugiram de bicicleta. Outros arriscaram atravessar o oceano em simples traineiras. Milhares embarcaram em paquetes para uma viagem que eles sabiam não ser de retorno nem ter retorno. Existem ainda aqueles que ao volante de camiões ou de simples automóveis inventaram rotas de fuga pelo continente  africano. Por fim, a maior parte, chegou às centenas de milhar numa ponte aérea que parecia interminável

Contudo não só eles não eram retornados como surgiram muitos meses antes de a palavra retornado ter conseguido chegar às primeiras páginas dos jornais portugueses. Desde Junho de 1974 que encontramos notícias sobre a fuga dos colonos, dos brancos, dos africanistas, dos europeus, dos ultramarinos, dos residentes e dos metropolitanos. No Observador começo a contar-lhes parte da história.

 

 

17 comentários leave one →
  1. lucklucky permalink
    20 Agosto, 2014 12:03

    Porque é que são retornados e não refugiados?

    Pois…

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    • Expatriado permalink
      20 Agosto, 2014 12:35

      Foi uma maneira de esconderem o crime de traicao socio-comuna.

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  2. Filipe permalink
    20 Agosto, 2014 12:09

    Gostei de ler. Parabéns pela iniciativa.

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  3. Expatriado permalink
    20 Agosto, 2014 12:39

    Um raro artigo que relata o que se passou imediatamente ao 25A. Normalmente, na CS amestrada, so’ fazem referencia ao que se passou, na metropole, em 75.

    Obrigado, Helena, pela coragem!

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  4. 20 Agosto, 2014 13:01

    Uma história que merece ser contada. Uma pedaço de memória cujo luto ainda não foi feito, e que a historiografia tem tocado apenas amiúde. Uma história que é provavelmente das menos bem retratadas da segunda metade do Séc. XX Português.

    Bem haja pela iniciativa. Não perderei.

    http://pensamentoliberalelibertario.blogspot.pt/

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  5. 20 Agosto, 2014 13:45

    multa de 100 mil escudos por colocar em causa “a isenção e o patriotismo das mais altas instâncias do regime vigente”.
    Que risota.
    Hoje, os jornais fazem isto diariamente, e são elogiados.
    Obrigado, por destapar a panela da verdade sobre o que eramos e colocar os nomes daqueles que traíram os seus compatriotas.
    Uns já morreram, felizmente, os que ainda estão vivos merecem a garrafa de espumante que tenho por aqui.

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  6. silva permalink
    20 Agosto, 2014 14:20

    Querem a verdade!!!!

    http://revelaraverdadesemcensura.blogspot.pt/

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  7. JCA permalink
    20 Agosto, 2014 16:30

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    E não há nada sobre o BES Saude que parece querem despachar pela bagatela de 200 milhões de euros (40 milhões de contos), 2 hospitais etc ?
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    É de borla, por 2 hospitais, porque é que o Serviço Nacional de Saude não compra ?
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    É negocio. Andam aí com florentinices para inglês ver, acerca de nacionalizações e outras tretas que tal só para meia duzia não perderem a cara que são ‘direita’, ‘defensores do Capitalismo’, coisas que nunca souberam o que são antes oportunistas sem eira nem beira ideologoca, oportunistas de vão de escada em poder.
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    Amigos, isto considerando que a nacionalização do Grupo Espirito Santo estaria 100% certa e segura, o ato ve venda da parte ‘nacionalizada’. o BES Saude, é um barreta a Portugal e aos Portugueses,
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    200 milhoes de Euros por 2 Hospitais etc é outro dos tais ‘negocios da China’ a esfolar os Portugueses, é de borla para os mexicanos ou seja para quem for
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    Assim sendo, o Serviço Nacional de Saude compra e integra na defesa dos interesses dos Portugueses pois há que admitir que o experimentalismo da Saude Privada falhou,
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    de contrário o BES Saude não estaria num Grupo Economico ES que dizem falido. o que eu nem ninguém dos comuns mortais de facto ao fim a ao cabo sabe bem se sim tal a confusão e a conlitualidade de alta escala em curso. Coisas mais lá por cima a niveis europeus etc e tal e tal e coisa mas que não desculpam os que cá de dentro.
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    Uma pergunta ‘ideologica’ não no ambito ‘daquilo com que se compram os paezinhos para não morrer à fome que é diferente de ‘ideologias’
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    no caso verente nacionaliza-se ou despacha-se ao preço da uva mijona, 40 milhoes de contos, a mexicanos ou xinas ou seja lá os artiatas que forem ?
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    Onde fica o interesse dos Portugueses, contribuintes, nesta negociata ? Pruridos de chico-espertos arvorando à fadista ‘contra nacionalização’ e toca a vender ao desbarato e ao preço da uva mijobna ?
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    Quase apetece inquirir qual a ‘ideologia’ do PSD ou do CDS ou do PS ? Capitalismo selvagem do mais rasca que há ? Não abandalhem mais o Capitalismo nem o que chamam de Direita ou Conservadores mesmo o proprio marxismo que tantos se arvoram. É dinheiro meus amigos, e vender ouro ao preço da uva mijona é golpada. negocio sujo em termos Capitalistas ou Marxistas.
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    Mas em Poder (transitorio) fazei o que amais. Tendes o Poder, a faca e o queijo na mão.
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    • JCA permalink
      20 Agosto, 2014 21:32

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      Errata, não são 2 unidades hospitalares, são 7, media 30 milhoes cada, o preço dum prediozeco de apartamentos por ai nuns suburbios quaisquer.
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      Amigos isto é tema de negócios, capitalismo não selvagem. Não tem nada a ver com susceptibilidades teoricas anti ou a favor de nacionalizações.
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      Só o Hospital da Luz valerá os cerca os 200 milhoes ou mais (edificio, equipamentos etc etc), A olho a Espirito Santo Saude, admitindo que esta venda seja legal, vale pelo menos 3 vezes mais.
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      o Estado português mesmo informalmente tem o direito de preferencia, compre em bolsa e insira no Seriço Nacional de Saude. Tanta PPP para alcatrão e aqui nada. Qual é o rabo da gata ? Há mil’s milhoes para socorrer Bancos e tanto mais que por aí vai e não haveria 200 milhoes de euros para comprar isto em bolsa ???
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      Como é ?
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      • Tiradentes permalink
        21 Agosto, 2014 09:03

        errata: a primeira oferta (OPA) excede os 400 milhões de euros por 50.01%

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  8. JCA permalink
    20 Agosto, 2014 17:01

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    Sobre a narrativa ‘retornados’ com todo o respeito sejam eles quais forem mesmo dos que já tinham sido muito antes os ‘torna viagens’ portanto nada de inedito em Portugal há a considerar os dois lados da moeda de forma isenta sem extremismos:
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    dum lado lado da moeda, 1 milhão de soldados à força que depois de 4 anos obrigados em guerra em Africa RETORNARAM à então chamada ‘metropole’ arcando em silêncio com toldos os prejuizos de vida, saude, carreira profissional e académicas, familiares etc, com vidas e bens destroçados, que nunca NINGUEM lhes pagou,
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    do outro lado da moeda umas largas centenas de milhares de Portugueses com as suas vidas organizadas no então chamado ‘ultramar’ que RETORNARAM à tamém dita na altura ‘metropole’ naturalmente também com as vidas e bens pessoais destroçados que ao que parece dalguma forma foram ajudados e bem acolhidos de acordo com as possibilidades então possiveis.
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    Dª Helena, venha o diabo e escolha. Qual dos lados da moeda é mais vitima do ‘RETORNO’ ? Se as narrativas dos dois lados da moeda forem em paralelo e simultâneo bem contadas então será um serviço isento ao País. Se só um dos lados o fosse, ou for, então é um serviço encomendado para alimentar o emocional ou o umbigo da parte narrada. Não serve para nada em termos nacionais quando poderia ser um grande gesto para a reconciliação nacional destes 2 lados da moeda sempre tão mal contados e especulados no interesse da fantasia e do virtual tão longe da realidade historica.
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    No entanto acho o esforço da Dª Helena interessante e com pernas para ser intressantre e util. É a minha critica como tal sujeota à critica a quem critica.
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    • 20 Agosto, 2014 22:34

      Cá temos um dos mitos urbanos.
      Desse seu milhão que fez 4 anos de guerra (onde é que lhe contarem a barbaridade deste tempo?) 974,312 nunca tinham saído das berças e assim vieram mais sábios, mais habilidosos e com um conhecimento de Mundo que só fez bem à antiga Metrópole.(*)
      Os outros resolveram ficar por lá onde encontraram mais futuro.
      Todos os anos há centenas de convívios onde os que foram empurrados à força (segundo as suas sábias palavras) se reencontram com muita alegria e recordam com enorme saúde e companheirismo os tempos em África.
      Felizmente nem todos tinham e muitos nem sequer queriam pais ricos para de repente se sentirem revolucionários e abalarem para Paris.
      Há mais para dizer (e Helena Matos vai dizê-lo) mais para pessoas que tem absorvido as verdade oficiosas vais ser difícil compreender.
      O PCP e os outros pequeninos da esquerda sobre isto fizeram um trabalho exemplar.

      (*) De alferes para cima, acrescentar as malas cheias de coisinhas boas e ricas que traziam de cada comissão. Por isso o decreto do Marcello os chateou, a ponto de fazerem uma revolução.

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      • JCA permalink
        21 Agosto, 2014 16:57

        .
        Resumindo, por cima de tudo chamemos-lhe talvez os tais ‘Ciclos de 40 anos de Portugal’ que terminam sempre com um Portugal em leilão. Como então foi, hoje sugere assim sê-lo de novo.
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  9. Carocha permalink
    20 Agosto, 2014 20:15

    Uma desgraça,eu vivi na pele essa debandada trágica que faço por esquecer.Profissionalmente ajudei a fazer a ponte aérea.Muito tenho para recordar,muito tenho para contar.Dra Helena escreveu direito por linhas tortas.Esteve lá? Viveu esse drama colectivo?Se esteve rendo-me à evidência,senão nem imagina o drama cruel a que os chamados ‘retornados’ foram sujeitos..Eu vivi isso.!!

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    • JCA permalink
      20 Agosto, 2014 21:41

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      Naturalmente lamenta-se o que descreve do seu lado da moeda. Naturalmente nunca assistiu às tragedias do outro lado da moeda, os embarques no Niassa Vera Cruz Santa Maria etc na Rocha Conde de Obidos, nem às familias destruidas, nem as carreiras escolares implodidas, nem aos deficientes pelas minas, nem tanta coisa que o outro lado da moeda teria para contar, decerto empalideciam muito tanta vitimizaçºao que por aí anda.
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      Arrumemos o assunto à moda do Porto: empate tecnico entre os 2 lados da moeda. Deixemos o tempo ainda correr mais para com inteira isenção emocional ou ‘aliada dum dos lados’ a História algum dia diga a VERDADE desses sofrimentos de ambas as partes envolvidas. Não se divida a sociedade neste momento, a ferida ainda está aberta. Para bem de todos não se meta a mão em àguas tão pantanosas. Dor e sofrimento é o que não falta em ambos os lados da moeda. Exercicios de medição, qual foi o maior, não se metam por aí por ora.
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      • Amelia permalink
        21 Agosto, 2014 10:37

        É curioso como há sempre temas que não se podem abordar (nomeadamente porque a ferida ainda está aberta), quase tabu, e outros que fazem questão que sejam recordados, jamais esquecidos, inclusive, pelo menos uma vez por ano e de forma oficial, é-lhes rendida homenagem pelo seu grande contributo e préstimos à pátria … enfim… e para terminar, afinal qual é o lado da moeda que ainda não foi devidamente descrito, caro JCA?

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      • Kubo permalink
        22 Agosto, 2014 02:11

        > ” os embarques no Niassa Vera Cruz Santa Maria etc na Rocha Conde de Obidos, nem às familias destruidas, nem as carreiras escolares implodidas, nem aos deficientes pelas minas”.

        – Tudo isso aconteceu (todas as Guerras têm esses dramas; ao invés do subentendido, a Guerra não foi conceito inventado pelo Estado Novo). Tal como a Guerra Civil de Espanha e a II Guerra Mundial, também a Guerra do Ultramar não foram iniciadas por Portugal. Na sua donzela comiseração olvida que Portugal era um país e tinha todo o direito a proteger e defender os seus cidadãos de exteriores vis interesses.

        Tem todo o direito de defender que os portugueses de Além-Mar (originários da Metrópole ou naturais dos territórios, brancos ou não) deveriam ser abandonados e exterminados (*) – Portugal, porém, não tinha esse direito porque só um dever lhe era lícito: defender os seus!

        A argumentária como a expendida – torcida e rebuscada -, permite apenas compreender melhor a Grandeza de um Estadista quando afirmou:

        ~ “Choraremos os mortos, se os vivos os não merecerem”.

        (*) A exemplo (exemplar, como a Descolonização…) do que escreveu Rosa Coutinho a Agostinho Neto, em Dezembro de 1974:

        “Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, afim de provocar a sua debanda de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos, para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à Terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. “.

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