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Missiva com manchas de feta

18 Fevereiro, 2015

Querida ex-mulher,

Como sabes, a minha relação contigo terminou de forma irrevogável. Tu és a culpada por tudo o que aconteceu, ao deixares que gastasse dinheiro na mota que acabou por me levar à porta do hotel onde engravidei a babysitter dos nossos filhos, babysitter que tu quiseste contratar à minha revelia já que queria ter usado o dinheiro para aquele fim-de-semana com os meus amigos em Benidorm durante as férias escolares das bifas.

Tu sabias bem o que querias, quando me deste o Porsche, que era originar em mim a inevitável ida para a porta da escola secundária para provares que eu podia desgraçar a vida a uma adolescente impressionável e com isso obteres margem para me extorquir a lavagem da louça na sexta à noite, que querias passar com as pindéricas das tuas amigas a fazer sabe Deus o quê, enquanto eu tinha que ficar com os ranhosos dos teus filhos (que eu adoro, não haja dúvidas) apesar de saberes da minha falta de jeito para ligar o forno para os alimentar com a pizza congelada que compraste de manhã.

E isto não é nada. Fizeste bem pior ao aceitar aquele part-time para me financiares o curso que sabias que queria, o mestrado em antropologia sociológica e história económica, curso que não pude acabar com a tua sistemática falta de consideração para recusares sessões de estudo com a Rita só porque é também a tua cama e os meninos estão logo ali ao lado e sei lá que mais desculpas esfarrapadas para boicotares a minha possibilidade de sucesso.

Sim, acabamos, é irrevogável, não quero mais viver nesta casa nem saber desta vida nojenta com os teus filhos sebosos (que adoro, não tenhas dúvidas). Não esperes é que a tua obrigação sexual para comigo acabe só porque a relação acabou. Ou me dás o sexo todo que eu quiser ou terei que contagiar um monte de desconhecidas com SIDA e tu, pela solidariedade, não irias querer isso. Sê flexível e vamos lá, que isto não é uma brincadeira de crianças.

Logo à noite apareço.

9 comentários leave one →
  1. Almeida permalink
    18 Fevereiro, 2015 10:47

    De facto, a sua mulher (ex) era muito burra. Felizmente que não governava a União Europeia.

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  2. Esmeralda permalink
    18 Fevereiro, 2015 10:53

    Não posso indignar-me “aqui”. Esta escrita é sempre imperdível. Muito bom. Nota 20 sem dúvida.

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  3. Carlos Dias permalink
    18 Fevereiro, 2015 10:53

    Só por curiosidade, qual é o número de telefone da sua ex-mulher?

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    • 18 Fevereiro, 2015 13:21

      Qualquer um do palácio onde moram os deputados europeus em Bruxelas serve.
      Nunca telefone sexta feira, pode não encontrar nenhum.

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  4. 18 Fevereiro, 2015 11:11

    “Ambos os dois” com uma vida catita e invejável…

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  5. Carlos permalink
    18 Fevereiro, 2015 12:27

    Não sabia que já tinha sido casado…, coitada da sua ex-mulher.

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    • 18 Fevereiro, 2015 12:37

      Fui, mas acabou tudo quando a sua descobriu.

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      • 18 Fevereiro, 2015 12:48

        Ó Carlos,
        Vc. não percebeu o post !?
        No entanto, cuidadeX: houve por perto de si um libertino e/ou “predador” sexual livre de mínimos compromissos… Aposto que ofereceu à sua ex-mulher um videoclip com cançonetas do Tony Carreira e, teve-a no papo dias depois.

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  6. Colono permalink
    18 Fevereiro, 2015 15:52

    Coisa barbara… inté parece uma das estórias do carr()lho”

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