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Utentes versus clientes

20 Março, 2008

Se os alunos fossem clientes e não meros utentes das escolas:

1. A escola teria que pedir desculpa a todos os alunos e a todos os pais por não ter prestado neste caso especifico o serviço que é suposto prestar: aulas de francês.

2. A escola seria responsabilizada por não proteger a privacidade dos seus alunos.

3. A escola perderia receitas no próximo ano e provavelmente neste também.

Como os alunos são apenas utentes discute-se se a professora fez mal ou fez bem, se a aluna deve ser penalizada e como, se se deve reforçar a autoridade do prefessor (de forma igual para todas as escolas do país), se deve ser alterado o estatuto do aluno (igual para todas as escolas do país) e se Lisboa não deve emitir directivas gerais para todo o país por causa de um problema específico de uma escola específica.

Ou seja, discutem-se problemas de micro-gestão do sistema de ensino que não são uma questão política mas um problema de gestão corrente que podem ser resolvidos por um bom director de escola.

60 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    José permalink
    20 Março, 2008 23:59

    C´mon! Get down to earth!

    Planet Earth. Portugal. A seaside garden…

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  2. Desconhecida's avatar
    Confrade permalink
    21 Março, 2008 00:00

    Somos utentes ou clientes deste blog? Hmmm…
    1- não sabemos se a aula foi dada ou não
    2- proteger a privacidade?
    3- porquê?

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  3. Desconhecida's avatar
    Micas permalink
    21 Março, 2008 00:14

    (seria possível ao JoaoMiranda parar de escrever só por um bocadinho?…)

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  4. rxc's avatar
    rxc permalink
    21 Março, 2008 00:16

    A vida é tão simples para alguns, com tudo a preto e branco. Será que alguém tem coragem para o despertar da sua doce ilusão? Bahh ele que seja feliz no seu pequeno mundo privado, desligado da realidade…ao menos sempre nos faz sorrir.

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  5. Fernando Vasconcelos's avatar
    21 Março, 2008 00:25

    João sinceramente acho que leva este seu raciocinio neo-liberal ao ponto em que se torna uma anedota. Mas tentando raciocinar há alguns factos de base que fazem com que o seu cenário esteja errado “neste caso específico”

    1) Parece-me claro que os alunos (os clientes) eles próprios exerceram o seu direito de preferirem fazer outra coisa do que assistir à aula de françês. São clientes, certo ? Então a escolha é deles. Se considerar que os clientes são os pais e não os alunos então penso que nesse caso dveriam ser os pais a pedir desculpa à escola pela falta de educação dos filhos. A educação não é exclusivo das escolas. Se queremos ver tudo nessa relação cliente/fornecedor então os paizinhos destes meninos também falharam no seu serviço de educação aos seus filhos. Que tal um cheque “paternidade” ? Assim os filhos poderiam passar a escolher os seus pais e desta forma num mercado livre de pais e filhos atingiria-se a máxima eficiência. Os miúdos mais espertos teriam os melhores pais e assim por diante.
    2) Também aqui foram os próprios alunos a não quererem a privacidade. Aliás o telemóvel confiscado é exactamente o exercicio (a tentativa) pelo menos de garantir essa privacidade. De qualquer forma foram os alunos (relembramos os clientes com os seus inegáveis direitos) que escolheram a não privacidade. Há que lhes reconhecer esse direito, não ? Mais uma vez não há nada que responsabilizar a escola. O mercado tratará de resolver o problema sendo esta uma livre escolha de um dos seus agentes (os alunos é que filmaram, livremente e livremente decidiram coloca-lo no You Tube)
    3) Talvez os alunos devessem vender o filme ? Demonstrariam espírito de iniciativa e quem sabe iniciariam o novo cinema português. Se houvesse mercado para o ver (e pela amostra existe potencial) seria um óptimo negócio. Como sabemos que não há nada que misturar ética com negócio porque o mercado livre resolve tudo então vamos a isto. Laissez faire, laissez aller.
    E pronto desculpem o post meio a brincar meio a sério mas sinceramente acho que não podem reduzir tudo a esta conversa de “menos estado” … ou então um dia destes vou começar a pensar que a corrente liberal na realidade é anarca (sem ofensa pretendida para nenhuma das partes) porque esse é o corolário do vosso discurso em ultima análise.

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  6. Desconhecida's avatar
    Confrade permalink
    21 Março, 2008 00:35

    na mouche Fernando!

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  7. tonibler's avatar
    21 Março, 2008 00:36

    Raciocínio pateta, Miranda. Se a rapariga fosse cliente era posta fora da loja. Não é esse o propósito do nosso investimento e logo seria dinheiro deitado à rua por todos. Se fossem só os pais de rapariga a pagar acabavas por acartar a perda económica do abandono. Enfim, só tens ideias ruinosas.

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  8. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    21 Março, 2008 00:45

    Já valeu a pena vir hoje ao Blasfas, só para ler o Vasconcelos.

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  9. Desconhecida's avatar
    Espada permalink
    21 Março, 2008 00:46

    Quando os agrupamentos e a direcções regionais deixarem de ser associações de cariz semi-político, já terá sido dado um grande passo. O PS sabe desta poda.

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  10. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 00:48

    ««Se considerar que os clientes são os pais e não os alunos então penso que nesse caso dveriam ser os pais a pedir desculpa à escola pela falta de educação dos filhos.»»

    Ora, se bem percebi está a dizer que o cliente deve pedir desculpa ao prestador de serviços por o serviço ser necessário. É um pouco como o doente pedir desculpa ao doente por precisar dos seus serviços ou por a dona de casa pedir desculpa ao canalizador pela qualidade dos canos. Faz sentido.

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  11. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 00:49

    ««Também aqui foram os próprios alunos a não quererem a privacidade.»»

    Onde é que os alunos declararam a sua posição sobre essa questão?

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  12. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 00:50

    ««Talvez os alunos devessem vender o filme ? Demonstrariam espírito de iniciativa e quem sabe iniciariam o novo cinema português.»»

    O facto de violarem os direitos de imagem dos colegas, da professora e da escola é certamente irrelevante.

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  13. rxc's avatar
    rxc permalink
    21 Março, 2008 01:08

    Ohh João nem parece seu. Então o paladino dos mercados livres a defender os direitos de autor? Ora se o mercado tem apetência pelo produto, que lhe seja fornecido, sem qualquer constrangimento, não acha? Não venha por entraves à livre iniciativa dos jovens!

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  14. MJP's avatar
    MJP permalink
    21 Março, 2008 01:10

    As duas primeiras consequências atirava às malvas! Já a terceira… ups… perder receitas pode significar abandono… e isso nenhum professor quer. Nunca essa mancha no curriculo de qualquer professor. Volta pita gorda que eu deixo-te falar ao temovel sempre que quiseres!

    Ou será antes:
    Para que todos os consumidores dos estabelecimentos se sintam plenamente satisfeitos implementamos um novo serviço: de cada vez que precisarem de usar o telemovel, nós interrompemos as aulas!

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  15. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    21 Março, 2008 01:20

    A filmagem destes incidentes nas salas de aula é um mercado que ainda não está rentabilizado.

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  16. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 01:20

    ««Ohh João nem parece seu. Então o paladino dos mercados livres a defender os direitos de autor? »»

    Mais um bocado e ainda me vê a defender direitos de propriedade e essas coisas.

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  17. Carlos Gonçalves's avatar
    Carlos Gonçalves permalink
    21 Março, 2008 01:26

    Eu gosto muito de vir aqui. É muito divertido.
    O Sr. João Miranda é que devia mandar lá no estaminé da Srª. Lurdes ou do Sr. Valter ou lá o que é, enfim, aquele senhor que parece que fez um curso e assim, tipo, seis meses em Bóston e escreveu uma coisa sobre avaliação e assim, que parece que é quase tão divertida como os textos do Sr. Miranda.
    Eu gosto muito do Sr. Miranda. E do penteado do Sr. Valter. São tão engraçados.

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  18. Carlos Gonçalves's avatar
    Carlos Gonçalves permalink
    21 Março, 2008 01:27

    Queria dizer:
    “Gosto muito dos texto do Sr. Miranda.”

    Peço perdão.

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  19. Paulo J. Vilela's avatar
    Paulo J. Vilela permalink
    21 Março, 2008 01:30

    Que idiotice de post (ou de ideal)

    Bem visto F. Vasconcelos.

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  20. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    21 Março, 2008 01:34

    Ó Gonçalves, olhe que o penteado do Miranda também não é assim tão mau.
    Parece que usa Brylcreem.

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  21. Minhoto's avatar
    Minhoto permalink
    21 Março, 2008 01:44

    Caro João Miranda se os alunos são clientes então a escola reserva-se ao direito de admissão, se o aluno for menor e mal comportado e nenhuma escola o querer o que se faz dele? Fica para cobaia para os laboratórios de biotecnologia?

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  22. Desconhecida's avatar
    21 Março, 2008 02:37

    Este comentário foi postado num site de juristas.
    –//
    Desculpem-me o desabafo.
    Ao ler alguns dos comentários, na sua maioria, custa acreditar que sejam feitos por juristas.
    Certo que temos poucos dados, mas há aqui algo que é incontornável:
    A Sra. Professora não pode, não tem o direito de tirar o telemóvel à aluna.
    Se, porventura, a aluna o usou na aula, então, a Professora deve convida-la a sair da aula, se a aluna não obedecer deve chamar alguém (do pessoal auxiliar.) que a ajude a que a sua ordem seja cumprida.
    Deste modo, a Sra. Professora, não só se protege contra possíveis agressões como de possíveis acusações que possam, no futuro, ser feitas à sua pessoa e ao modo como actuou.
    E agora o problema em si.
    De que autoridade é portadora a Sra. Professora que lhe permita tirar (leia-se apreender por tempo indeterminado,) um telefone a alguém?
    Um telefone não é, apenas, um objecto pessoal é, também, um aparelho de comunicações.
    Estará a Sra. Professora investida do poder necessário para apreender objectos pessoais de comunicações?
    Não me parece que o esteja. Aliás, defendo, salvo melhor opinião, que não está.
    Entendemos ser esta uma matéria que se enquadra, sem qualquer dúvida, nos Direitos, Liberdades e Garantias, protegidos pela nossa Lei Fundamental e, como tal, não poderá qualquer Regulamento, seja ele qual for, por mais digno que seja, afastar este direito da aluna a recusar-se a entregar o seu telefone.
    Assim,
    A aluna, nada mais fez que, perante uma ameaça, uma vez que a acção da Professora é ilícita, resistir e socorrer-se da acção directa para evitar um dano infligido pela acção da Sra. Professora.
    Esquecem, os meus caros comentadores, que estes institutos de Direito, o Direito de Resistir e a Acção Directa, têm, de tão importantes que são, dignidade Constitucional.
    Deixemos os moralismos e os relativismos da educação e do seu estado actual e sejamos objectivos.
    Este caso não é o exemplo, nem de longe nem de perto, que os sindicatos querem dele fazer.
    Haverá razão para tal, sim, mas não neste caso, pelo menos como ele se apresenta.
    Em bom rigor a Sra. Professora, in casu, foi pouco prudente, isso sim.
    //–
    Parece-me correcta esta apreciação.

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  23. JLS's avatar
    21 Março, 2008 03:02

    Se os alunos (até a um certo nível de escolaridade) fossem clientes e não utentes: o que teria acontecido a estes alunos?

    Seriam suspensos, no mínimo, alguns expulsos. Evidentemente.

    Mas se fossem clientes, isso significaria o quê? Alguma outra escola os aceitaria?

    22,
    «A Sra. Professora não pode, não tem o direito de tirar o telemóvel à aluna.
    Se, porventura, a aluna o usou na aula, então, a Professora deve convida-la a sair da aula, se a aluna não obedecer deve chamar alguém (do pessoal auxiliar.) que a ajude a que a sua ordem seja cumprida.»

    Sim, também me parece que sim. Aliás, essas tácticas já são usadas nas escolas faz algum tempo. Desde o boom dos telemóveis entre os jovens (1 ou 2 anos antes da Telecel ter aberto a Yorn? Aí pela altura do 3310 da Nokia).
    Quando o uso do telemóvel se generalizou, a resposta das escolas foi precisamente essa: passou a ser “costume” (sinceramente nem sei se era algo reduzido a regulamento nessa altura) haver esse género de apreensões em determinadas situações. Os telemóveis só seriam depois devolvidos após os pais serem chamados. Pelo que li, parece que a ida da mãe da aluna à escola correu tremendamente bem…

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  24. Francisco Nunes's avatar
    21 Março, 2008 03:10

    Já ouvi falar em clientes de vários estabelecimentos… Nunca ouvi falar em clientes de estabelecimentos escolares. Uma instituição de ensino não pode ter a mesma lógica de uma fábrica de conservas.

    E porquê? Porque o melhor para os alunos nem sempre é aquilo que os deixa mais satisfeitos. Aliás, pela lógica do que acabou de se escrever aí para cima, nem sequer há desculpas a pedir… reparou que os ‘clientes’ estavam satisfeitíssimos? Pois é…

    Outra coisa: a escola, ao contrário do que tenho lido por aqui -e por aí…- não é, nem pode ser, um depósito para miúdos. Não foi pensada como tal, e faz um péssimo serviço se assumir essa como a sua principal função. Lamento-o, porque além de pai sou professor. Afinal, também me daria jeito, quando a minha filha era mais pequena, que houvesse um depósito que a acolhesse. Não havia. Ainda bem.

    As escolas estão hoje reféns de disparates oriundos de diversos interesses e de vários níveis: Dos disparates dos pedagogos que abundam, aos disparates de neoliberais que advogam o trabalho pelo trabalho, sem um projecto pessoal ou social digno desse nome. Dos disparates urbanísticos que impedem os cidadãos de estar próximos do seu local de trabalho (há pais que vêem os filhos só ao fim-de-semana: exauridos. Dos disparates dos políticos que cegam ante as dificuldades para poder ter filhos condignamente dos casais das classes médias e dos disparates de quem não promove que os pais possam ir às escolas. Sim, porque os pais que deveriam ir mais às escolas não vão (ou não podem, ou não lhes dá jeito). Dos disparates de quem não vê que não são os professores que deixam exausto o erário público (o ensino é -deveria sê-lo… um investimento).

    Por estranho que pareça os verdadeiros ‘senhoritos’desta (passe a expressão) república passeiam-se, comodamente agregados a comissões de empresas públicas, a cargos nas fundações (alguém sabe quantas fundações existem neste pobre Portugal?), a lugares no partido, a cargos na Câmara…
    Mas estranho, estranho, nuito mais estranho é que estes energúmenos se possam mover discretos aos olhos dos honestos reformadores de pacotillha que por aí abundam.
    Ou se calhar… talvez isso não seja assim tão estranho.

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  25. Francisco Nunes's avatar
    21 Março, 2008 03:21

    Au contraire, au contraire… caro Lisbondude.

    Já agora… o que é que achas do Humberto Coelho ir treinar o Benfica? Hã?

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  26. rodasnepervil's avatar
    21 Março, 2008 06:55

    A questão é que este assunto deveria ser um tena de gestão comum do ME.
    Não é.
    Passou para a rua e agora todos têm de botar faladura.
    E porquê? Porque o ME é completamente incompetente para resolver as quesões do ensino.
    A abrilada ver dar um ar da sua estúpida graça nesta estupida matéria e, assim, quando antes havia alunos credenciados nos nos melhores estabelecimentos estrangeiros hoje não há pevas. É uma merda.

    .

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  27. rodasnepervil's avatar
    21 Março, 2008 06:58

    Foi com erros.
    Não faz mal por que hoje em dia ninguém sabe falar ou escrever Português.
    Entendam-se.
    .

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  28. jcd's avatar
    21 Março, 2008 07:37

    Fernando Vasconcelos dixit:

    “Se considerar que os clientes são os pais e não os alunos então penso que nesse caso dveriam ser os pais a pedir desculpa à escola pela falta de educação dos filhos.”

    Podiam e deviam. Mas não precisam, são utentes. A verdade é que se quando um cliente é mal atendido, deixa de frequentar o estabelecimento. Quando um utente é mal atendido, sem alternativas, resta-lhe calar e comer ou armar uma peixeirada. Numa escola privada, os pais teriam mesmo de arranjar umas grandes desculpas. Caso contrário, a aluna seria expulsa ou severamente castigada. Já o teria sido anteriormente, as coisas nunca chegariam a este ponto.

    “A educação não é exclusivo das escolas. Se queremos ver tudo nessa relação cliente/fornecedor então os paizinhos destes meninos também falharam no seu serviço de educação aos seus filhos. Que tal um cheque “paternidade” ? Assim os filhos poderiam passar a escolher os seus pais e desta forma num mercado livre de pais e filhos atingiria-se a máxima eficiência. Os miúdos mais espertos teriam os melhores pais e assim por diante.”

    Este argumento destina-se a tentar fazer passar a ideia que o cheque-escola é tão imbecil quanto a sugestão que aqui faz? A verdade é que as crianças portuguesas nascem com pai, mãe e escola. Era bom tirar esta última da decisão divina. E é fácil. Hoje, os pais ricos já o conseguem fazer. Bastava dar o mesmo poder aos outros.

    “Também aqui foram os próprios alunos a não quererem a privacidade. Aliás o telemóvel confiscado é exactamente o exercicio (a tentativa) pelo menos de garantir essa privacidade. De qualquer forma foram os alunos (relembramos os clientes com os seus inegáveis direitos) que escolheram a não privacidade. Há que lhes reconhecer esse direito, não ?”

    O telemóvel confiscado não foi o mesmo que filmou a cena. Está a falar em nome de quem? Como é que sabe que a maior parte dos alunos em causa não desejavam a privacidade?

    “Mais uma vez não há nada que responsabilizar a escola. O mercado tratará de resolver o problema sendo esta uma livre escolha de um dos seus agentes (os alunos é que filmaram, livremente e livremente decidiram coloca-lo no You Tube)”

    Fico espantado com os aplausos que alguns comentadores lhe deram, apesar da absoluta fragilidade dos seus argumentos. O mercado resolveria esse problema facilmente. Se fosse pai de um aluno daquela escola, exigiria medidas rápidas, explicações por parte do corpo directivo e mediadas correctivas. Se não ficasse convencido da capacidade da escola em lidar com problemas como aqueles, tirava o meu filho daquela escola – e não seria o único a fazê-lo. A escola atravessaria graves problemas económicos e, provavelmente, fecharia ou seria comprada por quem soubesse geri-la.

    “Talvez os alunos devessem vender o filme ? Demonstrariam espírito de iniciativa e quem sabe iniciariam o novo cinema português. Se houvesse mercado para o ver (e pela amostra existe potencial) seria um óptimo negócio. Como sabemos que não há nada que misturar ética com negócio porque o mercado livre resolve tudo então vamos a isto. Laissez faire, laissez aller.”

    Se todos os intervenientes, incluindo a professora, e a escola não se opusessem, claro que poderiam. Não acredito é que todos o autorizassem. É evidente que o Fernando não compreende muito bem o que é mesmo ‘laisse faire’, e manda umas bocas porque lhe contaram um disparate qualquer sobre separação entre ética e negócio. Não se preocupe, o que não falta por aí é boa gente a proclamar as maiores bacoradas sobre liberdade, economia, ética e mercados e mesmo assim chegam a ministros.

    Numa escola em que houvesse regras, o aluno que filmou seria castigado, muitos dos participantes também. A professora estaria habituada a dar aulas num ambiente disciplinado. Se não conseguisse obter bons resultados, não teria grande futuro como professora. Numa escola em que as regras fossem claras, numa escola que fosse verdadeiramente responsabilizada pelo serviço que presta às famílias, esta cena nunca se passaria e não haveria nada a filmar. São precisos muitos anos de desleixo e de falta de disciplina para chegar a este ponto. Isto são as consequências de 3 décadas de poder das ciências de educação.

    “E pronto desculpem o post meio a brincar meio a sério mas sinceramente acho que não podem reduzir tudo a esta conversa de “menos estado” … ou então um dia destes vou começar a pensar que a corrente liberal na realidade é anarca (sem ofensa pretendida para nenhuma das partes) porque esse é o corolário do vosso discurso em ultima análise.”

    Ora essa, volte sempre. É que este é mesmo um dos mais óbvios casos de menos estado. Com o que temos, batemos no fundo. Só há duas hipótese, ou mais ou menos estado. Será mesmo possível termos ainda mais? Não. Só resta mesmo a hipótese de menos estado.

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  29. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 07:45

    ««Já ouvi falar em clientes de vários estabelecimentos… Nunca ouvi falar em clientes de estabelecimentos escolares. Uma instituição de ensino não pode ter a mesma lógica de uma fábrica de conservas.

    E porquê? Porque o melhor para os alunos nem sempre é aquilo que os deixa mais satisfeitos. »»

    Se calhar é por isso que os meninos têm pais e tutores que esses sim decidem por eles qual a melhor escola. Tal como tambem decidem pelos alunos quais as melhores conservas que eles devem comer. Parece que o mundo já encontrou soluções para as suas objecções.

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  30. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 07:46

    ««Outra coisa: a escola, ao contrário do que tenho lido por aqui -e por aí…- não é, nem pode ser, um depósito para miúdos. Não foi pensada como tal, e faz um péssimo serviço se assumir essa como a sua principal função.»»

    Não diga que a escola faz um serviço que as pessoas ainda vão pensar que é um negócio.

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  31. bipennis's avatar
    bipennis permalink
    21 Março, 2008 08:03

    se desses aulas a “índios” ou te agachavas ou “comias nos cornos” foi um comentário que ouvi. infelizmente a falta de civismo dos país reflete-se em todos os locais. o mesmo homem de aspecto humilde, que fora emigrante num país civilizado, lamentava que um dos vizinhos tenha dito ao filho “mata o bófia se ele te chatear”

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  32. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    21 Março, 2008 08:17

    “se o aluno for menor e mal comportado e nenhuma escola o querer o que se faz dele?”

    Você devia perguntar porque é que os outros alunos e pais têm obrigação de sofrer por causa de um aluno mal comportado. Primeiro estão aqueles que cumprem e estão interessados, esses é que devem ser beneficiados. O facto de 10 ou 12 alunos numa turma de 25 irem ter no futuro falhas graves porque uma meia duzia lixa as aulas nunca é factorado económicamente.
    A escola não é uma instituição de solidariedade. A escola é um Investimento. Um serviço que deve de ser o de mais alta qualidade possível porque vai definir muito da vida futura de várias pessoas, começando pelos alunos e seus eventuais descendentes.

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  33. Desconhecida's avatar
    Pêndulo permalink
    21 Março, 2008 08:44

    Ainda não entendi o que tem uma falta de respeito a ver com mercado. Muito menos consigo ver no post como se educa aquela jovem. Vi, melhor, nem isso vi pois a frase final é:

    Ou seja, discutem-se problemas de micro-gestão do sistema de ensino que não são uma questão política mas um problema de gestão corrente que podem ser resolvidos por um bom director de escola.

    dizia eu, vi uma sugestão de se “arrumar o lixo debaixo do tapete”. Gostava de ver como não o fazer ou reciclar o que existe.
    Fico à espera.

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  34. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    21 Março, 2008 08:52

    O ponto 2 é evidente.

    Nenhuma escola privada, nenhum grupo de professores responsável pela escola, teria permitido sem protestar que o nome da sua escola, as imagens dos seus alunos e professores fosse colocada assim na praça pública sem defesa. Os problemas resolvia-os internamente e defendia o prestígio da escola. Nao estava à espera que o governo fosse resolver os seus problemas.

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  35. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    21 Março, 2008 09:08

    Aiás é extraordinário, que a escola nem sabia do problema.

    Também curioso foi uma reportagem sobre uma conferencia no mesmo dia sobre bullying. E na tv aparecer uma professora que diz que viu aquelas imagens várias vezes e nao tem duvidas que aquilo é bullying sobre a professora. Ah! Até se abre a boca de espanto como tal foi visionado no video. Se calhar sao bruxos.

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  36. Anónimo's avatar
    Anónimo permalink
    21 Março, 2008 09:19

    Digamos “clientes” no sentido duma Prestação de Serviços que são a Educação e o Ensino, duas coisas diferentes no mesmo, a Escola que deve Educar e Ensinar:
    .
    http://democraciaemportugal.blogspot.com/
    .
    Soluções mais justas há:
    .
    http://www.spectator.co.uk/the-magazine/features/526631/made-in-sweden-the-new-tory-educat ion-revolution.thtml

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  37. caodeguarda's avatar
    21 Março, 2008 09:25

    quando era puto não havia telemóveis… mas também ninguém se lembraria de agredir a professora por esta ter interceptado um bilhetinho para a miuda da carteira ao lado… aliás, para além da ida ao conselho directivo, suspensão e tudo o mais… em casa as consequências seriam, no mínimo, bem mais dolorosas… aqui li nalguma imprensa que a mãe da miuda ainda tentou agredir a diretora da escola? afinal a falha não está na geração dos pais, mas na geração dos avós? estamos a falar da geração anterior ao 25 de Abril… então isto não passa de mais uma das suas “conquistas”?

    Felizmente que vou conseguindo manter as minhas filhas no ensino privado…

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  38. jorge a.'s avatar
    21 Março, 2008 09:33

    The fourth graders squirmed in their seats, waiting for their prizes. In a few minutes, they would learn how much money they had earned for their scores on recent reading and math exams. Some would receive nearly $50 for acing the standardized tests, a small fortune for many at this school, P.S. 188 on the Lower East Side of Manhattan.

    When the rewards were handed out, Jazmin Roman was eager to celebrate her $39.72. She whispered to her friend Abigail Ortega, “How much did you get?” Abigail mouthed a barely audible answer: $36.87. Edgar Berlanga pumped his fist in the air to celebrate his $34.50.

    The children were unaware that their teacher, Ruth Lopez, also stood to gain financially from their achievement. If students show marked improvement on state tests during the school year, each teacher at Public School 188 could receive a bonus of as much as $3,000.

    In more than a dozen schools, students, teachers and principals are all eligible for extra money, based on students’ performance on standardized tests.

    Critics of these efforts say that children should be inspired to learn for knowledge’s sake, not to earn money, and question whether prizes will ultimately lift achievement. Anticipating this kind of argument, New York City was careful to start the student experiment with private donations, not taxpayer money, avoiding some of the controversy that has followed the Baltimore program, which uses public money.

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  39. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    21 Março, 2008 09:55

    Ò JM,

    Acha sinceramente que os alunos são clientes? Alunos menores? Já tentou controlar uma turba de adolescentes sem qualquer autoridade para o fazer?

    Já que fala de mercado, o problema está menos no prestador do que nos clientes. Concordo que os pais deviam poder escolher as escolas, mas as escolas deviam poder vetar certos alunos. Ou acha que se num restaurante houver zaragata o dono do restaurate não pode expulsar o cliente? E vedar a sua entrada?

    Já agora, importa-se de partilhar com os restantes a sua imensa experiência pedagógica que lhe permite julgar se o serviço foi prestado ou não?

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  40. Trabalhador da Silva's avatar
    21 Março, 2008 09:58

    Este caso reforça a necessidae de se avaliar os professores. A escola pública merece os melhores!

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  41. RV's avatar
    21 Março, 2008 10:27

    O Mercado, com caixa alta e tudo, esse insuperável mágico resolve todos os problemas. Desde a ecologia até à educação, sem esquecer os problemas do sub-prime. Ah, esperem, afinal este último precisou da ajuda do FED.

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  42. RV's avatar
    21 Março, 2008 10:29

    «Este caso reforça a necessidae de se avaliar os professores. A escola pública merece os melhores!»

    Pelo plural, depreendo que inclui os alunos?

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  43. Desconhecida's avatar
    JoãoMiranda permalink
    21 Março, 2008 10:38

    ««O Mercado, com caixa alta e tudo, esse insuperável mágico resolve todos os problemas. Desde a ecologia até à educação, sem esquecer os problemas do sub-prime. Ah, esperem, afinal este último precisou da ajuda do FED.»»

    Mas então não é o FED que é responsável pela massa monetária? E a obrigação do FED não deveria ser a de deixar falir bancos inviáveis?

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  44. Desconhecida's avatar
    Inculto permalink
    21 Março, 2008 11:05

    “Estará a Sra. Professora investida do poder necessário para apreender objectos pessoais de comunicações?”

    Coitadinha da aluna. No “meu tempo” os OPC (objectos pessoais de comunicações) eram mais rudimentares. Eram papeis escritos, e usavamos-los essencialmente nos testes. Os profs tinham esse hábito terrivel de os apreender ilegalmente. Inacreditável.

    Ninguém sabe nada do que se passou mas já se sabe que o acto da professora foi ilegal. Mesmo que os alunos estivessem a ser avaliados (a avaliação é continua, escrita e oral) o prof não pode apreender OPC, mesmo “cábulas”.

    Ahh um conselho para a prof: qualquer pessoa (mesmo os profs) podem apreender OPC ou só OP desde que os mesmos possam conter imagens ilegais suas, até os profs têm direito à sua imagem.

    “A escola seria responsabilizada por não proteger a privacidade dos seus alunos”

    Os pais dos menores que foram filmados e a prof estão impossibilitados de reclamar em tribunal contra quem fez as filmagens? Espero bem que o façam. Eu faria-o quer fosse pai ou prof. Assim haveria alguém que aprenderia algo.

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  45. RV's avatar
    21 Março, 2008 11:15

    «Mas então não é o FED que é responsável pela massa monetária? E a obrigação do FED não deveria ser a de deixar falir bancos inviáveis?»

    Exacto, João. Nem tudo é iniciativa privada.

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  46. RV's avatar
    21 Março, 2008 11:16

    PS: no artigo que liguei ao FED:
    «Na semana passada, o Fed havia prometido 200 bilhões de dólares em empréstimos para os grandes bancos, e no domingo supervisionou a compra do gigante Bear Stearns, colocando 30 bilhões de dólares à disposição do comprador, o JP Morgan.»

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  47. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    21 Março, 2008 11:30

    ««Exacto, João. Nem tudo é iniciativa privada.»»

    Mas essa é a origem do problema. Se a emissão de moeda fosse uma actividade privada não haveria excesso de massa monetária.

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  48. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    21 Março, 2008 12:05

    “Se a emissão de moeda fosse uma actividade privada não haveria excesso de massa monetária.”

    ah! Havia excesso de massa monetária nalguns bolsos. Produziam para eles e nao diziam a ninguém.

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  49. Beirão, o Velho do Restelo's avatar
    Beirão, o Velho do Restelo permalink
    21 Março, 2008 12:07

    Acho que para muitas famílias(principalmente para a grande maioria não estruturada consequência doutras conquistas)a actual escola não diz nada.Não lhe reconhece valor para o futuro.
    Com a destruição do ensino técnico, outra conquista brilhante de Abril, onde todos iriam chegar a administradores e ministros,”arruinaram” milhões de jovens, muitos atirados para a ilusão das drogas, sem ferramentas de singrar na vida.Hoje vêm-se cá dentro e lá fora a “concorrer” com africanos e asiáticos em perfeita irmandade socialista, mas na miséria.
    Andam com uns “falsos” cursos profissionalizantes, uma espécie de moçidade portuguesa do politicamente correcto, cara e sem êxito assegurado.
    Os êxitos deste regime limitam-se a betão e às próprias contas bancárias dos tubarões ditos senadores…e aos acólitos defensores do indefensável.
    É Portugal que está em causa.Mais cedo do que pensam seremos mais uma região autónima de Espanha.E até já existem defensores disso como o PCP Saramagao…

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  50. dazulpintado's avatar
    dazulpintado permalink
    21 Março, 2008 13:23

    Eu só não percebo porque tenho que pagar com os meus impostos, aulas de francês a alguém que notoriamente não as quer aproveitar!

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  51. jcd's avatar
    21 Março, 2008 13:55

    “Produziam para eles e nao diziam a ninguém.”

    E acha mesmo que não se sabia? Bastava consultar o site do INE.

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  52. Desconhecida's avatar
    ZéNabo permalink
    21 Março, 2008 14:19

    O João Miranda,
    Neste mundo de cliente-fornecedor,

    O senhor é cliente da sua mulher, ou a sua mulher é que é sua cliente?
    Quem paga a quem?
    Quem paga o quê?

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  53. mac's avatar
    21 Março, 2008 15:09

    Se os alunos fossem considerados clientes, seriam postos fora deste estabelecimento, seriam proibidos de lá voltar e ainda seriam processados por trazer mau nome a esse estabelecimento. Isto se fossem considerados clientes. Mas não são…Ah e tal, são adolescentes, não sabem o que fazem…Desculpas baratas. Pura e simplesmente, aquela turma apanharia 1 mês de suspensão. E infelizmente, este caso não é específico duma escola e duma região. É apenas 1 caso com que os professores lidam provalvelmente todos os dias, com a diferença de que, desta vez, foi posto a circular no You Tube.

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  54. Desconhecida's avatar
    Pedrito Portugal permalink
    21 Março, 2008 16:00

    Não se pode tratar o professor como um produtor comum de bens materiais

    Um texto de José Gil, de Dezembro de 2006, tão actual…

    NUMA trapalhada de notícias indirectas e desmentidos confusos das autoridades, ficou-se a saber, na semana passada [Dezembro de 2006], que o Ministério da Educação (ME), pelo menos pensou em acabar com as «pausas» lectivas do Natal, do Carnaval e da Páscoa dos professores; além de que estes seriam obrigados a dar oito horas de docência por dia, para além das horas de reuniões, substituição de professores, etc. Que os desmentidos do ME anulem o «anúncio» daquelas decisões (fazendo tudo isto parte, talvez, das técnicas de propaganda do Governo) nada tira ao escândalo que é o poder-se ter pensado em tais medidas (e isto é indesmentível).
    Devo dizer que fiquei siderado ao ler o primeiro cabeçalho do «Público», que as publicava. Jamais, assim, a política educativa do Governo criaria as condições para a transformação profunda do ensino de que o país tanto precisa. Porque essas medidas supõem que se trata a escola como uma empresa, e que a preocupação em reconciliar o seu funcionamento obedece a critérios puramente economicistas e estatísticos. Menos oito mil professores o ano passado, menos cinco mil este ano — «uma boa gestão», como diz um secretário de Estado.

    Mas gerir uma escola não é gerir uma empresa, e a racionalização do ensino tem de ter em conta um parâmetro «imaterial» — o desejo de aprender e conhecer que, inerente ao desenvolvimento da criança, deveria ser expandido, diversificado e intensificado no básico e no secundário. Este «dado» — muitas vezes esquecido pelas teorias cognitivistas da aprendizagem — implica que se olhe para a relação mestre-aluno com um cuidado especial.
    Não se pode tratar o professor como um produtor comum de bens materiais.Significa isto que se deve também pensar atentamente no papel e na acção do professor, quando se concebem planos de transformação da sua docência. O que o professor dá de si, — o investimento da sua disponibilidade, o seu prazer em ensinar, o seu trabalho de preparação das lições, o clima afectivo da aula, o laço que se estabelece entra ele e a turma — são factores decisivos da aprendizagem (para além das suas competências pedagógico-científicas) e implicam uma longa elaboração da sua experiência de docente, da sua inventividade, da sua autenticidade enquanto professor. E tudo isso requer tempo para si próprio e lazer (trabalha-se consciente e inconscientemente, mesmo no ócio).

    Um segundo factor marca a singularidade do trabalho do professor: o seu desgaste «psicológico». O investimento na docência convoca forças de toda a ordem, os dons, a capacidade de se autocontrolar e de controlar, a plasticidade para se adaptar a, e lidar com cada aluno em particular, o equilíbrio incessante entre o papel de docente e o de educador, o constante brio que exige de si (o terrível superego do professor que o força a ter a melhor imagem de si para estar em paz consigo mesmo), a responsabilidade que assume pelo aproveitamento dos alunos, etc. Ele não investe uma ou duas «competências», investe na aula a sua existência inteira.

    Para obter bons resultados, boas estatísticas, boas médias, é preciso ter bons professores. Para os ter, tem de se considerar a especificidade do seu trabalho.

    Não é atafulhando o seu tempo com oito horas diárias, nem cortando as «pausas» — de que precisa como de pão para a boca — que se formarão docentes «competentes». Parece haver uma preocupação obsessiva com a quantidade (em todos os domínios) no ME, que o torna cego às virtudes da qualidade. Que os responsáveis pela educação do nosso país possam ter pensado em esmagar assim os professores é sinal de que qualquer coisa de incompreensivelmente absurdo se está a passar nas suas cabeças.

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  55. Desconhecida's avatar
    Confrade permalink
    21 Março, 2008 16:19

    algures li “Bullying afecta professora” tsk tsk … jornalistas tsk tsk

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  56. Nuno Abrantes's avatar
    21 Março, 2008 16:43

    Tocou no cerne da questão da violência nas escolas. Efectivamente em países onde o ensino é praticamente todo ele privado não ocorrem actos de violência… Veja-se os EUA, por exemplo… De facto, se temos de levar um tiro enquanto estamos na biblioteca ou na cantina ou menos que sejamos clientes…

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  57. JLS's avatar
    21 Março, 2008 20:01

    «Coitadinha da aluna. No “meu tempo” os OPC (objectos pessoais de comunicações) eram mais rudimentares. Eram papeis escritos, e usavamos-los essencialmente nos testes. Os profs tinham esse hábito terrivel de os apreender ilegalmente. Inacreditável.»

    No seu tempo.

    Hoje em dia os telemóveis têm capacidade para albergar textos, imagens, vídeos, centenas de contactos, pode ser “a” agenda dessa pessoa, pode ser um aparelho de GPS, pode ser um meio privilegiado de acesso à net, de ouvir podcasts e ver vidcasts, de acompanhar a actualidade, pode ser um instrumento essencial para a normal utilização de serviços bancários, etc.

    Diz bem. No seu tempo.

    E um bilhetinho não é uma carta… nem é exactamente propriedade privada.

    É uma questão de bom senso. Se alguém for apanhado a falar ao telemóvel numa biblioteca, não lhe apreendem o telemóvel; se alguém for apanhado a fumar num local proibido, não lhe apreendem o maço e o isqueiro. Bom senso. Podem-lhes impor outras coisas: expulsão do local, ou uma qualquer sanção. Mas de certeza que não lhe vão apreender os bens.

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  58. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    22 Março, 2008 03:04

    ó JLS… que nojo…

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  59. Desconhecida's avatar
    Confrade permalink
    23 Março, 2008 22:28

    A variantes são divertidas, como esta por exemplo:
    http://www.youtube.com/watch?v=ck9iFzu5pDc

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  1. A autoridade(?) dos professores | Oh Não!

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