Saltar para o conteúdo

«Não é um Estado falhado. É pior.»

25 Novembro, 2008

«Timor Leste, a ilha insustentável»:  o que muitos esconderam até hoje. Por Pedro Rosa Mendes.

18 comentários leave one →
  1. Antonio's avatar
    Antonio permalink
    25 Novembro, 2008 19:27

    Não consigo ler o artigo.

    Gostar

  2. fado alexandrino's avatar
    25 Novembro, 2008 19:38

    Era um sonho cor-de-rosa no qual a comunicação scial embarcou com a candura que se lhe conhece.
    O artigo é demolidor.

    Gostar

  3. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    25 Novembro, 2008 19:40

    Hoje pode nascer um novo estado. A greenland está a votar para se tornar independente da dinamarca

    Gostar

  4. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    25 Novembro, 2008 19:43

    Também não consigo ler.
    Timor, pior que um estado falhado é saber que portugueses andam para lá na justiça, policia e educação. E o dinheiro que lá se investiu desaparece nos bolsos de alguém.

    Gostar

  5. Desconhecida's avatar
    25 Novembro, 2008 19:50

    Bom texto, parabéns

    Gostar

  6. Desconhecida's avatar
    Grunho permalink
    25 Novembro, 2008 19:58

    Timor Leste
    O Estado governado em coligação pela Austrália e pela Igreja católica

    Gostar

  7. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    25 Novembro, 2008 20:01

    Não se pode esperar mais de um povo indolente, preguiçoso, incapaz de fazer algum esforço para melhorar a sua vida, sempre à espera que as benesses lhe caiam do céu.
    Tem o que merece.

    Gostar

  8. Desconhecida's avatar
    João Carlos permalink
    25 Novembro, 2008 20:39

    7. até parece que estamos a falade uma parte dos portugueses….

    Gostar

  9. Ora, ora's avatar
    25 Novembro, 2008 20:45

    Nem me preocupo com outra coisa…
    As causas em que Portugal se mete dão sempre nisto.
    Ide, ide… pôr velinhas e panos brancos nas janelas!

    Gostar

  10. Desconhecida's avatar
    João Carlos permalink
    25 Novembro, 2008 20:55

    Quem ouvir os nossos jornalistas de causas a falar do Iraque e do Afeganistão e a debitar as suas sentenças, fica agora surpreendido como é que um país como Timor, tão pequeno e com tão pouca população e com tanta ajuda, se transformou em poucos anos num estado falhado….parecia tão fácil!!! é vê-los caladinhos ( aos jornalistas ) com a cabeça enfiada no rabo….

    Gostar

  11. fado alexandrino's avatar
    25 Novembro, 2008 21:34

    Por se tratar de um documento importante e devido às dificuldade técnicas vou colar o texto:

    1. Timor não é um Estado falhado. É pior. Falhou o projecto nacional idealizado há uma década

    Em nove anos de liberdade, Timor-Leste não conseguiu assegurar água, luz e esgotos para a sua pequena capital. Baucau, a segunda “cidade”, é uma versão apenas ajardinada da favela que é Díli, graças à gestão autárquica (oficiosa) do bispado.
    O resto, nos “distritos”, é um país de cordilheiras que vive o neolítico como quotidiano, longe do mínimo humano aceitável. Chega-se lá pelas estradas e picadas deixadas pelos “indonésios”. Há estradas principais onde não entrou uma picareta desde 1999.
    O bem público e as necessidades do povo são ignorados há nove anos com um desprezo obsceno. O melhor exemplo é a companhia de electricidade: durante cinco anos, a central de Díli não teve manutenção de nenhum dos 14 geradores – todos oferecidos -, até que a última máquina de grande potência resfolegou.
    O Hospital Nacional Guido Valadares, onde se inaugura esta semana instalações rutilantes, não teve até hoje um ecógrafo decente nem ventiladores nos Cuidados Intensivos. Não há um TAC no país (embora custe o mesmo que dois dos novos carros dos deputados); a menina timorense com que Portugal se comove teve o tumor diagnosticado pelo acaso de um navio-hospital americano que lançou âncora em Díli. A taxa de mortalidade infantil é apenas superada a nível mundial pelo Afeganistão. A mortalidade pós-parto é assustadora. Entretanto, cada mulher timorense em idade fértil tem em média 7,6 filhos.
    Circulam entre diplomatas e humanitários os “transparentes” de um relatório do Banco Mundial que conclui que “a pobreza aumentou significativamente” entre 2001 e 2007 (um balanço arrasador do consulado Fretilin, porque o estudo usa indicadores até 2006). Cerca de metade dos timorenses vive com menos de 60 cêntimos de euro por dia e, desses, metade são crianças. Timor é um país rico atolado na indigência, onde os líderes se insultam por causa de orçamentos que ninguém tem sequer unhas para gastar.

    2. A “identidade maubere”
    é uma ficção dispendiosa

    A identidade “nacional” do espaço político timorense não existe, como explicam os bons historiadores, que sempre referem no plural os “povos” de Timor. Sob o mito do “povo maubere” existe um mosaico de dezena e meia de entidades etnolinguísticas que se definem por oposição (em conflito, separação, desconfiança, distância) ao “outro”, mesmo em aliança. O “outro” de fora, ou o “outro” de dentro. É um tipo de coesão circunstancial e oportunista que morre com o conflito, engendrando a prazo outros conflitos, em ciclos de calma e crise numa ilha com paradigmas medievais.
    A gesta “maubere” produziu, finalmente, uma inversão cronológica. A RDTL é uma cristalização política de uma sociedade que teve alforria de Estado antes de construir uma identidade que o sustentasse.
    A filiação de cada timorense continua a ser à respectiva “uma lulik” (casa sagrada) e às linhagens que definem outros territórios e outras leis que não passam por ministros, juízes nem polícias, mas por monarcas, oligarcas e chefes de guerra. É isto que os líderes tentam ser – ou, de contrário, não são.

    3. O Estado independente
    é sabotado pelas
    estruturas da resistência

    O Estado timorense funciona. Não significa, porém, que produza algum resultado, exceptuando a Autoridade Bancária de Pagamentos, única instituição onde a aposta na localização de quadros e a recompensa do mérito fizeram do futuro banco central um oásis de probidade nórdica.
    As estruturas operativas do país são paralelas, oficiosas e opacas. Vêm do tempo da resistência e não houve coragem ou inteligência para as formalizar no jovem Estado.
    Um caso óbvio é o dos veteranos das Falintil que não integraram as novas Forças de Defesa (FDTL). Em 2006, foi a 200 desses “civis” que o brigadeiro-general Taur Matan Ruak recorreu num momento crítico de sobrevivência do Estado. O Estado-Maior timorense está, porém, a contas com a justiça. Se passar da fase de inquérito, talvez o processo das armas e da milícia “20-20” abra um debate que devia ter acontecido antes. O lugar das “reservas morais” tem de ser formalizado, sob pena de não haver linha de separação entre patriotismo e delinquência. O major Alfredo Reinado ilustrou, de forma trágica, a facilidade deste salto.
    As estruturas paralelas, porém, não são exclusivo do sector de segurança. O ex-comandante Xanana Gusmão não esconde que a Caixa, a rede clandestina de “inteligência”, continua activa. As fidelidades, mas também os reflexos e atavismos da resistência, continuam em vigor. A “velha” voz de comando é, por vezes, a última instância e, mesmo em Conselho de Ministros, o último argumento é por vezes o voto de qualidade por murro na mesa.
    José Ramos-Horta, diasporizado das Falintil e do mato até 1999, não tem cão mas caça com gato. O chefe de Estado, em linha com os símbolos maçónicos debruados nas suas camisas, é desde há dois anos o segundo “pai” da Sagrada Família. É uma sociedade fundada em 1989 pelo comandante Cornélio Gama “L7”, que evoluiu para uma combinação algo mística de grupo religioso, partido político e milícia justiceira. Foi “L7”, com a bênção de Xanana Gusmão, que apresentou a candidatura de Ramos-Horta à Presidência em Fevereiro de 2007, em Laga. Vários elementos da Sagrada Família integram a guarda do chefe de Estado.
    A República timorense é limitada e sabotada pela recorrência do ocultismo, apadrinhamento, vassalagem e mentalidade de célula. No entanto, se não fossem as redes informais de confiança e de comando, por onde passam também os códigos de fidelidade e os valores de grupo, a RDTL já teria implodido.
    Versão moderna dos Estados dentro do Estado: a última contagem, confidencial, dá conta de 350 assessores internacionais junto do IV Governo Constitucional.

    4. A estratégia dominante na sociedade está
    tipificada no Código Penal.
    Chama-se extorsão

    A simpatia pela “causa” timorense estagnou num ideal de sociedade e de pessoa que é desmentido pela frustrante experiência quotidiana. Ignorância, trauma, miséria e negligência, polvilhados com os venenos da complacência, paternalismo e piedade, banalizaram comportamentos de rapina, desonestidade, egoísmo e má-fé. A solidariedade, a generosidade e a gratidão estão em minoria. O que é marginal ou criminal noutros sítios faz, no Timor de hoje, catecismo nas repartições, nos negócios, no mercado, no trânsito, no lar.
    A “liderança histórica” reina sobre um país intratável, em passiva desobediência civil, que pensa e age como se todo o mundo lhe devesse tudo e como se tudo estivesse disponível para ser colhido, do petróleo ao investimento e à atenção internacional. A cobiça e a inveja social infectam a esfera política, social, laboral e até familiar. “Aqui todos mandam e ninguém obedece”, para citar um velho timorense educado em princípios que deixaram de ter valor corrente no seu país.
    A “estabilidade” actual é comprada com um Natal todos os dias. Tudo é subsidiado, desde o arroz ao combustível, com uma chuva de benesses e compensações a um leque impensável de clientelas e capelas. A sociedade civil, digamos, é uma soma de grupos de pressão que recebem na mesma moeda em que ameaçam com incêndios e pedradas, desde os deslocados aos peticionários ou aos estudantes.
    Todo esse dinheiro nada produz. Algum sai para a Indonésia, que os novos-ricos timorenses consideram um sítio mais seguro para investir. O que fica compra motorizadas e telemóveis. A Timor Telecom vai fechar o ano com 120 mil clientes na rede móvel, 12 por cento da população, uma taxa ao nível de países com o triplo de rendimento per capita do timorense.
    A maioria dos timorenses não paga o que consome: água, electricidade (por isso o consumo aumenta 25 por cento ao ano, um ritmo impossível de acompanhar por qualquer investimento nas infra-estruturas), casa, terra, crédito, arroz. Este modelo de pilhagem e esbanjamento é insustentável na economia, na banca, na ecologia, na demografia e, a prazo, até na política.

    5. A ocupação indonésia
    foi implacável e a líderança timorense desmantela
    com zelo o que restava:
    a dignidade

    O gangster mais conhecido do submundo de Jacarta nos anos 1990 – o timorense Hércules – é, hoje, o dono de obra no melhor jardim da capital. Os condenados por crimes contra a humanidade, como Joni Marques, da “Tim Alfa” (pôs Portugal de lenço branco em Setembro de 1999 com um massacre de freiras e padres), voltam às suas aldeias com indemnizações por casas que foram queimadas, enquanto eles estavam na prisão.
    Na Comissão mista de Verdade e Amizade (CVA), foi a parte timorense, perante a surpresa indonésia, que tentou conseguir uma amnistia geral para os crimes de 1999, com uma persistência de virar o estômago.
    O relatório da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR), uma monumentae historica de 24 anos de dor em sete volumes, espera há três anos a honra de um debate no Parlamento. Duas datas estiveram marcadas em Novembro, mas, nos bastidores, os titulares políticos tentam obter uma prévia sanitização das recomendações da CAVR.
    Mari Alkatiri, Xanana Gusmão e José Ramos-Horta, ao sectarizar a memória da violência, desbarataram o capital obtido à custa de duzentos mil mortos (incluindo os seus entes queridos). A herança do genocídio é aviltada na praça como capital de risco e como cartão de visita. O resultado é uma distopia moral, um abismo de proporções tremendas em que se afunda um país cuja soberania teve, afinal, uma legitimidade essencialmente moral no seu contexto geográfico e histórico.
    Os mortos são a parte nobre de Timor, merecedores de tributos em rituais, lutos e deslutos. Mas nesta terra de cruzes, valas comuns e desaparecidos, não houve ainda a caridade de 200 mil euros para instalar um laboratório de ADN que permitisse, enfim, devolver os ossos ao apaziguamento dos vivos.
    A injustiça e a impunidade são valores seguros em Timor-Leste.

    6. Timor fala todas
    as línguas e nenhuma

    Timor é uma ficção lusófona onde a língua portuguesa navega contra uma geração culturalmente integrada na Indonésia, contra a geografia, contra manipulações políticas internas e contra a sabotagem de várias agências internacionais. A reintrodução do português só poderá ter êxito com a cumulação de duas coisas: firmeza política, em Díli, sobre as suas línguas oficiais; massificação de meios ao serviço de ambas.
    O Instituto Nacional de Linguística tem 500 dólares de orçamento mensal (exacto, seis mil USD por ano).
    Na “Babel lorosa’e”, como lhe chamou Luiz Filipe Thomaz, não se fala bem nenhuma das línguas da praça (tétum, português, inglês, indonésio). Uma língua é a articulação de um mundo e do nosso lugar nele. Perdidos da gramática e do vocabulário, uma geração de timorenses chegou à idade adulta e ao mercado de trabalho sem muitas vezes conhecer conceitos como a lei da gravidade, o fuso horário ou as formas geométricas, apenas para dar exemplos fáceis.
    Aos poucos bancos com balcão em Díli (três) chegam projectos de investimento estrangeiro cujos planos de amortização não prevêem mão-de-obra timorense ou que contam os timorenses como peso-morto na massa salarial, ao lado de operários ou técnicos importados que responderão pela produção.

    7. “Entrar nas Nações Unidas é ficar
    politicamente inimputável”

    Diz um diplomata que gosta do teatro de sombras javanês: “A ONU em Díli está em sintonia com os dirigentes timorenses. Todos fabricam fantasmas: o grande estratego, o grande diplomata, o grande guerrilheiro. Se não fosse assim, as máscaras cairiam e seria um grande embaraço…”
    A UNMIT, uma das missões mais caras da ONU, afunda-se penosamente no mesmo vazio moral da liderança timorense. Três mil funcionários, polícias e militares, uma massa crítica formidável que poderia ser um contrapeso à incompetência e à insensatez, são esmagados pelo cabotinismo carreirista do chefe de missão, Atul Khare, e de acólitos que acham bem em Timor aquilo que jamais admitiriam nos seus países desenvolvidos. “Entrar nas Nações Unidas é ficar politicamente inimputável”, explicou um alto-
    -funcionário da UNMIT.

    8. Não há nenhuma bandeira de Portugal
    no mar de Timor

    Não há interesses portugueses em Timor-Leste, porque não há condições objectivas mínimas para fazer vingar qualquer interesse mensurável. Não, decerto, pelos critérios que vigoram em qualquer outro lado. Seria bom que isto fosse entendido pelos nossos responsáveis políticos. Portugal concedeu mais de 440 milhões de euros de 1999 a 2007 em ajuda ao desenvolvimento a Timor-Leste, que consome quase metade do bolo total da nossa cooperação.
    Continuando uma tradição portuguesa, as projecções pós-
    -imperiais e os fascínios com sucessivos aprendizes de Mandela ganham precedência sobre as informações que chegam dos operadores económicos no terreno. “Mas você nunca ouvirá um governante português dizer nada contra Timor”, dizia, este ano, à mesa do café, um governante português de visita.

    9. “Tudo ainda não aconteceu”

    A ferida feia no corpo de Ramos-Horta, quando o Presidente jazia numa poça de sangue depois de levar dois tiros de cano-longo, é um buraco tão fundo como a vergonha da nação. A ressurreição do profeta-Nobel criou um cristo gnóstico mas as chagas, nesta terra dilacerada, já não fundam religiões com a facilidade com que há dez anos fundavam Estados.
    Díli, como um circo máximo de gladiadores, fervilha de jovens empurrados para a luta. Não têm emprego, educação ou perspectiva. Alguém lhes diz: “Não sois bandidos. Sois guerreiros.” Mas dos aswain, os heróis das montanhas timorenses, resta-lhes a coragem física, um retalho de rituais dispersos por grupos rivais e a intransigente sacralização do seu território. Uma mistura inflamável para toda a nação. “A resistência continua mas agora sem rumo. E, sem rumo, só faz merda”, diz o ex-assessor de Ramos-Horta para a Juventude José Sousa-Santos.
    “Tudo ainda não aconteceu”, avisava um “espírito” antepassado, pela voz de uma menina de Ermera, no Natal ainda inocente de 2005.

    Gostar

  12. Desconhecida's avatar
    zé da burra permalink
    25 Novembro, 2008 22:44

    Valeu para o ps enganar toda a gente e ganhar as eleições há uns anos. Os tugas são mesmo patetas.

    Gostar

  13. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    25 Novembro, 2008 23:14

    A atitude em Portugal não é muito diferente…

    Gostar

  14. MJRB's avatar
    26 Novembro, 2008 00:31

    Pi-Erre, 7,

    ESTÁ A REFERIR-SE AOS PORTUGUESES QUE INTERESSAM-SE MAIS PELA VIDA DOS “FAMOSOS” DO JET 3/5, PELOS FUTEBÓIS, PELOS “DANÇA COMIGO”, PELOS REALITY-SHOWS, PELOS FÁTIMA LOPES E QUEJANDOS, EM VEZ DE SE PREOCUPAREM COM A SUA VIDINHA MISERÁVEL E CONDICIONADA ?

    Gostar

  15. MJRB's avatar
    26 Novembro, 2008 00:35

    A DIFERENÇA ENTRE O QUE SE PASSA EM TIMOR E O QUE SE PASSA EM PORTUGAL, É TÃO-SÓ UMA QUESTÃO DE PROPORÇÕES.

    Prefiro” os piratas da Somália que assaltam petroleiros. São festivos e cristalinos naquilo que fazem.
    Alguns vigaristas portugueses de colarinho branco são sorumbáticos, cinzentões.

    Gostar

  16. hajapachorra's avatar
    26 Novembro, 2008 01:41

    Timor, obviamente, nunca devia ter sido descolonizado; se a África negra não estava preparada quanto mais os papuas ou os timorenses… Os povos não estão todos no mesmo nível civilizacional. O relativismo anti-ocidental deu nestes desastres que em África ganham proporções trágicas. O que Rosa Mendes diz de Timor de certo modo pode ser dito de toda a África subsaariana. Tudo tem um preço, assim vai demorar mais a serem independentes. É ver se a França ou o UK deram a independência às ilhas do Pacífico, claro que não. Timor, como S. Tomé e Cabo Verde, embora este com menos necessidade, deviam ter continuado como regiões autonómas de Portugal. Para bem deles, não para nosso bem. A autodeterminação foi uma farsa, nunca às populações se lhes fez essa pergunta.

    Gostar

  17. Miguel A. Baptista's avatar
    Miguel A. Baptista permalink
    26 Novembro, 2008 10:17

    Em 1999 se alguém dissesse o óbvio, ou seja que o melhor para Timor seria estar integrado numa Indonésia democrática que respeitasse as suas especificidades, seria trucidado. O país, por razões diferentes e diversas, embarcou todo num orgasmo maubere colectivo. A esquerda era solidária com as raízes marxistas da Fretilin, a direita nostálgica do império acreditava que aquele era o povo disposto a morrer embrulhado à bandeira portuguesa. A comunicação social foi completamente “biased” conforme aliás seria espectável perante tão forte consenso nacional. Se reflectirmos um pouco com base na História nas situações de pré-guerra o fenómeno social é sempre, mais ou menos, assim.

    Gostar

  18. Pedro Beirão's avatar
    Pedro Beirão permalink
    26 Novembro, 2008 17:12

    O estado a que chegou Timor-Leste só surpreende quem não aprendeu as lições da descolonização. Trinta anos depois, há quem prefira acreditar em mitos politicamente correctos em vez de encarar a realidade. E a lição é esta: dar a independência a um territorio em cujo povo não existe um sentimento de pertença a uma nação, e onde só existe uma mesquinha ambição pelo poder por parte de meia dúzia de manda-chuvas locais, é a receita certa para o desastre.
    Quantos países existem assim; e no entanto para a ONU está tudo bem. Cada pedaço de terra um país independente, com a sua bandeira e a sua capital. E fingem que são todos iguais.

    Gostar

Deixe uma resposta para João Carlos Cancelar resposta