Lobbies em Portugal – 4.

Cenário- apresentação de livro em sessão aberta ao público. Orador louva o autor e a obra e termina com as seguintes ideias – o país está numa grave crise/ temos que tomar conta do país/ uma das pessoas com as quais contamos é com o autor desta obra. Alguns anos mais tarde, o autor da obra era membro do governo. As capacidades intelectuais da pessoa em causa eram reconhecidas, mesmo pelos seus adversários.

Esta história, que pode ser realidade ou ficção, encerra alguns ensinamentos.

Em primeiro lugar, vemos que nem todos os lobbies se reúnem secretamente; alguns apresentam-se a público e manifestam os seus propósitos de forma aberta (embora se conceda que não é comum). Nesta situação, o lobby em causa aproxima-se do modelo de muitos lobbies no mundo anglo-saxónico – o grau de transparência é frequentemente elevado.

Por outro lado, constatamos que não é raro as pessoas selecionadas por um dado lobby serem na verdade pessoas com capacidade intelectual. Frequentemente pensamos nos lobbies quando uma pessoa ocupa uma posição para a qual não parece haver grande justificação (correndo o risco de despertar, junto de alguns dos seus subordinados, algum grau de desprezo). Mas dentro de cada lobby existem diversos elementos e nem todos são medianos, no que respeita à sua capacidade intelectual.

Outro aspecto a ter em conta é que as opções de alguns lobbies manifestam-se junto do grande público muito tempo depois de terem sido tomadas. Os fios invisíveis são colocados e mantêm-se por muito tempo -por vezes para o resto da vida.

Para finalizar, o Dr. Carlos Candal no seu “Breve manifesto” de 1995 mencionava alguns lobbies mas existem vários outros que se encontram em atividade, sendo que algumas pessoas pertencem a mais do que um lobby.

José Pedro Lopes Nunes

https://blasfemias.net/2011/02/15/lobbies-em-portugal-um-brevissimo-manifesto/

https://blasfemias.net/2011/02/22/lobbies-em-portugal-2/

https://blasfemias.net/2011/11/18/lobbies-em-portugal-3/