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UE: a “quadratura do círculo” e o “elo mais fraco”.*

4 Fevereiro, 2012
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A última cimeira de Bruxelas (a 14ª cimeira “histórica” dos últimos 2 anos), não parece ter sido levada muito a sério. Também não promete ser muito consequente. De resto, foi pouco conclusiva. Ou talvez não. Percebeu-se que os lideres europeus não sabem o que fazer, concluindo tudo e mais alguma coisa que, afinal e sob o ponto de vista das consequências, significa quase nada ou coisa nenhuma! O rápido controlo orçamental e o corte no endividamento, já não são, doravante, as únicas condições “sine qua non” para se salvar o Euro. Esta cimeira formulou novas prioridades: o crescimento e, sobretudo, o emprego. A par da austeridade salvífica, importa combater o desemprego, sobretudo, o desemprego jovem. Quase como se este se pudesse combater sem o crescimento; e quase como se o dito desemprego jovem fosse pior (ou melhor, ou vice-versa) do que o desemprego (simplesmente)!

Por outro lado, as conclusões redondas desta última cimeira, parecem revelar-nos que os líderes europeus são de compreensão perigosamente tardia. Já depois de o FMI ter afirmado que o caminho cego da austeridade, por si só, não leva a lado nenhum, a Europa das cimeiras começou, agora, a perceber que há mais vida para além daquela (austeridade). Mais, só com a austeridade e sem crescimento que a aguente, rapidamente não haverá coisa alguma. Claro está que, no contexto actual, conciliar-se a austeridade com o crescimento, poderá ser um desafio tão ambicioso e difícil como o da quadratura do círculo. Mas, em concreto, como é que se pretende alcançar essa quadratura? Desde já, com as anunciadas missões especiais de acompanhamento (tipo 007 em acção) aos países onde o desemprego jovem é mais elevado. Este discurso circular, do combate ao desemprego jovem (autonomizando-o, de certa forma, do crescimento económico), provoca-me uma sensação de “déjà vu”: recorda-me os ambiciosos desafios da malograda “agenda de Lisboa”. Decididamente, ar e vento são o que estas recorrentes cimeiras têm, quixotescamente, produzido e combatido.
Ora, os líderes europeus, aparentemente, ainda não perceberam que estão a jogar uma espécie de “elo mais fraco”. Neste concurso televisivo, os “outros” é que escolhem o “elo mais fraco”, porque sim, por convicção, pela confiança ou falta dela. Mesmo que, porventura, esse perdedor assim eleito, até tenha sido quem melhor respondeu às questões do apresentador. A superação da crise do Euro, dependerá, também e em grande medida, da criação de um clima de confiança e de credibilidade económicas. O que a Europa ainda não percebeu é quais são as perguntas às quais interessa realmente responder. Sem isso, não recuperará a sua credibilidade…. Sobretudo política e depois, por decorrência, económica.

 

* GRANDE PORTO, 03.02.2012.

3 comentários leave one →
  1. JCA permalink
    4 Fevereiro, 2012 05:35

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    =Los directivos de bancos y cajas intervenidos no ganarán más de 300.000 euros
    Las entidades que han sido intervenidas son Unnim, la CAM, NovaCaixa Galicia y Catalunya Caixa; y las que han recibido ayudas públicas son Bankia, Banca Civica, Caja España y BMN.
    http://www.lavanguardia.com/economia/20120203/54248599779/los-directivos-de-bancos-y-cajas-intervenidos-no-ganaran-mas-de-300-000-euros.html
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    =Brussels discovers new €15bn black hole in Greece’s finances
    • Revelation raises pressure on stricken economy
    • EU states to be asked for further financial help
    • Ireland cuts growth forecast
    • Spain demands banks raise €50bn in capital
    http://www.guardian.co.uk/business/2012/feb/02/greece-new-black-hole
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    =We’ve still got a few quid then! Bank of England’s glittering stash of £156BILLION in gold bars stored in former canteen under London
    http://www.dailymail.co.uk/news/article-2095535/Bank-Englands-glittering-stash-156BN-gold-bars-stored-canteen-London.html#ixzz1lO1nXXJJ
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  2. 4 Fevereiro, 2012 11:20

    Na verdade, a insensibilidade dos líderes eurpeus à realidade envolvente revela sintomas de patologia. Vale tudo para adiar o inevitável: assumir que os alicerces do modelo económico em que a Europa tem vivido, desabaram! Depois, entretem-se com estas macacadas da criação de uma espécie de protetorados nos países que, devido às suas debilidades estruturais, mais depressam mostraram as “chagas” da política europeia, para já não falar do ridículo destas tretas de acabar com feriados, carnavais e outras manobras de diversão com meros resultados estatísticos. Só para que conste, muitas médias empresas portuguesas, têm imensa procura, estão cheias de encomendas, mas confrontam-se com um problema conjuntural que, esse sim, devia merecer a atenção de quem define as “estratégias”: os clientes não conseguem pagar (não, não é vigarice, mas apenas uma questão de tempo). São muitas dessas empresas que estão a suportar o preço da crise, evitando falências em cadeia que fariam disparar ainda mais os números do desemprego. Isto não aparece na televisão, nem faz títulos de jornal, mas é a dura realidade de uma economia que os nossos governantes continuam a atrapalhar.

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  3. Arlindo da Costa permalink
    4 Fevereiro, 2012 18:44

    O problema da dívida na Europa não tem solução.
    A guerra é a única saída possível.
    Está nos nos livros.

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