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Filhos, enteados e rendas

17 Abril, 2013

O Estado recorre com frequência a mecanismos de substituição tributária, encarregando privados de procederem à liquidação e cobrança dos mais variados impostos e taxas. Estes mecanismos desempenham várias funções, designadamente a de redução de custos de cobrança (o número de entidades que interagem com o Estado é inferior ao universos dos contribuintes) e, sobretudo, de anestesia fiscal (os contribuintes nem se apercebem que estão a pagar impostos ou taxas ou apercebem-se menos, reduzindo o risco de incumprimento ou de resistência ao cumprimento).

O fenómeno não é novo nem exclusivamente português. O que justifica este post é chamar a atenção para o facto de os substitutos tributários não terem todos os mesmo tratamento, havendo filhos e enteados.

Alguns, como os empregadores, funcionam como substitutos tributários dos trabalhadores, quer quanto ao IRS quer quanto à Taxa Social Única (que liquidam, retêm na fonte e entregam ao Estado, sendo responsabilizados civil e penalmente pelos impostos e taxas que não liquidarem ou não entregarem devidamente) sem qualquer compensação pelo serviço de liquidação e cobrança.

Já outros, como as empresas distribuidoras de energia eléctrica e as concessionárias das ex-scut, pelo contrário, são pagas pelo serviço de cobrança de taxas que a Lei lhes atribui. As primeiras recebem a módica quantia de 3,333 cêntimos por cada factura de electricidade que emitam (módica porque até 2012 era o dobro), pela cobrança da ignóbil contribuição áudiovisual.

Mas espantoso ainda é a remuneração das segundas: o Estado paga-lhes, pelo serviço de cobrança, um terço das taxas de portagem que dizem ter cobrado, não sendo possível quantificar exactamente quanto recebem por cada transacção, já que a Estradas de Portugal não controla os pagamentos dos automobilistas, portanto não há como saber se recebe todas as portagens ou se há desvio.

20 comentários leave one →
  1. YHWH's avatar
    YHWH permalink
    17 Abril, 2013 12:41

    Carlos,

    podemos ainda ser mais explícitos: a aplicação da austeridade pela mão deste governo tem revelado mais duas secções extremas, que a sua referência não indicou: os «filhinhos», os filhos, os enteados e os «fdp».

    A maioria dos portugueses, sobremaneira as classes sócio-económicas de base, tem tido trato de «fdp» por parte do actual governo.

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  2. Joaquim's avatar
    Joaquim permalink
    17 Abril, 2013 13:12

    Excelente perspectiva.

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  3. Castrol's avatar
    Castrol permalink
    17 Abril, 2013 13:52

    Há pelo menos 3 décadas que o País está a saque!!
    Admirável que os saqueados ainda não se tenham revoltado…

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  4. Pffff !'s avatar
    Pffff ! permalink
    17 Abril, 2013 14:05

    Até 1974, nunca tínhamos sido saqueados…
    Desde 1143, até 1974, foi tudo uma beleza… abençoados anos !

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  5. João Lisboa's avatar
  6. murphy's avatar
    murphy permalink
    17 Abril, 2013 15:44

    Mais uma da série “herança socialista”… mas ainda aparecerá alguém a dizer que a culpa é da da troika ou da Merkel…
    Foram “os loucos burocratas da troika e fmi”, ou os socialistas, que canalizaram, através do bendito “investimento público” à custa de dívida contraída nos “maléficos mercados”, mais de 100.000 milhões de € para as grandes construtoras e a banca?
    Foram “os loucos burocratas da troika e fmi” ou foram os socialistas, que – em resultado da dívida contraída entre 2005 e 2011 – foram os responsáveis pelo aumento em cerca de 4.000 M € / ano, o valor de juros que Portugal tem de pagar aos seus credores? Curiosamente (ou talvez não…) é precisamente esse “o” valor que agora temos a necessidade de “cortar no Estado Social” …

    Se ainda dúvidas existissem quanto à falta de memória que vai neste País… esse, sim, é o nosso maior défice!
    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/04/falacia-da-realidade-paralela-socialista.html

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  7. XisPto's avatar
    XisPto permalink
    17 Abril, 2013 16:10

    Na mouche!

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  8. Roger's avatar
    Roger permalink
    17 Abril, 2013 17:01

    E digo mais, na mouche,…………………. na mouche.

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  9. YHWH's avatar
    YHWH permalink
    17 Abril, 2013 17:26

    Murphy não estiveste no país entre 2008 e 210?!…

    Não leste as indicações da UE para os estados-membros se protegerem dos efeitos da crise financeira através do reforço do investimento público para compensar o esperado desinvestimento privado advindo da crise financeira gerada pelos «motores privados» da economia «misteriosamente» sobre-alavancada?!…

    Porquê tanto desespero, Murphy?!…

    Afinal o governo está em funções, para além da Troika, e em maioria absoluta!…

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  10. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    17 Abril, 2013 17:31

    Crescimento em tempo de dívida ou como um doutoramento em folhas de Excel deu no que deu:
    http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3170787&page=-1

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  11. YHWH's avatar
    YHWH permalink
    17 Abril, 2013 17:58

    O mítico limite «científico» dos 90% da dívida tão apregoado rancho folclórico neo-liberal acaba tal qual o bezerro de ouro…

    Next!…

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  12. André's avatar
    André permalink
    17 Abril, 2013 18:16

    Vê! Por isso é que eu defendo que não devem existir concessões nas autoestradas. Deve haver uma só empresa (a Estradas de Portugal) que controle as autoestradas (sem portagens). O dinheiro é usado pelo Estado para financiar o que for preciso. Aproveita-se e limita-se os salários dos gestores dessa empresa a 3500€ por mês, corta-se muito nessas despesas. O Estado fica a ganhar porque o lucro que vai para os privados passa para os seus cofres. Se fizermos isso a todas aquelas lucrativas concessões das PPP, estaremos a tomar medidas para reduzir o défice sem afetar o consumo interno. Era mesmo bom, mas quando se fala em nacionalizar algo que foi construído pelo Estado, eh pá, a coisa começa a azedar. Afinal, quem é que ainda acredita que o modelo de Estado Social seguido por Portugal é eficaz? Aqui o modelo é diferente do modelo do norte da Europa. Aqui o modelo (esta é uma repetição propositada no ínicio de ambas as frases) é a despesa para o Estado, os lucros para os privados.

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  13. politologo's avatar
    politologo permalink
    17 Abril, 2013 18:19

    Mas ainda alguém acredita que este País tem Futuro ?

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  14. votoembranco's avatar
    votoembranco permalink
    17 Abril, 2013 20:54

    Parece que a crise está resolvida – o Ricardo do BES já disse para o farsola e o tolinho se entenderem se não o homem da mala não leva mais dinheiro para os ratos do Rato!

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  15. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    17 Abril, 2013 21:12

    Carlos Loureiro tem razão: este governo não faz nada que se aproveite. 😉

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  16. Fincapé's avatar
  17. Hawk's avatar
    Hawk permalink
    18 Abril, 2013 08:32

    Creio que até na Bíblia uma certa classe, a dos “publicanos” era tratada com algum desprezo.

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  18. Balio's avatar
    Balio permalink
    18 Abril, 2013 10:32

    Há também a considerar o IMI, que é cobrado por todo e qualquer agente económico.

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  19. Balio's avatar
    Balio permalink
    18 Abril, 2013 10:32

    No comentário anterior, queria dizer IVA e não IMI.

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