uma carta à inês
Cara Inês,
Começo por a felicitar pela carta que escreveu na sua página do facebook, que revela um espírito atento e empenhado, bem como um português de muito boa qualidade, o que, infelizmente, é cada vez mais raro nos jovens portugueses da sua idade.
Gostaria de aproveitar a ocasião que nos proporcionou para tentar contribuir para o debate de algumas das ansiedades que o seu texto levanta, e que são comuns a muitos outros jovens como você, bem como à maioria dos portugueses de hoje.
A mais importante de todas, você formula-a logo na primeira pergunta que faz: “Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?” A resposta só pode ser uma: em si, cara Inês, e, quando os tiver, nos seus filhos adultos que sejam os progenitores dos seus netos. Chama-se a isso responsabilidade individual (a única que verdadeiramente existe), e é muito por falta dela que Portugal se encontra no estado em que está: ninguém é responsável por nada, nem por coisa nenhuma, e, se um dia alguma coisa falhar, contamos com o estado, essa espécie de grande a amável paizinho, para nos dar aquilo de que precisamos. O problema é que se há pessoas sérias, que vivem vidas normais sem pensarem em pendurar-se no estado, muitas outras há que preferem encarar uma vida tranquila à sombra dos contribuintes. Evidentemente, cara Inês, se tudo falhar alguém nos deverá ajudar. Para isso existem seguros que as pessoas previdentes, isto é, responsáveis, devem fazer quando estão em boas condições para isso. Mas, admito, o estado poderá ser chamado a ajudar em situações limite, até porque está sempre a sacar-nos dinheiro supostamente para cumprir esses desígnios sociais, o que faz cada vez pior. Então, que o gaste com quem verdadeira e comprovadamente precisa, em vez de o desbaratar com políticas absurdas, a querer paternalmente substituir-se ao que deve ser da responsabilidade de cada um de nós. De resto, cara Inês, permita-me que lhe diga que não me parece adequado que você parta para a vida, ainda apenas com 18 anos e com as capacidades que a sua carta deixam adivinhar, com o pessimismo de um idoso de 70 ou mais anos de idade. Você acha que vai precisar de quem olhe pelo futuro dos seus filhos e dos seus netos? Não se acha capaz, com a inteligência que revela, de o vir a fazer, juntamente com a sua família e os seus amigos mais próximos, se necessário? Olhe que, apesar de dura, a vida não nos traz sempre infortúnios e devemos aproveitar os bons momentos para acautelarmos os maus. Por isso, aproveite-a e cuide dela. Faça-se a ela com coragem e arrojo. Não fique à espera que outros cuidem de si e dos seus.
Sobre as queixas e reclamações que faz da escola e do sistema de ensino que frequenta, tem toda, mas toda a razão, Inês. Contudo, repare que você se queixa – e muito bem – do ensino público e só do ensino público. Em toda a sua extensa proclamação não vi uma única palavra sobre, nem uma única crítica ao ensino e a escola privada. Isso foi muito sensato da sua parte. Na verdade, a escola privada portuguesa funciona, quase sem excepção, exemplarmente, enquanto que a escola pública é sistematicamente vítima de maus tratos, e apresenta resultados constantemente insatisfatórios, apesar dos excelentes professores que muitas vezes tem. E não se pode sequer dizer que seja por razões de dinheiro que uma funciona pior do que a outra, cara Inês, até porque o orçamento de estado gasta com a escola pública muito mais do que se gasta numa escola privada, onde um aluno é substancialmente mais barato do que na primeira. A razão, mais uma vez, cara Inês, é de responsabilidade: na escola pública não há patrão a não ser o estado, e o estado é um patrão desprezível, incompetente, injusto, explorador, incerto e inseguro, ou seja, mau, como você bem refere. Sabe qual é a solução? É simples: privatizar a escola pública, acabar com essa absurda ficção de oferecer ensino gratuito, por igual, a pobres e a ricos, e deixar o estado suportar, nas escolas privadas, os estudos de quem comprovadamente não tem dinheiro suficiente para os pagar. Podia isso ser feito através do “cheque educação”, com o qual todos ficaríamos a ganhar: o país, que gastava menos dinheiro com um sistema de ensino cheio de problemas e vícios, que maltrata professores e alunos, como você bem refere; as escolas, que passavam a ter dono e quem cuidasse delas racionalmente; os professores, que teriam contratos de trabalho sérios e condições de trabalho dignas, como têm os seus colegas do ensino privado; e os alunos, claro, que beneficiariam de melhores escolas, com melhores instalações, melhores equipamentos e professores mais motivados. Parece-lhe isto absurdo? Olhe que não, olhe que não. Absurdo é persistirmos no erro de pagar, a preço de ouro, um sistema de ensino e uma escola de que todos fundamentadamente se queixam. É quase um exercício de masoquismo. Quer ser verdadeiramente inovadora e revolucionária, Inês? Então, enfrente o status quo, combata os interesses instalados no estado, exija um modelo novo de ensino que rompa com um paradigma falido e caduco: exija a privatização do ensino público!
E pronto, cara Inês, era isto que lhe queria dizer, esperando não a ter maçado muito.
Cumprimentos cordiais,

E gostando da “Plataforma cidadã de resistência à destruição do SNS”, por coerência não gosta também da “Plataforma EXTINGA-SE JÁ A ADSE”, que contribui com 60% dos proveitos dos Hospitais e/ou outras entidades Privadas – Ex: Consultórios e Clínicas – e, que “usurpando” em alternativa dos serviços do SNS, para qual não contribuem individualmente, mais de 80% dos “servidores do Estado”, obrigam a avultadas transferências do Orçamento do Estado=IMPOSTOS PAGOS MAIORITÁRIAMENTE POR TRABALHADORES PRIVADOS E POR EMPRESAS ? NÃO?!…..
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Caro Rui A.,
Não concordo com tudo, mas parabéns pela resposta – civilizada, argumentada e sem entrar em “conversa de café”.
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pois se é um rui a…
não é um rui m….
tem café aqui
me dá dois cá fé de entornar um com tanta birtualidade pinsante
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Rui A: Brilhante !
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Rui A vai ter de converter esse excelente texto em lingua marciana.
Se nao o fizer, vai correr o risco de nao ser entendido.
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Brilhante resposta! concisa e civilizada.
Não sei se a destinatária a merece… Cá para mim a página da Inês não passa de um embuste de algum camarada ou comité central, com falta de coragem ou de credibilidade para dar a cara…
Infelizmente há muito disso por aí…
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“Excelente texto” , disse a minha tia Eucládia.
Perguntou se o senhor é casado, que idade tem e que número calça.
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Um aluno por professor?
Em 1973, Portugal tinha 150.000 funcionários públicos. Então, de Valença do Minho a Dilí, essa centena e meia de milhar cobria necessidades de 25 milhões de portugueses espalhados por 2 milhões de km2. Veio a revolução e importava inchar o Estado com toda a casta de clientelas, filiados, familiares, comanditas. Em vinte anos, o funcionalismo do Estado quintuplicou. Havia – e ainda continua a haver – gente que pensava ser absolutamente normal que metade da população de dezenas de concelhos se tornasse funcionária do Estado.
Há, no caso vertente dos professores, quem julgue normal que 10.000 professores do secundário continuem a vencer com horário zero, ou seja, sem darem aulas. Para proteger o indefensável, o pieguismo, variante manhosa de estupidez, quer convencer os portugueses da justeza das reivindicações de quem não tem funções, mas quer continuar sentado à mesa do orçamento. A questão dos professores é muito simples. Em 1974, a taxa de natalidade em Portugal era de 3,01, em 1980 de 2,19, em 1990 de 1,43 e em 2010 de 1,35. O boom do ensino universitário escondia, afinal, a lenta inversão da pirâmide, o envelhecimento da população, o fim anunciado da população escolar do básico e secundário. Em 2010 nasceram 94 mil crianças, o que quer dizer que em 2021 só haverá 94 mil alunos a entrar no no ensino secundário. Com os duzentos mil que lá estarão, a população do primário e secundário nunca chegará aos 300 mil.
Cegos, indiferentes à catástrofe que se aproximava, governos sucessivos continuaram a contratar dezenas de milhares de novos docentes. Actualmente, entre os 100 mil docentes, há 35 mil professores considerados a mais no ensino. Em 2021, persistindo na defesa desses postos de vencimento, haverá três alunos por professor. Aqui está, sem florentinismos, a verdade a que os defensores do indefensável continuam agarrados.
http://combustoes.blogspot.com/2013/06/a-verdade-sobre-os-professores.html
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A Inês, não merece esta carta. Ela, no fundo, quer impedir os colegas de fazerem exames. Uma controleira a mando do comité central.
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“Isto” tem “agua no bico” : que raio se passará com dois blasfemos para darem tanta importância (com ! 3-postss-3 !) a uma jovem, passe o termo, normal ?
Será que descobriram algo de grave para a sociedade e para a Nação sob o pseudónimo “Inês Gonçalves” ?
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É simples: Apanharam boleia da Inês.
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Provavelmente, isso !
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Tudo bem, excepto a sugestão do “cheque-educação”. Quem atribuiria esse “cheque educação”? O Estado, com a “competência” que lhe conhecemos, e que logo desviaria as verbas para outros fins?! Por que não uma mútua seguradora privada, a exemplo das Caixas de Previdência criminosamente extintas e roubadas pelo Estado?
Essa ideia do “cheque educação” tem raízes na desacreditada Escola de Chicago, mas não consegue ser melhor do que a situação corrente. Afastemo-nos dela!
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Parabéns pela elevação com que respondeu à Inês, atitude contrária à do Vítor Cunha e de alguns comentadores.
As instituições, como qualquer sistema, são tão boas como o pior dos seus elementos. O Estado tem sido dominado por uma clique constituída por vários partidos que tem usado recursos públicos para benefícios privados, entre os quais se podem incluir muitas escolas particulares. O problema deverá resolver-se melhorando o Estado, independentemente de se acreditar que deva ser maior ou mais pequeno.
Não é verdade que ensino privado funcione melhor do que o público. Um estudo recente da Universidade do Porto mostrou que os alunos do privado conseguem entrar com mais facilidade no ensino superior e que os do público estão mais bem preparados para o frequentar.
Não é verdade que o ensino privado fique mais barato do que o público (http://aventar.eu/2012/10/26/a-quanto-esta-o-aluno/).
É verdade que “o estado é um patrão desprezível, incompetente, injusto, explorador, incerto e inseguro, ou seja, mau”. É igualmente verdade que os donos de muitos colégios têm as mesmas características. Logo, é mentira que os professores do ensino privado tenham melhores condições de trabalho, até porque estão muito mais desprotegidos, no que se refere a direitos laborais, e são, muitas vezes, obrigados a uma sobrecarga da parte lectiva do horário.
Os problemas da Educação não têm soluções simples. Pensar que se resolve tudo através das privatizações é tão simplista como defender que tudo deve ser público.
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Com a publicidade que lhe está a ser feita, a Inês já deve ter recebido resmas de cartas.
Provavelmente estará a dividi-las em pelo menos duas categorias:
As de quem quer ser seu namorado e as quem quer ser seu pai ou mentor.
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Boa !
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Caro Rui A., não posso estar mais de acordo com as suas palavras. Mas adianta pouco quando as pessoas não sendo cegas, não querem ver.A Esquerda em Portugal, desde que o “farol” da URSS se apagou e os amanhãs que cantavam deixaram de existir, continua com o cordão umbilical ainda ligado e não consegue abrir a mente para a realidade. Não pretendo afirmar que uns são os bons e os outros são os maus. O ser humano é o que é, tem virtudes e defeitos como o amor, a amizade, o ódio, o ciume e a inveja e tanto vale ser de esquerda como de direita. Ninguém tem o momopólio da verdade. Somos assim desde que a Natureza nos colocou no mundo.
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Este Rui A. cheira-me a Laranja…..
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Este Zé trezanda a Stalinista (e não é de agora . . .)
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Não concordo com a proposta do rui, e não acho grande piada à ironia que o texto encerra, mas pelo menos levou o texto da Inês a sério e tentou responder às questões que ele levanta. Haja alguma sensatez no distante planeta “liberal”.
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O Sérgio só achará “piada” ao aplauso acrítico do panfleto político que quiseram apresentar como de “uma estudante de 18 anos” mas não tiveram o mínimo cuidado em adaptar à “personagem”.
A ironia a que não acha “grande piada” deriva precisamente de o Rui A. não ter levado o “texto da Inês” (sim, entre aspas) a sério e tê-lo usado para pôr em evidência (de forma bastante pedagógica, diga-se) a incoerência da posição político-partidária que esse texto ilustra.
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Chiça, vocês são mesmo desconfiados. Ou então estão a armar-se em parvos. Ainda duvidam que o texto foi mesmo escrito pela Inês, aluna do 12.º ano?
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pela inês aluna de que 12º?
e escreveu tudo sem corrector ortho?
fez copy pastel daonde?
dum livro da maya ou do paulo coelho?
este tipo deita-se tarde
se calhar com a tal de inês
ou isso era o pedro o cru
ó varão de lavos….e eslavos marksó-heleninistas-elitistas craro
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todos estes 20 e tal comentários são penso eu, de adultos que imagino, serão responsáveis. o desabafo de uma miúda nas páginas do facebook tem simplesmente o poder da verdade, ela como todos nós tem o direito de expressar a sua opinião.
Quem imagina que não foi ela que escreveu esse texto ou que alguém lhe segredou ao ouvido o que escrever, só posso dar uma gargalhada em resposta!!!!!!!
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desabafo de uma miúda ó assinadora de petições….
e chateou-se com quê…
uma gaja que gosta de profes
é como um arrombador de multibancos que goste de bófia
e 18 anos não é miúda é bébé
garoto é até aos 52 ou perto disso segundo soares
miúda tem pelo menos 60 ….a manife hoje tinha muitas
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“Na verdade, a escola privada portuguesa funciona, quase sem excepção, exemplarmente, enquanto que a escola pública é sistematicamente vítima de maus tratos, e apresenta resultados constantemente insatisfatórios, apesar dos excelentes professores que muitas vezes tem.”
A Inês é de Pombal, e no concelho de Pombal fica o Instituto D. João V que pertence ao Grupo GPS, essa quase sem excepção do ensino em Portugal:
http://www.youtube.com/watch?v=em1VaJKzaCk
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Não percebo por que bulas rui a. trata a inês por ‘você’. Conhece-a ‘daonde’, ó titi?
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ó pá os politiqueiros metem-se todos na mesma cama
assim nunca mais chegas a filho do ceausescu
e papas as nadias come a ne si si
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Rui A. em perfeito síndroma do ecologismo humano de cariz messiânico…
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écoglas logo escreve-se écoglismo humano ou humanum est
homo sunt nihil humanum messianicus ti anicus de loulé
é clo gágá um pequeno poema pastoral que pode apresentar ou se calhar não , na maioria das vezes ou de vez em quando , a forma de um diálogo entre pastores ou de um solilóquio…yhwhiano ou i anus um desses
já síndrome ou síndroma é um daqueles con’s gregos que correm a marathona
συν+δρόμος…..con+ correr
síndroma in graequs ó equus ….ssp incognitus?
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Em Portugal já temos experiência desse sistema de privatização-chama-se pagar rendas que apenas servem para beneficiar os filhos das classes altas !Participações P~ublico Privados no Ensino, Não Obrigada!J´TEMOS QUE CHEGUEM!
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Então mas a rapariga quer entrar em Ciência Política e Relações Internacionais e está em Artes Visuais? Basta fazer o EN de Português (única específica) e pode entrar depois de fazer uns rabiscos e umas esculturas e quem teve Português, Filosofia, História e outras línguas se calhar não pode?
Não me admiro de daqui a uns ver esta rapariga no tacho da AR, depois de fazer o seu curso numa dessas fantásticas e prestigiadas universidades como o ISCTE ou mesmo uma privada.
Também não me admirava se, por acaso fortuito, decidisse seguir a carreira diplomática e ser uma dos 90% que chumbava nos testes de cultura geral.
É que é muito giro passar o secundário no agrupamento de Artes e depois, à má-fila, tentar entrar em outros cursos. Estive em Ciências e nas aulas de Física do 12º a malta de Artes que queria ir para Engenharia via-se à rasca para perceber conceitos simples como derivadas (pudera, com a preparação matemática que não tinham…).
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tiveste derivadas…olha mais um da geração à deriva….
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