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A saudade e o arrependimento por impedir que baixasse as calças

7 Setembro, 2016

O tipo de humor progressista é maravilhoso. Podemos achar questionável que uma estação pública opte por contratar pessoas que acham engraçado chamar “vaca”, “puta” ou “bicha bêbada” a alguém, porém, não faz sentido achar que um burgesso que se ria com isto é desprovido de razão ao considerar que há algo engraçado no meio deste bucolismo azeiteiro.

Eu tinha um tio – que já faleceu – que era conhecido por baixar as calças nos casamentos da família. Como vivia fora do país, optei por não o convidar para o meu, há 15 anos, algo que o ofendeu profundamente. Pesando os prós e os contras de o convidar, particularmente naquela idade dos vinte-e-qualquer-coisa, achei mais importante que ninguém baixasse as calças no meu casamento do que os sentimentos de um homem que não escolheu ser meu tio. Posteriormente arrependi-me, mas era tarde demais para repetir a festa. Falhei como sobrinho, rejeitando um tio – num momento propício à felicidade que só vinho à descrição permite – em prol da sanidade mental dos restantes convidados, pouco habituados a tios excêntricos que baixam as calças em casamentos.

O João Quadros não tem piada, é um bronco que acaba por fazer rir da mesma forma que o trambolhão de um cego na paragem de autocarro faz: pelo nervosismo de quem assiste. Como em tudo na vida, devemos tentar perceber os sentimentos dos outros. E se fosse eu, que a tentar ser engraçado só conseguisse ser como o João Quadros? E se fosse eu, que por cegueira, caísse na paragem do autocarro? Por isso, por achar que o meu tio merecia ter ido ao meu casamento, fico satisfeito por contratarem o João para a Antena 3. Baixe as calças, João, em memória do meu tio. Um homem disposto a baixar as calças num casamento é um homem que merece mais um copinho. Ao menos, a boda é paga por todos os contribuintes, sorte que o meu tio – que Deus o tenha – não teve.

14 comentários leave one →
  1. PiErre permalink
    7 Setembro, 2016 08:30

    O João Quadros segue o exemplo do Risota Mor cá do rectângulo: baixa as calças a tudo, com afecto.

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  2. de Soisa Sanctorum permalink
    7 Setembro, 2016 08:54

    Não é o único que ganha a vida a dizer grosserias.
    Olhem o galamba, ou o zorrinho, ou o césar…. mais 3 exemplos de sabujos bem instalados na vida.
    Não fique com pena.
    Eu também, não
    Quando esta corja assoma na TV mudo logo de canal
    E até hoje ainda não me arrependi

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    • carlos reis permalink
      7 Setembro, 2016 16:46

      Só vislumbra esses três que por “acaso” são rosinhas? A sério?

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  3. honi soit qui mal y pense permalink
    7 Setembro, 2016 10:17

    A Blasfémia é a melhor defesa contra o estado geral de bovinidade

    está um pouco difícil de perceber porque …

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  4. honi soit qui mal y pense permalink
    7 Setembro, 2016 11:11

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  5. honi soit qui mal y pense permalink
    7 Setembro, 2016 11:35

    ok … já entendi ( fui ver o link )
    um esbirro da situação

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  6. 7 Setembro, 2016 12:48

    Mas o “engraçadinho” é o João Quadros ou o Bruno Nogueira?

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  7. sam permalink
    7 Setembro, 2016 13:33

    O meu herói agora é o Duterte.

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  8. SRG permalink
    7 Setembro, 2016 15:09

    Caro Vitor. O João Quadros não é mais nem menos que todos os palhaços que pululam nas televisões, seja nas estatais, seja nas privadas. A moda agora é tentar fazer rir os desgraçados dos “portugas”, nem que para isso se caia no ridículo. De manhã à tarde e à noite, todos os programas têem o seu palhaço de serviço.

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  9. Arlindo da Costa permalink
    8 Setembro, 2016 05:02

    Pode baixar as calças, mas desde já lhe digo que não estou interessado….

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  10. 8 Setembro, 2016 13:19

    Conheci a obra lírica de João Quadros através do Jornal de Negócios, onde o dito mantinha uma coluna semanal de propaganda anti-PSD e pró-BE. Era a coluna de opinião mais censurada do JN. Ou ele ou a tribo de mongolóides que o idolatram denunciavam imediatamente qualquer comentário menos idólatra ao Mestre, e era prontamente eliminado.
    Não sabia que era comediante, e nunca adivinharia pelo que li – azedume, rancor, inveja e insultos. Para usar expressões queridas ao dito, sempre pensei que era mais um a investir no futuro, lambendo o cú a quem achava que lhe poderia dar tacho. Acertou. Alguém fica com o cú lavadinnho e ele continua com a língua cheia de merda.
    Se é cómico, é mais um sintoma da nossa pobreza. Não temos um Stewart, um Colbert, um Oliver, um O’Brien, temos um Quadros.

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