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“Foi bonita a festa, P.A.S.”

10 Maio, 2017

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O jornal Observador, numa secção intitulada “Dicas Auto”, andou à procura do automóvel perfeito para um jovem de 18 anos. Sem querer dizer mal das propostas apresentadas, julgo que essa viatura idealizada ainda não existe; e só estará disponível quando as marcas conseguirem aplicar os conceitos de Pedro Adão e Silva ao desenvolvimento dos seus produtos. Confuso? Eu tento esclarecer: Pedro Adão e Silva é o que usa óculos, tem cabelo e não tem barba; o outro, que diz exactamente as mesmas coisas num tom de voz mais agudo, chama-se Pedro Marques Lopes.

Mas voltemos aos carros e ao Pedro que usa pente e gilete. Numa das suas crónicas do Expresso, comentando o exercício orçamental de 2016, concluiu que, contrariamente ao que nos dizia Passos Coelho, sempre havia uma alternativa às políticas de austeridade. Esta incursão de Adão e Silva nos terrenos da ficção científica, mais especificamente na problemática das viagens no tempo e respectivos paradoxos, permite estabelecer alguns paralelismos com o famoso filme de Robert Zemeckis, Regresso ao Futuro. Nesse grande sucesso dos anos 80, a personagem interpretada por Michael J. Fox utiliza papel de carta e uma caneta de 1955 para impedir o terrível homicídio do seu amigo “Doc” Brown que iria ter lugar em 1985; no seu texto, Pedro Adão e Silva tenta utilizar a situação económico-financeira portuguesa de 2016 para impedir a terrível austeridade que se abateu sobre o país em 2012. Se em 2016 foi a “pós-verdade” a feliz contemplada com a distinção de palavra do ano, é justo que em 2017, graças a este tipo de análises, se atribua o galardão à “pré-alternativa”.

Esta incursão do cronista nos territórios da anterioridade não é de agora e é já bem conhecida dos seus leitores. Em 2009, ao subscrever um famoso manifesto pelo aumento da despesa pública e investimento, tornou-se num dos pilares vivos da pré-bancarrota; e em 2014, ao assinar o manifesto pela reestruturação da dívida contraída para financiar a despesa pública e o investimento que antes defendera, mostrou pertencer ao estágio de desenvolvimento moral característico da pré-escola.

É por isso que o automóvel perfeito para qualquer jovem, o tal veículo que ainda não foi inventado, será o pré-carro, aquele que poupará o recém-encartado de 18 anos da vergonha que passou aos 14, quando, todo suado e a cheirar mal, apareceu de bicicleta em casa da sua amada.

 

19 comentários leave one →
  1. Manuel Assis Teixeira permalink
    10 Maio, 2017 12:00

    Pedro Adão e Silva e Pedro Marques Lopes. Dois nomes que enjoa ouvir mas que temos que suportar infelizmente quase todos os dias! É o nosso castigo! Além da geringonça e dos seus aparatchiks falantes ainda temos estes! Apesar de ambos destilarem jactância, reconheçamos que o campeonato da ignorancia é ganho pelo Marques Lopes que me causa sempre a interrogaçao e admiração sobre como é que chegou a comentador ! O que fez e de onde vem para que ” perore” e lhe dêem guarida na SIC! Mistério…

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  2. Juromenha permalink
    10 Maio, 2017 12:13

    Uma dupla de abranhos…

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  3. Rui Silva permalink
    10 Maio, 2017 12:46

    Este par de jarras também pertence à nossa geração mais bem preparada de sempre?

    Rui Silva

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  4. Chopin permalink
    10 Maio, 2017 16:10

    Se uma dívida acima dos 240 mil milhões não assusta o Srs Adão e Silva e Marques Lopes, gostava de saber onde colocam eles a fasquia para terminar a compra de votos com dinheiro do Estado.

    https://sites.google.com/site/grupoteatroterapeutico/_/rsrc/1229599843222/Home/contactos/fachadalimpa.jpg?height=254&width=420

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  5. Arlindo da Costa permalink
    10 Maio, 2017 19:59

    Dois grandes comentadores. Isentos e intelectualmente honestos.

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  6. castanheira antigo permalink
    10 Maio, 2017 20:47

    Finissima ironia !…

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  7. javitudo permalink
    11 Maio, 2017 11:37

    Tipos dessses não têm onde cair mortos no dia em que a verdade assomar no horizonte.
    É dessa caducidade que a propaganda da cáfila vive, mais do chorrilho de asneiras e mentirolas diárias das tevês. Sobre os santos ferreira, os varas, os teixeiras dos santos, o constâncio, o ddt e o seu braço armado, sobre o sentino protetor dos credores que roubaram gerações, sobre as causas do desastre da banca nacional, nada.
    Há muitos mais, de todos os quadrantes, é certo. A ladroagem é transversal ao tecido roto da nação implodida. O cenário escapa aos grandes filósufus tipo pacheco barrigudo, versado em mitologia. Pois é tempo de apontar para o modelo, Hermes, deus do comércio e dos ladrões, o grande inspirador da matilha ansiosa por enviar as suas fotocópias até o rio Estige (Panama e outros offshores) que fica entre os vivos e os mortos que somos nós. São tipos eloquentes, tudólogos, fazem jogging com um capacete com asas de uma estação televisiva para outra e trazem nas mãos o caduceu, bastão escondido com duas serpentes entrelaçadas, a mentira e a ilusão. Como se não bastasse, ainda há um personagem acima da suspeita, a apadrinhar o circo, onde os animais treinados fazem números para entreter a pequenada. Ainda o vamos ver a lavar os pés de tipos em Custóias, a lembrar-se de amigos que lá deviam estar e estão fora. Proscritos? Não, serão os eternos prescritos.

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    • José Ribeiro permalink
      11 Maio, 2017 16:19

      Bravo!

      Um excelente comentário!

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    • Manuel Dias permalink
      12 Maio, 2017 06:44

      Excelente comentário. A manipulação da informação é vergonhosa. A qualidade dos comentários é paupérrima, qualquer pé-rapado ignorante vem para as televisões dizer as maiores baboseiras. Pior: nem sequer têm evidências do que dizem. Antigamente davam-se opiniões sobre factos, hoje produzem-se os factos conforme as opiniões.

      Liked by 1 person

  8. licas permalink
    11 Maio, 2017 15:44

    Paz nos corações

    Desses tempos já passados
    Saudosos do ditador
    E seja lá como for
    Vão vivendo amargurados
    À cata dum redentor
    Seja lá quem ele for.
    Resgatar a Pátria bela
    Fez-se premente mister,
    É a malta que o quer;
    Vá de acender uma vela
    Rezando a mais poder
    Para tal acontecer.

    Com gritinhos de maricas,
    A enfiar-nos barretes
    O “botas” mestre em tricas
    Tinha alguns aderentes:
    Para mais, era um descanso,
    Nos mantinha no remanso.

    licas fecit

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  9. licas permalink
    11 Maio, 2017 18:08

    Recordar

    Havia basta alegria
    Nos tempos do sacristão
    Mesmo com falta de pão
    Folclore se fornecia:
    Eram as danças minhotas,
    E as quadras marotas
    Ao Governo direcção,
    No Teatro eram mato
    Permitido diserato
    Da censura de então
    A pressão aliviava
    De tudo que se passava

    A ignomínia constante
    Todo em todo diferente
    Nessa Europa corrente:
    Uma impante ditadura
    Sem qualquer contemplação
    Da geral condenação.

    licas fecit

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  10. licas permalink
    11 Maio, 2017 18:49

    Um asco

    Não se mexe no Assad,
    O Bashar é intocável,
    Para a Síria ser estável,
    Tirem daí a vontade;
    Manda o Putin advertir
    Para quem quiser ouvir.
    Isto é colónia da Rússia
    Desde o tempo do papá
    E tal assim ficará
    É que daremos na “fúcia”
    Quem nos for contrariar
    Ou obstáculo mostrar.

    Não finda a Guerra Fria,
    Todos grandes nos seus paços
    Sempre encontram palhaços
    Já como se suporia:
    Criminosos ditadores
    Com esses seus protectores.

    licas fecit

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  11. licas permalink
    11 Maio, 2017 22:34

    Guerra é Guerra

    Os “cocótoves” de merda
    Com qu´o povo em sobressalto
    Aos “chuis” tenta fazer alto
    P´ra levar Maduro à queda
    Parece dar repulsão
    Aos fardas da opressão.

    Temendo “fumigações”
    Pelas tropas cometidas
    Sendo agora repetidas
    Nas suas intervenções,
    As biológicas bombas
    Serão fracas? Nem por sombras…

    Ele enfim, seguro está
    Tem as vacas por seu lado
    Por conversa com o gado
    O Maduro não cai já:
    Se ofereceram munição
    Ganha à Oposição.

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  12. Alain Bick permalink
    11 Maio, 2017 23:56

    inaugurada a ‘bianal’ de Veneza

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  13. licas permalink
    12 Maio, 2017 12:55

    Assim vai Venezuela

    Ser preso e torturado
    Por exercer seu direito
    Digo eu que ´stá mal feito:
    Chavistas de mau olhado
    Já nada representais
    Sois Comunistas dos tais.

    Nem p´ra brutos servireis,
    Numa guerra sem igual
    Um tremendo chavascal
    E nada mais obtereis:
    Estais levando uma coça
    Já nem a rua é vossa.

    Detestais a Liberdade,
    Ceauescu´s imitando
    Tudo quero e tudo mando,
    Essa é vossa verdade:
    Não vos vá calhar o fado
    Deste casal odiado.

    Cilia, marque uma data,
    De consultar psiquiatra.

    licas fecit

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