Canto IV adaptado ao pós-Sócrates
Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
— “Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C’uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
— “Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios:
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana!
— “A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D’ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás, figura estóica?
Que triunfos alcançarás indo além da Troika?

Porra Sr. Doutor (summa cum laude) Cunha …
GostarGostar
Vítor Cunha,
Tenho a sugerir-lhe uma pequena correcção. O último verso não é decassílabo, mas undecassílabo. Para além disso, a frase é um pouco incorrecta.
Digamos antes:
Que famas lhe prometerás, figura estóica?
Que triunfos alcançarás além da Troika?
Esse indo está a mais.
GostarGostar
O Sócrates ainda chateia muita gente. Para quem desconversar é um assunto de conversa óptimo. Como saber se amanhã vai chover 🙂
GostarGostar
Corrigenda : «para quem QUER desconversar»…
GostarGostar
Com uma pomada isso acaba por passar.
GostarLiked by 1 person
Vitor Cunha este Canto, parece que fez hemorróidas ao Costa do Ar.
GostarGostar