Der Himmel über Berlin
Sem respeito pela dignidade do ser humano, a começar pela minha, dei comigo a assistir a mais um debate presidencial, desta vez entre dois indivíduos que se arrogam representar a luta entre o Bem e o Mal. A posição de cada um, se pelo Bem, se pelo Mal, é definida pelos apoiantes de cada um, pelo que isto pode ficar confuso para leitores de qualquer uma das trincheiras. Tratou-se, então, do debate André Ventura com Tiago Mayan Gonçalves.
Os apoiantes de cada um deles dizem que o seu candidato limpou o chão com a cabeça ensanguentada do adversário. Para quem está de fora deste platonismo do nacional-folclore, ambas as conclusões são tão desprovidas de aderência ao que viram que se demonstra evidente que os debates podiam ser substituídos por desfiles de misses em fato de banho para conclusões idênticas.
O ponto principal é que nenhum dos candidatos representa o que afirma representar. Ventura afirma representar a direita sem pejo de combater o socialismo, propondo para isso uma versão de estatismo tablóide, um socialismo de Chelas. Mayan Gonçalves afirma representar o liberalismo através da defesa das minorias oprimidas pelo RSI, independentemente de se saberem ou não governar; portanto, um liberalismo da Foz do Douro que não faz ideia onde fica Azevedo, Campanhã. Ambos estariam dispostos a dispor do dinheiro dos contribuintes: um para salvar a TAP, outro para manter minorias fechadas no seu universo estanque, tradicionalista e retrógrado de dependência num sistema de subsídio que nunca tirou ninguém da pobreza, mas que, ao menos, serve para manter essa gente longe dos nossos T3 com vista para o mar.
Para apoiantes de Mayan Gonçalves, Ventura representa o Mal puro, a personificação laica de Satanás num mundo desprovido de Deus, meramente governado pela força da hubris moral que o berço dourado e os apelidos conferem. Para apoiantes de Ventura, Mayan representa mais do mesmo, uma continuidade na aquisição de simpatias do servilismo ao regime do PS instanciado em grandes vultos da cultura nacional como Paulo Baldaia ou Pedro Adão e Silva.
Para os de fora das trincheiras, ambos representam o clube de debate da escola secundária, com ideias coladas a cuspo e afiliação tribal com o mesmo grau de razão que paixão por um clube de futebol, os dois prontos para travarem o tufão com uma peneira, um de marca premium, outro comprada nos chineses.
Os socialistas e os liberais dizem que Mayan Gonçalves ganhou o debate; os órfãos da representatividade popular dizem que Ventura ganhou. Eu só perdi meia-hora da vida que não volto a recuperar.
A solução é simples! Nas presidenciais vota-se Ventura em força, se este ficar à frente da Ana Gomes vai ser um abanão tremendo no sistema! Nas legislativas vota-se IL, porque mais importante que combater RSI sistematicamente parasitas (daqueles que nem tentam integrar o mercado de trabalho) há que combater o socialismo corrupto e estatizante…até porque ao Ventura não vão faltar novos deputados…já a IL nunca se sabe!
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Atrás da cortina
Como se mostram as caves salgadas onde Marcelo tem gravitado?
Este astuto impulsionador dos milhões esbanjados com escrevinhadores de pulsos guiados e moleques carregadores de microfones, ficou pronto a encher a barriga de fretes encomendados de carregar pelo umbigo.
Espero bem que no debate de logo à noite com André Ventura, este lhe atire aos queixos com esta e outras marmeladas preparadas na suja banheira da sarjeta onde vai mergulhando a máscara.
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o céu de Berlim não é para tolos
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…e nessa meia hora aprendeu muito pouco.
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É isto a “Fina flor” que pensa vir a “governar” a Lusitânia?
Estamos feitos ao bife!!!
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Perdeu meia hora, pois Mayan não se focou nas minorias (ao contrário de Ventura e do que vitorcunha refere), antes respondeu q mais importante q o valor de RSI dos ciganos (em q o papel do Estado é fiscalizar o RSI, independentemente de etnias) era o enorme dinheiro torrado na TAP. ,
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Se não se focou nas minorias, fez mal.
A minoria mais discriminada é o contribuinte líquido.
E essa minoria é o principal grupo de onde um candidato da IL pode ir buscar votos.
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Touché!
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Pois eu do que mais gostei foi daquele bocadinho de eloquência Garretiana em que o tal Mayan despejou logo de entrada para cima do Ventura os vigarista, catavento, aldrabão, palhaço e mais tudo o que lhe vinha da alma. Como começo de argumentação foi do melhor! E depois o Ventura é que é o caceteiro…
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VítorCunha, você é uma boa razão para vir a este blogue. É raríssimo concordar consigo mas escreve bem e o seu humor faz-me frequentemente sorrir.
Para situar melhor o grau de discordância sou apoiante firme do PS e do governo, mas pronto, não sou cego nem maluco, e que há falhas há…
E era isto
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Nunca se perde o tempo a assistir a um debate.
E este valeu pela lição de liberalismo que Mayan deu, não sabia que era aquilo.
Também valeu para o conhecer, nunca tinha ouvido falar nele e nem uma foto me lembrava.
Talvez por isso tem 1,7% nas sondagens
Podia melhorar, mas entretanto apareceu o Senhor de Rans que ainda lhe vai tirar votos.
Uma desgraça.
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Pois eu não perdi nada porque não tenho tv e nem pachorra me dá para assistir pela net.
Lá vou lendo os comentários e, para o caso, tanto faz. Se não tiver tempo nem pachorra para mandar alguém por mim à urna, talvez sim, talvez não me dê ao trabalho-
E o trabalho é raro mas é mais ou menos sempre o mesmo- puxar cá para baixo o que tem de ser puxado e votar no que mais mossa faz ao que mais detesto.
Prefiro referendos. Adoro escrever e dizer NÃO!
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Os diretos do Observador são uma boa maneira de acompanhar os debates em leitura curta e sucinta de cada tirada! Foi assim que assisti ao debate de ontem.
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