Saltar para o conteúdo

O povo é quem mais ordena

25 Abril, 2014

povo

45 comentários leave one →
  1. 25 Abril, 2014 00:08

    ehehehe Boa. Créditos ao Portadaloja

    Gostar

  2. josé permalink
    25 Abril, 2014 00:43

    E amanhã, os “Capitães de Abril” no seu revolucionário discurso, vão propor que os terroristas, que perpetraram o 11 de Setembro, sejam considerados “Heróis da Humanidade”, uma vez que, foi pela sua ação, que uma das maiores conquistas civilizacionais – a mobilidade aérea, que aproxima povos, culturas, países e continentes – tenha sido preservada, pelo aumento das medidas de prevenção de segurança então implementadas, que a todos nos garante, uma relativamente alta utilização em segurança desse meio de transporte, que nos deu a LIBERDADE de viajar e DEMOCRATIZOU o turismo.
    Sim, só os Capitães de Abril têm a estaleca moral para tal proposta, pois se eles percebem e aceitam como se transformaram em heróis pelo fim de um regime e de uma guerra colonial, que eles afinal queriam perpetuar com mais direitos assegurados para si, quando decidiram fazer o tal pronunciamento militar que hoje fará 40 anos, do qual perderam o controle da causa, mas não perderam a “pose” para serem os heróis improváveis, que ainda hoje pretendem que veneremos.
    Por isso, porque não também os “outros”, tão injustamente apodados de “terroristas fundamentalistas”?

    Gostar

  3. Vivendi permalink
    25 Abril, 2014 01:38

    As verdades que não nos contam

    «Este livro [Minhas Memórias de Salazar] nasceu da revolta que me causou a revoada de infâmias disparada em Portugal e no estrangeiro acerca de Salazar após a revolução de 25 de Abril de 1974.

    Não houve jornalista da esquerda (e os que o não eram calaram-se…) que não aproveitasse para denegrir Salazar falando sem conhecimento de causa mas repetindo invariavelmente os lugares-comuns postos a correr sobre ele na base da falsidade e da calúnia. O homem barrara durante quarenta anos o avanço do comunismo, não se conformara com abandonar as províncias do Ultramar português ao primeiro empurrão dos que as queriam transformar (como depois sucedeu) em trampolins de assalto ao chamado “Mundo ocidental”, persistitu em sobrepor os interesses reais do povo que governava ao culto das abstracções ideológicas que vão infelicitando a Humanidade… Daí as iras, os ódios, os histerismos, as perfídias, os insultos que a sua figura e a sua acção provocaram em certos meios cada vez mais preponderantes na opinião que se publica.

    Na crise de carácter em que soçobrou a sociedade portuguesa após o 25 de Abril de 1974 viu-se um espectáculo que, embora falho de ineditismo na História, não deixou de ser espantoso. Amigos da véspera apressaram-se a negar relações com os vencidos explicando a gaguejar que os contactos havidos tinham ocorrido mau grado deles, sem simpatia pelos chefes nem adesão às suas ideias. Discípulos fidelíssimos de outrora recusaram com vigor quaisquer vinculações aos que diziam antes serem seus mestres. Pessoas favorecidas por Salazar (que as houve e em grande número) clamaram contra a memória do benfeitor, declarando que tinha menosprezado méritos e serviços concedendo-lhes menos do que pretendiam, vítimas assim de tratamento injusto… Ninguém se atreveu – no ambiente das “mais amplas liberdades” em que toda a tolerância pelas ideias contrárias desapareceu – a arriscar uma palavra de tímida justiça no meio da torrente de odiosas mentiras jorrada sobre a memória do grande homem. Até para criticar os desmandos do presente era preciso começar por injuriar o passado. E ao verem o leão, não já moribundo, mas morto e bem morto, acorreram de toda a parte asnos, alguns que dantes orneavam de gozo ao receberem um complacente olhar dele, para despedirem seu par de coices bem puxado no inerte cadáver abandonado.

    Fui amigo de Salazar e seu colaborador durante muitos anos. Num convívio tão demorado, com períodos de estreita colaboração, tivemos por vezes naturalíssimas divergências que não oculto, mas que por ele foram sempre aceites com tolerância e que mesmo quando o meu feitio assomadiço dos tempos da juventude lhe davam feição conflituosa nunca o levaram a atitudes radicais. O exemplo das nossas relações parece-me bem demonstrativo da personalidade de Salazar e por isso julgo útil dá-lo a conhecer sem ocultar aspectos que numa apologia talvez devessem ser silenciados. Porque o meu intento é revelar o homem tal como foi ou eu o vi e que, como todas as fraquezas inerentes à condição humana, é muito melhor do que surge na imagem deformada pelo ódio vesgo dos inimigos ou que a falta de informação das novas gerações e dos estrangeiros construiu sobre os lugares-comuns de uma campanha adversa.

    Procuro também mostrar o estadista no seu tempo, inserido nas circunstâncias históricas a que teve de fazer face e rodeado pelos homens que com ele colaboraram e que seguiram, melhor ou pior, o seu pensamento e a sua acção ou para qualquer destas contribuíram.

    Oliveira Salazar e Óscar Carmona
    Nesse pensamento e nessa acção houve traços essenciais de doutrina e posições condicionadas pelas conjunturas em que tinham de se definir. Estas têm de ser avaliadas historicamente em função dos acontecimentos e oportunidades em que foram adoptadas. Mas aquilo a que chamei “pensamento essencial” constitui matéria de Filosofia Política e a sua validade não depende do tempo nem dos lugares. Os homens de hoje fariam bem em meditá-lo.

    Porque começa a ser tempo de conhecer e de tentar compreender Salazar e a sua época antes de julgá-los. Por esse mundo criou-se a lenda do “ditador Salazar”. E ao acoimar-se o governante português de ditador, logo aos olhos de muita gente com o cérebro lavado por uma propaganda insistente surge a imagem do tirano, indiferente às leis, absorvente de todos os poderes, espezinhador de todos os direitos, dispondo com arbítrio e arrogância de tudo e de todos numa constante afirmação de posso, quero e mando.

    Assim se criou ao seu governo a reputação de um regime sinistro, sufocando o País onde as pessoas viviam oprimidas nos seus anseios, vigiadas nos seus passos, ameaçadas nos seus actos, amordaçadas na expressão dos seus sentimentos e opiniões, sujeitas a prisão por dá cá aquela palha com o risco de serem torturadas por uma polícia cruel.

    Como era diferente a realidade! Poucos períodos da histórica política portuguesa decorreram sob tão grande preocupação da legalidade por parte dos governantes como os da vigência da Constituição de 1933. A experiência anterior demonstrara a tendência dos portugueses para confundirem liberdade com anarquia e a facilidade com que a vontade da maioria era manipulada por pequenos grupos e facções partidárias. Em 1926 existia um profundo e vigoroso anseio nacional de modificação das instituições e dos costumes governativos. E aceitava-se como verdade apodíctica que seria necessário limitar o exercício de algumas liberdades públicas interessando directamente a poucos para garantir a plenitude do gozo das outras que a generalidade das pessoas queria possuir e até aí não tinha. Porque destas dependia a segurança individual, a possibilidade do trabalho fecundo, o progresso real do País, a efectiva convivência cívica, a almejada paz social. E tudo isto Salazar garantiu durante quase meio século, com serenidade e com prudência, à sombra das leis e com o regular funcionamento das instituições, usando embora da autoridade.

    Teria havido abusos da parte dos agentes da autoridade? Decerto que sim. Não conheço, porém, país ou regime que, no decorrer dos quarenta anos cobertos pelo governo de Salazar, anos de guerras quentes e frias, de revoluções, revoltas, conspirações e subversões, possa gabar-se de não ter conhecido abusos, e grandes, da autoridade ou da liberdade. Sim, também desmandos de liberdade, com avultada conta de vítimas e sequelas trágicas, como os da República espanhola – para não falar nas violências cometidas após a libertação de França ou com a queda do fascismo na Itália. O que se instaurou foi uma jurisprudência que perdoa e aplaude tudo quanto se passa desde que favoreça o que se julga ser a marcha progressista da História e condena em altos gritos, rasgando as vestes imaculadas da humanidade ofendida, aquilo que seja considerado ao arrepio do que convém.

    Se não fosse o largo consenso em que se fundava o regime da Constituição de 1933, acaso teria sido possível mantê-lo durante quase meio século num pequeno País do extremo ocidente europeu, constantemente aberto à devassa indiscreta de todo o mundo e sujeito à influência das crises exteriores?

    Quando após o 25 de Abril o atrevimento comunista quis impor-se ao País, o povo português soube repelir energicamente o totalitarismo marxista, mostrando com clareza que sabia o que queria. E era o mesmo povo que por diversas formas, incluindo o sufrágio livremente exercido, apoiara antes o regime cujo governo concebia a política como instrumento ao serviço do bem-estar da colectividade e não como jogo de egoísmos malabaristas em que, à sombra de bandeiras ideológicas alistadas em conluios internacionais, os partidos joguem aos dados as ambições de poderio.

    Trata-se de um passado próximo. Mas que importa recordar, explicar, revivendo factos, ressuscitando personalidades, rectificando versões falsas ou tendenciosas. Porque esse passado está esquecido por muitos, é ignorado pela gente nova e está desfigurado, deturpado e vilipendiado pelo ódio de alguns».

    Marcello Caetano («Minhas Memórias de Salazar»).

    Gostar

  4. Vivendi permalink
    25 Abril, 2014 01:39

    As verdades que não nos contam II

    “Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho de se transformar numa Suiça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa.”
    “Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República.”

    Marcelo Caetano sobre o 25 de Abril

    Gostar

    • Slint permalink
      25 Abril, 2014 03:34

      Tenho pena que esse estarola não tenha levado com um chumbo na testa estilo Ceausescu, logo naquele dia.

      Gostar

      • 25 Abril, 2014 11:32

        Prá frente ó pessoal das barracas!

        Gostar

      • Hawk permalink
        25 Abril, 2014 12:46

        “… das barracas ou das “barracas”? Ou talvez das barricas…

        Gostar

    • YHWH permalink
      25 Abril, 2014 16:21

      Que bom que era viver a expensas de Angola…

      Gostar

      • Kubo permalink
        25 Abril, 2014 19:26

        Deve informar-se melhor. Angola fazia parte de Portugal; e Portugal de Portugal. Na época Portugal era um País. Convém-lhe, sem dúvida, estudar um pouco de História – não de todo estórias da carochinha para embalar de estultice os ignaros e inocentes úteis.

        A sua confusão vem do facto de Portugal ser hoje um Sítio/Protectorado. Mas nem sempre foi assim. Para sua ilustração:

        > “Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações”.
        – Marcello Caetano após o 25 de Abril.

        > “E hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa história a que cabe o nome de Salazarismo foi o último em que merecemos o nome de Nação independente. Agora, em plena “democracia” e sendo o Povo “soberano”, resta-nos ser uma reserva de eucaliptos para uso de uma obscura entidade económica que tem o pseudónimo de CEE”.
        – Prof. António José Saraiva in “Expresso” de 22 de Abril de 1989.

        De facto Portugal, ao invés do dito, não vivia a “expensas de Angola”. A argumentária tem algo de curioso: na abrilada e PREC era tida como manifestação de inteligência, dizer-se que sem o dispêndio com a Guerra do Ultramar, Portugal poderia ser uma Suiça. Agora parece que só sabem dizer que vivia a “expensas de Angola”. Fazem de conta que não sabem que Angola já existia na 1ª República…

        Indigências, enfim… Não admira que estejamos indigentes, com tais sapiências…

        Gostar

      • YHWH permalink
        26 Abril, 2014 11:16

        Começo da década de 70.

        Preço da tonelada do Algodão no mercado: 100€
        Preço da tonelada do Algodão moçambicano para Lisboa: 10€

        Quer o mesmo para o preço do petróleo de Angola?!…

        Depois ficou batante mais complicado sem os motores económicos de Angola e Mioçambique…

        Mas já me esquecia: Angola é nossa!…

        Gostar

      • Kubo permalink
        27 Abril, 2014 00:04

        Definitivamente não quer entender a evidência: “Angola fazia parte de Portugal; e Portugal de Portugal”. (E Portugal vivia a expensas de Portugal)

        Sabendo-o o Marquês de Pombal e Salazar desenvolveram os territórios e gentes de além-mar; outros (Monarquia Constitucional e 1ª República) propunham ou efectivavam a sua troca por pagamento de dívida em que se enrolavam alegremente; os abrilinos, movidos pelo “instinto das tripas” instituíram “a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir” escrevendo “na nossa história uma página ignominiosa de cobardia e irresponsabilidade” “que nos classifica como um bando de rufias indignos do nome de nação” (Prof. António José Saraiva).

        Gostar

  5. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    25 Abril, 2014 01:53

    O Marcello Caetano era bruxo?

    Gostar

  6. Cáustico permalink
    25 Abril, 2014 02:11

    A menina Deneuve dava uma criada de quarto de estalo!

    Gostar

  7. anónimo permalink
    25 Abril, 2014 07:43

    Ai que horror!
    Uma foto do Povo mau.
    Arranje, por favor, uma foto do Povo bom.

    Gostar

  8. neotonto permalink
    25 Abril, 2014 07:51

    Achava que por um día o JM ia moderniza-la cantiga num dito mais realista. A Troika é (pelo momento) quem mais ordena.Mas enfim.
    Nunca ninguém nao tive segundas oportunidades de graça ainda que a penitencia nesta ocasiao parece ser bem dura e dura-dura-dura doura e dura de roer…

    Gostar

  9. 25 Abril, 2014 08:00

    esta foto é a verdade a q temos direito mas q nos ocultam.

    tomara os bochechas e cia. chegarem aos calcanhares daqueles q criticam anteriores ao 25 Abril .

    Gostar

  10. YHWH permalink
    25 Abril, 2014 08:58

    25 de Abril, substância do tempo

    Esta é a madrugada que eu esperava
    O dia inicial inteiro e limpo
    Onde emergimos da noite e do silêncio
    E livres habitamos a substância do tempo

    Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 – 2004)

    Gostar

    • 25 Abril, 2014 13:29

      Se a poetisa que escrevia sobre as desgraças e sobre a miséria de ouvido, recebesse pelas vezes em que é citada, os filhos estavam ainda mais milionários.

      Gostar

  11. Piscoiso permalink
    25 Abril, 2014 09:59

    Evoé! de pâmpano os soldados
    rompem do tempo em que Evoé! a terra
    salvé rainha descruzando os braços
    com seu pé de papiro pisa a fera.
    Na écloga dos rostos despontados
    onde dos corvos se retira a treva,
    de beijo em beijo as ruas são bailados
    mudam-se as casas para a primavera.
    Evoé! o povo abre o touril
    e sai o Sol perfeitamente Abril
    maravilha da Pátria ressurrecta.
    Evoé! evoé! Tágides minhas
    outras vez prateadas campainhas
    sois na cabeça em fogo do poeta.

    .
    Natália Correia

    Gostar

    • 25 Abril, 2014 13:30

      Boa altura para citar uma que era o esplendor da burguesia.

      Gostar

      • piscoiso permalink
        25 Abril, 2014 14:17

        Burgueses somos nós todos
        ó literatos
        burgueses somos nós todos
        ratos e gatos

        Mário Cesariny

        Mário nós não somos todos burgueses
        os gatos e os ratos se quiseres,
        os literatos esses são franceses
        e todos soletramos malmequeres.

        Da vida o verbo intransitivo
        não é burguês é ruim;
        e eu que nas nuvens vivo
        nuvens! O que direi de mim?

        Burguês é esse menino extraordinário
        que nasce todos os anos em Belém
        e a poesia se não diz isto Mário
        é burguesa também.

        Burguês é o carro funerário.
        Os mortos são naturalmente comunistas.
        Nós não somos burgueses Mário
        o que nós somos todos é sebastianistas.

        Natália Correia

        Gostar

      • 25 Abril, 2014 15:51

        Bem o Mário além de burguês também era outra coisa.
        Parem, não se enterrem mais.
        Vão antes buscar o Camões.

        Gostar

      • piscoiso permalink
        25 Abril, 2014 17:09

        Fruto de uma encomenda feita pelo Teatro Nacional D. Maria II, por iniciativa do seu director de então, Lima de Freitas, destinada às comemorações do 4º centenário da morte de Camões, a peça “Erros meus, má fortuna, amor ardente” de Natália Correia, ver-se-á impedida de subir à cena, pelo facto do secretário de Estado da Cultura à data (Vasco Pulido Valente) recusar o financiamento da produção. Vítima que fora da censura ditatorial, Natália somará também na sua carreira uma outra espécie de censura em tempo democrático; aquela que é exercida sob a forma de boicote económico.

        Gostar

      • 25 Abril, 2014 17:56

        Até chorei.
        Coitadinha da Natália também ela vítima dos “subsídios”.
        Mas porque é que não organizou uma quermesse no Botequim onde havia muitos “militares de Abril”, muitos políticos influentes, boas bebidas a Helena Roseta e muito dinheiro?

        Gostar

      • ocni permalink
        28 Abril, 2014 16:25

        tadinha da natalia, vitima de boicote económico. E tu, piscoiso, sabendo disso não abriste os cordões à tua bolsa para a ajudar.
        Ah, espera, não tu queria é abrir os bolsos dos outros para ajudar a pobrezinha da natalia. Tão solidário com o dinheiro dos outros.

        Gostar

  12. Bento 2014 permalink
    25 Abril, 2014 10:03

    Sinto-me embraiado, o motor ronca mas a trotineta não se mexe. Não há respeito pelo 25 de Abril quando ainda hoje todos o querem cavalgar como propriedade sua, mesmo o que lhe saltaram em cima á pressa. Por este andar nunca mais chega Maio.

    Gostar

  13. YHWH permalink
    25 Abril, 2014 11:13

    Há 20 anos, Passos Coelho alertava para desemprego jovem (Renascença)

    O país comemorava os 20 anos da Revolução e o PSD deu a palavra na sessão solene a um jovem deputado, prestes a fazer 30 anos. Pedro Passos Coelho subiu à tribuna para falar do presente, dos problemas e aspirações da juventude.

    Gostar

  14. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    25 Abril, 2014 13:13

    Dedicado ao coronel Vasco “Melena & Pá” Lourenço. E um bocadinho ao Otelo, porque também é coronel.

    Gostar

    • Chico permalink
      25 Abril, 2014 20:38

      Os gajos esqueceram-se de baptizar a marcha com o nome de 25A como fizeram `Ponte Salazar. É só chulos. Os Chulos de Abril.

      Gostar

  15. gastão permalink
    25 Abril, 2014 13:31

    A troika é quem mais ordenHa.

    Gostar

  16. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    25 Abril, 2014 13:50

    Estavam lá todos, os da aliança Povo/MFA. O Luís Filipe Costa, grande apreciador das democracias do Leste, foi o coreógrafo de serviço. Fosse o Largo da Carmo maior, e quem sabe, poderia sair dali hoje o prometido golpe dos coronéis para restaurar o espírito de Abril. Em vez de um Chavez, temos um Lourenço, mas cada um tem o que merece. E pá!

    Gostar

  17. YHWH permalink
    25 Abril, 2014 14:10

    Pedra Filosofal

    Eles não sabem que o sonho
    é uma constante da vida
    tão concreta e definida
    como outra coisa qualquer,
    como esta pedra cinzenta
    em que me sento e descanso,
    como este ribeiro manso,
    em serenos sobressaltos,
    como estes pinheiros altos,
    que em oiro se agitam,
    como estas aves que gritam
    em bebedeiras de azul.

    Eles não sabem que o sonho
    é vinho, é espuma, é fermento,
    bichinho alacre e sedento,
    de focinho pontiagudo,
    que foça através de tudo
    num perpétuo movimento.

    Eles não sabem que o sonho
    é tela, é cor, é pincel,
    base, fuste, capitel,
    arco em ogiva, vitral,
    pináculo de catedral,
    contraponto, sinfonia,
    máscara graga, magia,
    que é retorta de alquimista,
    mapa do mundo distante,
    rosa dos ventos, Infante,
    caravela quinhentista,
    que é cabo da Boa Esperança,
    ouro, canela, marfim,
    florete de espadachim,
    bastidor, paço de dança,
    Colombina e Arlequim,
    passarola voadora,
    pára-raios, locomotiva,
    barco de proa festiva,
    alto-forno, geradora,
    cisão de átomo, radar,
    ultra-som, televisão,
    desembarque em foguetão
    na superfície lunar.
    Eles não sabem, nem sonham,
    que o sonho comanda a vida.
    Que sempre que o homem sonha
    o mundo pula e avança
    como bola colorida
    entre as mãos de uma criança.

    Gostar

    • 25 Abril, 2014 14:33

      Não é de bom tom.
      Só começou a ser conhecida depois daquele que não quer o nome do Pai misturado com o seu, palmou o restaurante â Mãe.
      Grandes famílias.
      Vocês hoje andam com azar com os poetas.

      Gostar

    • Alexandre Carvalho da Silveira permalink
      25 Abril, 2014 15:30

      O Professor Rómulo da Carvalho que tive o privilégio de conhecer pessoalmente e que usava o pseudónimo de António Gedeão, escreveu este magnifico poema nos anos cinquenta do século passado. Manuel Freire que em boa hora o musicou e cantou, fê-lo em 1969. Nada a ver com o 25 de Abril, portanto. E apesar da censura, passava na rádio, assim como a “Grândola, Vila Morena”, incluida no álbum “Cantigas de Maio”, também passava na rádio. Tanto passava na rádio, que passou na noite de 24 de Abril de 1974 , antes do “fassismo” cair. Os estalinistas mentirosos que andam por aí a tentar reescrever a história, é que dizem que não, que a censura proíbia, o que é mentira.

      Gostar

      • cepatorta permalink
        25 Abril, 2014 18:54

        Estive colocado numa unidade militar do Algarve, quando passava em Grandola no meu Honda600, colocava a tocar uma cassete de cartucho com a música do Zeca Afonso: Grândola Vila morena. Isto no inuicio de 1973. unca ouvi dizer que estava a cometer uma ilegalidade. Aliás, comprei a cassete numa discoteca legalizada e bem conhecida de Lisboa.

        Gostar

      • Alexandre Carvalho da Silveira permalink
        25 Abril, 2014 21:23

        Ouvi há poucos minutos João Paulo Dinis, o lucutor do Rádio Club Português que passou o “Depois do Adeus” na noite de 24 de Abril, dizer na tv que os discos do Zeca Afonso “estavam proibidíssimos” de passar na rádio portuguesa em 1974: É MENTIRA!!!! Esta gente está mesmo apostada em reescrever a história, e para isso vale tudo, até mentir despudoradamente, mesmo em relação a coisas sem importância.

        Gostar

  18. RJU permalink
    25 Abril, 2014 14:12

    Caros Blasfemos,

    Peço desculpa pela invasão deste espaço. Alguém por acaso viu ou tem o video do directo (ridiculo)da TVI24 ontem à noite no Largo do Carmo?

    Gostar

    • 25 Abril, 2014 14:48

      Não sei de que fala, mas pelos vistos, ainda bem que não vi.

      Gostar

  19. Fincapé permalink
    25 Abril, 2014 14:57

    Alguém que chegasse agora de Marte e lesse alguns dos comentários dos nossos liberais mostrando saudades do 24 de abril concluiria que vivíamos nesse tempo num paraíso liberal.
    Ou então, sou eu que não entendo nada de liberalismo. Ou então, é o liberalismo que já não é o que era. Ou então, o liberalismo foi sempre assim. Ou então, são apenas opiniões que não traduzem as ideias liberais. Ou então, não sei. 😉

    Gostar

    • 25 Abril, 2014 16:07

      O Liberalismo sempre foi o lado mais cor de rosa (pintalgado) do fascismo.
      É natural que confunda alguns incáutos adaptando coloridos de acordo com ambientes temporariamente de feição! Vão entrar na real. Questão de mais algum tempo.

      Gostar

    • Fernando S permalink
      25 Abril, 2014 21:57

      Fincapé,
      Mas o Fincapé não chegou agora de Marte …
      Desafio-o a indicar um post ou um comentário dos “nossos liberiais mostrando saudades do 24 de abril” !!…
      Não creio que encontre um unico …
      Os “nossos liberais” não preferem, de modo nenhum, o “24 de Abril” ao “25 de Abril”.
      Antes pelo contrario, são contra todas as formas de iliberalismo, venham elas de ditaduras de direita ou de totalitarismos de esquerda.
      Não aceitam é que o “25 de Abril” seja apropriado por aqueles que defenderam no passado e defendem hoje posições contrárias à liberdade e à democracia.
      Não aceitam é que o “25 de Abril” seja reduzido ao que de pior se fez e se faz a seguir ao “25 de Abril”, mesmo que tivesse sido e seja em nome do “25 de Abril”.
      Não aceitam é que aqueles que são verdadeiramente os herdeiros do “11 de Março”, que procurou anular o “25 de Abril”, e que foram derrotados pelo “25 de Novembro”, que restabeleceu o “25 de Abril”, venham agora dar lições de … “25 de Abril”.
      Não aceitam é que o “25 de Abril” seja actualmente apropriado por uma esquerda que perdeu as ultimas eleições legislativas e que o pretende utilizar como argumento de deslegitimação de um governo eleito acordo com um sistema politico saido do … “25 de Abril”.
      Não aceitam é que que se queira “suspender a democracia” em nome do “25 de Abril”.
      No fim de contas, não aceitam lições de “25 de Abril” daqueles que se revelam como estando muito mais proximos dos valores e das das práticas iliberais do “24 de Abril” !

      Gostar

    • JorgeGabinete permalink
      26 Abril, 2014 00:16

      Boas, a minha satisfação pouco expressa não é pelo que temos mas sim por olhar para aqueles serôdios e perceber do que nos livramos.

      Gostar

  20. @!@ permalink
    25 Abril, 2014 15:17

    Está muito bem visto. O povo em massa, na bestega, a dizer presente, como Marcelo nada fez, lá se teve que fazer a Abrilada. E o João continua a não entender o povo. É o que faz lidar com numeros.

    Gostar

  21. 25 Abril, 2014 16:22

    Abaixo as manobras da Direita!

    Gostar

  22. YHWH permalink
    27 Abril, 2014 07:40

    As Portas que Abril Abriu!
    Era uma vez um país
    onde entre o mar e a guerra
    vivia o mais infeliz
    dos povos à beira-terra.
    Onde entre vinhas sobredos
    vales socalcos searas
    serras atalhos veredas
    lezírias e praias claras
    um povo se debruçava
    como um vime de tristeza
    sobre um rio onde mirava
    a sua própria pobreza.

    Era uma vez um país
    onde o pão era contado
    onde quem tinha a raiz
    tinha o fruto arrecadado
    onde quem tinha o dinheiro
    tinha o operário algemado
    onde suava o ceifeiro
    que dormia com o gado
    onde tossia o mineiro
    em Aljustrel ajustado
    onde morria primeiro
    quem nascia desgraçado.

    Era uma vez um país
    de tal maneira explorado
    pelos consórcios fabris
    pelo mando acumulado
    pelas ideias nazis
    pelo dinheiro estragado
    pelo dobrar da cerviz
    pelo trabalho amarrado
    que até hoje já se diz
    que nos tempos do passado
    se chamava esse país
    Portugal suicidado.

    Ali nas vinhas sobredos
    vales socalcos searas
    serras atalhos veredas
    lezírias e praias claras
    vivia um povo tão pobre
    que partia para a guerra
    para encher quem estava podre
    de comer a sua terra.

    Um povo que era levado
    para Angola nos porões
    um povo que era tratado
    como a arma dos patrões
    um povo que era obrigado
    a matar por suas mãos
    sem saber que um bom soldado
    nunca fere os seus irmãos.

    Ora passou-se porém
    que dentro de um povo escravo
    alguém que lhe queria bem
    um dia plantou um cravo.

    Era a semente da esperança
    feita de força e vontade
    era ainda uma criança
    mas já era a liberdade.

    Era já uma promessa
    era a força da razão
    do coração à cabeça
    da cabeça ao coração.
    Quem o fez era soldado
    homem novo capitão
    mas também tinha a seu lado
    muitos homens na prisão.

    Esses que tinham lutado
    a defender um irmão
    esses que tinham passado
    o horror da solidão
    esses que tinham jurado
    sobre uma côdea de pão
    ver o povo libertado
    do terror da opressão.

    Não tinham armas é certo
    mas tinham toda a razão
    quando um homem morre perto
    tem de haver distanciação

    uma pistola guardada
    nas dobras da sua opção
    uma bala disparada
    contra a sua própria mão
    e uma força perseguida
    que na escolha do mais forte
    faz com que a força da vida
    seja maior do que a morte.

    Quem o fez era soldado
    homem novo capitão
    mas também tinha a seu lado
    muitos homens na prisão.

    Posta a semente do cravo
    começou a floração
    do capitão ao soldado
    do soldado ao capitão.

    Foi então que o povo armado
    percebeu qual a razão
    porque o povo despojado
    lhe punha as armas na mão.

    Pois também ele humilhado
    em sua própria grandeza
    era soldado forçado
    contra a pátria portuguesa.

    Era preso e exilado
    e no seu próprio país
    muitas vezes estrangulado
    pelos generais senis.

    Capitão que não comanda
    não pode ficar calado
    é o povo que lhe manda
    ser capitão revoltado
    é o povo que lhe diz
    que não ceda e não hesite
    – pode nascer um país
    do ventre duma chaimite.

    Porque a força bem empregue
    contra a posição contrária
    nunca oprime nem persegue
    – é força revolucionária!

    Foi então que Abril abriu
    as portas da claridade
    e a nossa gente invadiu
    a sua própria cidade.

    Disse a primeira palavra
    na madrugada serena
    um poeta que cantava
    o povo é quem mais ordena.

    E então por vinhas sobredos
    vales socalcos searas
    serras atalhos veredas
    lezírias e praias claras
    desceram homens sem medo
    marujos soldados «páras»
    que não queriam o degredo
    dum povo que se separa.
    E chegaram à cidade
    onde os monstros se acoitavam
    era a hora da verdade
    para as hienas que mandavam
    a hora da claridade
    para os sóis que despontavam
    e a hora da vontade
    para os homens que lutavam.

    Em idas vindas esperas
    encontros esquinas e praças
    não se pouparam as feras
    arrancaram-se as mordaças
    e o povo saiu à rua
    com sete pedras na mão
    e uma pedra de lua
    no lugar do coração.

    Dizia soldado amigo
    meu camarada e irmão
    este povo está contigo
    nascemos do mesmo chão
    trazemos a mesma chama
    temos a mesma ração
    dormimos na mesma cama
    comendo do mesmo pão.
    Camarada e meu amigo
    soldadinho ou capitão
    este povo está contigo
    a malta dá-te razão.

    Foi esta força sem tiros
    de antes quebrar que torcer
    esta ausência de suspiros
    esta fúria de viver
    este mar de vozes livres
    sempre a crescer a crescer
    que das espingardas fez livros
    para aprendermos a ler
    que dos canhões fez enxadas
    para lavrarmos a terra
    e das balas disparadas
    apenas o fim da guerra.

    Foi esta força viril
    de antes quebrar que torcer
    que em vinte e cinco de Abril
    fez Portugal renascer.

    E em Lisboa capital
    dos novos mestres de Aviz
    o povo de Portugal
    deu o poder a quem quis.

    Mesmo que tenha passado
    às vezes por mãos estranhas
    o poder que ali foi dado
    saiu das nossas entranhas.
    Saiu das vinhas sobredos
    vales socalcos searas
    serras atalhos veredas
    lezírias e praias claras
    onde um povo se curvava
    como um vime de tristeza
    sobre um rio onde mirava
    a sua própria pobreza.

    E se esse poder um dia
    o quiser roubar alguém
    não fica na burguesia
    volta à barriga da mãe.
    Volta à barriga da terra
    que em boa hora o pariu
    agora ninguém mais cerra
    as portas que Abril abriu.

    Essas portas que em Caxias
    se escancararam de vez
    essas janelas vazias
    que se encheram outra vez
    e essas celas tão frias
    tão cheias de sordidez
    que espreitavam como espias
    todo o povo português.
    Agora que já floriu
    a esperança na nossa terra
    as portas que Abril abriu
    nunca mais ninguém as cerra.

    Contra tudo o que era velho
    levantado como um punho
    em Maio surgiu vermelho
    o cravo do mês de Junho.

    Quando o povo desfilou
    nas ruas em procissão
    de novo se processou
    a própria revolução.

    Mas eram olhos as balas
    abraços punhais e lanças
    enamoradas as alas
    dos soldados e crianças.

    E o grito que foi ouvido
    tantas vezes repetido
    dizia que o povo unido
    jamais seria vencido.

    Contra tudo o que era velho
    levantado como um punho
    em Maio surgiu vermelho
    o cravo do mês de Junho.

    E então operários mineiros
    pescadores e ganhões
    marçanos e carpinteiros
    empregados dos balcões
    mulheres a dias pedreiros
    reformados sem pensões
    dactilógrafos carteiros
    e outras muitas profissões
    souberam que o seu dinheiro
    era presa dos patrões.

    A seu lado também estavam
    jornalistas que escreviam
    actores que se desdobravam
    cientistas que aprendiam
    poetas que estrebuchavam
    cantores que não se vendiam
    mas enquanto estes lutavam
    é certo que não sentiam
    a fome com que apertavam
    os cintos dos que os ouviam.

    Porém cantar é ternura
    escrever constrói liberdade
    e não há coisa mais pura
    do que dizer a verdade.

    E uns e outros irmanados
    na mesma luta de ideais
    ambos sectores explorados
    ficaram partes iguais.

    Entanto não descansavam
    entre pragas e perjúrios
    agulhas que se espetavam
    silêncios boatos murmúrios
    risinhos que se calavam
    palácios contra tugúrios
    fortunas que levantavam
    promessas de maus augúrios
    os que em vida se enterravam
    por serem falsos e espúrios
    maiorais da minoria
    que diziam silenciosa
    e que em silêncio fazia
    a coisa mais horrorosa:
    minar como um sinapismo
    e com ordenados régios
    o alvor do socialismo
    e o fim dos privilégios.

    Foi então se bem vos lembro
    que sucedeu a vindima
    quando pisámos Setembro
    a verdade veio acima.

    E foi um mosto tão forte
    que sabia tanto a Abril
    que nem o medo da morte
    nos fez voltar ao redil.

    Ali ficámos de pé
    juntos soldados e povo
    para mostrarmos como é
    que se faz um país novo.

    Ali dissemos não passa!
    E a reacção não passou.
    Quem já viveu a desgraça
    odeia a quem desgraçou.

    Foi a força do Outono
    mais forte que a Primavera
    que trouxe os homens sem dono
    de que o povo estava à espera.

    Foi a força dos mineiros
    pescadores e ganhões
    operários e carpinteiros
    empregados dos balcões
    mulheres a dias pedreiros
    reformados sem pensões
    dactilógrafos carteiros
    e outras muitas profissões
    que deu o poder cimeiro
    a quem não queria patrões.

    Desde esse dia em que todos
    nós repartimos o pão
    é que acabaram os bodos
    — cumpriu-se a revolução.

    Porém em quintas vivendas
    palácios e palacetes
    os generais com prebendas
    caciques e cacetetes
    os que montavam cavalos
    para caçarem veados
    os que davam dois estalos
    na cara dos empregados
    os que tinham bons amigos
    no consórcio dos sabões
    e coçavam os umbigos
    como quem coça os galões
    os generais subalternos
    que aceitavam os patrões
    os generais inimigos
    os generais garanhões
    teciam teias de aranha
    e eram mais camaleões
    que a lombriga que se amanha
    com os próprios cagalhões.
    Com generais desta apanha
    já não há revoluções.

    Por isso o onze de Março
    foi um baile de Tartufos
    uma alternância de terços
    entre ricaços e bufos.

    E tivemos de pagar
    com o sangue de um soldado
    o preço de já não estar
    Portugal suicidado.

    Fugiram como cobardes
    e para terras de Espanha
    os que faziam alardes
    dos combates em campanha.

    E aqui ficaram de pé
    capitães de pedra e cal
    os homens que na Guiné
    aprenderam Portugal.

    Os tais homens que sentiram
    que um animal racional
    opõe àqueles que o firam
    consciência nacional.

    Os tais homens que souberam
    fazer a revolução
    porque na guerra entenderam
    o que era a libertação.

    Os que viram claramente
    e com os cinco sentidos
    morrer tanta tanta gente
    que todos ficaram vivos.

    Os tais homens feitos de aço
    temperado com a tristeza
    que envolveram num abraço
    toda a história portuguesa.

    Essa história tão bonita
    e depois tão maltratada
    por quem herdou a desdita
    da história colonizada.

    Dai ao povo o que é do povo
    pois o mar não tem patrões.
    – Não havia estado novo
    nos poemas de Camões!

    Havia sim a lonjura
    e uma vela desfraldada
    para levar a ternura
    à distância imaginada.

    Foi este lado da história
    que os capitães descobriram
    que ficará na memória
    das naus que de Abril partiram

    das naves que transportaram
    o nosso abraço profundo
    aos povos que agora deram
    novos países ao mundo.

    Por saberem como é
    ficaram de pedra e cal
    capitães que na Guiné
    descobriram Portugal.

    E em sua pátria fizeram
    o que deviam fazer:
    ao seu povo devolveram
    o que o povo tinha a haver:
    Bancos seguros petróleos
    que ficarão a render
    ao invés dos monopólios
    para o trabalho crescer.
    Guindastes portos navios
    e outras coisas para erguer
    antenas centrais e fios
    dum país que vai nascer.

    Mesmo que seja com frio
    é preciso é aquecer
    pensar que somos um rio
    que vai dar onde quiser

    pensar que somos um mar
    que nunca mais tem fronteiras
    e havemos de navegar
    de muitíssimas maneiras.

    No Minho com pés de linho
    no Alentejo com pão
    no Ribatejo com vinho
    na Beira com requeijão
    e trocando agora as voltas
    ao vira da produção
    no Alentejo bolotas
    no Algarve maçapão
    vindimas no Alto Douro
    tomates em Azeitão
    azeite da cor do ouro
    que é verde ao pé do Fundão
    e fica amarelo puro
    nos campos do Baleizão.
    Quando a terra for do povo
    o povo deita-lhe a mão!

    É isto a reforma agrária
    em sua própria expressão:
    a maneira mais primária
    de que nós temos um quinhão
    da semente proletária
    da nossa revolução.

    Quem a fez era soldado
    homem novo capitão
    mas também tinha a seu lado
    muitos homens na prisão.

    De tudo o que Abril abriu
    ainda pouco se disse
    um menino que sorriu
    uma porta que se abrisse
    um fruto que se expandiu
    um pão que se repartisse
    um capitão que seguiu
    o que a história lhe predisse
    e entre vinhas sobredos
    vales socalcos searas
    serras atalhos veredas
    lezírias e praias claras
    um povo que levantava
    sobre um rio de pobreza
    a bandeira em que ondulava
    a sua própria grandeza!
    De tudo o que Abril abriu
    ainda pouco se disse
    e só nos faltava agora
    que este Abril não se cumprisse.
    Só nos faltava que os cães
    viessem ferrar o dente
    na carne dos capitães
    que se arriscaram na frente.

    Na frente de todos nós
    povo soberano e total
    que ao mesmo tempo é a voz
    e o braço de Portugal.

    Ouvi banqueiros fascistas
    agiotas do lazer
    latifundiários machistas
    balofos verbos de encher
    e outras coisas em istas
    que não cabe dizer aqui
    que aos capitães progressistas
    o povo deu o poder!
    E se esse poder um dia
    o quiser roubar alguém
    não fica na burguesia
    volta à barriga da mãe!
    Volta à barriga da terra
    que em boa hora o pariu
    agora ninguém mais cerra
    as portas que Abril abriu!

    Ary dos Santos

    Gostar

Indigne-se aqui.