A atitude cândida de misturar a moral com os negócios
A certa altura deste comentário, escreve o Carlos:
(…) Por último temos as engenharias financeiras “legais” (mas imorais), descobertas pelos melhores fiscalistas e economistas que a banca contrata, de modo a explorar da melhor forma as brechas da lei (algumas conhecidas e consentidas pelo Estado, como regras do jogo). As operações off-shores são conhecidas há muitos anos e parece só agora serem crime! (…)
Pois é, o mundo está repleto destas indignações fáceis, mas se quisermos garantir a coerência entre ética, moral e prática, todos temos de ser consistentes nesta. Assim, quem se chocar com os lucros “escandalosos” da Banca, só terá de:
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Se for Cliente, fechar a conta;
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Se for Accionista, vender as acções;
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Se for Fornecedor, aumentar os preços ou deixar de fornecer;
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Se for Colaborador, demitir-se;
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Se for Reformado, solicitar o levantamento da sua quota parte no Fundo de Pensões;
Se de facto todos professarmos os mesmos valores éticos e morais, uma actuação como a sugerida terá efeitos quase imediatos na reposição do “equilíbrio”. Mas como não se descortina uma actuação concertada naquele sentido, então haverá uma grande diversidade de valores (e ainda bem) e(ou) interesses mais complementares que divergentes. Diga-se de resto que os lucros da banca decorrem em grande medida da gestão racional dos custos, entre eles os custos fiscais. A impossibilidade de baixar custos repercutir-se-á, tarde ou cedo, no aumento de preços. Pagaríamos todos mais, mas ficaríamos decerto mais felizes, pois estariam salvaguardadas a “moral” e também a completa extorsão fiscal, que pelos vistos não é crime.
Portanto, quem não for stakeholder, que trate da sua vidinha ou, não suportando a vergonha do escândalo e pretendendo assumir “responsabilidades morais” perante a sociedade, procure dar um exemplo prático constituindo um banco livre de imperfeições ou impurezas. Claro que teria de escolher os stakeholders a dedo e portanto, importar do Céu todos os “querubins imaculados” que por lá abundam…
A indignação gratuita “à Cavaco” terá, como efeito último, a imposição de uma moral ou de uma ética por decreto e então ficaríamos todos certamente muito pior. Mas para lá caminhamos, como bem indiciam a recente lei do tabaco e a pretensamente profilática mas de facto terrorista actuação da ASAE…

Sim senhor, eu já comecei por fechar a conta e investir o dinheiro em terrenos urbanizados.
E vou continuar a mandar os Bancos à fava.
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Não tem razão caro LR como muitos economistas incluindo o João César da Neves por exemplo lhe explicariam caso quisesse perder uns segundos do seu tempo e perceber que o mercado livre não resolve tudo. Concordo consigo que é a melhor forma de criar uma utilização eficiente de recursos escassos mas contrariamente aquilo que pensa não é suficiente. Em matemática dizemos que é uma condição necessária mas não suficiente. Temos efectivamente de ter um mercado livre mas temos também de ter pessoas com ética empresarial à frente das empresas. Imperativamente. Sobre o risco de destruirmos a sociedade como a conhecemos. Vários capitalistas orientais incluindo Matsushita afirmam “o lucro de uma empresas apenas se pode justificar pelo beneficio que retorna à sociedade”. O enriquecimento indevido, a utilização de offshores para fugir aos impostos ou pior não são de forma nenhuma benefícios para ninguém excepto para os criminosos que os praticam. E não há desculpa qualquer para isso nem sequer os supostos resultados económicos. O estado tem de poder intervir e punir de forma exemplar os prevaricadores. Só assim manteremos uma sociedade coesa e viável. Manter esta visão redutora de que o mercado conseguirá resolver tudo é um absurdo tão grande como defender uma organização planificadora do estado.
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o mal não está no sistema mas na escumalha que se serve dele impunemente
original e muito estranho é haver corrupção e não haver corruptos
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Agora é que disse tudo Balde-De-Cal. Qualquer outro argumento, sem que primeiro explique o que disse, cai em saco roco.
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roto
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Não deixa de ser um insulto.
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Nem quero acreditar!
O Blasfémias também foi “okupado”????
Ou a parvoíce é epidémica?
Não é possível!…
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um aluno disse a prof universitário do Recife: “vai boi voando!”. resposta “qual é a cor do boi?”. já nada nos causa admiração, é tudo natural
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O Governo Socialista-Democrata do Eng. Sócratas está contente. Conseguiu desviar as atenções. A inveja tipicamente pavloviana Portuguesa mostra habitualmente a sua cabeça sempre que alguém ganha dinheiro em tempo de crise -que tal falar dos imposrtos da banca?, pois é é demasiado complicado…- em vez que do dinheiro dos impostos estão sempre á espera de um emprego ou em menor escala de um subsídio.
“o lucro de uma empresas apenas se pode justificar pelo beneficio que retorna à sociedade”
A empresa não tem de justificar coisa nenhuma, é da liberdade dos indíviduos formarem uma organização para vender produtos que outros queiram comprar. Ou está a confundir uma empresa com uma instituição de “beneficiência”?
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“Ou está a confundir uma empresa com uma instituição de “beneficiência”?”
Resposta: não ha confusão possível.
Mas confundir algumas empresas com associações de malfeitores é bem possível.
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O LR tem uma argumentação curiosa, não negando os atropelos bancários mas justificando-os de vários modos. Para si, qualquer meio é lícito se o tribunal não conseguir condenar. Por vezes é até lícito se a penalização fôr inferior aos lucros que a “engenharia” rendeu.
No seu ponto de vista não há moralidade. Simplesmente lei. E se o banco conseguir esfolar o gato dentro da lei, ninguém reclame. Aliás, quem tiver reclamações que não use os bancos!
Já agora para quê as supervisões do BP e da CMVM ?
E que importa o modo como o BCP apresentou lucros fictícios?
E para que andam a espiolhar a ex administração do BCP ?
A certa altura da sua argumentação, diz “… você deve é culpar o Estado corporativo” ! Assume que as más práticas existem , mas no seu critério são legais e aceitáveis, já que não há lei que as condene e o Estado é permissivo! Tem toda a raazão. É exactamente assim !
Como não posso condenar o larápio de furta a carteira. Condeno é o sistema judicial que não se importa com isso.
Repare que neste debate alargado, a maior parte das pessoas aponta as tropelias que os bancos praticam, mas não lhe imputam directamente a responsabilidade. Querem é que o Estado intervenha para evitar práticas bancárias dolosas para com o cidadão, com o mesmo afinco que o Estado pôe no combate às “engenharias” para fugir ao fisco.
O Fernando Vasconcelos 27 Fevereiro, 2008 às 9:45 pm :, entendeu correctamente o seu ponto de vista sobre as práticas no sistema bancário, e subscrevo o que ele lhe disse.
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Se de facto todos professarmos os mesmos valores éticos e morais, uma actuação como a sugerida terá efeitos quase imediatos na reposição do “equilíbrio”.
Este é o tipo de frase bem demagógica, tentando mostrar haver uma saída para quem não quer pactuar com a mafia.
Repare na palavra todos. Ela faz toda a diferença. É claro que não há “todos” e o “se” nem chega a ser hipótese. Nem o LR, se trabalhasse no BCP, pediria a demissão de chegasse à conclusão que estava a trabalhar num banco de “criminosos” condenados em juízo.
Logo a hipótese é só retórica. O que me quer dizer é que isto funciona mesmo assim, muito perto dos métodos mafiosos, e que quem quiser sobreviver terá de se adaptar e aprender a jogar este jogo sujo.
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“Resposta: não ha confusão possível.
Mas confundir algumas empresas com associações de malfeitores é bem possível.”
Isso é suposto ser um argumento? Também é possível “confundir” algumas pessoas com criminosos…
Se o que se passa no Ministério da Educação, Saúde, Agricultura, Cultura se passasse com empresas qual seria o nível da sua tolerância? O que pensa da dupla tributação na compra de carros e do facto do Estado Português estar a defender tal coisa. Que pensa da violação da Constituição da Republica Portuguesa ? Que pensa do deficit da Câmara de Lisboa?
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Ainda bem que leio este blog.
Fico a saber o que pensam estes liberais.
E digo para os meus botões: se o liberalismo é isto, não obrigado!
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Caro Fernando Vasconcelos,
“(…) e perceber que o mercado livre não resolve tudo. Concordo consigo que é a melhor forma de criar uma utilização eficiente de recursos escassos mas contrariamente aquilo que pensa não é suficiente.”
Claro que o sistema de mercado livre não resolve tudo, ou não fosse ele constituído por pessoas imperfeitas. Quem não concorda ou não aceita os seus mecanismos é que lhe “exige” geralmente que nos garanta o paraíso na terra.
“Temos efectivamente de ter um mercado livre mas temos também de ter pessoas com ética empresarial à frente das empresas. Imperativamente.”
Mas o mercado tem a sua ética e preza sobretudo valores como a credibilidade e a confiança, que se vão consolidando com a capacidade que os agentes mostram para honrar os contratos assumidos livremente. E isso não implica a “santificação” dos dirigentes das Instituições, que por vezes não passam de uns crápulas. Já ouviu falar da coexistência de vícios privados com públicas virtudes?
“o lucro de uma empresas apenas se pode justificar pelo beneficio que retorna à sociedade”.
Eu estou convicto que uma empresa lucrativa traz benefícios líquidos para a comunidade envolvente. E também não tenho dúvidas dos malefícios sociais de uma empresa deficitária.
“O enriquecimento indevido, a utilização de offshores para fugir aos impostos ou pior não são de forma nenhuma benefícios para ninguém excepto para os criminosos que os praticam.”
O tema em discussão são os lucros da banca e o escândalo que eles provocam. Ainda ninguém me conseguiu demonstrar que se trata de enriquecimento indevido e obtido de forma ilícita. Por outro lado, dizer-se que se utilizam offshores para fugir aos impostos é um pleonasmo. Eles existem para isso, como mecanismo defensivo face às elevadas taxas de tributação, que em Portugal já estão ao nível da pura extorsão. Não será isto crime? Refira-se ainda a perfeita hipocrisia dos Estados face aos offshores, muitos deles criados por eles próprios para atrairem poupanças de não residentes a cujos rendimentos garantem isenções fiscais (vg., o centro offshore da Madeira). Mas a demanda por parte de residentes de idênticos mecanismos já é crime…
“O estado tem de poder intervir e punir de forma exemplar os prevaricadores. Só assim manteremos uma sociedade coesa e viável. Manter esta visão redutora de que o mercado conseguirá resolver tudo é um absurdo tão grande como defender uma organização planificadora do estado.”
Mas quem lhe garante que o Estado tem a capacidade de resolver as imperfeições do mercado? Quem lhe garante que não criará outras piores? E porque haveremos de confiar mais na súbita omnisciência de um punhado de políticos e de burocratas, alcandorados a dirigentes do Estado, do que no saber acumulado e descentralizado de milhões de agentes económicos?
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Carlos,
“O LR tem uma argumentação curiosa, não negando os atropelos bancários mas justificando-os de vários modos. Para si, qualquer meio é lícito se o tribunal não conseguir condenar. Por vezes é até lícito se a penalização fôr inferior aos lucros que a “engenharia” rendeu.”
Não afirmei nada do que você escreve. Contesto é a presunção de muitos de que os lucros da banca só decorrem de “atropelos” e jamais de mérito ou eficiência das Instituições.
“No seu ponto de vista não há moralidade. Simplesmente lei. E se o banco conseguir esfolar o gato dentro da lei, ninguém reclame. Aliás, quem tiver reclamações que não use os bancos!
Já agora para quê as supervisões do BP e da CMVM ?
E que importa o modo como o BCP apresentou lucros fictícios?
E para que andam a espiolhar a ex administração do BCP?”
A lei deve ser abstracta, amoral e definir mecanismos de fiscalização e de sancionamento dos ilícitos, via entidades supervisoras e tribunais. Opções moralistas competem a cada um de nós e podemos tentar que as nossas façam vencimento com uma actuação do género da que sugeri na posta. Se não conseguirmos persuadir mais ninguém da bondade das nossas opções, elas estarão erradas e(ou) não são do interesse dos outros stakeholders.
“A certa altura da sua argumentação, diz “… você deve é culpar o Estado corporativo” ! Assume que as más práticas existem , mas no seu critério são legais e aceitáveis, já que não há lei que as condene e o Estado é permissivo! Tem toda a raazão. É exactamente assim !
As más práticas existem de facto da parte do Estado e decorrem da sua permissividade e falta de independência perante os grupos de interesses. Mas reconheço a estes toda a legitimidade para fazerem lobby.
“Como não posso condenar o larápio de furta a carteira. Condeno é o sistema judicial que não se importa com isso.
Repare que neste debate alargado, a maior parte das pessoas aponta as tropelias que os bancos praticam, mas não lhe imputam directamente a responsabilidade. Querem é que o Estado intervenha para evitar práticas bancárias dolosas para com o cidadão, com o mesmo afinco que o Estado pôe no combate às “engenharias” para fugir ao fisco.
O seu erro é estar já condenar a banca na presunção de que ela lhe furtou a carteira, a si e a milhões de cidadãos. Pela parte que lhe toca, é livre de apresentar uma queixa. Já não tem porém o direito de pedir a intervenção do Estado “para evitar práticas bancárias dolosas para com o cidadão”. Quem lhe garante que o “cidadão” se sente penalizado? Antes se me afigura que ele tem validado os lucros da banca.
“Este é o tipo de frase bem demagógica, tentando mostrar haver uma saída para quem não quer pactuar com a mafia.”
Repito, você tem de provar que os lucros da banca se devem a uma actuação mafiosa. Se assim for, estamos perante um caso de polícia.
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Caro LR
Eu defendo que as empresas existem com o propósito do lucro. Nem me passa pela cabeça o contrário. O que ponho em causa é a disparidade na tributação de impostos que os bancos têm e que o resto dos sectores empresariais não usufrui. Isto para mim é que é escandaloso.
Além disso, os bancos usam (e abusam) de publicidade enganosa que diariamente nos bombardeia, mentindo descaradamente às pessoas de modo a aumentar os tais lucros que, segundo defende, são lucros justos.
Relativamente à “concorrência” que deveria existir como na maioria das áreas de negócio, esta é pura e simplesmente inexistente. Lembro-lhe que há uns tempos estalou o verniz entre alguns bancos, o que fez com que os clientes não pagassem a transferência dos seus créditos. Quem beneficiou? Os clientes que os puderam negociar. Claro que o “mercado” recompôs o problema e voltou tudo como anteriormente. Por isso é que o que critico, não é o negócio em si, mas a forma como se formou um “cartel” que prejudica gravemente o bom funcionamento do mercado onde pudessem competir, pois se a competição fosse séria, os lucros eram menores e os custos para os clientes seriam menores.
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Já não tem porém o direito de pedir a intervenção do Estado “para evitar práticas bancárias dolosas para com o cidadão”.
Claro que tenho o direito e o dever. Um conjunto de pessoas (como eu) representadas por uma conhecida organização de defesa do cidadão, levantaram o problema dos arredondamentos bancários, das comissões cobradas nas transferências de empréstimos, no tempo de disponibilidade de valores transferidos. A razão não assistiu aos bancos que tiveram de acabar com essas práticas dolosas. Outras haverá…
Quem lhe garante que o “cidadão” se sente penalizado? Antes se me afigura que ele tem validado os lucros da banca.
Olhe que não… olhe que não….
Basta ouvir um forum como o da TSF para saber que a banca é cada vez mais olhada como organismo que procura o lucro a qualquer preço e com recurso a qualquer estratagema. Que os seus fabulosos lucros provêem mais das altas taxas concertadas e aplicadas, do que da eficiência dos serviços. Aliás essa eficiência bancária é colocada ao serviço dessa mesma política de fazer-se pagar pelos clientes bem acima do valor do dinheiro emprestado. As pessoas recorrem à banca como recorrem aos hospitais… quando não há outra saída para resolver um problema de carteira ou de saúde. Basta ler a grande maioria da comunicação social e conhecer as milhares de reclamações feitas pelos cidadãos ao Provedor Deco etc.
Mas também há “empresários” que sabem entrar no jogo da banca. Pedir um empréstimo, não cumprir com o contrato, deixar ir para contencioso onde o tribunal perdoará os juros e o banco terá de negociar por uma devolução do capital inferior ao que foi emprestado. Os mais “espertos” farão novo empréstimo bancário por valor ainda maior, para pagar o anterior e ainda ser favorecido com alguma liquidez. Etc Etc… isto se se tratar dum “tubarão”. Estou a pregar a missa ao vigário, não é? Você bem sabe. Até parece que já andei por essas terras…
O cidadão anónimo que se mete a criar um pequeno negócio como saída para o seu desemprego, e se entrega nas mãos dum banco que o vai “ajudar” a fazer avançar a empresa, depressa vai entender no problema em que se meteu, principalmente se fôr sério e de boas contas. Será mais um escravo a trabalhar para os lucros do banco a quem se “entregou”.
Tinha o cidadão outra saída ? Não.
Tem de agradecer ao banco a vida de subsistência ? Talvez.
A situação é vantajosa para o banco ? Sem qualquer dúvida.
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Carlos,
Você continua a não fundamentar minimamente o ilícito que constituem os lucros da banca. Desabafos emocionais ou por vezes raivosos como se ouvem no Forum TSF não provam nada. Como eu disse acima, em mercado aberto as Instituições têm de ter extremo cuidado com os níveis de confiança e de credibilidade que inspiram. Se os bancos são aquele bando de malfeitores que por aí se apregoa, dificilmente conseguiriam manter milhões de Clientes. É que estes têm alternativa, nem que seja no estrangeiro. Ora, não me consta que tenha havido corrida corrida aos depósitos, inclusivamente no próprio BCP, onde há casos de polícia e em que as autoridades poderão instaurar processos individuais. Isto quer dizer que as pessoas confiam na solidez das Instituições em si mesmo, muito para além das pessoas que temporariamente as dirijam. Repare, estaremos a falar de mais de metade da população portuguesa, que será o universo bancarizado no país. Você acha que conhece melhor do que eles os seus interesses, que sabe melhor do que eles que o crédito que contrataram foi a preços de agiota, que os depósitos lhes são pagos a taxas de miséria?
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Ainda bem que leio este blog.
Fico a saber o que pensam estes liberais.
E digo para os meus botões: se o liberalismo é isto, não obrigado.
E eu que pensava que não há pior que o socialismo!
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Você continua a não fundamentar minimamente o ilícito que constituem os lucros da banca.
Vou ser objectivo.
– Os lucros da banca não são ilícitos porque mesmo que obtidos de forma pouco transparente, o Estado não tem leis nem fiscalização para se opôr. Os tribunais não os condenam. Mas são imorais (termo que não aceita e deu lugar ao post). E explico.
– Se o Estado (BP, CMVM, MF) regulasse correctamente, haveria um código de conduta dos bancos mais exigente (evitava-se a publicidade enganosa, as alteração unilaterais das condições contratuais, as engenharias financeiras consentidas – parece que até os off-shores são autorizados até uma certa percentagem !!)
– Se o Estado não fizesse favores à banca, aplicava-lhes o imposto sobre os lucros sem excepções nem subsídios. E não me venha dizer que os bancos fugiam. Não fugiam. Se os lucros de um ano para o outro em vez de aumentar 50% aumentassem “só” 30% ainda estavam a aumentar mais do que o banco médio europeu.
Por isso, o ilícito é só este – o Estado não regula nem quer regular a actividade bancária. Persegue mais depressa o canalizador que fez o trabalho e não passou recibo ao cliente.
A regulação estatal teria o condão de impedir a cartelização, facilitar a abertura da banca a concorrentes, fiscalizar apertadamente a contratualização e informação com os clientes, e colectar aos bancos um valor de impostos bem superior ao que faz hoje. Dessa forma o valor do lucro não teria sido 3 mil milhões de euros, as empresas e particulares teriam menos desconfianças da banca, e o Estado faria uma política mais redistributiva.
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Carlos,
“Os lucros da banca não são ilícitos porque mesmo que obtidos de forma pouco transparente, o Estado não tem leis nem fiscalização para se opôr. Os tribunais não os condenam. Mas são imorais”
A que chama obtenção de lucros de forma pouco transparente? Por acaso já leu os Relatórios e Contas dos Bancos? Acha que a informação lá constante, analisada de fio a pavio por analistas internacionais, não é clara e não expressa a actividade? Porque razão teria o Estado de se opôr aos lucros da Banca? E os tribunais deveriam condená-los por que crimes? E são imorais porquê? Com prejuízos estaria garantida a moralidade?
“Se o Estado (BP, CMVM, MF) regulasse correctamente, haveria um código de conduta dos bancos mais exigente (evitava-se a publicidade enganosa, as alteração unilaterais das condições contratuais, as engenharias financeiras consentidas – parece que até os off-shores são autorizados até uma certa percentagem !!)”
Por acaso já leu o RGICSF (Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras)? E o Código dos Valores Mobiliários? E os inúmeros Regulamentos e Instruções da CMVM? Perca algum tempo com tais leituras e depois venha dizer-me que não há regulação. E diga-me ainda em que parte do mundo a publicidade é rigorosa e não haja alterações unilaterais de contratos de adesão.
“Se o Estado não fizesse favores à banca, aplicava-lhes o imposto sobre os lucros sem excepções nem subsídios. E não me venha dizer que os bancos fugiam. Não fugiam. Se os lucros de um ano para o outro em vez de aumentar 50% aumentassem “só” 30% ainda estavam a aumentar mais do que o banco médio europeu.”
Perfeitamente de acordo em que deve haver equidade na tributação e devem ser revogados todos e quaisquer benefícios fiscais. E acho que isso deveria ser feito em simultâneo com uma redução drástica do IRC. Quanto à evolução dos lucros, acho que seria bem mais saudável para todos nós que eles aumentassem 100%, em vez dos 30% que você defende.
“A regulação estatal teria o condão de impedir a cartelização, facilitar a abertura da banca a concorrentes, fiscalizar apertadamente a contratualização e informação com os clientes, e colectar aos bancos um valor de impostos bem superior ao que faz hoje. Dessa forma o valor do lucro não teria sido 3 mil milhões de euros, as empresas e particulares teriam menos desconfianças da banca, e o Estado faria uma política mais redistributiva.”
Sabia que o aumento da concorrência (que eu tb defendo) se faz com menos e não mais regulação? E você acredita sinceramente que o dinheiro será melhor empregue se estiver nos cofres do Estado do que se ficar na banca, nos seus bolsos ou nos meus? Santa ingenuidade!…
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A que chama obtenção de lucros de forma pouco transparente?
Há dezenas de medidas que o banco toma unilateralmente, como fazendo parte do “negócio” e que muito tempo depois “alguém” consegue demonstrar que a medida era ilegal e fez os bancos recuarem.
Lembro-lhe o conhecido caso dos arredondamentos; lembro-lhe a comissão de resgate que os bancos cobravam ao cliente que queria transferir o seu empréstimo para outro banco. Mas há muitas mais destas “frescuras” que as entidades fiscalizadoras “ainda não viram”, ou já viram e fecharam os olhos.
Sei, que costuma dizer, que se o banco não pode roubar nesses “pequenos pormenores” aumentará o custo do produto final e sacará o mesmo valor. Talvez assim seja. Mas todos nós, quando vamos comprar um frango assado gostamos de pagar o preço que está fixado e que avaliámos e não aceitamos que junto com o frango coloquem mais uns enfeites para aumentar o peso e o preço final.
…inúmeros Regulamentos e Instruções da CMVM…
So what ? Pode haver milhares de Regulamentos e Instruções. Se não forem aplicados de nada servem. No caso do BCP ficou bem patente que ao BP e a CMVM de nada serviram esses regulamentos. O BCP passou por esses regulamentos…
Quanto à evolução dos lucros, acho que seria bem mais saudável para todos nós que eles aumentassem 100%
Também eu aprovaria. Porém não sejamos ingénuos. Os bancos funcionam numa economia global e até sujeitos a regras comunitárias. Algo de muito estranho seria, os bancos portugueses terem lucros de 100% numa economia fraquíssima como a portuguesa, quando os bancos europeus em países fortes não conseguem esses lucros. Ok, bem sei que eles não têm empregados empenhados como o LR, mas para chegar aos 100% teria de haver muito mais razões. Neste contexto, até o lucro global de 3 mil milhões de euros é muito estranho e pouco explicado.
Sabia que o aumento da concorrência (que eu tb defendo) se faz com menos e não mais regulação? E você acredita sinceramente que o dinheiro será melhor empregue se estiver nos cofres do Estado do que se ficar na banca, nos seus bolsos ou nos meus?
O aumento de concorrência aparece quando os reguladores financeiros conseguem contrariar os lobbyes e autorizar a liberalização que os bancos implantados não desejam.
– Se os Estado esbanja a riqueza arrecadada é outra discussão em que talvez estivéssemos muito de acordo. Mas é assim que deveria ser, e o Estado deveria utilizar essa riqueza na intervenção social (e não estou a falar de subsídios).
– Nos meus e nos seus bolsos…, talvez não estivesse pior se depois o utilizássemos no sistema económico. Muito melhor do que canalizar esses lucros, por exemplo, para Madrid. Muito melhor que o depositar em off-shores escapando aos devidos impostos.
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