Antes de mais nada…
27 Março, 2008
A atitude liberal face a qualquer tirania é ser contra. Sempre. Sem elucubrações justificativas que, tortuosamente, gerem a compreensão por aquilo que ao liberalismo mais repugna: a asfixia do indivíduo nos seus direitos elementares, que são os que o definem como tal; bem como o consequente esmagamento da sociedade onde o indivíduo existe, da sua cultura, dos seus modos típicos de perceber o mundo. Sobretudo quando essa violência é exercida por um aparelho estatal ao serviço de uma ideologia ou que, pura e simplesmente, se quer perpetuar no poder.
33 comentários
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excelente post. nunca é de mais lembrar. espero que tenha mandado cópia para o joão miranda e para o gabriel, esses liberais de segundas, quartas e sextas.
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CAA,
Tudo isso é muito interessante, mas ainda não percebi qual é a utilidade de um boicote aos Jogos Olímpicos. O boicote aos Jogos Olímpicos baseia-se na ideia ingénua de que se isolarmos um regime os seus habitantes ficam mais livres. O que não faltam são exemplos de que isso é falso. Cuba, Coreia do Norte, Birmania e Iraque não ficaram mais livres por causa dos boicotes de que foram alvo. Ficram mais pobres, a sociedade ficou mais fraca e os regimes muito mais fortes relativamente à sociedade. O boicote dos EUA a Cuba dura há 50 anos com os resultados que são conhecidos. A abertura chinesa fez muito mais pela liberdade dos chineses do que qualquer boicote poderia ter feito.
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bom texto, com o qual concordo e nada tenho a opor.
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sou tão liberal que até sou libertino: marcham loiras, morenas, ruivas sem apoio viagreiro
escapou-me uma chinesa
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questão diferente é como ser «do contra», que estratégias, que formas de luta, utilizar.
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O boitote aos JO não me parece nem eficaz, nem útil á projecção pública das causas. Pelo contrário.
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hoje é quinta…..
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sim, de facto tudo isto é muito interessante, joão miranda. mas uma coisa é achar que o boicote aos JO é um erro; outra, bem diferente, é comer do mesmo prato do regime chinês.
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“hoje é quinta…..”
portanto, está correcto.
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A frase ,tb parece aplicar-se aos metodos da máquina de racket fiscal , ao serviço do adiantado mental que pretende perpetuar-se no poder.
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O combate às tiranias, carece de estilo.
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Típico na forma de discutir do JM: tenta agora cingir a questão unicamente ao boicote esquecendo de forma propositada que este post visa directamente o prisma por ele adoptado em torno da questão de fundo: a do direito ou não á auto-determinação do povo Tibetano e a natureza de ocupação ou não por parte do regime chinês.
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Oliveira,
Tem a certeza que tem lido o que eu escrevi?
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Nota-se, de Londres a Lisboa. O Sócrates nem a boca ainda abriu.
Com ou sem liberais, boicote-se. A China como a Birmânia, por exemplo. E a encenação dos Jogos.
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E se a maioria dos tibeteanos não quiser ser independente da China considerando que estão melhor agora do que antes da ocupação? Nesse caso boicotar os JO ainda seria mais desastroso. A única via é convencer a China a fazer um referendum no Tibete.
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Ei Ei aprovetem o balanço e digam a mesma coisa acerca do Iraque…
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Aos milhões de chineses que a China exporta para o Tibete todos os anos daqui a pouco a opção referendo torna-se muito útil à China. 🙂
É impressão minha ou isto faz lembrar a discussão sobre o conflito israelo-palestiniano? Só espero que a malta que anda aqui a dizer que atentar contra a vida de civis chineses é aceitável defenda o terrorismo palestiniano também…
Aqui toda a gente é contra a ocupação chinesa. O que está em discussão agora é o boicote aos Jogos. Não confundam as coisas.
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João,
«… mas ainda não percebi qual é a utilidade de um boicote aos Jogos Olímpicos.»
Quando se é ‘contra’ há sempre uma vantagem em o manifestar. Caso contrário, é-se um mero espectador, quase conivente (que está a um passo muito ligeiro da cumplicidade). O que, no caso concreto, para quem luta contra o asfixiamento da cultura tibetana, tem uma importância enorme: saber que se luta contra o poder de uma super-potência e o mundo não assobia para o lado ou, pior, até ‘compreende’ os motivos do opressor, é fundamental.
Boicotar os JO também pode ser uma forma clara de apoiar os tibetanos, ou melhor, de transmitir à China que aquilo que fazem e como o fazem não é indiferente aos olhos do mundo
Mas existe um outro interesse de carácter intrínseco (i.e. relativo aos chineses)- os direitos do povo chinês são diariamente cerceados mas há na China quem lute contra a opressão. Num evento com esta retumbância mediática, mostrar que os dirigentes chineses, sobretudo aquele cuja alcunha carinhosa entre os seus pares é “o carniceiro de Lhasa”, não têm a aprovação do resto do mundo, até pelo contrário, seria um enorme golpe no modo como a China tem sido governada,
E todos ficariam a lucrar.
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Gabriel,
«bom texto, com o qual concordo e nada tenho a opor.»
Nunca o duvidei. E não estou a fazer graça fácil.
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Resumindo: do ponto de vista da liberdade, boicotar os JO seria um modo idóneo de demonstrar ao regime chinês que algumas pitadas de liberdade económica não são suficientes. E de trazer de arrasto as outras dimensões da liberdade para a ordem do dia da governação chinesa.
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“Aqui toda a gente é contra a ocupação chinesa. O que está em discussão agora é o boicote aos Jogos. Não confundam as coisas.”
Pode ser aqui mas quanto aos tibeteanos, ainda falta saber o que eles pensam.
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Também penso que os boicotes só prejudical os povos dos países a que são impostos.
A pressão deve ser exercida sobre quem tem o poder e o exerce com prejuizo sofrimento do seu próprio povo, ou submete outros povos ao mesmo poder tirano.
Um abraço
Carlos rebola
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“boicotar os JO seria um modo idóneo de demonstrar ao regime chinês que algumas pitadas de liberdade económica não são suficientes.”
Um dos inconvenientes deste tipo de práticas é os boicotados verem os defensores da liberdade como pessoas facciosas, que não hesitam em dar lições de moral e prejudicar milhares de pessoas injustamente pelas suas causas.
Isto não dá boa imagem à liberdade. Se liberdade é misturar tudo e tomar partido em conflitos complexos e prejudicar pessoas inocentes, então a liberdade não é vista como um bem.
Além disso, os regimes mudam por terem interesse em mudar, não por pressão externa (isso é dos mitos mais correntes que se ouvem). É ver Cuba. Ou os jogos de Moscovo, alguém acredita que o boicote resolveu alguma coisa?
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Concordo com o Filipe Abrantes.
Além de que é bom que os JO se realizem. É da maneira que vão multidões de jornalistas para lá. Se não houver JO ou se tiverem participação deficiente, irão menos jornalistas e o acontecimento terá menos atenção, bem como a realidade chinesa. Por isso, pela causa tibetana e pela liberdade dos chineses, até é bom que se façam mesmo os Jogos.
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Nem sempre de acordo com CAA, desta vez, este seu “post” merece nota 20.
Mas, deixe haver os JO, tal como em Moscovo, em 1980, poderão servir para a “abertura” ou o “descalabro” do Regime, de “um país e dois sistemas”.
Como é que se pode ser ultracapitalista em Shenzen e Xangai e castrador em Lhasa e em Beijing?
Em Portugal, já se experimentou alguma liberdade económica, mas sem liberdades de cidadania, e nós não gostámos. Ou há ainda nostálgicos?
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Gordon Browm, em desacordo com Sarkozy, não é pelo boicote aos JO.
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««Resumindo: do ponto de vista da liberdade, boicotar os JO seria um modo idóneo de demonstrar ao regime chinês que algumas pitadas de liberdade económica não são suficientes. E de trazer de arrasto as outras dimensões da liberdade para a ordem do dia da governação chinesa.»»
CAA,
As reformas feitas na China nos últimos 30 anos são tremendas. Falar de “pitadas” de liberdade económica serve exactamente para quê? Quanto às liberdades políticas, a evolução foi notável, qualquer que seja o termo de comparção (Russia? Iraque? Indonésia?). E não há nenhum sinal que as reformas políticas tenham terminado. Se o processo político na China estivesse estagnado eu ainda perceberia a pressa em interferir. Mas a verdade é que os chineses têm-se saído muito bem sem a “ajuda” de quem não sofreria as consequência de uma possivel instabilidade política.
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Caros
Mas a mudança é uma realidade que está sempre no nosso horizonte.
E mudança para onde?…..O que sabemos é que o liberalismo terá uns três ou quatro seculos….e sendo assim , terá de mudar…mais tarde ou mais cedo.
Está a emergir um mundo mais racional e menos perdulário que o liberalismo…e é preciso estarmos atentos aos sintomas que indiciam uma nova organização politico-social do homem.
As escolas-fábrica, a empresas produtoras de bens em série, a produção centralizada de energia….e sobretudo as grandes aglomerações de homens em cidades….são realidades em fim de estação.
Deixará de haver Jardins de infância e lazaretos …e os pais começarão a educar e formar os seus filhos…pelo menos nos aspectos que a humanidade exige.
Vai ser um modo de vida novo…..a emergência das novas tecnologias vão determinar o avanço…..e atirar para a história este liberalismo anquilosado e cheio de tragédias.
É apenas um renovar do paradigma. Depois olharemos admirados para estes tempos que passaram, incrédulos perante a nossa cegueira…porque é disso que se trata.
cumps
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“Mas a verdade é que os chineses têm-se saído muito bem sem a “ajuda” de quem não sofreria as consequência de uma possivel instabilidade política”.
Não sei porquê, mas isto cheira-me a “Primavera Marcelista”. E neste aspecto, antes D. Juan Carlos e Adolfo Suarez. É que as transformações não se podem fazer num só dia, mas também não se podem fazer em várias décadas….e Deng inicipou-as em meados de 80.
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Não consigo acompanhar o raciocinio dos meus companheiros blasfemos.Se todos fossem anónimos ía lá,agora assim, é como beber uma garrafa tinto Portalegre e sair-me tinto de Sacavém!
Estou todo baralhado com a opinião de Vossas Excelências!(é melhor tratá-los assim que eu já não sei não…)
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Carlos,
Estou 100% de acordo com o texto. Mas acho que devias ter sido um pouco mais cuidadoso na escolha da fotografia, já que o velho Hayek teve alguma compreensão para com o regime do Pinochet…
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Rui,
Acho que foi o Friedman mas posso estar enganado.
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friedman não parece
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