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«basta!» não basta

13 Março, 2011
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Não tenho qualquer dúvida de que a esmagadora maioria das pessoas que ontem saíram à rua o fez espontaneamente, farta que está do país em que vive e do governo que ele tem. Não enjeito chamar-lhes, a essas pessoas, como o fez o José Manuel Fernandes, o «Portugal desesperado» (sugiro que deixemos o «algo» de lado), em contraponto aos «filhos do Boaventura» com que a Helena Matos as baptizou. Mas também não tenho dúvidas, como a Helena, de que a maior parte dos jovens que ali esteve se considera com direito natural a um emprego, mais do que isso, a um emprego não «precário» (este foi, aliás, um dos temas da manifestação), isto é, um emprego para a vida, como acontecia antigamente e as lei laborais ainda dizem proteger, sem quaisquer considerações adicionais, como, por exemplo, o mérito para o manter ou a possibilidade da empresa lho continuar a garantir. Isto significa que a esmagadora maioria das pessoas que foram à manifestação e os muitos outros portugueses que, não tendo ido, partilham do mesmo sentimento de revolta, não perceberam o que lhes está a suceder e, não entendendo por que razão se encontram no estado em que estão, jamais conseguirão sair dele.

 


É natural que isto assim aconteça. A III República, a que se iniciou há 40 anos com o Marcelismo e de que o 25 de Abril foi uma mera aceleração inevitável por causa da guerra do Ultramar, fundou-se sobre os esteios da mentira, da inveja e do privilégio, isto é, sobre os paradigmas do socialismo marxista da luta de classes. As pessoas «aprenderam», sendo-lhes dito pelos seus governantes, que tinham direito a um mundo em que tudo o que lhes fosse essencial (sendo o conceito latíssimo) lhes seria dado, sem encargos, bastando, para tanto, acreditar na bondade das intenções de quem os governava e na justeza das suas «políticas». A mecânica era simples e também lhes foi «explicada»: os pobres só eram pobres, porque os ricos eram ricos. Logo, indo buscar alguma coisa aos ricos, desapareceriam os pobres. Sobre isto criou-se um mundo de privilégios: reformas aos 40 e poucos anos, por vezes acumulando duas e três simultâneas, pessoas com rendimentos médios e elevados a estudarem de graça e a beneficiarem de cuidados médicos gratuitos, toda a espécie de «garantias» laborais e de «direitos» do empregado face ao empregador, serviços públicos de toda a espécie, etc.

 

É devido a essa «racionalidade» social, que ainda hoje vemos e ouvimos toda a espécie de pessoas – desde os protagonistas políticos, aos anónimos comentadores da blogosfera – afirmar que a culpa deste estado de coisas é dos «ricos», dos tais que «estão cada vez mais ricos» e que a coisa só se resolve indo buscar-lhes o dinheiro para sustentar os mais pobres. Isto é, obviamente, o que qualquer governo quer ouvir, porque legitima os aumentos de impostos que tanto jeito lhes dá. Mas vou dizer-lhes uma coisa: não há mais «ricos» em Portugal. Infelizmente não os há. E, se os houvesse, ganharíamos todos com isso, porque a riqueza não é um conceito estático e suspenso no vácuo: ou se aplica, gerando emprego e prosperidade, ou desaparece. Portugal não tem «ricos» em abundância, não tem uma classe média próspera que viva bem e que possa aspirar a viver ainda melhor. O que Portugal tem, tem muitos e feito cada vez mais, são pobres.

 

O que sucedeu a Portugal foi que estes 40 anos de privilégios empobreceram o país, sugaram-lhe os recursos, descapitalizaram as suas empresas, destruíram a classe média e reduziram os «ricos» a dois ou três figurões da célebre lista da Forbes, que servem ainda hoje de espantalhos para atiçar o ódio às multidões e desviar as atenções do que verdadeiramente está em causa. Quem destruiu a economia portuguesa não foram estes «ricos». Foi o estado, foram os sucessivos governos, a racionalidade do privilégio legal e não meritório, a voracidade com que rapinaram o nosso dinheiro e a nossa propriedade em troca de um mundo ideal que, não só nunca chegou, como é cada vez mais árduo e pior do que aquele em que vivíamos no dia anterior.

 

Se a «Geração à Rasca» continuar sem entender isto, se persistir em pensar que Portugal tem uma imensa riqueza escondida nos bolsos de meia-dúzia de capitalistas malfeitores, se se achar mesmo com direito a um emprego não precário, se não perceber que, por definição, tudo na vida é precário e que só o esforço e o mérito nos poderão dar melhores condições de vida, se continuar a pedir ao governo e ao estado uma vida melhor, em vez de lhes pedir que a deixem viver sem o peso asfixiante do seu paternalismo doentio e castrador, então, Portugal baterá ainda mais no fundo e o «à rasca» de hoje será um sonho de felicidade e abundância de um amanhã muito próximo.

52 comentários leave one →
  1. João Paulo Magalhães permalink
    13 Março, 2011 17:52

    Bravo.

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  2. JoseB permalink
    13 Março, 2011 17:59

    No DN, ficamos a saber que miss Canavilhas
    incentiva os jovens criadores a emigrarem
    e que se demorem por lá muito tempo.
    Pode entender-se a piada,
    mas não seria mais ajustado
    que a autora desta pérola de cultura Canavilha,
    emigrasse com o governo,
    dando lugar a alguns criativos portugueses mais novos?
    A bem do Regime.

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  3. Guillaume Tell permalink
    13 Março, 2011 18:04

    Se concordo com várias coisas ditas neste texto, há outras coisas em que discordo totalemente. Eu discordo com a ideia qu transparece neste texto em que os portugueses, num modo geral, se tornaram em 40 anos num bando de cuímentes e subsidiodependantes. Não, pode ser o caso para alguns mas não, os portugueses estão conscientes que a situação actual não pode continuar, o Estado e o regime não podem ser organizados desta maneira e também reclamam uma nova maneira de organizar e governar o país.
    Agora haverá uma tendência generalisada dos portugueses de recorrer demasiadamente ao Estado? É provável, mas não no sentido em que se ache que o Estado deve nos dar tudo e nos não fazermos tudo. As pessoas querem que o Estado age corretamente, e esteja onde deveria estar e deixe de se pôr onde não tem nada a fazer. Não existe uma dependância absoluta em relação ao Estado, há uma falta de confiança pessoal que faz que se reclame, se calhar, mais do Estado do que outros povos.
    Mas não vos enganai: não há ninguém no mundo que não reclame à ação do Estado. Inclusive os mais ricos. O que há é interesse pessoal; as pessoas querem que o Estado sirva o melhor os seus interesses pessoais.

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  4. lucklucky permalink
    13 Março, 2011 18:24

    Foram as finanças sem buracos do Estado Novo que deixaram margem para a sedução dos políticos da Democracia sobre o Povo.
    Havia muita margem para endividar. A lógica foi a do ouro do Brasil algo que nos persegue desde sempre.
    Tivemos o primeiro aviso nos anos 80. Ninguém aprendeu nada com esse aviso.
    Temos uma classe política que aprendeu a ganhar o poder a oferecer riqueza que o País não produz.
    Agora não há mais margem para endividar.
    A classe política terá de mudar.
    Muitos empregos que só existem por causa do dinheiro pedido emprestado todos os anos, que entra na economia. E desaparecerão.

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  5. A. Trigueiro permalink
    13 Março, 2011 18:24

    ” um emprego para a vida , como acontecia antigamente” ?
    Esta mentira pode ser repetida um milhão de vezes, mas continua a ser mentira.
    Antigamente, com excepção dos funcionários públicos, não havia empregos para a vida.
    Eu por exemplo, em 43 anos de trabalho mudei de entidade patronal uma boa meia dúzia de vezes e conheço muita gente da minha geração que teves experiencias idênticas.
    “Reformas aos 40 e poucos, por vezes acumulando 2 e 3” ?
    Mas isso estava ao alcance do comum dos mortais ? Ou foi uma realidade para meia dúzia de previlegiados da política ?
    Finalmente a questão dos “ricos”:
    É verdade que não era a distribuição da fortuna dos ricos que evitaria e existência dos pobres.
    Mas não é menos verdade que há por cá uma casta que se apropria indevidamente de uma parte da riqueza nacional, que manifestamente não tem correspondencia com a sua contribuição para essa riqueza.
    Por alguma razão Portugal é o País daEuropa com mais desigualdades…

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  6. balde-de-cal permalink
    13 Março, 2011 18:25

    ‘a maioria … não sairam’

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  7. rui a. permalink*
    13 Março, 2011 18:32

    balde-de-cal,
    Obrigado, mas está enganado. Veja bem: a maioria é relativa às pessoas que sairam à rua, e não a «maioria que saiu». Já «o fez» é relativo à maioria dessas pessoas saídas à rua e não a todas elas.
    De todo o modo, muito obrigado.

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  8. Beirão permalink
    13 Março, 2011 18:51

    Emprego para toda a vida, como sucedia com o dos seus pais? Como assim! O mundo globalizou-se, os bens transacionáveis não conhecem fronteiras, a concorrência dos mercados é feroz. Na China, por exemplo, trabalha-se nove e mais horas diárias, com meia hora para engolir uma refeição no refeitorio da fáfrica, e esta, claro está, labora 24 sobre 24 horas. É a globalização, estúpido! É o tempo de quem tem unhas é que toca guitarra. A vida está difícil para calões e trapaceiros…

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  9. 13 Março, 2011 18:55

    Bravíssimo!

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  10. nuno granja permalink
    13 Março, 2011 18:56

    No essencial concordo!

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  11. el_S permalink
    13 Março, 2011 19:00

    Direitos minimos de um trabalhador (realidade da geração à rasca):

    – 12 meses de salário e um mês de férias (ou 12 meses de salário ou 11 meses e um de férias );
    – depois das férias voltar ao emprego (se tirar férias pode não voltar);
    – baixa por doença com retorno ao local de trabalho (se doente pode procurar novo emprego);
    – direito à greve (se faz greve pode procurar novo emprego).
    – pré-aviso de despedimento (não há pré-aviso)
    – deveres/direitos iguais para todos os trabalhadores (obviamente uns são recibos verdes e outros estão no quadro).

    Se não quer compreender isto , é porque você deve ter emprego para a vida (politcamente garantido)

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  12. Paulo Santos permalink
    13 Março, 2011 19:01

    Estás doido. Negas alguns factos marcantes da história portuguesa do século XX. Isto só prova que ainda há quem seja capaz de dizer que deus não é deus !

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  13. Paulo Santos permalink
    13 Março, 2011 19:17

    Este artigo é um chorilho de discurso ideológico dominante:
    1. «É natural que isto assim aconteça. A III República, a que se iniciou há 40 anos com o Marcelismo e de que o 25 de Abril foi uma mera aceleração inevitável por causa da guerra do Ultramar, fundou-se sobre os esteios da mentira, da inveja e do privilégio, isto é, sobre os paradigmas do socialismo marxista da luta de classes. »
    Nada mais falso. Quem diz isto não compreendeu a história mas permite-se dar lições. De facto, com Marcelo Caetano pouco mudou. Após a «primavera marcelista», 1968-1970, o regime voltou a fechar-se e desiludiu os que tinham fé na mudança. O 25 de Abril foi parcialmente o resultado da frustração das expectativas de mudança dos jovens de então, tal como agora.

    2. «Se a «Geração à Rasca» continuar sem entender isto, se persistir em pensar que Portugal tem uma imensa riqueza escondida nos bolsos de meia-dúzia de capitalistas malfeitores, se se achar mesmo com direito a um emprego não precário, se não perceber que, por definição, tudo na vida é precário e que só o esforço e o mérito nos poderão dar melhores condições de vida, se continuar a pedir ao governo e ao estado uma vida melhor, em vez de lhes pedir que a deixem viver sem o peso asfixiante do seu paternalismo doentio e castrador, então, Portugal baterá ainda mais no fundo e o «à rasca» de hoje será um sonho de felicidade e abundância de um amanhã muito próximo.»
    Ora, isto é oura demagogia ! Tentar convencer os jovens de que não têm direito a um emprego estável, de que tudo é precário. Não, nem tudo é precário, o emprego de Sócrates não é precário e os ministros não trabalham a recibos verdes. E quem diz estes, diz milhares e milhares de «boys» no aparelho de Estado e nas empresas públicas, bem como nalgumas privadas. Os políticos e os gestores públicos com salários milionários, esses sim, deveriam estar a prazo e a recibos verdes ! Portanto, os jovens tem mais direito a um emprego estável do que toda essa cambada de vampiros !
    Não se enganem com seu ar sisudo !

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  14. francisco permalink
    13 Março, 2011 19:30

    A crise està a ter um efeito salutar que consiste em se poder demonstrar aos portugueses/as que o trabalho, e nao o empregosinho seguro e tranquilo ou as benesses indiscriminadas do Estado, é a fonte da riqueza, seja o trabalho precario ou nao . E se ele for associado ao capital ainda mais produtivo sera. O artigo merece ser divulgado nas primairas paginas de todos os jornais

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  15. 13 Março, 2011 19:35

    Excelente post.

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  16. campos de minas permalink
    13 Março, 2011 19:38

    não será uma utopia pensar que a soma dos egoísmos individuais é a solução? isto numa altura da emergência precisamente do contrário: era da globalização,das redes socias?

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  17. 13 Março, 2011 19:48

    Na mouche, Rui

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  18. zazie permalink
    13 Março, 2011 19:56

    Estes canalhas do poder começam a ficar à rasca. Há centenas de medíocres a viverem muito bem do encosto partidário. E é por isso que a rua os incomoda.
    Que faziam a maior parte deles se perdessem a malga. É que esta merda é corrupção e vigarice a tresandar por todo o lado. E depois mandam os que não fazem o mesmo emigrarem.

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  19. JoseB permalink
    13 Março, 2011 19:59

    «Direitos mínimos de um trabalhador (realidade da geração à rasca)»
    …Férias…
    Na AR que temos – Bloco Central:
    Miss Sónia Fotuzinhos
    quatro dias de faltas para ir passar uns dias com uma irmã aos EUA – “justificou”
    Foi aceite.
    Não deixou assim de receber 900 euros.
    Quem são os Rascas?
    (na Sábado)

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  20. Manuel Serra permalink
    13 Março, 2011 20:01

    A Geração à Rasca não é diferente das duas gerações anteriores. Pertenci à Geração Rasca e nunca tive um contrato de trabalho permanentemente. A Geração à Rasca tem de meter duas coisas muito importantes na cabeça. Sem esforço, não há trabalho. Sem empresas, não há postos de trabalho. Observo que a grande maioria desta geração não é empreendedora. Não criam empresas, postos de trabalho e não se internacionalizam. São estes que votam na esquerda incompetente e que destruiu tudo o que havia de bom em Portugal. Como é possível esta esquerda (PS, CDU e BE) ter mais de 50% dos votos? Já pediram contas a quem tem governado o país nestes últimos quinze anos? Acham normal que o únicos diploma aprovado pela grande esquerda desde 2009 estava relacionado com o casamento homossexual? Tão letrados e, ao mesmo tempo, tão ingénuos. Pensem, criem. Não sonhem com uma vida do tipo Alice no País das Maravilhas. Isso não existe. É uma utopia.

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  21. Tolstoi permalink
    13 Março, 2011 20:02

    Muito se tem escrito sobre estas manifestações, penso que só é legitimo afirmar que o denominador comum a toda esta gente é o descontentamento com o governo, de outra maneira será difícil compatibilizar ideais de personagens da avenida que vão da estrema direita passando pelos monárquicos aos saudosistas do Ernesto Che; passearam: clientes do BPP, as associações de defesa das mulheres, os jovens arquitectos ,os pais arquitectos, os descontentes com o desemprego dos filhos, os pequenos empresários à “rasca”, os que têm muitas despesas à “brocha”, os que têm familiares doentes a seu cargo….
    O que toda esta gente não suporta é verificar que esta velha nação todos os dias bate mínimos económicos, e que os pacotes que as estrangulam financeiramente se sucedem sem fim numa lógica sacrificial progressiva. O que falta é esperança, é a capacidade de envolver todas as pessoas e estratos sociais num projecto de nação com futuro e sustentabilidade inter geracional. Este primeiro-ministro devia saber ler os sinais, é que se não os souber ler
    o day after vais ser doloroso, tendo capturado o PS, e tendo o PS capturado o país, não será difícil perceber que os primeiros e mais duros dedos acusatórios virão da sua área politica
    assim que o final de ciclo estiver bem delimitado-

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  22. 13 Março, 2011 20:15

    Paulo Santos: «O 25 de Abril foi parcialmente o resultado da frustração das expectativas de mudança dos jovens de então, tal como agora.»

    Eu quero acreditar que o Paulo Santos está a brincar. Se não for esse o caso, aconselho vivamente o cavalheiro a mudar de fontes “históricas”.
    O 25 de Abril esteve longe do povo, esteve longe da liberdade e muito menos dos “jovens”. Achar que o 25 de Abril foi a libertação plena das garras do “totalitarismo” é um dos grandes erros da educação em Portugal.

    E só para terminar, um caso prático e objectivo de como os “negócios” da indústria funcionam em Portugal: Novabase. Sabem qual é o maior cliente?

    Cumprimentos,
    R.

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  23. 13 Março, 2011 20:19

    «(…) a esmagadora maioria das pessoas que foram à manifestação e os muitos outros portugueses que, não tendo ido, partilham do mesmo sentimento de revolta, não perceberam o que lhes está a suceder e, não entendendo por que razão se encontra no estado em que está, jamais conseguirá sair dele.»
    .
    Este – o veneno socialista – é o problema mais difícil de resolver que, em rigor, não nasceu apenas com 0 25 de Abril. O “nefasto” Veiga Simão, na sua primeira encarnação ministerial, ao desenhar a destruição do ensino comercial e industrial, foi um dos principais contribuintes para a amálgama “unificada” e consequente redução da empregabilidade dos jovens. Os que se lhe seguiram, de Roberto Carneiro a Marçal Grilo limitaram-se a seguir o caminho aberto por Veiga Simão destruindo também boa parte da universidade a bem da “igualdade” do acesso à dita. Quando lemos Vasco Pulido Valente ontem, ou Filomena Mónica hoje, ambos no Público, reforça-se a ideia que “o que aí vem é terrível”.
    .
    Precisamos de um de Gaulle. Rapidamente.

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  24. rui a. permalink*
    13 Março, 2011 20:24

    «Eu quero acreditar que o Paulo Santos está a brincar.»
    Eu acredito que o Paulo Santos não era nascido nessa altura.
    «Precisamos de um de Gaulle. Rapidamente.»
    Eh, pá, essa é que não! Para isso, deixe lá o Sócrates ou quem você quiser!

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  25. Arlindo da Costa permalink
    13 Março, 2011 20:32

    A verdade é esta.
    Se a actual geração quiser resolver os seus problemas, como resolveram os milicianos a sua situação no 25 de Abril, terá que ser pela força, cercando os centros do poder e económico, saneando os chulos que apoderaram-se do Estado e precarizando os ladrões dos banqueiros e dos empresários subsidiados que cada vez mais cortam grandes fatias do Orçamento do Estado.
    Com passeatas, guincharia, telemóveis e cagaçal não vão lá.
    Vão continuar precários, desempregados e os chulos a mijarem em cima das suas cabeça.
    Só à força, meus amigos, se vocês quiserem um lugar ao Sol!!!!

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  26. A.Peixoto permalink
    13 Março, 2011 20:32

    Pela explanação feita no texto acima pelo que entendi, então não existem Belmiros, Que andaram anos a fio sem pagar impostos, com terrenos cedidos, quando nós continuadamente pagavamos os nossos e a trabalhar, Amorins que sabendo-se que estavam na falência que inclusivé despediu trabalhadores, fogos que aconteceram nas fábricas, essas reformas de que falam acontecem sim e ainda hoje existem, essencialmente na média e alta burguesia e principalmente nos políticos ? mas então vamos ficar sem recordar essa gentalha. É óbvio que não ficarei a olhar p’ró ceu a ver se algo cai,como nunca fiquei desde o 25 de Abril, e se já antes não me calava agora muito menos, porque também tenho um jovem que precisa de uma colocação

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  27. Arlindo da Costa permalink
    13 Março, 2011 20:43

    Este último comentador, A. Peixoto, tem muita razão.
    Quem, nestas últimas duas décadas, ficaram com as «mais-valias» da nação e quem usufrui dos impostos dos portugueses foram as grandes empresas monopolistas e da distribuição que abafaram a concorrência, que impuseram preços exorbitantes, que tiveram benefícios fiscais sem fim e que desprezaram a produção e o trabalho nacionais.
    Basta ver o poltrão do Pingo Doce que sempre desprezou os produtores nacionais e que não paga impostos dos dividendos, enquanto um trabalhador que aufere 600,00/mês já paga IRS.
    Sócrates foi um banana quando correr a apoiar a corja dos exploradores e engolidores de impostos, enquando foi deixando à sua sorte os que efectivamente trabalham (por sua conta ou não!) os que se levam cedo e põe este país a andar.
    Essa juventude mais parva do que à rasca, o que tem de fazer é boicotar as grandes superfícies, os artigos da moda, os bancos e a corja dos pulhíticos que os apoiam.
    Não vale a pena gritarem contra o S´+ocrates, que é igual ao litro, pois ele um belo dia sai do poder
    e vocês, jovens, vão ficar novamente à mercê de politicos aldrabões, corruptos e incompetentes e à mercê de banqueiros sem escrúpulos e tubarões da distribuição exploradores de mão-de-obra barata e importadores e importadores de bugigangas feitas de trabalho escravo.
    Se querem que o ti Arlindo vos leve a sério, vocês só tem que fazer uma revolução com o os jovens milicianos fizeram no 25 de Abril.
    Sem isso, vocês podem ir para o raio que vos parta, que já estou a ficar velho para aturar rapazinhos!

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  28. votoembranco permalink
    13 Março, 2011 20:44

    E nisto tudo onde é que entram os milhões do BPN?
    E os impostos que a PT não pagou pela venda da Vivo?

    Pimenta no Kú dos outros …

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  29. Arlindo da Costa permalink
    13 Março, 2011 20:48

    E o Cavaco ainda não disse nada.
    O PR, como Presidente de Portugal, vai ficar calado e deixar que a União Europeia, continue a humilhar e a xingar com o país?
    Quando é que dá um murro na mesa e diga que Portugal tem que sair dessa treta da União Europeia?
    O que é que o banana do Fujão Barroso está lá fazendo?
    Para que foi essa treta do Tratado de Lisboa?
    O que é feito da coeão económica e social?
    E o Cavaco, representa o país, ou só discursa contra o Sócrates?

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  30. 13 Março, 2011 20:53

    Arlindo Costa: «A verdade é esta.»

    De pequenino é que se “troçe” o pepino…

    Outro exemplo prático; Uma grande empresa na área das telecomunicações/serviços, paga a preço de ouro o trabalho feito por uma empresa Holandesa.
    Mais outra, que na mesma empresa em questão, pagou a preço de ouro um sistema novíssimo (por intermédio de Franceses) lá nas terras do Abraão.

    Resumindo, alguns gestores e cabecilhas nunca criaram um crescimento que suportasse áreas técnicas para absorver a já fraca sabedoria escolar…. acrescentamos a isso um grupo já demasiado velho para integrar o mercado de trabalho. Sem um hábito de trabalhar no Mcdonald’s a partir dos 30 e sem a formação que deveriam ter tido durante a sua “estadia” mais ou menos segura, é assim que estamos.

    R.

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  31. Não Interessa permalink
    13 Março, 2011 21:06

    Engraçado, tudo é precário na vida.. menos os lucros dos grandes grupos, a estabilidade laboral das cunhas no público E PRIVADO, os prémios e bónus obscenos para quem contribui ZERO para a criação de riqueza, como para os especuladores e corjas de abutres do mesmo género.

    E o mérito, claro. No 4º país mais desigual da Europa, o mérito, como é evidente, essa alavanca da mobilidade social – aliás, o que não falta no nosso país são empresários e gestores incompetentes na ruína e gente que subiu a pulso como os Oliveiras e Costas e os Varas desta vida.

    E a solução destes génios para a geração à rasca é simples. Se não querem criar o próprio, trabalham mal remunerados e sem qualquer tipo de perspectiva futura. Se querem, é fácil, ou têm pais ricos ou vão ao BES – se entretanto forem ao BES e falirem, resta-vos a penúria nesta roleta do liberalismo imbecil. Sair de casa, constituir família, etc.. fica um privilégio apenas dos “empreendedores” – mas eu com o $$ dos meus pais a cobrir os passos em falso também sou um empreendedor do caralho – ou seja, a tal mobilidade e a velha da meritocracia – ZERO.

    Se não metesse nojo e não fosse tão catastrófico, dava para rir.

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  32. Jofre permalink
    13 Março, 2011 21:10

    Num Blog algures na net
    .
    .Os nossos excelentes jovens, que tudo tiveram, e que exigem continuar a consumir, e a ter empregos garantidos…, que sofrem realmente com a exploração dos tubarões*/** que se apoderaram entretanto de todos os negócios fáceis, da grande distribuição, da banca, e das empresas monopolistas, tenham paciência, digam lá,

    – Qual o modelo de telemóvel que têm no bolso? E quantos tiveram nos últimos 3 a 4 anos?
    – Como é que se deslocaram, anos a fio, entre a casa e a faculdade?
    – Qual a marca dos jeans que usam?
    – Onde foi que passaram as férias dos últimos 3 anos?
    – Com que idade é que os paizinhos e mãezinhas se reformaram?
    – Quantos são os carros da família?
    – As casas de férias e os montes no alentejo?
    – Play Stations? 3Ds?

    Digam lá!

    Confessem: Isto não está para mais aldrabices nem choradeiras sobre as dívidas que eles e as famílias acumularam e sobre o consumo desenfreado que protagonizaram!

    Não acreditem em loas, nem venham para a rua gritar que haverá qualquer outro Governo a proporcionar-vos essas e outras mordomias…

    * tubarões, com assento permanente frente às câmaras de televisão, encarregadas de exigir facilidades ao crédito bancário e o endividamento exponencial das famílias, das Empresas, da Banca e, por fim, de toda a Nação!

    ** tubarões, os milhares com vários empregos e outras tantas reformas, tubarões dos turbo- empregos e das turbo-regalias que vos disseram que consumir seria excelente e bastante para a felicidade ?

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  33. Arlindo da Costa permalink
    13 Março, 2011 21:11

    Os jovens «deste» país só têm uma solução: se querem mudar as coisas façam como os jovens milicianos militares do 25 de Abril. Façam um golpe e tomam o poder.
    Fora isso, podem emigrar à vontade, pois Portugal durante dez ou quinze anos vai ser só miséria.
    E aqueles «liberais» tugas que aqui blasfemam vão ser os primeiros a reconhecer e vão ser os primeiros a passar fome.
    A hora é de revolução. Quem não estiver preparado que saia agora enquanto as fronteiras estiverem abertas…
    Depois não se queixem!

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  34. PMP permalink
    13 Março, 2011 21:14

    Enquanto que os politicos e lideres de opinião não entenderem que nenhum país se pode desenvolver importando mais do que exporta não vamos lá.
    .
    A adesão ao euro limitou a nossa margem de manobra, facilitando as importações com crédito a juros baixos que agora têm de ser pagas.
    .
    O que propõe a oposição sobre o deficit comercial ?

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  35. Tomas permalink
    13 Março, 2011 21:26

    Tarde demais…

    Como se vê aqui, ou no novo grupo do facebook da geração à rasca já se tira lições gerais de casos específicos.

    Todos os banqueiros são como os do BPN. Todos os gestores apenas querem precariadade, e todos os politicos só querem jobs for the boys.

    Apenas se fala em taxar riqueza e não a criação da mesma e em limitar a contratação e eliminar o despedimento.

    Todos nós funcionamos com incentivos. Os políticos com o incentivo de manter o emprego se responder com demagogia. Quem cria riqueza em a colocar fora pq se quer taxar a sua existência mesmo a quem trabalha muito, arrisca e cria. Quem tem empresa, em não contratar pois nunca terá a flexibilidade de apenas pagar pelo que precisa. E quem tem emprego em não se esforçar, pq se ganhar mais que o mínimo via logo ser chamado de “boy”, “viver à custa dos outros”… em Portugal quem não está pobre é porque foi automaticamente criminoso.

    Pq todos são maus, tal como os exemplos. Há quem seja corrupto, há quem roube, há quem engane. Mas aqui generaliza-se…

    Em Portugal nivela-se para baixo. O bom aluno é mau visto e ignorado porque os professores só podem ajudar os que não se esforçam. O empresário de sucesso que arriscou o seu dinheiro e trabalhou é acusado de explorador porque quando contrata não é para a vida. O director de uma grande empresa é insultado porque não paga serviços caros e mau feitos em portugal e os vai buscar fora. Quem ganha mais que a média nacional é rico e deve ser abatido para quem tem menos. Na escola, na empresa, na vida social:

    Quem se destaca é um insulto para os outros e deve ser parado.

    A puxar para baixo todos os Portugueses ajudam

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  36. Guillaume Tell permalink
    13 Março, 2011 21:31

    Isso caro Tomas, é uma consequência do salazarismo.

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  37. Arlindo da Costa permalink
    13 Março, 2011 21:34

    Taxar o lucro, não!
    Taxar e confiscar o produto do roubo, do saque e da malandrice, sim!
    Quantos srs drs e engºs são «funcionários públicos» mas que são «empresários» na privada ou nas «horas vagas» , auferindo carconhol dos contribuintes e boas reformas ( emprego não é igual a trabalho!) enquanto na «repartição» vão tratando dos seus «negócios«?
    Despedir 1/3 da função pública, a começar pelos lugares do topo, deve ser a prioridade nacional.
    Que vão mamar para o raio que os parta!

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  38. Luxembourg permalink
    13 Março, 2011 21:50

    Ao Sr Arlindo

    Estou totalmente de acordo consigo .
    So com uma revoluçao e que isso vai la . mas no que diz respeito a emigraçao
    isto tambem nao esta famoso .

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  39. gloria permalink
    13 Março, 2011 22:06

    de que raio de 40 anos de privilégios é que Portugal terá tido? q Portugal e q portugueses terão tido estes privilégios? Ninguém quer ter um emprego para a vida, querem é ter uma vida com emprego (ou trabalho) para aqueles que tb pensam q qd falamos de emprego, é isso q queremos e não trabalho. Eu fico espantada com certos comentários idiotas de quem não tem a minima noção do que realmente se passa. Filhos que foram preparados com gd sacrifício dos pais e q agora não tendo ocupação, sobrecarregam os pais q tendo reformas cada vez mais miseráveis, têm ainda assim de fazer das “tripas coração” para os ajudar a sobreviver. Têm sido demais os governos corruptos e incompetentes que nos levaram a esta situação. Se eu fosse jovem emigrava pq não suporto gente corrupta e sem o mínimo de sentido do dever. ESTOU FARTA DELES, VAMPIROS!!!

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  40. 13 Março, 2011 22:18

    Jofre:
    – Qual o modelo de telemóvel que têm no bolso? E quantos tiveram nos últimos 3 a 4 anos?
    – Como é que se deslocaram, anos a fio, entre a casa e a faculdade?
    (…)

    Isso é uma coisa óbvia, como o Wrestling na tv. O Jofre conhece o actual desenvolvimento económico nas bolsas de pobreza das principais cidades do Brasil?
    O Jofre critica uma coisa que todos (ou quase todos) beneficiaram. O SNS beneficiou muita gente (principalmente nas urgências e para quem é espertinho), as integrações sociais beneficiaram muita gente, o acesso ao Ensino Superior idem, o acesso ao crédito bancário idem e por aí adiante.
    Podemos estar aqui a referir quantos bens um jovem tem e comparar com o nosso tempo… é inútil.
    Interessa-me bastante mais saber como vai ser planeada a saúde! Como vai ser planeada a reforma! Como vai ser planeada a economia!
    Moçambique também tem um mercado ultra-liberal, para quem está dentro do sistema. Alguém aqui tem respostas sobre o que fazer aos trabalhadores com mais de 50 anos e sem formação para sequer saber formatar uma célula no Excel? Arlindos e companhia, há pontos dos dois lados, o essencial passa pelo crescimento. E o crescimento não passa definitivamente pelos negócios garantidos pelo Estado.

    R.

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  41. 13 Março, 2011 22:22

    E refira-se nas questões de planeamento da saúde e da reforma o seguinte. Quero saber se vou ter de continuar a pagar ao Estado e não ter esse serviço (e fico sem capital para investir em algo privado) ou se o Estado vai-me dar possibilidade de escolha.

    Só outro aparte. Sinal dos tempos. Tenho a impressão de que quanto mais ganho e quanto mais trabalho, mais deduzo.

    As meninas aí da Defensor de Chaves que me desculpem, mas isto é incentivo para não trabalhar.

    R.

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  42. 13 Março, 2011 22:26

    muito bom!

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  43. Arlindo Costa permalink
    13 Março, 2011 22:42

    Na realidade há falta de emprego em Portugal, mas lembrem-se das grandes empresas que existiam em Portugal antes do 25 de Abril: Lisnave, Setnave, Cometna, Sorefame e muitas mais outras ondes se empregavam milhares de trabalhadores, fabricavam para vender ao estrangeiro. Agora, as fábricas estão paradas, consequentemente não criam empregos e temos de comprar ao estrangeiro o que outrora lhe vendíamos!… De quem é a culpa? Minha não é , com certeza.
    Cumprimentos a todos

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  44. 13 Março, 2011 22:52

    é muito mais profundo que “a culpa deste estado de coisas é dos «ricos», dos tais que «estão cada vez mais ricos» e que a coisa só se resolve indo buscar-lhes o dinheiro para sustentar os mais pobres”

    podem até implantar tudo o que vocês considerem no plano econonómico e laboral mas tem que existir uma base assente na valorização do trabalho. Os Seres Humanos não são máquinas ou matérias primas, não são custos de produção. O trabalho ocupa um papel central nas sociedades humanas mas não pode ocupar toda a vivência humana, deixando espaço para a vida privada, família e lazer. A remuneração tem que corresponder aos meios necessários para a satisfação das necessidades humanas nos tempos modernos. E a protecção no desemprego tem que garantir mínimos de uma subsistência digna.
    Dêem as voltas que derem se não garantirem isto a exploão social será enorme. E podem grantir num mundo que nunca foi tão rico. Podem garantir maior distribuição da riqueza através do trabalho, com as flexibilidades que quiserem mas respeitanto a vida pessoal e familiar.

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  45. jones permalink
    13 Março, 2011 22:53

    engraçado como o rui a. parte do preconceito para generalizar a seu bel-prazer. “querem assistencialismo” “querem estado” “querem emprego garantido” e não sei que mais que chorrilho de parvoíce ignorante. Eu sou precário e como muitos não quero nem reivindiquei nunca nenhuma dessas coisas. Nunca exigi um cêntimo que fosse ao estado para nada, não conto com o estado para emprego nenhum, e toda a minha vida laboral nada mais fiz que descontar absurdidades para uma segurança social megalómana. Quero simplesmente os meus direitos, os mesmos do rui a. : férias, descontos proporcionais, um vínculo por mais curto que seja, entende? é assim tão difícil?

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  46. Arlindo Costa permalink
    13 Março, 2011 22:54

    Peço desculpa pela confusão que possa existir com o meu nome, Eu sou Arlindo Costa e existe aqui outro comentador Arlindo da Costa.
    Cumprimentos

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  47. Erre permalink
    13 Março, 2011 23:32

    Analisem as palavras de Santos Silva, e a resposta dos comentadores do JN.
    http://www.jn.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1804737
    As palavras de Santos Silva têm sido ocultadas pelos diversos media.
    Talvez pela indignação que imediatamente suscitaram.
    Vale a pena ver.

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  48. Calimero permalink
    14 Março, 2011 00:35

    Eu “adoro” (pura ironia) estes senhores que provavelmente conhecem o país *real* por notícias soltas e relatos abstractos, do alto da sua burra, no seu empregozinho de factor C que o tio arranjou. Eu li a Bíblia de fio a pavio para mais tarde formar opinião e poder criticar. E este senhor, ter-se-á dado ao trabalho de estar presente na manifestação para poder opinar acerca das pessoas que lá estiveram e quais as suas motivações? Não me parece… ou se lá esteve, fê-lo com olhos de quem não quer ver e ouvidos de quem obviamente nada ouviu. Todas as intervenções e palavras de ordem foram contra os contratos de trabalho eternamente provisórios, contra a mão-de-obra gratuita sob o pretexto do estágio-não-remunerado, contra os falsos recibos verdes e contra um poder político que legisla de forma a que isso seja permitido.

    E lamento que ele, do alto da sua imensa sabedoria (mais ironia), ainda não tenha percebido que o problema não são os ricos nem os pobres e muito menos o estado-social. O problema deste país é a corrupção e a má gestão dos dinheiros públicos. O país não empobreceu por ter um estado-social ou por garantir serviços públicos. Empobreceu por ver constantemente lapidada uma boa fatia do dinheiro dos cofres públicos em obras desnecessárias, investimentos megalómanos, estádios para as moscas, frotas infindáveis de veículos, seus motoristas e afins, milhares de milhões desviados através de empresas publico-privadas e outros tantos em assessores, assessores dos assessores e outros que tais. Enfim… ficaríamos aqui o dia todo a enumerá-las (as más despesas).
    Politiquices e partidarismos à parte, está mais do que provado que com uma gestão eficaz e competente dos dinheiros públicos, este país teria capacidade (de sobra) para sustentar este modelo social e gerar riqueza.

    Este obviamente inteligente senhor (é a última ironia, prometo), em vez de mandar postas para o ar, que de forma alguma contribuem para a tal solução do problema, já devia ter percebido que o caminho não será atacar um modelo social que tem de facto viabilidade para existir e funcionar, mas sim atacar aqueles que o corrompem e descaracterizam… porque essa sim, é a base do problema! É pena que a sua capacidade de “ir mais além” seja tão curta quanto foram os seus olhos e ouvidos no dia 12 de Março.

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  49. Rui permalink
    14 Março, 2011 11:42

    Lamento não conseguir acreditar, que «os à rasca», se filiados num dos partidos, tivessem a mesma moral para vir para as ruas, desde que claro, lhes arranjassem um «tachito».
    Alguém falou «na soma dos egoísmos pessoais», e com muita razão.
    O que precisamos é de denunciar os institutos e empresas públicas que consomem os recursos e criam artifícios contabilisticos para que a dívida pública vá andando escamoteada na sua verdadeira dimensão, e para ir dando salários absurdos a muitos dos boys. Mas quando falo em denunciar, é denunciar com dados concretos, e pelos nomes, e não com comentários genéricos e «o que se ouve dizer»;
    Esse deve ser o primeiro passo, o segundo, aí sim, criar condições para que as empresas possam ser competitivas, e então, dar trabalho a quem quer e sabe trabalhar.
    Acabar com os abusos, criar riquesa, geri-la em conformidade e com racionalidade.
    Deixemo-nos de ideais de empregos para toda a vida, e sejamos produtivos.
    Repito:
    1.º – Denunciar os abusos;
    2.º – Criar condições de competitividade, para dar trabalho a quem o merece e sabe dar o retorno adequado ao ordenado que aufere.

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  50. Carlos Mendes permalink
    14 Março, 2011 11:59

    Eu só queria dizer o seguinte: para mim “um emprego para toda a vida”, um emprego não precário, era um direito garantido pelo governo do Salazar. Os revolucionários do 25 de Abril, que desfizeram os grupos económicos então existentes, com destaque para o Grupo CUF, saneando a torto e a direito (ainda ontem ouvi o Prof Jorge Miranda contar a surreal história do seu saneamento), mas mantiveram as “regalias” de que beneficiavam no “sistema” antigo, como seja a proibição de despedimentos, o congelamento das rendas, etc. Esses revolucionários, muitos deles hoje muito bem “orientados” na vida, são os principais responsáveis por estado de coisas.

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  51. Filipa Valente permalink
    14 Março, 2011 16:02

    @ «Mas também não tenho dúvidas, como a Helena, de que a maior parte dos jovens que ali esteve se considera com direito natural a um emprego, mais do que isso, a um emprego não «precário» (este foi, aliás, um dos temas da manifestação), isto é, um emprego para a vida, como acontecia antigamente e as lei laborais ainda dizem proteger, sem quaisquer considerações adicionais, como, por exemplo, o mérito para o manter ou a possibilidade da empresa lho continuar a garantir.»

    Entre esse emprego como “direito natural”, “para a vida” e sem consideração por mérito e entre o estágio-após-estágio-após-estágio há-de haver um meio termo!

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