A tratos de polé
O Rui identifica-a como o bordel do regime. Foi-o e sê-lo-á sem dúvida, mas justificar-se-ia um pouco mais de pudor da parte do representante dos donos compulsivos.
É difícil imaginar um folhetim mais patético e caricato do que este que se tem vivido há meses, com a CGD vítima dos piores tratos de polé, impensáveis de ministrar, mesmo à mais refinada rameira, por alguém com um pingo de humanidade. É um autêntico manual de como desvalorizar uma Instituição, de como quebrar aquilo que é vital para o sector em que se insere, a relação de confiança com os seus stakeholders. A perda de depósitos ocorrida no último trimestre – na Caixa, pasme-se, desde sempre considerada como o refúgio mais seguro – é sintomática.
Tem sido de facto confrangedor a todos os títulos o amadorismo revelado pelo Ministério das Finanças. Seja ao anunciar necessidades de capitalização na ordem dos 5 bi, em divulgar de forma alarmista “desvios no plano de negócios” de 3 bi, ou no processo rocambolesco da nova administração, que já deveria ter tomado posse há mais de meio ano e cujos nomes foram lançados a conta-gotas para a imprensa ao longo de meses, numa metodologia impensável a este nível e muito ao estilo das “guerras de comadres” das estruturas partidárias.
Teve de ser o BCE a pôr cobro à balbúrdia no bordel. E não deu “luz verde”, como se anuncia neste spin, mas impôs várias alterações decorrentes da recusa do modelo de governação proposto (suprema vergonha) que levarão a reduzir para quase metade a administração anteriormente proposta, a nomear um Chairman que não António Domingues e a “desconvidar” vários nomes que haviam sido “soprados” pelas fontes, certamente governamentais. Sem surpresas, de resto. O BCE já havia alertado para potenciais conflitos de interesse e obviamente que recusou na administração responsáveis de empresas e instituições financiadas pela CGD. Sem surpresas também a extrema bonomia com que estes temas são noticiados, de forma totalmente acrítica e quiçá uma mera transcrição de um comunicado da Central de spin do governo. Assaz risível o penúltimo parágrafo da notícia, com o protagonismo totalmente despropositado que se pretende dar a Elisa Ferreira
O passo seguinte será a aprovação do processo de capitalização e admito que Bruxelas e o BCE venham a forçar uma privatização parcial da CGD, a única forma de não incrementar défice ou dívida (sim, wishfull thinking) A acontecer tal, será o início de uma alteração profunda no nosso sistema bancário que as Instituições da UE já vêm pensando. No fundo, Bruxelas pretende imunizar a Banca ao risco soberano (sabendo que o nosso está de novo em crescendo) e isso passa por quebrar a eterna promiscuidade com o poder político e corporativo, que o modelo proposto para a CGD só acentuava. E passa pela mudança dos centros de decisão para fora (o BPI será o estreante) por muito que isso custe ao Nicolaço.
Não teremos bancos portugueses? Paciência, pusemo-nos a jeito para tal. Mas teremos certamente bancos a operar de forma mais saudável e não com uma “cultura de bordel”.
Amén.
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Desde que Elisa Ferreira foi “colocada” houve paz na cadeira do Governador.
Meras coincidências.
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Também eu já tinha notado uma serenidade invulgar desde há semanas.
LTR descobriu a poção mágica: mão governamental.
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O dinheiro passou a ser do Estado, do PS.
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LR: Concordo inteiramente com a sua análise do assunto. Mas o que me espanta é que os jornalistas económicos e a oposição não revelem a incompetência dos governantes e tenha de ser um blogue a abordar o descalabro que vai na banca e na dívida soberana. Deduzo que os quadros dos partidos já são todos das fornadas das universidades de Verão.Os movimentos que houve na caixa( saída de depósitos) foi da parte não segura pelo fundo de garantia, com estes estarolas a governar nunca se sabe se não levamos com um bail- in.
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Não há verdadeira imprensa económica em Portugal. Quanto à oposição, sei que, pelo menos na área económica e financeira, o Miguel Morgado e o Leitão Amaro têm sido bastante assertivos. Talvez por isso e por o discurso ser desprovido de sound-bytes, têm pequena ou nula divulgação. Resta-nos o You Tube.
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«Não há verdadeira imprensa
económicaem Portugal.»Abreviado por inclusão.
Ainda me lembro de que um juiz tinha filhas num colégio onde afinal não as tinha. Aconteceu no longínquo passado, merdiaticamente falando, de duas semanas
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«No fundo, Bruxelas pretende imunizar a Banca ao risco soberano (sabendo que o nosso está de novo em crescendo) e isso passa por quebrar a eterna promiscuidade com o poder político e corporativo, que o modelo proposto para a CGD só acentuava.»
Lá virão os patriotas e esquerdistas do costume (bastante nacionais e socialistas) vociferar contra a perda de centros de decisão nacionais e, surpreendente por ser em simultâneo, contra a promiscuidade dos negócios e da política. Dos negócios dos outros, isto é, porque também tipos da CDU foram à pala da GALP à Gália Transalpina ver uns tipos a tratar a pontapé o que havia sido outrora a pele de uma vaca.
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O mundo do futebol tem mel ! Também certos políticos lambuzam-se nele, despudoradamente e quase sempre ao lado de criaturas indesejáveis numa sociedade que devia ser decente e estimulante.
Não por acaso Manuela FLeite afirmou há poucos anos: “é um mundo à parte, intocável”…
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Porque o BE está cada vez mais freneticamente ansioso por um ministério + uma secretaria de estado, pressiona o AC-DC com “divergências”, indicia ruptura na golpada, este cede e entrega o ministério das finanças ao FLouçã. Para evitar o escândalo de nomear para a CGD um presidente bloquista, serenar o mundo financeiro e assegurar aos tugas uma administração capacitada, modernaça e sem bordel (certíssima conclusão do Rui A.), avança o Galamba,João — eis o tratamento de choque que a CGD precisa.
Claro, o BCEuropeu e o Marcelo/Craveiro/Thomaz concordam.
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O BCE também teria chumbado o Bolota?
O meu ilustre camarada alentejano desapareceu do mapa! Estará na VENEZUELA a ajudar o Maduro?
Alvissaras a quem o encontrar!
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Até a raiva de um comunista empedernido tem direito a férias. Dispensam o Natal, que consideram burguês, mas não as «casas de repouso».
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Ele e o querido Arlindo combinam as férias. Tem que estar sempre alguém ao serviço.
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“FMC”
Dispensam o “Natal” , refere-se o amigo ao subsidio?
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Quase cinco anos no poder e o Passos Coelho e a peixeira da Ministra deixaram a vetusta CGD à beira da bancarrota.
E o tipo anda à solta no Pontal a dizer barbaridades!
Prendam o gajo!
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Os buracos da Caixa são do tempo do Socrates.
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Murcão do Passos Coelho que nos devia ter sacado mais uns biliões para meter na CGD…
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