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Assassinos de Bom Coração

18 Junho, 2018
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A Quarta Vaga de Emigração Cubana ficou conhecida como Crise dos Balseros. Em 1994, milhares de cubanos arriscaram a vida em minúsculas e precárias embarcações, as balsas, com o objectivo de alcançar a costa da Florida. A crise durou algumas semanas e durante esses dias centenas de cubanos desapareceram no mar.

A debandada terminou quando as autoridades americanas, cumprindo ameaças anteriores, decidiram transportar de volta à ilha todos os imigrantes encontrados no mar. A razão dessa recusa em aceitar os migrantes nada teve a ver com políticas de imigração. A situação de debandada da Cuba socialista para a América capitalista era uma robusta demonstração da falência do socialismo, mais efetiva que mil discursos, debates ou artigos de opinião. A razão pela qual os EUA devolveram os emigrantes a Cuba foi apenas uma: era preciso que a torrente estancasse. Enquanto os candidatos a balseros acreditassem que a probabilidade de sucesso era significativa, continuariam a arriscar a vida no mar. O que o presidente Clinton fez na altura foi erigir um muro no Estreito da Florida.

O que se passa actualmente no mediterrâneo mostra que a lição não foi aprendida. A única política que poderá por termo à mortandade no mar é a Tolerância Zero. Todos os imigrantes devem ser recolhidos e salvos do mar, mas de imediato devolvidos ao país de origem. Só quando a convicção generalizada nos países emissores for que a probabilidade de sucesso é nula é que o Mediterrâneo deixará de ser um cemitério.

Repare-se na hipocrisia ocidental: fecham-se os aeroportos aos imigrantes, mas se eles se atiram ao mar em barcaças recebemo-los de braços abertos. E ainda lhes oferecemos dinheiro e diz-se em voz alta que são bem-vindos. A mensagem que chega aos países de origem é clara: A única forma de chegar ao El Dorado é arriscar a vida no mar.

A opção de Pedro Sanchez em receber os imigrantes em Valência com discursos de bom samaritano pode parecer humanista, mas é criminosa. Se Pedro Sanchez quer que a Espanha receba os imigrantes, dê-lhes um visto e receba-os em Barajas. Assim, é só hipocrisia e incentivo à tragédia.

aquarius

17 comentários leave one →
  1. JMS permalink
    18 Junho, 2018 21:51

    Um post limpo, com os pés bem assentes na terra, exactamente o oposto da desgraça europeia que nos tenta governar. Mesmo assim sou um europeísta convicto. Ainda há pessoas que não entenderam o que realmente se está a passar desde há cinco anos a esta parte. E não são todos necessariamente portugueses…

    Parabéns jcd

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  2. Tiro ao Alvo permalink
    18 Junho, 2018 22:13

    Pelo que sei, os espanhóis, ao receberem por via marítima cidadãos de Marrocos ou da Argélia, de imediato fazem-nos recambiar para os países de origem, como terá acontecido no último fim-de-semana, em que recambiaram mais de mil indivíduos, provenientes daqueles dois países. Além disso, as autoridades espanholas tem afirmado e reafirmado que a recente decisão do governo, em relação aos “refugiados” recebidos em Valência, constitui uma excepção e que a política que a Espanha tem adoptado nos últimos anos, nesta matéria, se vai manter, querendo isto dizer que a atitude que agora tomaram pouco ou nada tem de “solidariedade”.

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    • carlos alberto ilharco permalink
      19 Junho, 2018 12:20

      Metade destes foram imediatamente recambiados para França.
      Os que ficaram, ficaram em Centro de Internamente e esperam pela competente vistoria.
      Um filme já visto em muitos lugares.

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  3. Juromenha permalink
    18 Junho, 2018 23:15

    Por onde andam os membros ( “membras”, sobretudo) da claque festivaleira apoiante das “Primaveras Árabes” ( com o detonador do discurso infame do preto , no Cairo, em Junho de 2009)?…

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  4. Mario Figueiredo permalink
    18 Junho, 2018 23:26

    E a faca ou o machado que lhes entregam antes de iniciar viagem em barcos insuláveis ou de madeira com instruções para abrirem um rombo quando avistarem os barcos que patrulham os portos de destino. “Epá ainda bem que chegaram! O barco já estava a meter água”

    Depois tem o dinheiro. Quem pagaram para entrar nos barcos? E quem lhes disse que que na Europa é que é fixe? Quais são as relações que as ONG estão a ter com os traficantes que organizam os barcos? E, já agora, porque é que o barco de Valência estava a ser operado por uma ONG? Isto já está assim, que eles já nem se escondem e não se importam de se mostrar como os principais agentes da imigração ilegal na Europa desde que começou a crise?

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  5. Arlindo da Costa permalink
    19 Junho, 2018 03:03

    Que lirismo o artigo deste senhor!

    Os EUA e a Europa foram aos países deles despejar toneladas de bombas, destruir as suas cidades, assassinar centenas de milhares, explorar os seus recursos, ajudar os fundamentalistas e terroristas, e agora não querem levar com os refugiados. Que pena, senhor articulista. Você acredita na lei do retorno???

    Agora é aguentar pretos e mouros para aprenderem o que é doce!

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  6. JgMenos permalink
    19 Junho, 2018 08:25

    O Carnaval Solidário claramente denunciado.

    E nada de intervir nos países de origem, que isso é um horroroso colonialismo contra os direitos nacionais de ajuntamentos de patriotas.

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  7. José Domingos permalink
    19 Junho, 2018 14:05

    As mafias das agências de viagens, ganham, cerca de seis mil milhôes de dólares, por ano.
    Resta saber quanto ganham as ong, com as sandes que lhes dão.
    Não dou para este peditório.

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  8. José Domingos permalink
    19 Junho, 2018 14:10

    E só se vê é matulões com bom ar e saudáveis e criancinhas. Fica bem na fotografia e ajuda a quebrar o coração.
    Mulheres, é que nem por isso, aguardo a reacção dos movimentos de emancipação das mulheres europeias, acerca desta discriminação.

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  9. Andre Miguel permalink
    19 Junho, 2018 15:40

    O dia que um jornalista pegue no assunto como deve ser, muita máscara vai cair.

    Há pessoas dos dois lados do mediterrâneo a ganhar rios de dinheiro com a desgraça alheia, mas a filha da putice de quem governa e o analfetismo funcional dos governados a isto nos conduziu.

    Leitura recomendada de quem investiga e acompanha o assunto, mas que ninguém irá ler na Europa:

    Click to access RMMS%20BriefingPaper6%20-%20Unpacking%20the%20Myths.pdf

    Alguns pontos a reter:

    “Migrant smuggling within and from the Horn of Africa remains a vibrant business”

    “Across all three major routes leading out of the region, smuggling networks are organised”

    “With a reported pre-departure average expenditure for smuggling services of USD 1,036 per migrant, 2 the smuggling business remains lucrative for those involved.”

    “Government officials are reported to be involved, directly and indirectly, in migrant smuggling operations”

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  10. 19 Junho, 2018 16:20

    O comentário / post mais assertivo dos últimos tempos. E a porra é que as elites que governam a europa sabem disto, mas borram-se de medo de o dizer, só de pensar que lhes vão chamar racistas e xenófobos.

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  11. Zé Manel Tonto permalink
    19 Junho, 2018 18:37

    Primeiro lugar: qual mortandade? A percentagem de sucesso na travessia é bem superior a 90%.

    Ajudava bastante espetar com os bonzinhos dos médicos sem fronteiras, save the children, amnistia internacional, sos mediterrâneo, e outros capachos do Soros, na prisão. Auxílio à imigração ilegal é crime. Prendam-nos e expropiem todos os bens dessas organizações.

    Pena de morte para os traficantes também não era mal pensado.

    E deportar todos os ilegais.

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