Saltar para o conteúdo

Luísa, educadora da plebe

2 Janeiro, 2020

Há dias comentei a inaudita ideia da presidente da Câmara de Matosinhos de providenciar acesso à “classe baixa” ao que ela considerará ser arte.

O Paulo Tunhas escreve hoje bem melhor do que eu sobre o tema no Observador, do qual retiro como aperitivo para leitura completa do seu texto:

Luísa Salgueiro (…) acredita que a sua missão neste mundo consiste em fomentar, com a ajuda do Estado, o acesso à cultura por parte da “classe média e baixa” e que a solução para tão nobre imperativo se materializa na encomenda de “A Linha do Mar” a Pedro Cabrita Reis. Passo por cima da estranheza da ideia segundo a qual a “classe média e baixa” (“classe média e baixa”?) se vai extasiar culturalmente a passear na Avenida da Liberdade de Leça da Palmeira, uma ideia de um absurdo à prova de bala. O que é mais verosímil é que nem ela própria experimente nada de parecido com qualquer êxtase cultural.

Nada disto pretende – ou sequer podia – ser uma censura a Pedro Cabrita Reis: fez o que tinha a fazer e como o sabia fazer, e provavelmente o preço é perfeitamente razoável para o “mundo da arte”. É sim uma crítica à Câmara de Matosinhos.

6 comentários leave one →
  1. Os corruptos que se cuidem permalink
    2 Janeiro, 2020 10:29

    Sim, o mundo da arte, mas sobretudo o mundo da arte por encomenda autárquica/estatal, é um mundo de chulos.

    Liked by 3 people

  2. JgMenos permalink
    2 Janeiro, 2020 10:57

    A arte de reprodução do real era autoexplicativa, até para as classes baixas.
    Desde que os artistas deixaram de ter que explicar as suas abstrações – o que sempre suspeito ser a institucionalização da vigarice – nem quem paga sabe o que compra quanto mais as classes média e baixa.

    Liked by 2 people

  3. Jornaleca permalink
    2 Janeiro, 2020 11:12

    E o Paulo Tunhas percebe porque é que o que ele escreveu, entra e sai dos ouvidos da tal Luísa, sem qualquer efeito? Se ele não perceber isto, nada vai conseguir.

    Liked by 1 person

  4. 2 Janeiro, 2020 11:46

    Nitidamente mais uma jóia do poder ditatorial autárquico. Uma justificação tibia e politicamente correcta duma PS, saem 357K€ da CMM dos quais 60K directos ao bolso do Centeno (dinheiro sai do Estado e reentra no Estado central) e o resto ao senhor dito artista (comuna relapso) que paga uns trocos pelos materiais e colocação da coisa e o resto … de volta não ao Estado mais ao PS por quais vias ínvias do costume. Pelo meio fica uma “Vergonha” tipo lixo no passeio que talvez dê 100 euritos no ferro velho.

    Liked by 1 person

  5. lucklucky permalink
    2 Janeiro, 2020 18:06

    “Há dias comentei a inaudita ideia da presidente da Câmara de Matosinhos de providenciar acesso à “classe baixa” ao que ela considerará ser arte.”

    Suspeito que a razão é que ela se quer promover socialmente como “culturalmente avançada” ao promover as “artes” e assim ganhar reputação dentro da cultura do complexo politico-jornalista que promove ou destroí carreiras.

    Liked by 1 person

Indigne-se aqui.