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O erro de “impor” o liberalismo reduzindo impostos

27 Julho, 2022

Imposto é roubo! A subtracção de propriedade alheia contra a vontade da pessoa alvo desse acto, é uma violação de um princípio ético fundamental. O facto de a legislação o permitir e a sociedade se ter organizado em torno do estado para praticar o roubo fiscal, não legitima a prática de extorsão, mas apenas absolve o criminoso.

E, se em Portugal, ainda não chegamos à apropriação de 100% do produto do nosso trabalho qual a percentagem de carga fiscal que permitiremos que os políticos nos imponham sem nos vermos a nós próprios como escravos do estado?

A Iniciativa Liberal, que eu saiba, nunca chegou a admitir esta premissa básica e nunca teve como ponto de partida para o seu programa político a ideia de imposto ser roubo. Todavia, até há uns tempos, este partido distinguia-se dos outros pela sua defesa contra a enorme carga fiscal a que os Portugueses são sujeitos e pela defesa da baixa de impostos.

O lema da IL pela redução dos impostos tem-se, no entanto, revelado profundamente ineficaz e, diria mesmo, contraproducente. E por culpa própria da Iniciativa Liberal. Ninguém baixa impostos sem primeiro reduzir a despesa pública. Baixar impostos sem primeiro reduzir a despesa é querer apenas que a transferência das nossas responsabilidades para o Estado seja mais barata.

A Iniciativa Liberal tem um pregão e grita pela baixa de impostos, mas está calada ou fala muito baixinho quando se trata de definir linhas de rumo para a redução da despesa pública de forma permanente e sustentada que vá muito além do caso TAP. O que importaria seria defender a retirada do Estado de inúmeros aspectos da nossa vida, desde logo através de uma redução do âmbito do estado social. Caso contrário, defender menos impostos é, na prática, pedir e defender a manutenção de um estado socialista e uma sociedade estatizada, mas apenas tentando que nos roubem menos.

Se a IL se leva demasiado a sério e acredita que a sociedade se transforma com tentativas de impor o “liberalismo” à força sobretudo por via da redução dos impostos, parece não entender que para preservar a Liberdade, o partido deveria antes ter como bandeira e mensagem fundamental a redução do Estado.

Mas isso seria talvez contra-natura, porque é da natureza das coisas, mesmo para um partido dito liberal, ter por objectivo conquistar posição de poder e influencia, que inexoravelmente leva à mesma vertigem de manter na órbita do estado decisões e opções que deveriam ser devolvidas à responsabilidade de cada pessoa e família, sem controlo ou orientação por parte dos políticos.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

12 comentários leave one →
  1. Euro2cent permalink
    28 Julho, 2022 00:29

    um princípio ético fundamental

    Ena. Chamem o Hobbes, para explicar melhor o livro. Ou o Elon Musk, e peçam-lhe para pagar voluntáriamente a justiça, a segurança e a defesa cá da paróquia.

    A inexistência na história humana de uma sociedade sem impostos devia dar alguma pista sobre a viabilidade do “princípio ético” – mais ou menos a mesma do comunismo científico e outros delírios.

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    • Pedro Dias permalink
      29 Julho, 2022 08:26

      No Paleolítico já se pagavam impostos?

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      • Atento permalink
        29 Julho, 2022 19:51

        Bem visto!
        E as escolas, os hospitais, as estradas, os esgotos, tudo funcionava melhor… o socialismo deu cabo de tudo!

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      • Zé Manel Tonto permalink
        31 Julho, 2022 10:25

        No paleolitico o chefe da tribo comia uma porção maior, tinha mais acesso às mulheres da tribo.
        Sim, mesmo no paleolitico havia uma elite politica primitiva que sacava aos restantes.

        Havia pelo menos a hipotese de um tipo sair da tribo e tentar a sorte sozinho. Hoje nem isso.

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  2. freakonaleash permalink
    28 Julho, 2022 11:39

    A Iniciativa Liberal deveria bater-se pela eliminação de empresas privadas penduradas na teta do estado isso sim! O ataque ao estado social é atirar areia para os olhos…acham mesmo que é a malta dos RSI (com os quais também não concordo) que suga a maior parte do orçamento do estado!?

    Temos fundações e observatórios cujo a única verdadeira missão é pagar ordenados a boys!!!…mas não há que bater no estado social que vai mantendo justamente algumas pessoas à tona da água, injustamente outras tantas. A IL não tem valores apenas reclama valores aos negócios dos seus militantes! Não me serve.

    Acham que é o desmantelamento do SNS que vai tornar o país numa Suiça!? Se determinados pulhas ligados a todo esse crime de colarinho branco bem badalado na comunicação devolvesse o produto roubado e com juros isso sim! E quem empresta dinheiro da forma que se viu na CGD também deveria ser engavetado…mas não há que atacar quem já vive na m+rda quer seja por fracas opções ou sorte na vida…sim há malandros no meio deles há, demasiados…mas lá está se o estado fiscalizasse funcionava mas está quieto! E quem é que vai fiscalizar? A Inspeções RSI, de Pinto e Filho, SA!?
    Os libertários não são flor que se cheire!

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  3. JgMenos permalink
    28 Julho, 2022 11:50

    Muito certo!
    Nunca, que eu saiba, um partido levou ao parlamento um inquérito sobre a utilidade (custo / benefício) de uma qualquer instituição pública!

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  4. RC - beirão permalink
    29 Julho, 2022 10:01

    Certíssimo. Mas acontece que a IL outra coisa não é que farinha do mesmo saco dos outros partidos.
    Nos costumes tende mesmo a rivalizar com o bloco de extrema esquerda.
    Claro que se fosse diferente dos demais, o que está longe de o ser, em simultâneo com a baixa de impostos, bater.se.ia pela redução drástica da despesa pública, como diz o Telmo, e bem. Mas isso não dá votos.
    Todos uns chulos do erário público.
    Estamos bem lixados!

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  5. Atento permalink
    29 Julho, 2022 19:49

    O direitinha Telmo às vezes passa-se e solta a Ayn que tem dentro dele.

    Será ingénuo a ponto de pensar que os mamões privados são contra o Estado, ou apenas se faz de sonso? Haverá alguém que não saiba que eles precisam do Estado? E que os impostos nem lhes fazem cócegas?

    Neste papel de liberoca ortodoxo e histriónico, para quem até a IL – esses lacaios de mamões – são perigosos esquerdistas, lembra os comunas mais jurássicos. A surgir um PCP liberoca, à direita da IL, o Telmo lá estará.

    Para quem não sabe, a 1ª e última função do Estado é controlar a populaça e assegurar que a riqueza vai legal e ordeiramente de quem trabalha para quem mama. Em resumo, manter o status quo. O resto é secundário.

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  6. lucklucky permalink
    29 Julho, 2022 23:02

    “E, se em Portugal, ainda não chegamos à apropriação de 100% do produto do nosso trabalho”

    Isso é falso como se pode ver na faixa de rendimentos entre 9870 euros e 11100 euros.

    Essas pessoas levam praticamente o mesmo para casa 620 picos euros. Ou seja trabalhar mais 1200 euros nesta faixa, todos esses 1200 euros vão para o Estado. Uma taxa de IRS de 100%.

    Uma pessoa que ganhe 10836 euros leva 619 euros para casa, uma pessoa que ganhe 9870 euros leva 627 euros para casa. Neste caso uma taxa de mais de 100% sobre o trabalho extra que fizeram.

    Isto é apoiado pela esquerda e direita socialista e a censura dos jornalistas.

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  7. lucklucky permalink
    29 Julho, 2022 23:06

    Eu não concordo que um impostos seja roubo se o impostado concordar com o imposto e o valor do imposto.

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  8. Zé Manel Tonto permalink
    31 Julho, 2022 10:36

    Impossivel baixar impostos (incluo segurança social, dêem as voltas que derem, é um imposto) pois o grosso dos gastos do estado é o estado social.

    Saúde, educação, segurança social.

    Do Bloco de Esquerda ao Chega, todos concordam, e querem mais.

    Mesmo eleitores da IL, se lhes perguntar se querem cortar nas pensões, na saúde, ou na educação, poucos dirão que sim.

    Se a população não quer cortar no grosso da despesa, não há baixa de impostos. É uma opção.

    Eu respeito a opinião de quem se queixa dos impostos, e quer cortar nessas despesas.
    Respeito a opinião de quem não quer cortar, mas não se queixa.
    Não tenho qualquer respeito de quem se queixa de impostos altos, mas quer manter o estado social tal qual ele está.

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