livrem-se dessa gente*
Os portugueses têm-se em baixa estima e em péssima consideração. Andam, há anos, há décadas, a exigir de quem está no governo lhes resolva os problemas e os dramas existenciais. Sempre que se sentem aflitos, e sentem-se justamente aflitos quase sempre, pedem mais ao governo e aos governantes: mais actuação, mais intervenção, mais energia, mais decisões. «Melhores decisões», sobretudo «melhores decisões», como se os políticos as não tivessem tomado, caso as conseguissem imaginar ou pôr em prática. A maioria dos portugueses julga-se insuficiente para tratar da sua vida e está, em contrapartida, convencida que Cavaco, Portas, Barroso, Sócrates, Santana, Guterres, Passos, e isto para nos ficarmos pelas primeiras linhas e evitarmos ter de falar das centenas de Silvas Pereira que passaram nos governos das últimas décadas, são melhores do que eles a organizar as escolas dos seus filhos, o planeamento das suas reformas, as suas relações de trabalho, a vida das suas empresas, as universidades onde estudam e ensinam, os cuidados com a sua saúde. Não se lhes ocorre que os problemas que têm seriam mais eficazmente resolvidos se eles tivessem maior decisão sobre as suas vidas, em vez de bovinamente aceitarem que outros as organizem por eles. Os portugueses das últimas décadas gostam de matar as suas maleitas com os terapeutas e as terapias que lhas causaram. Estão e estarão, por isso, cada vez pior. Fica aqui uma sugestão: livrem-se dessa gente, exijam-lhes de volta o que é vosso, e aprendam a cuidar de si mesmos e do vosso destino.
* Inspirado pelo post anterior do Gabriel.

bem , creio que vai ser um processo complicado e doloroso voltar a ensinar às pessoas que são elas e as suas famílias os responsáveis pelas suas vidas e futuro , e não a sociedade em geral e o estado em particular.. com esta coisa da deolinda percebi até que há quem pense que uma empresa é tipo um projecto social e não um projecto individual , ou familiar , de uma pessoa que se quer fazer à vida e que , legitimamente , se está borrifando para as aspirações dos “condicionados” pelo estado.
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Desculpe lá, ó Rui, mas esses serão certamente os portugueses que vc conhece.
É problema seu e é abusivo generalizar.
O Gabriel fala de uns tantos, o que é diferente.
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O Gabriel tem umas manias e, se calhar, você tem outras.
Alguns, como eu, estão-se completamente nas tintas e apenas passam férias no País quando querem e quando podem… não estão para ter chatices nem aturar labregos.
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Os portugueses detestam assumir responsabilidades, logo os outros que decidam como resolver os seus problemas, porque se a coisa der para o torto serão esses outros chamados prestar contas.
Continuamos a ser o povo de provincianos de que falava Pessoa.
Não há outra forma de explicar como é que o português é o melhor opinion maker de taberna; reclama, reivindica, aponta o dedo a tudo a mais alguma coisa, percebe de tudo e tem soluções para tudo, mas na hora de verdade quando é convidado a dar o passo em frente os outros que o façam. É por estas e por outras que os portugueses têm aquilo que merecem…
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Esta terapia vai acabar por ser aplicada, e à força. Foi o que aconteceu, de forma radical, na República Checa, na Eslováquia, na Polónia, na Alemanha “democrática”, etc., etc. E parece que dá resultado! Claro que vai haver sempre coitadinhos, mas… coitados…
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Humilde sugestão substituír “gente” por “canalha”…
Grande post.
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Olhe que os portugueses que refere são aqueles que “gerem” grandes empresas e bancos. E que mamam do estado à custa da influência dos seus “Silvas Pereiras” como muito bem refere. Generalizar dessa forma para cima de todos nós não só é injusto como carece de uma análise mais profunda sobre a nossa maneira de estar e sentir. Numa coisa lhe dou razão: é preciso arredar de vez esta cambada do poder, e aqui o povo português revela o seu lado pior ao meter no poleiro pela 2ª vez uma personagem como Cavaco. Já o tinha feito com Sócrates, prepara-se qualquer dia para fazer o mesmo ao Coelho. Assim nunca passamos da cepa torta.
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Democracia semi directa à suiça: nada de melhor.
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o sócrates tem o silva pereira; o passos tem uma espécie de sombra irritante chamada rui baptista, que devia ganhar muito mal numa EP- a Lusa.
Rui baptista tem como cartão de visita do seu c.v. o ter apresentado o programa “Liga dos Últimos” na RTP-N.
cada um tem aquilo que merece!
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Daniel Letras, já que cita Pessoa, aqui vai o que ele escreveu sobre provincianismo:
“Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro. “FP.
Mais ainada:
“Se há característico que imediatamente distinga o provinciano, é a admiração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas. “FP.
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Há por ali um “a” a mais e um outro trocado no segundo texto de Pessoa, que até estava no link.
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provincianismo: hoje temos um bom exemplo tuga:
O jornal i em manchete:« i o melhor jornal do mundo»
isto após terem ganho prémio gráfico.
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“…os problemas que têm seriam mais eficazmente resolvidos se eles tivessem maior decisão sobre as suas vidas…”
.
Mas como, se o governo lhes saca do bolso, à má fila, metade do rendimento que auferem como produto do seu trabalho?
O que resta não dá para tomar decisão, é apenas para sobreviver.
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O modelo defendido pelo Rui A. funciona e é viável desde que não haja polícia nem tribunais para interferir e o pessoal possa resolver as divergências à chapada. Doutro modo, é um liberalismo tutelado pelo Estado e então a única diferença é que os bovinos continuam os mesmos, só mudam os pastores.
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Devemos começar por cima, ou seja, por Cavaco, il capo deste sistema sucialista…
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