privatizar
Defender que não se não se vendam os activos de uma empresa quando ela esta está em dificuldades financeiras, para não se ter de o fazer à pressa e abaixo do seu valor real, é uma falácia que deve ser rejeitada quando se debate o futuro do sector empresarial do estado português, onde se encontram velhos mamutes como a RTP, a TAP, a CGD, a CP, entre outros. Qualquer empresário comum sabe que o valor do seu património e dos seus activos depende sempre, em boa medida, da cotação que a empresa tiver no mercado, e que se uma situação de crise avançar muito para além do vermelho, ele arrisca-se a perder tudo e a ter de vender o que lhe sobrar pelo preço que lhe oferecerem. Nessa situação, não terá, contudo, outra opção.
No caso de Portugal, imaginar que as finanças públicas do país conseguirão, a curto ou a médio prazo, alavancar financeiramente a recuperação das empresas do estado é wishful thinking delirante. Se elas permanecerem sob gestão pública continuarão a ter prejuízos acumulados e cada vez maiores, e a prestar-se a destinos pouco empresariais, como albergar clientelas partidárias ou servir de veículos de propaganda governamental.
Por isso, seja para que o estado (os contribuintes) não tenham que continuar a suportar o agravamento desses prejuízos, seja para permitir que algumas dessas empresas se possam ainda salvar e manter o emprego a quem lá trabalha (não é certo que todas o consigam), seja ainda para que o estado possa receber alguma coisa por elas (quanto mais tempo passar, menos receberá), é vendê-las o quanto antes. Qualquer discurso sentimental que apele à preservação destas empresas no sector público, ou é apenas isso e só isso mesmo – emotividade sem racionalidade – ou esconde segundas e nefastas intenções.
Você está a fazer uma grande confusão. A maior parte das empresas deficitárias não podem ser vendidas porque não há quem fique com elas. O Estado vai limitar-se a concessionar a exploração desses serviços aos privados. Mas a empresa fica em mãos públicas.
Quanto ao caso de empresas que libertam meios, só vale a pena vendê-las se o valor oferecido superar o VAL de todos os cash-flows futuros que as empresas vão libertar. Caso contrário é preferível mantê-las na mão Estado.
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Em Portugal ainda andamos a fazer análise de investimentos baseados no VAL. As finanças cá estão sempre 30 anos atrasadas.
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TLD,
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“Você está a fazer uma grande confusão. A maior parte das empresas deficitárias não podem ser vendidas porque não há quem fique com elas.”
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O que o faz ter tanta certeza? Acha mesmo que se o Estado pusesse a RTP à venda pela melhor oferta superior a 1 Euro, não apareceria nenhum comprador? O que se perde em tentar? Falo na RTP como poderia falar de qualquer outra empresa super-deficitária, como as de transportes.
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Caro Rui a, para mim, pior do que os esquerdoides que se recusam a constatar realidades são os direitoides que não passam de esquedoides confundidos . Tanto para uns como para outros, a realidade não é alterável! – Deixe-me usar o exemplo da TAP e elucida-lo:
Não sei o que você faz na vida, mas a TAP s é ~1% do PIB deste país e é 3% das exportações toda do pais, sendo o maior exportador nacional com 1.8 mil milhões de euros. Além disso só a contribuição da TAP para a SS (com base nesse dinheiro de verdade, de exportação) significa todo o orçamento do do RSI da zona centro. Um obrigado chegava, seu pulha.
Dito de outra forma, se considerar que o contributo de cada português para o PIB é 50 euros, um empregado TAP tem um contributo de 230 euros! Novamente, um obrigado chegava.
Depois deixe-me explicar-lhe. Se a Tutela quiser vender a TAP vende amanhã! – Não acha estranho que, apesar do interesse (IAG, LH, LANTAM e mais duas que não lhe digo) é o segundo executivo que se parte em 30 para tentar vender só e somente 49% da TAP e ficar com os 51%?! – Não acha estranho que já o Socrates se recusava a vender a totalidade de TAP e queria associar os 49% á construção do novo aeroporto e este novo executivo, mesmo com a pistola da troika apontada á cabeça agora quer associar os 49% (nunca a totalidade) á venda da ANA? – Não acha estranho?!
Já para não falar no HUB que tanto ouve falar. Que foi a TAP que construiu, mesmo com o estado a subsidiar a concorrência (18 milhões para as Low Cost e 89 milhões para a SATA).
Não é daqueles que não sabe que a TAP vive do seu movimento de capitais (que é brutal – 2.4 mil milhões!) e que é provavelmente a única empresa do pais que está proibida por lei de receber qualquer ajuda do estado!
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E para um pais em que 5 empresas (todas com capitais públicos) pagam mais de 30% do IRC em Portugal (infelizmente a TAP não faz parte delas… ainda, porque com a venda da GroundForce passa a ser). Porque 50% das empresas em Portugal nem IRC pagam e sobra os ordenados “bem pagos” como gostam de dizer, de cerca de 500 milhões, a contribuir para o bom do IVA que sustenta o estado?
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Vocês são infantis. Absolutamente infantis. O problema é que no governo existe gente como vocês. O melhor é ir embora. Para longe.
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E desse fluxo brutal de capitais que é a TAP, como disse em grande parte com dinheiro de exportação (a TAP é 80% exportação) lembrar que se 65% dos IRS em portugal é pago por 5% dos contribuintes, lembrar que destes (dos 5%) , pelo menos 2% estão na TAP!
Com a TAP privatizada ( e tem que ser ou morre) lembre-se que isto tudo desaparece (posso garantir-lhe) em 2/3 anos!
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Almeida Alves,
Não quer fundamentar a nossa “infantilidade”?
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O problema é que o costume é as empresas deficitárias serem desmembradas, ficando o Estado com os ossos e os privados que compram com a carninha…..
Quanto è TAP, os unicos prejudicados serão os que actualmente usam o aeroporto da Portela, que passarão a ir apanhar aviões a Madrid. Quanto aos outros, não se notará grande diferença.
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Caro LR, o maior óbice à venda dessas empresas não deve ser o preço. É mesmo ter que assumir os custos da venda, que poderão subir bastante os défices orçamentais. Se os dividendos baixam o défice orçamental, assumir as perdas sobe-o. Esse deve ser o principal óbice político actual.
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SG,
Com TAP ou sem TAP, desde que haja mercado, aparecerão sempre companhias a fazerem voos a partir de Lisboa. Havendo necessidades, isso significa que há oportunidades de negócio e aparecerão sempre operadores interessado em supri-las. É isto o mercado.
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Boas notícias!
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“Rio Tinto quer investir mil milhões nas minas de Moncorvo
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A Rio Tinto, a maior empresa de minas do mundo, quer investir mil milhões de euros na exploração de ferro em Portugal.
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O projecto será realizado nas minas de Torre de Moncorvo, em Trás-os-Montes, um dos maiores depósitos de minério de ferro da Europa, com recursos medidos e indicados de 552 milhões de toneladas de minério e recursos inferidos de mil milhões de toneladas, revelou fonte próxima das negociações à Lusa.”
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in http://economico.sapo.pt/noticias/rio-tinto-quer-investir-mil-milhoes-nas-minas-de-moncorvo_129621.html
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Mas era este o tal grande investimento de sempre, pré-anunciado pelo ministro? Vou ali e já venho. Gulp!
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Caro Anti-comuna,
Mas assumir os custos da venda porquê? Não é costume venderem-se empresas falidas por valores residuais e o comprador assumir todos os ónus e encargos das mesmas? Acha mesmo que não haveria interessados, nacionais ou estrangeiros, em comprar a RTP mesmo assumindo o seu passivo líquido?
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Caro LR,
“Acha mesmo que não haveria interessados, nacionais ou estrangeiros, em comprar a RTP mesmo assumindo o seu passivo líquido?”
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Sinceramente tenho as minhas dúvidas. Não que não acredite ser possível (e cada caso é um caso), mas olhe que deve ser esse o maior óbice político actual. os capitais megativos dessa generalidade de monstros despesistas é de tal ordem, que eu tenho algumas dúvidas em pensar que alguém as assuma com esses capitais próprios tão negativos.
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Mas que é desejável privatizar, é. E devem tentar. E venderem o que puderem. Mas mesmo assim, a conjuntura actual é mesmo má, para mais com aqueles capitais próprios.
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Caro LR,
Apesar de concordar com a venda da TAP não sou tão crente nas virtudes do mercado. A Lei do Mercado que vocês, economistas liberais tanto elogiam tem duas alíneas, mas normalmente só uma é enumerada:
a) a procura e a oferta variam em proporcionalidade inversa, determinando o preço de um bem ou serviço;
b) [o que normalmente não é enumerado], qualquer player tenta adulterar o “mercado” a seu favor invalidando a lei anterior. Senão, não haveria procura suficiente para que um Porto-Lisboa-Porto pudesse custar menos de 194€, quatro ou cinco vezes mais do que um Porto-Paris-Porto ou Porto-Londres-Porto?
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Olhem, finalmente surgem boas notícias em matéria orçamental.
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“Défice público está a cair mais de 30% até Setembro
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O défice público até Setembro está cair mais de 30% face a 2010, revelam dados da Direcção-geral do Orçamento divulgados hoje.
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Segundo os números do Ministério das Finanças, o défice no sub-sector estado (essencialmente os ministérios e respectivos serviços) foi de 6.562 milhões de euros até Setembro, caindo 30% face aos primeiros nove meses de 201.”
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E caiu em termos mensais, pela primeira vez. Vamos ver se conseguem baixar mais a despesa e chegam ao final do ano com um défice abaixo dos 5,9%. Para já, parece possível!
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Hummm, noto que os meus comentários já vão com uma hora e nada de os publicar. Outros, com stamps muito posteriores, aqui estão já publicados!
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Faltou-me referir a fonte:
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http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=513899
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Mil desculpas a todos.
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“Faltou-me referir a fonte:
(…)
Mil desculpas a todos.”
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Já estava a ver que nunca mais vinham as desculpas. 8 (oito) loooongos minutos de espera! Chiça, que é demais! Já estava a ficar verde de cólera!…
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São 23 horas. — desde as 21.20 os meus comentários aguardam aprovação. humm. Elucidativo
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Caro SG,
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“Senão, não haveria procura suficiente para que um Porto-Lisboa-Porto pudesse custar menos de 194€, quatro ou cinco vezes mais do que um Porto-Paris-Porto ou Porto-Londres-Porto?”
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Quantas companhias fazem o Porto-Lisboa? E quantas fazem o Porto-Paris ou o Porto-Londres?
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O ministro da Economia Álvaro Santos Pereira considera que o governo se suicidou
“… se um congelamento dos salários nominais durante os tempos mais próximos faz todo o sentido (até para controlar o crescimento excessivo do Estado), já uma nova descida nominal me parece excessiva. E se há boas razões económicas para dispensarmos uma nova descida dos salários nominais, o que dizer das razões políticas? A verdade é que, no contexto actual, é difícil antever o sucesso de uma nova redução salarial. Um novo corte dos salários seria, muito provavelmente, uma medida suicida para um governo que quisesse implementar uma agenda reformista. A contestação social que certamente se seguiria ao novo corte salarial poderia inclusivamente pôr em causa a própria agenda reformista, ao enfraquecer o governo aos olhos da opinião pública e dos parceiros sociais. Por outras palavras, os custos de novos cortes salariais seriam decerto mais elevados do que os benefícios, o que limitaria o impacto de tal medida.”
Álvaro Santos Pereira (actual ministro da Economia e EMPREGO) in “Portugal na Hora da Verdade”, p. 362; Gradiva, Lisboa (2011)
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A discussão sobre as privatizações é de facto pueril, porque há que ver caso a caso. A TAP há muito que devia ter sido vendida e vende-se sem dificuldade. A RTP deve pura e simplesmente ser encerrada. A CP terá que permanecer pública, queiram ou não. Os bancos vendem-se mas nunca agora. Etc……..
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“É igualmente importante perceber que o serviço público se paga. E um bom serviço público tem de se pagar ainda mais. Se atribuíssemos o salário mínimo a alguns trabalhadores na administração pública ou salários muito mais baixos do que os auferidos por trabalhos equivalentes no sector privado, que incentivo teriam os funcionários do Estado para prestar um bom serviço público? Por isso, é natural que os rendimentos médios no funcionalismo público estejam acima dos rendimentos médios no sector privado.”
Álvaro Santos Pereira (actual ministro da Economia e EMPREGO) in “Portugal na Hora da Verdade”, p. 513; Gradiva, Lisboa (2011)
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a venda da TAP implica, obviamente, o seu desaparecimento a curto/médio prazo. principalmente se for vendida à Ibéria e BA. a única hipótese de sobrevivência seria vende-la a brasileiros e angolanos (desconfio que não estão interessados). mesmo assim a sua sede acabaria transferida mais cedo ou mais tarde para S. Paulo. não é assim tão vendável como dizem, principalmente se lhe atrelarem a ANA e um aeroporto a construir.
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Esta discussão em torno das privatizações resume-se a dois campos: de um lado aqueles que olham para as coisas como elas deviam ser (ou como nós gostaríamos que elas fossem) e aqueles que olham para as coisas como elas efectivamente são. Seria excelente se pudéssemos fazer milagres com a RTP, a CP, a TAP e tantas outras empresas. Seria excelente se tudo corresse conforme aquilo que desejamos. Seria excelente se tudo e todos fossem excelentes… Mas as coisas efectivamente não são assim.
E é um função das coisas como elas são que as questões devem ser ponderadas e as decisões devem ser tomadas. Estou inteiramente de acordo com este post.
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http://economico.sapo.pt/noticias/tap-quer-evitar-fuga-de-quadros-para-o-estrangeiro_129634.html
Com patriotas destes bem podem vender tudo e depressa.
http://economico.sapo.pt/noticias/tap-avanca-com-aumentos-nos-subsidios-das-chefias-ate-76_112737.html
Subsídios de funções em terra numa companhia de aviação?!?! Os pilotos recebem mais porque andam no ar os outros porque ficam em terra. Não se arranja um subsidiozito de agua na eventualidade de quererem ir fazer um cruzeiro?
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“Qualquer empresário comum sabe que o valor do seu património e dos seus activos depende sempre, em boa medida, da cotação que a empresa tiver no mercado, e que se uma situação de crise avançar muito para além do vermelho, ele arrisca-se a perder tudo e a ter de vender o que lhe sobrar pelo preço que lhe oferecerem.”
Eu percebo onde quer chegar, mas olhe que nao tem razao neste argumento:
– Por uma questao de liquidez (e diferente vender umas accoes ou vender uma empresa inteira – o mercado para uma empresa inteira nao e’ perfeito, nao tem liquidez. E’ o mesmo que quando se tenta vender uma casa numa semana – so consegue se baixar drasticamente o preco). Do outro lado do argumento existe a questao do premio de controlo.
– E ja agora, por que motivo muitos CA rejeitam OPA’s hostis dizendo que o preco, ainda que acima da cotacao das accoes, avalia mal a empresa? E quantas vezes esses CA tem sucesso na sua pretensao?
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A questao nao e essa. A questao e que as empresas nao valem nada, e vao continuar a ser buracos. Ha 10 anos que os governos tentam dar a volta a situacao e nao conseguem. Oferecer a empresa ja seria ter lucro!
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Se quiserem vender a RTP, a TAP, CGD ou mesmo a CP por um euro, eu compro.
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Dizer apenas que o estado das contas do país justifica qualquer irracionalidade, mesmo a revenda de monopolios sem acautelar a concorrencia, parece, à luz das necessidades, uma grande medida. Infelizmente vender monopolios não traz qualquer vantagem à economia, nem aos consumidores… mas resolve as contas do estado.
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Rb
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