não me obriguem a ser “liberal”
Não à custa da minha renda, compulsoriamente extorquida para tapar os buracos da conta do estado, para subsidiar empresas públicas e privadas, e para manipular os custos do trabalho dependente. Aliás, se o aumento da contribuição para a segurança social de 11% para 18% não é um imposto encapotado, como afirmar, então, que “As medidas anunciadas na sexta são apenas para substituir as medidas vetadas pelo constitucional”, quando o resultado destas foi e continuaria a ir direitinho para os cofres do estado e para sustentar a despesa pública?
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Seja qual for o destino e a qualificação técnica dessas medidas, assunto francamente secundário, eu preferiria que o governo utilizasse recursos próprios para pôr em marcha as suas “soluções magistrais de liberalismo prático”. Quais recursos? Aqueles que ele utiliza para sustentar dezenas de fundações e institutos públicos, para pagar as parcerias público-privadas, para cobrir os défices gigantescos da RTP, da TAP, da REFER, da Parpública, do Metro, dos mais de quarenta mil funcionários públicos que contratou nos últimos tempos, do ensino público universal e praticamente gratuito, da saúde pública universal, mal gerida e gratuita, dos pareceres pagos aos escritórios dos amigalhaços, do funcionalismo político que continua viçoso e saudável, do dinheiro que persiste em não querer receber ao recusar-se a alienar a CGD, para continuar a sua actividade de banca privada, etc. Não tem, o governo, dinheiro para estas reformas? Mas como não tem se continua a financiar-se, com o dinheiro dos nossos impostos e com o que tem vindo da troika, para pagar esses custos, dos quais parece não querer prescindir?
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Para além disto há que duvidar da eficácia destas medidas, como de quaisquer outras medidas intervencionistas provenientes de qualquer governo, quaisquer que sejam as suas finalidades (sempre as melhores, como sabemos…). Pelo menos, essa é uma obrigação de qualquer espírito liberal, “prático” ou “teórico”, porque, nesta como em quaisquer outras medidas de intervenção económica, há sempre o que se vê e o que não se vê, como recordava Bastiat. E, por enquanto, o que se vê destas medidas de sexta-feira é que a renda de todas as pessoas que trabalham será diminuída em 7%, por decisão unilateral e compulsória do governo. O que se anuncia, mas ainda não se viu, é que essa extorsão (para evitar a qualificação de “imposto”) terá consequências fabulosas na economia do nosso país. Terá mesmo? Não sei. Mas sei que esta crença, ab initio, no intervencionismo económico do governo legitima-o para quase tudo. Ou será que os keynesianos não tinham e têm, eles também, fórmulas infalíveis para recuperar a economia e o emprego, traçadas a régua e a esquadro nos gabinetes ministeriais?
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Mas há outra coisa que se vê, de imediato: que o governo nos disse que desistiu de fazer as reformas estruturais de que o país necessita e que há tanto tempo espera e aguarda. Isso, sim, é que representa uma assinalável “perda de energia” dos portugueses, levados que estão a um ponto de exaustão provocado por políticas de pura e simples extorsão fiscal que duram há anos sem contrapartidas que se vejam. “Desistimos de reformar o país, por isso dê-nos lá mais algum do seu dinheiro para continuarmos a sustentar isto”, é o que nos foi dito.
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Por isso, esta lição de “liberalismo prático” que o governo de Passos Coelho nos deu na passada semana, à força e contra a vontade expressa da maioria dos “libertados”, faz lembrar a célebre proclamação aos portugueses de D. Pedro IV, na sequência do desembarque no Mindelo, em 1832, quando, ao ser recebido com animosidade popular que não esperava nem lhe tinha sido prometida, os advertiu: “Não me obriguem a libertar-vos!”.
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Por mim, agradeço, reconhecido, mas prescindo bem deste “magistral liberalismo prático”, à custa do meu trabalho, da minha renda e propriedade, em vez do trabalho que o governo devia ter feito.
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Em tempo: parece que, afinal, mais tempo para equilibrar as contas públicas foi o melhor que o governo conseguiu da troika. Afinal, “mais tempo” não era assim tão mau, do ponto de vista do governo, como há dias se dizia. Esperemos que, desta vez, não desbaratem mais um ano e desencadeiem, mesmo e a sério, as reformas que nos prometeram e de que todos os que os elegeram estão à espera.
Não me diga que vai agora fazer de lobo mau, só para arreliar o mano prático netonto…
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Rui,
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Toda a gente quer reformas, nas não aquela reforma. Todos querem cortes na despesa, mas não aquele corte. Goebbels também dizia que toda a gente queria todos os judeus mortos, mas nunca o seu judeu. (ver o frontispício do livro Treblinka).
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Caro Rui,
A contribuição não é um imposto, mas o resultado é uma “desvalorização fiscal” — Vitor Gaspar dixit.
ABÇ
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Caro Rui,
A contribuição não é um imposto, mas o resultado é uma “desvalorização fiscal” — Vitor Gaspar dixit
ABÇ
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Francisco Colaço, mas isso as pessoas terão de escolher: ou mais despesa e mais ruina economica, ou menos despesa e menos ruina.
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sustentar dezenas de fundações e institutos públicos
“Fundação Soares, Mário”.
Ontem deixei uma msg no PM’ s Facebook:
Ofereço-me para fechar a Fundação MS à chave.
De imediato.
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Sobre a conferência no Ministério das Finanças:
Este sr. Gaspar, no seu peculiar estilo insolente, quer fazer de nós parvos.
O que nos disse este sujeito, é para esquecermos o que disse o ano passado e que agora é que vai ser.
Que credibilidade quer ter este sujeito, quando toda a banha-da-cobra que nos andou a vender em 2011, deu este resultado?
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… ” Esperemos que, desta vez, não desbaratem mais um ano e desencadeiem, mesmo e a sério, as reformas que nos prometeram e de que todos os que os elegeram estão à espera. ” …
Bem pode esperar, mas sentado pela sua saúde !
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E não se arranja uma postazinha do deputado residente CAA?
Anda há tantos dias caladito. Não tem nada para nos dizer sem ser aquela menoridade do posterzinho?
Então diga lá se está de acordo ou não com este vendaval. Que resultados espera disto?
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Ouvi com atenção, apesar da comichão que me provoca o estilo pedante de Vítor Gaspar, e concluo:
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1. Os problemas essenciais que condicionam a nossa economia e que derivam, fundamentalmente, do excessivo peso do Estado, são de novo contornados. Agora já não tenho dúvidas: é medo!
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2. O delay concedido pela troika, que até podia ser positivo, associado ao medo só vai prolongar a agonia.
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3. A grande opção estratégica do Governo passa a ser o combate ao desemprego e o Governo pensa que a solução passa… pelo aumento das exportações. Não é preciso dizer mais nada, as patetices debitadas nos últimos tempos no Blasfémias por JM, dizem tudo sobre a insanidade que se apoderou do Governo e daqueles que o defendem.
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Se me quiserem reformar, por mim tudo bem.
Quanto ao mais:
1) Reduzir os municípios a um n.º que ronde os 50 a 60;
2) Reduzir os func. públicos a um n.º inferior a 500 mil;
3) Reduzir o n.º de profs. dos ensinos básico e sec., dos atuais cerca de 13o mil, a um número que ronda os 90 mil;
4) Despedir 4/5 dos funcionários não qualificados das escolas e dos hospitais e centros de saúde;
5) Eliminar 4/5 dos deputados;
6) Privatizar toda a frota de automóveis do Estado;
7) Privatizar, progressivamente, todos os serviços estatais, à exceção das áreas da segurança pública;
8) Extinguir o exército e contratualizar com a NATO a defesa do país;
9) Além dos SN e SF e do corte de 10% nos salários, reduzir o equivalente a mais um salário aos func. públicos;
10) Subsidiar todos os portugueses desempregados que se disponibilizem a emigrar nos próximos quatro meses.
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Piscoiso, manda lá aí uma boca…
R.
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Vitor Gaspar anunciou mais um corte – que acresce aos dos subsídios – nos pensionistas (3,5 a 10% para pensões superiores a 1.500€).
Não seria mais honesto e transparente ‘criar’ um tecto retributivo máximo de 1.500 € para os pensionistas?
É que começa a não haver pachorra para tanta ‘voracidade’ ainda por cima servida ‘às pinguinhas’…
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Rui
Enquanto o corte é de 25% no bolso dos outros é um ajustamento justo, e diminuição da despesa (ainda um dia alguém com cérebro me irá explicar mesmo que ummsalario de alguém que trabalha num local é receita e noutro despesa, mas enfim!), quando lhe chega um cortezinho de 7% ao seu bolso aqui del rei que nos estão a levar à ruína.
Pois a coisa é mesmo assim, todos os cortes são bons desde que afectem os outros, e não é sequer liberalismo, é egoísmo puro e duro do pior.
De resto venham de lá ideias, para já os pensionistas levam mais uma descasca e desde que recebam mais de 1500€ brutos são uns ricos e têm de dar dinheiro para a causa.
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Xico, vamos lá por partes
1. E isso faz ganhar dinheiro, como?
2. E como trata os despedidos, reformas antecipadas? Indeminizacão? Desemprego, mobilidade? E mais importante quais é que saem? É que se for por opção vão sair os melhores, e depois nunca mais terá nada a funcionar bem.
3. Este ano há 30 alunos or sala, quer passar a 50? Ou vai proibir as baixas medicas? Ou quer mesmo acabar com o ensino obrigatório?
4. Eu conheço escolas com dois funcionários, como pretende fazer, um continuo para cada duas escolas?
5. Era fixe, mas ficavam apenas dois partidos. No entanto é floreado.
6. E isso ficava mais barato? Até as empresas que deduzem os carros nas despesas já viram que não é assim tão interessante, só é bom para os funcionários que recebem sem fazer descontos
7. Porquê a segurança? Acabe logo tudo de uma vez. Mas para que são os 500000? Vai tudo para a policia?
8. Isso então era mesmo barato, está bem de ver. Sabe qual é o salário de um Marine e com que idade se reforma?
9. Isso dava dinheiro, sem duvida. Mas falo apenas por mim, já me tiraram 3 salários, parece que no IRS vai ser mais 0,5, com esse adicional eram 4,5. Mais um pouco e começo a ganhar dinheiro,pois estou a chegar àquele escalão em que o Estado paga tudo para que os pobres tenham mais direitos que os “ricos”
10. Essa é idiota e imbecil, pois vai ter esse efeito a custo zero no imediato, e a custo muito negativo no futuro (e já agora todo o investimento feito no passado com formação vai servido de bandeja)
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Se quiser enviar mais ideias faça o favor, se calhar até é bom para percebermos que ent mandar umas bocas e fazer alguma coisa de positiva vai uma grande diferença.
O risco é de no meio desta palermice ainda começarmos a entender os desvarios do Passos Coelho e do Gaspar.
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Paulo, pela sua santa mãezinha, então isto não é um blogue de gajos liberais e apoiantes da bela merda que dá pelo nome de Passos, Gaspar e resto da comandita?
Limitei-me a sugerir algo que a esmagadora maioria dos cumentadeiros se farta de sugerir por aqui.
Como já escrevi algures e tive a oportunidade de dizer olhos nos olhos a um liberal do género dos que pululam por aqui, SEJAM CORAJOSOS E PRIVATIZEM TUDO, mas avisem-me primeiro, para eu me poder pirar daqui para fora.
Privatizem a Educação toda e vão ver o resultado; privatizem a Educação e vão ver a taxa de mortalidade a disparar para números de há décadas. Eu tenho família que trabalha na área da Justiça e que me narram a merda que aquilo é; tenho família que trabalha em instituições privadas da Educação e que revelam o compadrio, a sacanagem, a inflação de notas, as fraudes nos momentos de realização de exames, turmas com 20 alunos, ausência de NEE, expulsão de alunos que sugerem poder vir a tornar-se problemáticos, etc., etc.. E por aí fora.
Já tive telemóveis da TMN e tive problemas que demoraram décadas a resolver; já tive da Optimus e tentaram uma golpada miserável que só resolvi quando ameacei com o tribunal (vim a saber depois que a coisa se repetiu com imensa gente); a empresa que fornece água cá a casa é do foro privado: os preços são brutais, as avarias são resolvidas passados vários depois de comunicado o problema. E podia continuar, para destacar a valia do privado em detrimento do público. Vamos ver o salto nos CTT.
Resumindo, quero que Passos, Gaspar, Seguro, etc. e liberais da treta se vão fod*r.
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este governo está fora da lei, é um conjunto de bandidos e deveria ser demitido pelo PR – não se desse o caso de serem da mesma família política.
entretanto o PS vai ser recebido pelo PR; devem ir perguntar se se devem abster violentamente ou abster com estrondo no OE2013.
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Ó Xico, acalma lá a pipoca.
Há preços acessíveis na TAP para Cuba ou o Zimbabwe. É só pegares nesse teu cu gordo e peludo e apanhares um voo direto.
R.
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VGaspar, há um ano;
http://sicnoticias.sapo.pt/Lusa/2011/10/17/oe2012-reducao-da-tsu-funciona-muito-bem-mas-e-nos-modelos-da-universidade-diz-vitor-gaspar
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é caso para perguntar se foram as universidades que mudaram muito neste último ano. ou se foi a troika que ganhou o braço de ferro.
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A primeira grande baixa para o país resultante das medidas de Passos Coelho está a dar-se: Nogueira Leite ameaça pirar-se para o estrangeiro.
Cá para mim, a causa não são só as medidas anunciadas pelo governo. Ele deve ter ficado chateadíssimo de não ter ganho o prémio “O liberal mais encostado ao Estado do ano”, patrocinado por um blogue aqui ao lado.
Com a sua saída, perde o país pela quantidade de empresas das boas que ele tem criado e pode perder PPC que se sujeita a ficar sem os seus conselhos para privatizar o Ministério dos Negócios Estrangeiros, um dos que dá “enormes lucros” (políticos, claro) ao seu titular.
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Xico
Desculpe, mas nos dias que correm já acredito em tudo.
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Acredito especialmente que nesta loucura de argumentos, públicos e privados vão ficar com ódios de estimação sem saberem bem porquê.
É o dividir para reinar, bom para a idade média e lutas de sangue.
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…
Artigo 104.º Constituição da República Portuguesa
(Impostos)
1. O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e
progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar.
O que pretende o Governo fazer ? p.e.
REFORMADOS
(antes)
Tributação do Rendimento Pessoal (global/único/progressivo)
Ro = outros rendimentos
R = Reforma (inclui dois subsídios)
Imposto Único e Progressivo sobre (Ro+R) taxa IRS(1 escalão em tabela única)
(agora ficam sem os dois subsídios taxados isoladamente com 100% !…)
FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Agora a louca ideia dum louco PPC que depois do discurso foi cantar para o Tivoli e do feirante Portas que “mui feliz…” se “pavoneia” no Brasil…) , seria real se não fosse inconstitucional :
Uma situação obviamente discriminatória :
Ro + S2 (1 subsídio) com a taxa de IRS (1 escalão em tabela única)
S1 (1 subsídio) com a taxa de 100 %
S2 (1 subsídio pago em duodécimos com uma carga parafiscal de 7%/mês)
com taxa de 84%+taxa de IRS > 100 % (!…)
É evidente que estão violados os princípios constitucionais da UNICIDADE e PROGRESSIVIDADE (artigo 104º) ; IGUALDADE(versus equidade) (artigo 13º) ; e LEGALIDADE (e os seus corolários PROPORCIONALIDADE , CONFIANÇA LEGÍTIMA/SEGURANÇA JURÍDICA e INTANGIBILIDADE dos SUBSÍDIOS (artigo 3º) .
Lamenta-se a IGNORÂNCIA FISCAL do Tribunal Constitucional a par da generalidade dos comentadores , Juizes abusivamente televisivos e Marcelo incluidos (com excepção para MST) que apenas referem a igualdade (=equidade ) e desconhecem “ad minus” a progressividade .
É esta Santa Ignorância que governa Portugal: Retornados e Nativos luxuosamente reformados , que vendem o património nacional aos
ora ex-Colonizados(!) e outros estrangeiros , que lhes garantem
proveitosos lugares nas respectivas administrações .
Mas , “em Portugal , os Politicos não são corruptos” e a JUSTIÇA é cega ,
surda e muda e outras coisas mais …
P.S. Na pós adesão à CEE , confrontado um autor da CRP sobre a necessidade de alterar a CRP (o que já havia acontecido em Espanha e viria a acontecer necessariamente em Portugal apenas alguns anos depois) , ficou como a cara do aluno mais estúpido que ele reprova !…
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Uau! Excelente post. Só uma nota:
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“Em tempo: parece que, afinal, mais tempo para equilibrar as contas públicas foi o melhor que o governo conseguiu da troika. Afinal, “mais tempo” não era assim tão mau, do ponto de vista do governo, como há dias se dizia. Esperemos que, desta vez, não desbaratem mais um ano e desencadeiem, mesmo e a sério, as reformas que nos prometeram e de que todos os que os elegeram estão à espera.”
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Acredita mesmo? Eu pura e simplesmente não.
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A sociedade civil através de multiplas entidades e/ou ONG que podem representá-la, devia exigir a divulgação dos contratos relativos às PPP’s para que fossem alvo de análise pelos cidadãos, sobretudo aqueles mais habilitados. Há demasiados fantasmas à volta destes contratos e é do interesse público o esclarecimento acerca das cláusulas que inibem o estado de os anular ou reformular.
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para ‘lerem’ os contratos das PPS seriam necessários milhares de juristas e os asnos tugas mesmo assim ficariam com dúvidas…
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