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o «snob» e o «merceeiro»

12 Dezembro, 2013
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Logo após um equilibrado e sensato artigo, que há dois dias publicou sobre Nelson Mandela, o expoente máximo da nossa esquerda caviar, Daniel Oliveira, prontamente reparou o equívoco e cuidou de repor o equilíbrio natural das coisas, com um texto dedicado a Alexandre Soares dos Santos e a uma sua entrevista concedida ao Jornal de Negócios.

Depois de longamente se referir, desdenhosamente, ao empresário como “merceeiro”, vendedor de “iogurtes de pedaços, bacalhau demolhado da Noruega e champôs anticaspa”, “de Oreos e rolos Renova”, Oliveira conclui que ele não passa de um “analfabeto político” (ainda que possa ser um “génio do retalho”, escreve o brincalhão), e que, consequentemente, se deverá ficar pelos assuntos do seu interesse (o bacalhau demolhado e o papel higiénico) e deixar a política às sumidades e às grandes inteligências, como, provavelmente, ele mesmo, Daniel Oliveira.

Esta posição, que Daniel Oliveira, num assombro de superior humildade, assume como possivelmente «snob», mais não é do que um velho preconceito, que une uma certa esquerda com uma certa direita contra o comércio e a burguesia endinheirada mas supostamente iletrada, que já o jovem Marx abominava, tal e qual as velhas famílias aristocráticas do seu tempo, que se sentiam ultrapassadas pela classe que emergia graças ao esforço e ao trabalho, coisas que nem Marx nem os grandes titulares nobiliárquicos apreciavam por aí além. É esse mesmo nojo aristocrático e revolucionário contra o «vil metal», sem o qual o mundo era e seria perfeito, que motivou a uns e a outros. Ao tempo, porque uns o estavam a perder, perdendo também, por isso, poder e influência, enquanto os outros ainda os não tinham, nem ao dinheiro, nem àquilo que ele faculta. No fim de contas, trata-se da aversão profunda ao mérito, por parte de quem julga que a ascensão social ou a conservação de um status superior lhes pertence por direito próprio ou divino, a mesma coisa, para este efeito.

É por estas águas de presunção e aristocratismo patético, de quem julga que tudo lhe é devido, que navega Daniel Oliveira na crítica a Soares dos Santos. E, bem vistas as coisas, na sua ruptura com o Bloco de Esquerda, onde Francisco Louçã tomou o mesmo papel do empresário.

28 comentários leave one →
  1. 12 Dezembro, 2013 02:31

    analfabeto político ou não todo o cidadão grego tem direito a botar discurso na agora ou a escrevê-lo se o souber fazer

    já se fosse bárbaro ou uma gaja nã adevia meter-se nesses assuntos

    já o Amorim deve ser um letrado político porque vai prá cama com todos e lucra com todos desde a extrema-esquerda à extrema que endireita

    é muite triste termos letrados políticos como o jjpimenta e o amorim

    e iletrados como o merceeiro….

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  2. 12 Dezembro, 2013 02:34

    já o snob pode botar a sua opinião sobre a alfabetização dos alfas e betos políticos do país

    que tamém é dele aí 1:10,000,000 dele dá uns 9000 metros quadrados mais cousa menos cousa

    assinado gama gama delta delta

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  3. lucklucky permalink
    12 Dezembro, 2013 04:34

    Aristocracia sempre teve desprezo pelas actividades e necessidades básicas das pessoas.

    A Esquerda ao tomar o poder das instituições do Estado Moderno naturalmente tornou-se na Aristocracia.

    Logo não admira que para Daniel Oliveira um “merceeiro” seja uma pessoa inferior que deve é estar calada e limitar-se a pagar as dízimas e taxas que um Fidalgo de Esquerda como ele julga que tem direito.

    Mas julgo que não é só este factor.
    O nojo da esquerda aos Soares do Santos deste mundo é também porque a Esquerda
    é incapaz de produzir para providenciar as necessidades dos pobres.
    E Cuba e URSS importam/importavam comida dos EUA para sobreviver.

    Mas como não toleram que alguém que não seja a Esquerda contacte/influencie os, atacam sem piedade quem quer que o faça.
    É por isso que também instituições privadas de solidariedade são atacadas pela esquerda sempre que vêem uma oportunidade para o fazer.

    Estão a entrar num território- os pobres -coutada da Esquerda.

    Pobre que tal como servos, são propriedade de um senhor.

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  4. jhb permalink
    12 Dezembro, 2013 08:20

    “A Esquerda ao tomar o poder das instituições do Estado Moderno naturalmente tornou-se na Aristocracia. ”

    Que interessante. Essa é a teoria do Bourdieu no “State Nobility”: a nova aristocracia é o funcionarismo público de alto escalão. Que seja a esquerda no geral a ocupar essas posições neo-aristocráticas nao estou seguro, mas seria engraçado que assim fosse.

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    • lucklucky permalink
      12 Dezembro, 2013 20:19

      Precisamente. Existiu uma grande transformação da natureza do Estado Moderno desde o início do Século XX até aos nossos dias.

      Em Portugal pode dizer-se que essa transformação se deu nos últimos anos da Ditadura quando começaram a crescer os gastos sociais.

      O Estado no passado era a defesa, segurança, justiça e obras publicas. No início do Século XX o orçamento da defesa era um dos principais onde se gastava o dinheiro dos impostos – ou da dívida – hoje está reduzido a meros 4% do Orçamento do Estado ou cerca de 2% do PIB.

      A Esquerda tomou conta do Estado por via dos crescentes gastos sociais e de um sistema onde a Democracia estrangula e mata a Republica.
      No essencial um sistema populista.

      Mas ainda mais engraçado é que a Aristocracia de Esquerda é formada essencialmente por burgueses que passaram pelas instituições que dão os títulos nobiliárquicos de hoje: Universidades.

      E com o Nobiliárquico título Universitário passam a arrogar-se das prerrogativas da Aristocracia para controlar, obrigar, taxar, limitar os Outros.

      Mas com uma importante ressalva, raramente em cursos de ciências exactas.

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  5. Tiro ao Alvo permalink
    12 Dezembro, 2013 09:17

    Bem visto, Rui A. Se caíssemos nas mãos desta gente, estávamos lixados.

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  6. 12 Dezembro, 2013 09:20

    É verdade, ninguém atribui o justo valor a quem subiu na vida pelo próprio esforço: http://lishbuna.blogspot.pt/2013/12/pim.html

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  7. 12 Dezembro, 2013 09:41

    There is only one thing in life worse than being talked about, and that is not being talked about.

    Mas vocês estão a dar publicidade gratuita aquela insignificância mental e social para quê?
    Acham que ele é o Oscar Wilde tuga?

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  8. Castrol permalink
    12 Dezembro, 2013 09:48

    Mas quem é Daniel Oliveira???!!!

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  9. Américo Vicente permalink
    12 Dezembro, 2013 09:55

    Excelente post!
    Antes um merceeiro que cria emprego, logo riqueza, que um “intelectual” que incentiva à destruição da mesma…
    Seria interessante saber o que fez Daniel Oliveira na vida, que tenha gerado uma mais valia para a sociedade ou para terceiros…

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  10. 12 Dezembro, 2013 10:05

    O Sr. Pingo Doce é um traste político.
    Foi e é responsável por Passos Coelho levar o país à falência. No entanto, já enriqueceu mais 11% e tem mais impostos pagos na Holanda.
    É um merceeiro muito esperto!

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    • Joker Alhinho permalink
      13 Dezembro, 2013 01:49

      Tudo jóia, mas a estupidez que exibes também devia pagar imposto. Nem que fosse em Bissau, onde ficavas bem a explorar uma taberna.

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  11. A.Silva permalink
    12 Dezembro, 2013 11:14

    Olha um admirador de merceeiros rançosos.

    Que gente táo grotesca, fosga-se!

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  12. BELIAL permalink
    12 Dezembro, 2013 12:13

    Sarrafaçana daniel: OUTRA “pluma caprichosa”.
    Dão-lhe pilhas…

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  13. 12 Dezembro, 2013 13:13

    Se o mérito é aferido pela conta bancária…
    estamos conversados.

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    • 12 Dezembro, 2013 13:40

      Se o mérito é aferido pela bondade e benevolência…
      estamos conversados.
      R.

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    • Joker Alhinho permalink
      13 Dezembro, 2013 01:32

      Não minha besta, é medido por exemplo pelo número de empregos que cria,(e não só), particularmente num país de desempregados, e não a escrever merdas.

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  14. 12 Dezembro, 2013 13:35

    Vou “roubar”

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  15. JSP permalink
    12 Dezembro, 2013 13:39

    Este tipo , além de parasita, é um cretino invejoso.
    A posição mental, para lhe chamar de alguma maneira, desta escória muito contribuiu para o estado de (des)graça alcançado pelo rectângulo.
    Vistas bem as coisas , trata-se simplesmente do repúdio, e fuga, ao trabalho concreto e produtivo.
    Tudo o resto são balelas de néscios e calões.

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  16. Manolo Heredia permalink
    12 Dezembro, 2013 14:06

    Eu li a entrevista e acho que o homem é mesmo merceiro. Então não não´que ele diz que o pai dele morreu aos 59 anos e que ele irá morrer aos 89 e que por isso a idade da reforma devia ser aos 70!
    Mas não explica por razão não se vêm pessoas com mais de 60 anos a trabalhar nos Pingos Doces. Devem ter sido todas transferidas para o Conselho de Administração quando atingiram essa idade…

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  17. Bento Norte permalink
    12 Dezembro, 2013 14:34

    Pelo lado da destruição do próprio podemos estar descansados com esta esquerda de arraial, pela simples razão de que nada constroem para o poder fazer. Assim, com a cegueira da própria falência atiram-se ao alheio de martelo demolidor em riste mas sem perceber que o instrumento não tem abastecimento da energia, que sempre teria que lhes ser fornecida de borla.

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  18. jojoratazana permalink
    12 Dezembro, 2013 15:16

    É impressionante, o numero de empregados, que o merceeiro tem, principalmente no ramo de facilitadores de negócio, por esse motivo fica explicado, que quem produz riqueza naquela empresa, seja tão mal pago.

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  19. José de Brito Pires permalink
    12 Dezembro, 2013 18:06

    É-me indiferente a opinião do Daniel Oliveira, mas já não é a a de Alexandre Soares do Santos, um dos maiores empresários portugueses, e quando ele na citada entrevista diz, e cito: “Não me importo de perder a minha soberania se, em troca, me derem alguma coisa melhor” lembro-me Mark Twain que dizia “Mais vale estar calado e passar por tonto, do que abrir a boca, e esclarecer qualquer dúvida”.

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  20. Gasel permalink
    12 Dezembro, 2013 20:19

    Bem, a postura do DO até pode ser snob, mas por outro lado, o discurso do ASS é pura e simplesmente cabotino!
    Numa coisa o DO tem razão: é assustadora a relavancia que se dá a opiniões destas!

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    • Joker Alhinho permalink
      13 Dezembro, 2013 01:43

      De acordo, é (assustadora, não) ridícula a (ralavância, não) relevância que se dá a inúteis improdutivos e de escolaridade duvidosa como o sr. DO. É dessa publicidade imbecil que o camarada vive.

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