o castelo
O Porto vive um extraordinário momento de reanimação e crescimento, suportado por um surto de turismo europeu que anima o comércio, a restauração e a hotelaria. Este crescimento de que todos beneficiamos é feito apesar de e contra o estado e os poderes públicos, que para além de se intrometerem na vida das empresas em busca de receitas fiscais extorsionárias, lhes impõem toda a sorte de exigências legais, burocráticas e formais na gestão dos seus negócios. Um desses negócios é a recuperação urbanística dos velhos prédios em ruínas da baixa e arredores, com destino à construção de pequenos apartamentos de investimento essencialmente turístico. Quem se aventurar nessa empreitada conhecerá, ao invés do incentivo e do apoio das autoridades, que deveriam preocupar-se com as décadas de abandono imobiliário da cidade, os “rigores” de leis e portarias municipais cuja principal finalidade parece ser a de que ninguém faça coisa nenhuma. Num país decente, este esforço empreendedor de cidadãos e de empresas esmagados por uma fiscalidade de piratas devia ser estimulado, por exemplo, com isenções fiscais por prazo generoso para quem se dispusesse a gastar o seu tempo e dinheiro a recuperar um belíssimo património imobiliário que foi destruído por décadas e décadas de leis absurdas. Ao invés, em Portugal prefere-se lixar a vida a quem quer fazer alguma coisa, bastando, para tanto, aplicar uma dessas inúmeras leis que regulamentam tudo e mais alguma coisa, com excepção de nos explicarem como é que se transforma uma cidade em ruínas num lugar onde valha a pena viver.
Depois do BES o discurso liberal português não pode continuar a ser o mesmo. O BES é um exemplo de que tudo o que por aqui escrevem, este post incluído, deixou de fazer sentido. Os vossos ídolos têm pés de barro e caem como caiu em tempos o muro de Berlim.
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Ai sim? Então, explique lá que relações existem entre a queda de um grupo empresarial desde sempre ligado ao estado, aos favores do estado e às influências do poder político soberano tem a ver com a defesa do livre-mercado? Talvez começar por actualizar conceitos não fosse mau…
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Os mesmo regulamentos que podem ter conduzido à pouca reabilitação também são os mesmos que fazem com que haja neste momento um boom turístico.
Imaginemos o que seria do Porto (ou de qualquer cidade em Portugal) onde não houvesse regulamentos. Desconfio que em vez de termos uma cidade património mundial tivéssemos hoje a cidade cheia de edifício velhos com caixilharias de alumínio (os que sobrevivessem) e o resto prédios de gosto mais que duvidoso.
Paremos de falar mal por falar.
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Além disso, se há coisa que, como portugueses, temos IMENSA experiência é de saber muito bem que nada do que é deixado ao critério de quem tem interesse na coisa (neste caso os proprietários ou empreiteiros) acaba bem.
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Caracterizando o turismo no Porto que descreve, poderia dizer que é um turista de pé descalço que compra bolachas no Continente, percorre a marginal de Massarelos até à Cantareira e senta-se lá no banco a comer as bolachas que comprou… Pergunto se a reabilitação que transforma velho casario em supostas tascas gourmet e hostels é sustentável ?? Sim enquanto a Ryanair despejar essa gente no Porto em voos baratos e mesmo assim há sempre o risco do Porto sair de moda. O casario a cair de poder não é bonito mas duvido que a estratégia e o esforço de reabilitação e transformação sejam sustentáveis a médio longo e longo prazo.
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noto aqui uma certa inveja….
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Engana-se. Nasci em Massarelos. E repito, turismo ”papa bolachas” nunca impulsionará nada. Passe bem.
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É evidente o movimento na cidade e algo mudou. A recuperação imobiliária é um facto e a centralidade da cidade valorizou o imobiliário e os serviços mas, o comércio continua a lamentar a enorme carga fiscal e é desejável, já que o poder central não o faz, que a câmara alivie as taxas. É interessante que o turismo tem origem interna e externa e a universidade (a maior do país) ajuda e de que maneira. O acreditar no coletivo e o votarmos bem (na câmara ) começa a ter retorno.
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Essa historieta do Porto ser empreendedor sozinho é uma anedota irreal.
Só para um edifício que irá receber os viajantes de cruzeiros está a ser gasto mais de 60 milhões de euros, públicos.
A treta do Metro vai ser paga durante décadas e jamais dará lucro.
PS. A Douro Azul conseguiu crescer porque o BES apoiou e muito enquanto outros fecharam a porta, não sejam agora mal agradecidos.
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Por esses padroes, nao existe uma unica cidade ou pais empreendedor no mundo. Conhece algum em que as infraestruturas portuarias nao sejam do dominio publico e em que os bancos privados nao emprestem dinheiro as empresas? Eu nao. Em todo o caso, a APDL é uma instituicao local e portanto do Porto…
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Tripeiro: “Além disso, se há coisa que, como portugueses, temos IMENSA experiência é de saber muito bem que nada do que é deixado ao critério de quem tem interesse na coisa (neste caso os proprietários ou empreiteiros) acaba bem”.”
Se após 40 anos de experiência socialista ainda há quem escreva isto até aceito. Não aceito que seja escrito por alguém que se diz tripeiro. O Porto é acima de tudo a terra da liberdade e a liberdade não convive nada bem com estas frases.
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Ser amante da liberdade não é ser acrítico. E se houve 40 anos de socialismo em Portugal onde pudemos aprender, também houve outros tantos de “liberdade” noutros lugares onde se pode aprender também. Não há sistemas perfeitos.
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Liberdade há sempre, pode é ser tua ou daqueles que decidem por ti.
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O Porto para ser realmente uma cidade turística tem que começar pela limpeza. Dificilmente se tornará um destino turístico se os javardolas que ali moram continuarem a escarrar no chão. Não há estado nem meio estado para a javardice tripeira, digo eu que sou portuense.
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Estive recentemente no Porto onde pude aferir da veracidade deste post.
Para aqueles que gostam de “empresas bandeira” deviam pensar em trocar a TAP pela Ryanair ou Easyjet, no lugarzinho especial do seu coração.
Estas têm feito mais pela economia portuguesa do que a TAP!
Além de que nos custam muito menos (cada vez que falam em avarias na TAP meto a mão à carteira, como no Metro).
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Caro Rui A. – excelente post. Voltei temporariamente ao Porto e pude constatar, in situ, a transformação que descreveu. Cump., A..F.
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