A arte independente na era da subsidiodependência VIII
De acordo com o Público, Mário Vieira de Carvalho, (ex?)secretário de Estado da Cultura e musicólogo, foi um dos que saiu mais cedo da ópera Das Märchen. Por razões de agenda, evidentemente:
Mário Vieira de Carvalho, secretário de Estado da Cultura e musicólogo, diz claramente que sim, e “felicita” a direcção do TNSC. Tendo assistido a parte do espectáculo no Teatro Lethes, em Faro – “por razões de agenda, não pude ficar até ao fim, mas no início estavam 70 pessoas na sala”, diz -, o governante realça que “Emmanuel Nunes é uma das grandes referências da cultura portuguesa” e autor de uma obra com grande repercussão internacional. Sobre o abandono do público em muitas salas, diz que “sempre se passou isso com as obras novas, que motivam sempre sentimentos contraditórios”. Mas realça a importância de fazer as pessoas “confrontar-se com o novo”.
Temos portanto um formador de públicos a preço luxuoso.Isso e a política de acolhimentos.Mas depois eu é que pago…
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Também não tive oportunidade de estar presente mas pelo que vi adorei
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Afinal quem é que encomendou essa opera?
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é uma afronta a 2 milhões de pobres e meio milhão de desempregados, metade dos quais não recebe subsídio de desemprego (por essa razão a segurança social deu lucro)
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“Mas realça a importância de fazer as pessoas “confrontar-se com o novo”.”
É óbvio que se perdeu completamente a noção das prioridades. Gastar um milhão de euros para “confrontar as pessoas com o novo”, como se não houvessem coisas mais importantes onde gastar o dinheiro.
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Não vi e não gostei.
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“no Teatro Lethes, em Faro”
Realmente o nome é apropriado: Lethes, para esquecer…
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Pelos vistos, a ópera do Emmanuel Nunes não despertou um grande entusiasmo entre os críticos.
Se calhar, é música Experimental e corresponde a uma vontade inovadora, não ponho em dúvida.
O problema parece ser, por um lado, o custo: um ou dois milhões de euros (as opiniões dividem-se, eu por mim não vi as contas, nem tenho de as ver.)
Por outro, o facto de todo esse carcanhol de fazer inveja ao Totoloto ser aplicado num experimentalismo de que nós nem sequer queremos ver, quanto mais gostar.
Podia-se ter feito outra coisa com essa massa toda?
Decerto! Procuremos.
Para começar, o nosso país já não tem grande indústria. A agricultura é o que se vê: o Senhor Russel recebeu uns subsídios do generoso cavaquismo e deixou-nos largos hectares de plástico rasgado para penhor das dívidas.
As Adegas Cooperativas vão falindo umas, outras vendem vinho mais barato do que a água engarrafada.
Também houve a Renault. Partiu em demanda de mãos-de-obra ainda mais baratas, tibutações ainda mais favoráveis, já cá não está.
A Bombardier, essa comprou um imenso património por tuta-e-meia e fechou logo que conseguiu.
A Ford-Azambuja, essa resistiu durante uns tempos, mas acabou por optar pela eficiência espanhola.
Além da Auto-Europa, que é que ainda se produz entre nós? O que é que esses dois milhões podiam ter ajudado?
Serviços bancários?
Urbanizações mixurucas e hipermercados para o indigenato?
Obras de Metropolitanos, Alquevas e Novos-Aeroportos-Sabe-Deus-Onde?
Sol e campos de golf para o turista endinheirado?
Sim, talvez. Mas, dois milhões só? Por favor, não me façam rir.
E qual vai ser o futuro dos nossos filhos, já pensaram?
Caixas no supermercado? Criados de espinha curvada, veneradores da Santíssima gorjeta que vai pingando nos restaurantes ?Bancários de olhos postos no ecrã de um computador a viverem de spreads altíssimos e de taxas desconformes nos serviços do multibanco?
Está bem, pronto! Com dois milhões de euros podiam comprar-se umas vinte ambulâncias bem equipadas a cem mil euros cada, suponho. Dava uma por distrito, talvez. Ou podia comprar-se mais um Cannadair para os incêndios de Verão. O treino de pilotos, pessoal de emergência médica para esse equipamento era capaz de custar outro tanto, mas prioridades são prioridades.
A criação artística – boa ou má, conforme os gostos e a educação de cada um – essa fomenta uma atitude inovadora.
Uma ópera do Emmanuel Nunes fez mexer o São Carlos, a rede de teatros por esse país fora, dá trabalho a músicos, operadores de luzes, de som e imagem, carpinteiros de cena, aderecistas, gentes de todas as proveniências e feitios.
E claro, cria um clima de experimentação inovadora, de criatividade. Boa ou má, não é essa a questão: a Moda, o Design, as diversas Artes, todas essas actividades precisam deste clima como de pão para a boca.
Mas claro, é preciso ter a noção das prioridades: os privados, BCP, Gulbenkien e todos os outros, foram ao engano da subsídio-dependência. Havia de haver um Organismo para os proibir, obrigá-los a comprar ambulâncias. Isso é que era.
Tenho dito.
(Disclaimer, ou lá o que é: detesto a música do Emmanuel Nunes e não recebi fatia nenhuma, por pequena que fosse, das chorudas benesses que, a mim não me enganam, andaram por aí de certeza.)
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Tacci,
Com estes dois milhões de euros, somando a tantos outros deitados fora, poderiamos baixar uns pontos no IRC ou no IVA, estimular a economia e o consumo, criar empregos. Mas é precisamente ao contrário, por causa deste dois milhões esbanjados em cultura, e tantos outros mais, o governo é obrigado a aumentar impostos, diminuindo assim o investimento privado e o consumo e estrangulando a economia.
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Nao percebo esta aversao a cultura. bom bom sao as telenovelas da tvi nao?
O problema nao esta nos subsidios! eles devem ser usados exatamente para este tipo de
eventos que nao sao rentaveis e sao par aum publico mais conhecedor e menos preconceituoso.
Agora o que os srs directores destes Teatros Nacionais que se enchem a grade com estes subsidios,
era a promoçao do outro tipo de peças durante os outros 11 meses do ano, de modo a levar
mais publico ao teatro.
Tantos teatros com gente (Maria Matos, Sao Luiz, Villaret ate ha pouco tempo) porque é que estes
estao sempre as moscas e com prejuizo? sao a direcçoes preguiçosas a acostumadas ao dinheiro estatal
e que nao fazem nada para evoluir. o problema nao sao os subsidios, o problema é QUEM os recebe!
Mais uma ves temos o exemplo da corrupçao que vai no sso pais… o acham mesmo que a peça custou
esse dinheiro todo?? Com certeza metade ou mais foi para o bolso do director do s. carlos e a outra
para os srs e sras que a direcçao convidou para fazer os cenarios as luzes etc.
Com isto queria dizer que a cultura é importante e devemod todos pagar para a ter, porque sem a cultura podemos tar com a barriguinha mais cheia e ter um carro ou uma casa melhor, mas a estupidez e a burrice nao compram esses “bons menores”.
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