Analogias ou imitações * (com Adenda)
Em Setembro de 2004 o PS fez a sua escolha em directas. Manuel Alegre era o revivalismo da esquerda, feito de baladas fora de época e de romagens aos cemitérios – locais, aliás, onde as suas ideias pareciam fazer mais sentido. João Soares era um filho do partido, com uma imagem muito cultivada de modernaço habituado aos corredores do poder. Depois vinha Sócrates. Tinha pouco currículo. Também era um menino do partido, onde se tinha feito gente. Mas sem pedigree político. Nem preparação especial ou profissional. A sua experiência de vida limitava-se àquilo que o ‘aparelhês’ lhe tinha oferecido. É certo que já tinha sido ministro – só que de Guterres, naquele que foi o pior Governo que a nossa democracia consentiu.
Mas percebeu-se logo uma fronteira: Alegre e Soares representavam o passado; Sócrates era o candidato de um PS novo, capaz de atrair eleitores que raramente preferiam os socialistas.
Agora, nas directas do PSD, as coisas podem não ser muito diferentes. Ferreira Leite e Santana Lopes são a repetição de soluções já ensaiadas num arrepiante déjà vu. De modos distintos, simbolizam aquilo que o PSD foi desde 1995: um partido sem ideias, emaranhado em lutas intestinas obsessivamente fulanizadas e com péssimos resultados governativos.
Passos Coelho é o único que mostra alguma inovação ideológica no discurso e na atitude. Só ele faz pensar que, após as directas, o seu partido pode virar a triste página em que está. Tal como Sócrates em 2004.
* Heresias, Correio da Manhã, 4.V.2008
ADENDA: Já depois deste artigo, li estas declarações de Passos Coelho. Tal como escrevi aqui, face à possibilidade de vitória o grande perigo é que PPC procure ser igual aos seus adversários. O centralismo está outra vez na moda, desta vez na versão perfidamente chamada ‘descentralização política’ – o que significa que o Governo central mantém os poderes administrativos intactos enquanto oferece alguns rebuçados de vago cariz político. Nesse modelo, Portugal permaneceria como o país mais centralizado da Europa. O que PPC vem defender é a manutenção do status quo. Nem mais nem menos.
imitacoes ou analogias sem adenda.
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E se PPC ganhasse, será que os barões o deixariam em paz? Pelo que aconteceu com Menezes, parece-me que não…há demasiados barões, há demasiada gente agarrada ao passado, há demasiada gente com medo da mudança. Porque será? Têm medo de ver derrubado o seu estatuto, ou têm medo de sangue novo?
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Passos Coelho ainda não me convenceu e já dificilmente me convencerá. O sinal foi dado com a indicação do filho de Menezes para mandatário da juventude. Depois disso, foram os famosos “dez valores” que é suposto o candidato defender e que mais não são do que vacuidades de quem não se quer comprometer com nenhuma medida em concreto. De seguida, pessoas da candidatura apresentam como ideologia uma salada de frutas em que o liberalismo aparece de mãos dadas com a herança social democrata. Enfim, acredite quem quiser, mas a mim parece-me que Passos Coelho está hesitante entre o poder obtido às costas de Menezes (com o que isso implica de cedências tacticistas) e uma derrota honrada que podia lançar sementes para o futuro. Não tenho grandes dúvidas de que escolherá a primeira hipótese.
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CAA,
Este é só para chamar a atenção aos comentários 59 e 60 do post anterior. Desculpe o abuso!mas j+á agora gostava de opinião avisada…
Já agora: o pior governo que a nossa democracia consentiu foi o segundo de Guterres ou o Único de Santana Lopes?
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Não li. Mas como estava a cagar, deu-me vontade de vir comentar um post aqui. Agora vou limpar o cu. Obrigado.
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.
Sangue novo, o NOVO, não tem nada a ver com gente mais ou menos jovem de idade. Basta constatar no exemplo comparativo citado no texto de gente nova de idade mas incapaz de saír do VELHO.
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O autorefresh arruína os posts.
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Estranho estes regionalistas que só tentam convencer os poderes dos benefícios regionalização em vez das populações. Regionalização Centralista é o que querem.
Os regionalistas em vez de convencerem a população a chamarem a si o poder e a clamarem que uma parte dos impostos deve ir para um centro de poder mais próximo, não, parecem querer mais uma Região Autónoma.
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Caro CAA,
Devia ler bem este post e os respectivos links dinamarqueses
http://norteamos.blogspot.com/2008/03/ao-cuidado-de-lfmenezes-ganhar-2009-via.html
Para chegar à vitória, os regionalistas nacionais precisam de um curso de técnicas de comunicação à moda dos centralistas.
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Muito bem escrito, muito exacto. O problema é que Passos Coelho tem muito menos experiência do que Sócrates tinha quando foi eleito. É por isso que, e apesar de tudo, ainda me sinto mais confiante com MFL.
Lucklucky, diga lá o endereço do seu blogue.
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A CORJA. TODOS JUNTOS PARA PARECEREM MAIS
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“Já agora: o pior governo que a nossa democracia consentiu foi o segundo de Guterres ou o Único de Santana Lopes?”
Curioso, é que o governo de Flopes, que esteve quatro meses no poder, porque um PR decidiu endigitá-lo, consegue ser o pior governo para alguns!
Curioso, é que o dito PR, o mais insípido da III República, quatro meses após endigitá-lo, o destitui!
E depois, acham que isto não é dirigido por “forças da conspiração”!
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É tudo “mais do mesmo”.
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“Lucklucky, diga lá o endereço do seu blogue.”
Não tenho blogue.
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indigitar….
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Dinis,
«Já agora: o pior governo que a nossa democracia consentiu foi o segundo de Guterres ou o Único de Santana Lopes?»
Foram os dois de Guterres. O de Santana durou seis meses até ser demitido (o resto do tempo foi de mera gestão), deu muito ruído mas a maior parte dele foi artificialmente gerado. Guterres esteve no poder desde 1995 até finais de 2001 e Portugal espatifou-se. Durão e Ferreira Leite mudaram a retórica mas continuaram a senda dos maus resultados.
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Os maus resultados do Governo de Durão têm circunstâncias que não podem ser ignoradas: naquela altura precisávamos MESMO de ter menos de 3%, o que obrigou o Governo a tomar medidas pouco produtivas mas imprescindíveis.
PPC não é o Sócrates do PSD:
1º Porque me parece melhor e menos vago do que Sócrates era;
2º Porque no campo político tem menos experiência e taxa de reconhecimento nula (até Ontem);
Sócrates foi considerado um óptimo Ministro do Guterrismo, uma esperança, um líder ambiental. Não foi necessárimente assim, mas era a imagem que tinha, as pessoas conheciam-no e confiavam nele. E chega ao poder numa situação extraordinária.
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Lucklucky, então porque é que aparece a silhueta de uma cara ao lado do seu nome?
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Não faço ideia. Também vejo a silhueta na maioria das pessoas aqui. Só aqueles com o nome a bold é que têm link para blogue.
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Socrates já tinha a aescola da malandrice do guterees o Paços, coitado precia de sentir o calor da politica mais perto,
mas poderá um bom ministro!
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Bom, este vai ser um pouco longo.Vai ter que ser.Santana Lopes foi indigitado nos termos da CRP e foi demitido nos termos da CRP. O PR foi claro, “estva em causa o regular funcionamento das instituições democrtaticas”. Isto é, para os meus amigos, um PM que põe em causa o regular funcionamento das instituições democráticas, consegue esta extraordinária façanha de não ser o “pior governante que a democracia consentiu”! O facto de o ter feito em apenas 4 meses, é na opinão de alguns, causa de exclusão de responsabilidade, é curioso, porque para outros (moi meme) só revelou a veriginosa personalidade do Senhor? Acresce que, se SL não foi o pior governante que a democracia consentiu, então, logicamente Jorge Sampaio, foi o pior PR que a democracia consentiu, porque usou da “bomba atómica” (CAA sabe o que isto quer dizer) quando não o devia ter feito? É isso?
Se é, diga-se…
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vertiginosa
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Dinis,
«Acresce que, se SL não foi o pior governante que a democracia consentiu, então, logicamente Jorge Sampaio, foi o pior PR que a democracia consentiu, porque usou da “bomba atómica” (CAA sabe o que isto quer dizer) quando não o devia ter feito? É isso?
Se é, diga-se…»
Já o disse e redisse em todo o lado, blogues, jornais, TV’s , e em vários momentos.
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CAA,
Opss,sendo assim,perdi uma boa oportunidade de estar calado. Só procurava coerêcia de raciocínio. Ei-lo!
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