Nem por isso
Não vejo assim. Qualquer cidadão deve, na sua inteira discricionaridade, poder reagir contra aquilo que ele mesmo entende ser uma calúnia, difamação, etc.
É legítimo, em contrapartida, entender-se tal tipo de reacção como mesquinha, absurda, politicamente ridícula ou simplesmente sem fundamento. Será, por exemplo, o caso presente relativo ao texto de JMT, de cuja leitura apenas se constatará crítica política sobre factos públicos, sendo que tal tipo de crítica fará parte das regras que os políticos aceitam livremente viver.
Mas tal não me leva a entender que a queixa judicial possa ser visto como tentiva de condicionamento ou censura ou limitação à liberdade de opinião, na medida em que ser passível de ser responsabilizado pelo que se diz ou escreve na esfera pública é a normal contrapartida pelo exercício da liberdade de expressão.
Parabéns, Gabriel. E sinto-me ridículo por te dar os parabéns. Porém, os tempos que vivemos são estes, em que ridículos se revelam, afinal, aqueles que perderam os mínimos do respeito pela honra. Esses são os verdadeiros inimigos da liberdade. E absolutamente ridículo será não os afrontar, pois estaríamos a deixar que destruíssem o essencial do que nos faz ser comunidade.
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A perspectiva do post está errada, por um motivo simples: a questão é política.
Ora, politicamente a iniciativa de Sócrates é um erro crasso, um autêntico tiro no pé. E revela, sem margem para dúvidas, a sua estatura “democrática”…
Só isso.
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Certo. No entanto, fosse outro o cidadão a iniciar estes processos, teria ele os meios para o fazer? E haveria depoimentos logo um mês depois, como com JMT? O facto é que este nível de justiça e com esta dimensão apenas está ao alcance de uns quantos.
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RV sou eu.
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Ministro da Justiça vai processar jornal Sol
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Noutros tempos, a normal contrapartida era ir parar ao Aljube ou ao Tarrafal.
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Noutros tempos, a normal contrapartida era ir parar ao Aljube ou ao Tarrafal.
Agora morre-se de fome em casa.
Já nem há forças para lutar.
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#6 – os do tarrafal tem direito a reforma, os do aljube nem por isso.
#7 – se morrem, poupa-se nas reformas
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GS
Isto sim, é liberdade
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Julgo que não tens razão, Gabriel.
A questão não é jurídica, na sua essência, nem podemos ajuizá-la como se estivessem envolvidos cidadãos anónimos (i.e. que não sejam figuras públicas ou governantes).
A questão é política. E o que está em causa é a intimidação a quem tem coragem de dizer a sua opinião. O que se passa é um esforço desesperado de fazer calar quem tem opinião.
Foi o JMT. Depois, jornalistas do Público. Depois o Sol. E vão continuar.
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“Foi o JMT. Depois, jornalistas do Público. Depois o Sol. E vão continuar.”
e qual é o problema? quem não deve não teme.
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#10# CAA
Censura é silenciamento, não é julgamento
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Mas tal não me leva a entender que a queixa judicial possa ser visto como tentiva de condicionamento ou censura ou limitação à liberdade de opinião – Gabriel Silva
Caro Gabriel,
Não concordo. O PM tem advogados – supostamente dos melhores -, pelo que sabe perfeitamente que não tem razão e que vai perder as acções que tratou de intentar. Pelo que o objectivo de Sócrates não será repor a honra por meio de uma vitória judicial, mas antes de lançar um aviso a quem publique opiniões ou notícias em que, explicita ou implicitamente, o seu carácter seja questionado.
Quanto ao resto, importa fazer uma distinção que também está a ser laboriosamente esbatida pela central de propaganda do governo. Uma coisa é as pressões existirem, outra coisa é os alvos das mesmas se sentirem pressionados. Coisas inteiramente distintas, até porque a legitimidade ou ilegitimidade das pressões não depende dos seus resultados. É evidente que, tal como os procuradores encarregues do caso Freeport, os jornalistas, alvos destes processos, devem continuar a escrever o que bem entendem. Outra coisa é admitir-se no plano ético que o PM proponha acções judiciais contra estes jornalistas (e por que não a todos os outros, alguns dos quais já foram bastante mais longe do que o Público, para citar um exemplo?) da mesma forma que não se pode admitir – já no plano disciplinar ou até criminal – que os procuradores sejam alvo de pressões relativas às suas carreiras.
Quem tinha razão por uma vez era Paulo Rangel quando falava de “claustrofobia democrática”. Nunca uma expressão foi tão certeira.
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Na grande nora que é o Blasfémias, com este texto, o alcatruz do Gabriel está em alta, malgrado a tosca tentativa do CAA, de o arriar.
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Porém, os tempos que vivemos são estes, em que ridículos se revelam, afinal, aqueles que perderam os mínimos do respeito pela honra. Esses são os verdadeiros inimigos da liberdade. – Valupi
Em que é que a honra do PM foi violada? Nenhum tribunal condenará os jornalistas, precisamente porque, quer o artigo de opinião do DN, quer as notícias do Público estão bem dentro do círculo protegido pela liberdade de expressão. Não há a mínima dúvida quanto a isso.
Caramba: ao Rui Rio chamaram-lhe energúmeno num artigo de opinião e o tribunal absolveu o colunista (penso que era o Seabra).
JMT nem sequer apelidou Sócrates. A comparação não é entre o PM e a actriz, mas entre a moralidade de um e da outra para falarem de certos temas relativamente aos quais, segundo o colunista, ambos têm “telhados de vidro”.
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#13 – você consegue ler o que escreve, sem tropeçar em si próprio? releia o que escreveu acima e conte as inconformidades, subtraia as inverdades, a especulação e os adquiridos manhosos, com muita sorte sobram-lhe algumas vírgulas, porque até o ponto de interrogação era falso.
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16.
Você consegue dar o nome e apontar as inconformidades, as inverdades e a especulação no meu comentário anterior?
Descanse que, ao contrário do seu protegido, não o processo por isso.
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Totalmente de acordo, Gabriel.
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José Barros, não faço ideia do que esteja na origem das acções legais contra o Público, embora suspeite que esteja relacionado com a construção da suspeita sobre o andar. No que diz respeito a JMT, é fácil de identificar a causa: todo o texto é uma calúnia. Porquê? Porque, para chegar as conclusões, o articulista começa por assumir como credíveis as suspeitas, ao mesmo tempo que ignora, ou desrespeita, outras fontes de informação contrárias às suas teses.
Por exemplo, o que é que há, exactamente, de manhoso na licenciatura de Sócrates? E em que é que os projectos de engenharia são duvidosos? Estamos aqui a lidar com dois casos que já tiverem investigação jornalística e de diferentes autoridades. Em ambos os casos não se apuraram ilegalidades, nem sequer irregularidades. Ora, apesar dos resultados conhecidos, qualquer um tem direito a desenvolver a sua teoria da conspiração preferida e recusar as evidências. Mas as evidências permanecem, e têm peso legal. Sob pena de não existir qualquer critério de aferição racional para além da subjectividade daquele que acusa.
Assim, se alguém afirmar que Sócrates cometeu qualquer tipo de falha legal, moral ou política, das duas uma: ou tem provas, ou é caluniador. Se é caluniador, está a atingir a honra de um cidadão e o carácter de um primeiro-ministro. Isto, creio, não é assim tão difícil de entender.
Já agora, o episódio do “energúmeno” não é comparável. Mas aposto que sabes porquê.
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Por exemplo, o que é que há, exactamente, de manhoso na licenciatura de Sócrates? E em que é que os projectos de engenharia são duvidosos? Estamos aqui a lidar com dois casos que já tiverem investigação jornalística e de diferentes autoridades. Em ambos os casos não se apuraram ilegalidades, nem sequer irregularidades – Valupi
Valupi:
1) Uma coisa é Sócrates sentir-se ofendido. Outra coisa é haver uma violação do seu direito à honra e bom nome. Para tal, é necessário que o artigo de opinião – que por o ser merece uma maior protecção ao abrigo da liberdade de expressão – viole os limites desta e da liberdade de imprensa. E parece consensual entre os juristas que não viola. Isto bastaria para absolver o jornalista do pedido, sem ter de se recorrer à ideia – também ela certa – de que as figuras públicas têm de aturar mais juízos negativos sobre a sua pessoa que o “comum dos mortais”.
2) Apelidar-se de “manhosa” a licenciatura do PM é um mero juízo de valor, que nem sequer se reporta a quaisquer ilegalidades ou irregularidades que possam ter existido, mas simplesmente ao facto de aquela não merecer credibilidade académica. E facto – conhecido e notório – é que um diploma obtido na Universidade Independente, para mais nos termos em que o foi (com quatro cadeiras leccionadas pelo mesmo professor, com o canudo a ser obtido num domingo,) não merece, da generalidade das pessoas, qualquer crédito académico.
3) Considerar-se os projectos de engenharia “duvidosos” também não pressupôe um juízo de ilegalidade sobre os mesmos, mas simplesmente o reconhecimento de que o mesmo gera dúvidas, atendendo à circunstância de os proprietários das respectivas casas não reconhecerem, nem sequer de vista, o seu putativo autor. Normal seria que coincidissem as pessoas que negociaram com os proprietários os termos dos referidos projectos e a pessoa que os assina. Não ser assim é “anormal” e gera dúvidas, pelo que o adjectivo aplica-se bem a tais factos. O facto de a investigação da Câmara da Guarda ter sido conduzido pelos socialistas e a circunstância de os partidos de oposição conntestarem os resultados do inquérito parece indicar que até estes, com conhecimento de causa, partilham com o cidadão comum essas dúvidas.
4) O termo “calúnias” tem um sentido claro: pressupôe que o autor das mesmas conheça a falsidade dos factos que imputa a outrem e mesmo assim insista em divulgá-los como se fossem verdadeiros. Não é o que acontece aqui, até porque MJT apenas profere juízos de valor, em relação aos quais não é possível atribuir um valor de verdade (não é possível dizer-se que são juízos verdadeiros ou falsos). MJT não diz, por exemplo, que Sócrates violou a lei, assinando projectos de outras pessoas…o que ele diz é que tais assuntos estão mal explicados, opinião que até os representantes dos partidos da oposição na câmara da Guarda defendem, também publicamente. Por outro lado, diz que a licenciatura é “manhosa”, quando também parece indisputável que ninguém de bom senso afirmaria ser a mesma merecedora de algum crédito em termos de mérito académico.
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José Barros, agradeço a detalhada resposta. Contudo, concordas com uma parte inicial do problema: JMT faz insinuações. E, para se medir o alcance delas, temos de considerar o texto no seu contexto e pretexto. Assim, se apenas estivesse em causa a semântica e pragmática do termo “manhoso”, por exemplo, não iria o gato às filhoses, claro. A questão é outra, porém: a destituição de dignidade moral de um qualquer cidadão, caso agravado por envolver um primeiro-ministro -> “Mas convidam a um mínimo de decoro e recato em matérias de moral.”
O pressuposto é o de haver factual falha moral, sendo essa a lógica da restrição de direitos ao seu “mínimo” (??) em matéria moral. Como é óbvio, se apenas estivesse em causa o prestígio de uma dada universidade, ou a existência de legítimas dúvidas ainda por investigar quanto às casas (e não há, a menos que novos elementos surjam), a conclusão citada não poderia ser expressa de boa-fé, antes se refreando, ou evitando, o insulto. O que se pretendeu, portanto, foi atingir a honra de Sócrates, sugerindo que, apesar de tudo o que já foi investigado, resta uma zona pérfida imune ao esclarecimento e suficiente para o considerar politicamente incapaz para a governação.
Isto é a tentativa do derrube de um governante pela infâmia. Obviamente, essa tentativa não se limita à exclusiva influência do artigo em causa, mas o articulista, cônscia ou inconscientemente, alinhou na campanha negra.
Por ser inútil, não analiso as outras afirmações no texto que corroboram esta intenção; as quais, aliás, até vão em crescendo de injúria.
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E, para se medir o alcance delas, temos de considerar o texto no seu contexto e pretexto – Valupi
Valupi:
1) De acordo que o contexto importa. Mas não resulta do mesmo que ao PM tenham sido imputadas quaisquer ilegalidades. E mesmo o juízo, implícito, da falta de ética de Sócrates é isso mesmo, um juízo de valor, que não cabe aos tribunais sindicar, na medida em que se o fizessem abriam um precedente grave, qual fosse o de tornar ilícita qualquer juízo público sobre o carácter de uma pessoa, para mais político.
2) Lembro que há bem pouco tempo um outro político foi julgado na praça pública por coisas bem mais inóquas (por exemplo, uma ida a uma discoteca na véspera de uma reunião qualquer). Chamava-se Santana Lopes e por episódios igualmente inóquos, de que se destaca a demissão de um ministro, foi destituído pelo, ao tempo, Presidente da República, com o apoio da generalidade dos portugueses, em particular, dos apoiantes do PS. É por isso com alguma ironia que encaro a sua frase relativa à tentativa – que estaria em curso – de destituir Sócrates. É que as trapalhadas – se assim me posso exprimir – do actual PM são bem mais graves, nem por isso pedindo o PSD ou o CDS a demissão de Sócrates, ao contrário do PS e, em geral, da esquerda por alturas da decisão de Sampaio, uma das politicamente mais graves do pós-25 de Abril. Isto dito, felizmente, nem o actual Presidente da República, nem Manuela Ferreira Leite parecem querer aproveitar o precedente de Sampaio para fazerem a Sócrates o que certa imprensa e certos agentes políticos fizeram a Santana. Que, ao menos, a esquerda lhes preste essa honra.
Ps: estou à vontade relativamente a Santana, porque sempre o critiquei de forma bastante violenta. A crítica tem a ver exclusivamente com a decisão de Sampaio do ponto de vista constitucional, não pressupondo qualquer juízo sobre o governo de Santana.
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#17 a resposta está no arrasoado que você escreveu. o artigo vem desmontado e as peças não encaixam. não aceita reclamação, problema seu, eu não faço queixas à deco.
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#17 a resposta está no arrasoado que você escreveu. o artigo vem desmontado e as peças não encaixam. não aceita reclamação, problema seu, eu não faço queixas à deco. – anónimo
O anónimo continua anónimo e, pelos vistos, octávio machadiano.
Foi você que apresentou reclamação. Se não a consegue fundamentar, nem a Deco lhe salva.
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José Barros, o problema é jurídico, mas não só. A lei é sempre uma abstracção, que, estatisticamente, comporta uma margem de erro inevitável na sua aplicação. Assim, o processo contra JMT pode vir a ser inconsequente por falha a montante, não ter razão de ser, ou a jusante, não lhe ter sido feita justiça. Porém, o texto constrói a acusação de falta de ética a partir da assumpção das teses conspiratórias. O texto substitui-se às autoridades, tanto as que já se pronunciaram, como as que actualmente investigam. Por aí, mancha a honra.
O caso Santana não é comprável. A sua demissão não teve na origem uma qualquer ida fosse onde fosse fora de horas. Esse é o lado anedótico, mas irrelevante. O que se passou foi uma sucessão de episódios internos da maior gravidade que indiciavam colapso funcional da governação, numa situação em que o poder lhe tinha sido entregue sem escrutínio eleitoral. Por favor, mais respeito por Portugal.
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Caro Valupi,
Não percebi muito bem a sua posição. Acha que um cidadão não tem o direito de fazer juízos éticos sobre o Primeiro-Ministro nem tem o direito de os divulgar em público? Parece-me óbvio que se os juízos éticos sobre o PM, incluindo sobre a respectiva honra, fosse proibidos nos casos de comportamento duvidoso como o de Sócrates, não poderia haver escrutínio público dos eleitos. Qualquer crítica, como a que o BE tem feito a Domingos Névoa, por exemplo, ou as que são feitas a Valentim, Fátima Felgueiras, Isaltino etc não pederiam ser feitas. Só se poderia criticar o comportamento ético dos políticos após o encerramento dos processos.
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«««José Barros, não faço ideia do que esteja na origem das acções legais contra o Público, embora suspeite que esteja relacionado com a construção da suspeita sobre o andar. No que diz respeito a JMT, é fácil de identificar a causa: todo o texto é uma calúnia. Porquê? Porque, para chegar as conclusões, o articulista começa por assumir como credíveis as suspeitas, ao mesmo tempo que ignora, ou desrespeita, outras fontes de informação contrárias às suas teses.»»
Caro Valupi,
O JMT tem o direito de calorizar os dados conhecidos como entender. Ele tem direito a um juízo político sobre os factos e tem o direito de expressar a sua opinião em público. Aliás, foi isso mesmo que o Valupi acabou de fazer sobre JMT. Se os critérios defendidos por Valupi fossem aplicados ao que escreve sobre JMT, teriamos que concluir que Valupi está a caluniar JMT. Por exemplo, Valupi pressupõe que JMT assume como credíveis as suspeitas e que JMT ignorou outras fontes de informação. Nada disso foi alguma vez provado em tribunal e Valupi está a substituir-se às autoridades que actualmente investigam o caso. Mais grave, Valupi atenta contra a honra JMT.
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Nada de estranhar no Valupi, aliás.
Como é que perde tempo a responder-lhe?
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O que se passou foi uma sucessão de episódios internos da maior gravidade que indiciavam colapso funcional da governação, numa situação em que o poder lhe tinha sido entregue sem escrutínio eleitoral. Por favor, mais respeito por Portugal. – Valupi
Valupi:
1) O actual primeiro-ministro – quer se queira, quer não – está sob investigação de autoridades inglesas por suspeita de corrupção. Em Portugal, não se sabe se está a ser investigado, o que se sabe é que, no mínimo, teve conhecimento através do tio de que os promotores do Freeport estavam a ser chantageados por um suposto escritório de advogados e não o comunicou às autoridades. Chame-lhe o que quiser, mas isto são factos.
2) Quanto a Santana, gostava que indicasse os supostos “episódios internos da maior gravidade que indiciavam colapso funcional da governação”. É que, de repente, não me lembro de um único episódio de tamanha gravidade que pusesse em causa a governação do país. Do que me lembro é de notícias sucessivas relativas à demissão de um ministro de uma pasta irrelevante (desporto?!), às pressões para que Marcelo não continuasse o seu programa televisivo (nada que não tenhamos visto – e até pior – na governação de Sócrates) e dezenas e dezenas de artigos de opinião contra o antigo PM (um pouco como sucede hoje com Sócrates). Ou seja, numa expressão: uma mão cheia de nada. Aparentemente suficiente para fazer cair um governo, segundo a bitola sampaísta.
3) Isto dito, o facto de o governo de Santana não ter sido eleito é irrelevante no nosso sistema político , dado que nenhum governo é eleito. Até nisso a decisão do Presidente da República foi uma asneira grosseira: nomeou um governo, em vez de convocar eleições (como era sua prerrogativa) para, passados quatro meses (!) proceder à sua destituição, sem razão aparente, e sem qualquer fundamentação (basta lembrar a comunicação ao país que não apontava um único facto para amostra). Enfim, em termos políticos e constitucionais, um desastre.
4) Felizmente, o precedente de Sampaio parece não ter continuação, o que constitui uma boa notícia. Se a bitola se tivesse mantido, Sócrates já tinha sido destituído há uns bons meses, com o que tudo o que isso implicaria de manutenção de uma péssima tradição nos últimos anos de governos que não cumprem o seu mandato. Cheio de respeito por Portugal (seja o que isso for), é isso que me preocupa e não as pequenas lutas partidárias, segundo as quais, e conforme os gostos, Sócrates ou Santana é “um dos nossos” ou “um dos deles”.
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Porém, o texto constrói a acusação de falta de ética a partir da assumpção das teses conspiratórias. O texto substitui-se às autoridades, tanto as que já se pronunciaram, como as que actualmente investigam. Por aí, mancha a honra. – Valupi
Também nisto não podemos concordar.
Antes de mais, de que autoridades estamos a falar? Da câmara de Guarda, governada por socialistas que apresentou um relatório que mereceu objecções de todos os partidos da oposição? Mas por que razão é que um colunista há-de silenciar as suas dúvidas sobre o caso porque a Câmara – repita-se, governada por socialistas – resolveu dar o caso por encerrado? E por que razão é que os tribunais teriam de julgar a honra do PM ofendida a partir do momento em que a Câmara da Guarda tinha arquivado o inquérito? Nem que se tratasse de uma decisão do Supremo – estamos bem longe disso, como se sabe -…acaso um cidadão não pode questionar decisões dos tribunais? Gostava que compreendesse as implicações do que está a dizer. Se queremos viver em democracia é bom que os socialistas se habituem à liberdade de expressão e lutem por ela.
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João Miranda, muito obrigado pela conversa. Vamos lá ver onde ela nos leva.
– Primeiro, o cidadão JMT tem tanto direito a dizer o que lhe der na gana como o visado pela sua verrina tem direito a considerar-se prejudicado e a pedir reparação legal.
– As figuras da calúnia, difamação, injúria existem. Os crimes contra a honra existem. Ou terei perdido um noticiário da TVI e mudaram o Código Penal sem me avisar?
– O que é um juízo ético? Suspeito que estás a utilizar a expressão como sinónimo de “juízo de opinião”; isto é, como expressão de subjectividade. Nesse caso, estaríamos na esfera da liberdade, onde tudo vale. Só terá um problema esse argumento: o próprio texto. Porque nele se constrói um nexo entre suspeitas infundadas à luz da protecção ao bom nome e atributos objectivos de carácter. Enfim, mas isso é matéria para juristas adentro do processo.
– Ninguém pode proibir juízos éticos. Onde leste, ou ouviste, tal aberração?
– Os casos Névoa, Valentim, Felgueiras, posto que resultaram em condenações ou sentenças, não são comparáveis. Sócrates nem sequer é arguido – para o que nos aqui importa, é o ponto fundamental.
– Não sou eu que assumo seja o que for em relação ao JMT, é o seu texto que o afirma. E aqui terás de fazer um favor à tua inteligência: abandonar os sofismas de base psicologista e respeitar a tradição intelectual objectivante que é o fundamento mesmo do Estado de direito.
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José Barros, Sócrates não é arguido. Até o ser, se o for, vale este estatuto, e é esta condição que deve ser respeitada em nome da própria democracia. Quanto a Santana, estou pasmado com o que dizes. Não irei repetir Sampaio, não há tempo nem pachorra, pelo que te aconselho a leitura da sua justificação aquando da decisão.
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Pois, não é sequer arguido,porém o fedor que exala persiste.
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José Barros, Sócrates não é arguido. Até o ser, se o for, vale este estatuto, e é esta condição que deve ser respeitada em nome da própria democracia. Quanto a Santana, estou pasmado com o que dizes. Não irei repetir Sampaio, não há tempo nem pachorra, pelo que te aconselho a leitura da sua justificação aquando da decisão. – Valupi
Caro Valupi,
1) Não me adianta muito o pasmo, porque continuo sem perceber que razões efectivas tinha Sampaio para destituir Santana. E olhe que li, na altura, bem como depois, a justificação de Sampaio. Continuei sem perceber, o que, para quem conhece a prosa de ex-PR não será surpresa. Enfim, passaram quatro anos e ninguém consegue apontar uma razão válida para o acto de Sampaio. Imagino que os historiadores, daqui a 20 anos, vão ter pesadelos a tentar perceber este pedaço de história da nação.
2) O facto de Sócrates não ser arguido não deve constituir impedimento para que um colunista de um jornal considere que ele deva ser constituído como tal ou até acusado do crime de corrupção. Como disse no comentário anterior, numa democracia digna desse nome, as decisões dos tribunais ou do MP podem ser questionadas. Aliás, no post acima deste discute-se abertamente a absolvição do Pinto de Costa. Alguém que diga que o presidente do FCP devia ter sido condenado por corrupção está a ofender a honra de Pinto da Costa? Não faz sentido, pois não? É absurdo, não é? Bem, também o é em relação a Sócrates.
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óh pá! não percas tempo com oprimidos.
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Na Sábado desta semana vem uma entrevista com Murteira Nabo em que se refere a sua efémera passagem pelo governo.Soube-se num dia que tinha fugido à Sisa (ele diz que foi um procurador pois estava em Macau). No dia seguinte, às nove, pagou a Sisa e juros. Às nove e meia apresentou a demissão.
Ainda havia pudor.
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José Barros, é legítima a consideração de falta de isenção da comissão que não encontrou sinais de irregularidades relativas aos projectos de Sócrates na Câmara da Guarda. Com certeza, a opinião é livre e não paga imposto. Mas torna-se calúnia quando se afirma que essa suspeita é matéria suficiente para tornar ilegítimos os resultados anunciados. Tens de perceber esta causalidade, sob pena de nada perceberes da lógica que sustém o edifício legislativo e legal.
Quanto a Sampaio, tu próprio afirmar que nada entendeste do que disse. Obviamente, eu não teria melhor sorte caso perdesse o meu preciso tempo a explica-te. Continuarias a dizer que não entendias até que o inferno gelasse.
Mais uma vez, não há comparação entre Sócrates e Pinto da Costa. Sócrates não é arguido e não foi a julgamento. De Sócrates ninguém tem um só documento que o comprometa, o mesmo não sendo verdade para Pinto da Costa. Tens de gostar mais de Portugal, é o meu conselho.
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Interessa é o que foi declarado por autoridade competente, não o que realmente se passou. O árbitro marcou penalty por mão, se o jogador tocou com o peito não interessa. Afirmar que o resultado foi, por isso, viciado é calúnia.
Cada vez mais se dá preponderância aos instrumentos de análise por si e menos à realidade factual. É o mundo de aparências em que se oferecem fatos de marca.
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Pois.. se por acaso um a assassino mata é preso se um soldado mata é condecorado…tecnicamente não existe nenhuma diferença..um morto é um morto…só que um está na lei..outro não……o que conta é a realidade virtual…não é por acaso que muitos dizem que a droga do século XXI vai ser a realidade virtual…. A verdade irá libertar-vos….
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“De Sócrates ninguém tem um só documento que o comprometa”, diz o Valupi, um verdadeiro “case study”.
É só rir…
Bem diz o ditado que o maior cego é aquele que não quer ver.
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… disse, nada disseste.
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Bulimunda, larga o vinho.
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Eheheheheheh, não rias a sós. Conta o que sabes. A malta quer toda rir contigo.
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Bulimunda, larga o vinho – vinho? zurrapa da marmeleira.
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Mas torna-se calúnia quando se afirma que essa suspeita é matéria suficiente para tornar ilegítimos os resultados anunciados. Tens de perceber esta causalidade, sob pena de nada perceberes da lógica que sustém o edifício legislativo e legal. – Valupi
Não é isso que JMT faz, porquanto ele se limita a dizer que a autoria dos projectos continua a ser duvidosa, no que se limita a repetir o que os proprietários das casas projectadas disseram à comunicação social. Dizer que está a caluniar é uma livre interpretação do Valupi que nenhum tribunal leva a sério. Goste mais dos tribunais portugueses, porque saiba que eles protegerão melhor a sua liberdade de expressão do que aparentemente o Valupi.
Quanto a Sampaio, tu próprio afirmar que nada entendeste do que disse. Obviamente, eu não teria melhor sorte caso perdesse o meu preciso tempo a explica-te. Continuarias a dizer que não entendias até que o inferno gelasse. – Sampaio
Não, realmente Sampaio não explicou aos portugueses a razão de ter tomado uma decisão arbitrária e constitucionalmente errada, porque não pôde ou não soube encontrar argumentos minimamente aceitáveis. Nisso, o Valupi limita-se a seguir o ex-Presidente.
Mais uma vez, não há comparação entre Sócrates e Pinto da Costa. Sócrates não é arguido e não foi a julgamento. – Valupi
É indiferente o estatuto da pessoa. A partir do momento em que o Valupi aceita o princípio democrático de que as decisões dos tribunais também são questionáveis, o seu argumento afunda-se irremediavelmente. Isto de tentar convencer pessoas de esquerda a gostarem e a defenderem liberdades individuais, é complicado.
Bem, depois desta discussão, resta-me mandar-lhe um abraço,
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#42 bem te esforças, mas o teu ramo é mais usados à beira da estrada.
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“Eheheheheheh, não rias a sós. Conta o que sabes. A malta quer toda rir contigo”, pede o Valupi.
Querias…
Lá iremos.
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José Barros, não sou de esquerda. E quanto à questionabilidade das decisões dos tribunais, tal não invalida a sua coerção e valor. O que me parece é estares a querer punir Sócrates sem ele ter sequer passado por um tribunal. Vê lá isso, olha que a boa direita jamais alinharia em tal indignidade.
Outro abraço para ti, pois.
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Eheheheheheh, ok. Mas despacha-te, sim?
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“olha que a boa direita jamais alinharia em tal indignidade.”
boa piada.
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