Palpite para as Directas II

Quase 79.000 eleitores, 9.000 acima das últimas directas e cerca de 20.000 quotas pagas nos últimos dias. Este último pormenor pode fazer toda a diferença, sendo relevante se elas foram pagas de forma espontânea por cada militante (voto mais livre) ou em massa pelos candidatos (voto “cacicado”). Tenho uma enorme curiosidade em analisar as contas das campanhas – que todos os candidatos se comprometeram a publicar – e aferir se lá figura a rubrica “pagamento de quotas a militantes”.

Com ou sem quotas pagas pelos candidatos, o peso do aparelho será relevante e Passos Coelho será o vencedor. Em condições normais, e dado o apoio da grande maioria das distritais, PPC ganharia com mais de 50%. Mas um resultado destes iria “menorizar” o aparelho e daí que se possam verificar alguns “desvios tácticos” em favor de Aguiar-Branco.

Assim, não havendo uma diminuição significativa da abstenção, PPC ganhará com um score pouco acima dos 40%. Rangel obterá entre 35 a 40% e pode vir a ser relativamente penalizado – tal como Aguiar-Branco – com o horário da votação, entre as 17 e as 23 horas. A partir das 19 horas, os militantes mais idosos já não saiem de casa.

Entre a força do aparelho e a demagogia de Rangel, visto por muitos como o melhor para derrotar Sócrates (o agitar da cenoura do poder é o melhor argumento para muitos votantes, sendo irrelevante o conteúdo ou valia intrínseca de qualquer candidato), pouco sobra para Aguiar-Branco, de longe o candidato mais consistente e com melhor perfil de governante. Talvez chegue aos 15%.

Castanheira de Barros não atingirá 1%. Teve os seus minutos de glória com um efémero palco mediático que lhe foi concedido, talvez o seu principal objectivo.

Daqui a pouco mais de 1 hora, apurar-se-ão os desvios a esta “científica” previsão.