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do que se queixam os portugueses

24 Novembro, 2010
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Um estado brutal e asfixiante que está tentacularmente presente em todos os sectores da sociedade. Impostos altíssimos sobre as empresas e os cidadãos para sustentar esse estado clientelar que, a pretexto da «bondade» dos seus fins sociais que cumpre deficientemente ou simplesmente não cumpre, secou a economia e as empresas, e gerou uma imensa horda de desempregados. Uma oligarquia imensa que vive à sombra do poder e do orçamento do estado em empresas públicas de comunicação, televisão, aviação, transportes, da banca, e daquelas que conseguem, através dos bons contactos e das cunhas da política, os chorudos contratos das parcerias público-privadas. Uma oligarquia que se passeia, com o nosso dinheiro, em carros topo de gama, almoça em restaurantes de luxo, tem salários milionários e reformas e indemnizações douradas. As funções essenciais do estado – a segurança, a justiça, a solidariedade com os que efectivamente precisam – todos os dias esquecidas por falta de dinheiro gasto no que é secundário. Funcionários públicos a mais, gerados pelo crescimento desnecessário de um estado burocrático e devorista, que criou a ilusão de que «um emprego no estado era bom e para toda a vida». E todos esses funcionários, ou quase todos, infelizmente mal pagos e muito mal tratados pelo seu miserável patrão que exige aos outros o que ele não cumpre. Direitos e mais direitos e mais direitos, todos eles «garantidos» pelas leis de políticos interessados em criar ilusões e ganhar votos. Direitos que hoje se esfumam em coisa nenhuma, defendidos por «sindicalistas» profissionais, com agendas políticas próprias e tão ou mais comprometidos com o sistema que dizem combater do que qualquer efémero governante. Um sentimento profundo de inveja perante o que é privado, que resulta e tem sucesso, saído das cartilhas da luta de classes mais primária, que destruiu a confiança na iniciativa privada como fonte geradora de emprego e de riqueza. Salários mínimos, direitos máximos, garantias totais. Onde está tudo isso, hoje? Nas milhares e milhares de empresas que todos os dias encerram portas e nas muitas centenas de milhar de desempregados. Esses são os resultados – inegáveis – de tanta promessa vendida, tantos direitos «assegurados» e de tanto dinheiro cobrado para os realizar.

 

É este mundo em que os portugueses vivem e é dele que se queixam. Ao invés do que podem alguns pensar, quanto mais depressa isto tiver um fim, melhor para todos. Os custos do sofrimento são já inevitáveis e insistir na ilusão que os provocou só poderá levar a mais e maior desgraça. No meio disto tudo, convém evitar o tique muito português de ir procurar lá fora ou em entidades míticas os culpados do que nos está a suceder. Fugir à realidade – por cegueira, cobardia, hipocrisia, ou interesse próprio – só poderá agravar o nosso destino e o futuro que aguarda os nossos filhos e netos. Não é certo que os portugueses o não façam. Mas, se o fizerem, só poderão continuar a queixar-se de si próprios.

28 comentários leave one →
  1. PMP permalink
    24 Novembro, 2010 23:31

    Mas o outro lado do problema é a falta de empresas industriais e agrícolas que permitam um menor deficit comercial.
    Porque é que os brilhantes economistas neo-liberais não criam essas empresas ?

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  2. Confrade permalink
    24 Novembro, 2010 23:43

    “Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular”
    José Mario Branco, em 79
    Vale a pena ouvir, aqui (por exemplo) http://vozdoseven2.weblog.com.pt/arquivo/2007/05/letra_fmi_jose.html

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  3. lucklucky permalink
    24 Novembro, 2010 23:55

    “Porque é que os brilhantes economistas neo-liberais não criam essas empresas ?”
    .
    Para ficarem nas mãos de um Carvalho da Silva? para pagarem impostos para o PS, PCP, BE, PSD, CDS comprarem votos?

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  4. 25 Novembro, 2010 00:08

    Acho que os Portugueses já não se queixam…gemem

    Mais importante saber do que se queixam se calhar é tentar saber quem os trouxe até aqui e condena-los jodicialmente. Prende-los
    Até porque, se muitos dos que se queixam só podem queixar-se deles mesmos, mesmo estes foram empurrados para nem pensar quanto mais agir.
    Dai, a solução é só uma, quem cometer erros politicos tem de responder por eles com as costas na cadeia.
    De imediato dava entrada nas Monicas a ministra do trabalho , Helena André

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  5. 25 Novembro, 2010 00:22

    não criam , se calhar , também por falta de mão de obra. é que os milhares de licenciados ” em letras ” com vista a entrar no recente ex bem bom função pública ( tantos anos desperdiçados) mesmo no desemprego , não acredito que vão pegar nas ferramentas. no telefone e e…

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  6. luis Moreira permalink
    25 Novembro, 2010 01:28

    O texto toca no problema de fundo.Há, realmente um preconceito contra a iniciativa privada. Ainda há dias um professor “traque”, como lhe chamou um colega, dizia que se deviam fechar as escolas privadas( a besta quer fechar as melhores escolas do país e mandar para o desemprego milhares de professores). Outros que se fechem os hospitais privados e tudo o que cheire a produção de riqueza.Nem sequer percebem que são as empresas privadas que pagam impostos e que representam 70% do emprego e 60% do PIB e 80% das exportações. Este governo andou 7 anos em que não deu, uma única vez prioridade às PMEs. Agora que as exportações são a única notícia boa que tem para apresentar já fala nelas como se tivesse alguma coisa a ver com o assunto.

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  7. BSC permalink
    25 Novembro, 2010 03:11

    Uma descrição como aquelas as que líamos de Angola e nos indignavam…

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  8. Nuno permalink
    25 Novembro, 2010 04:39

    PMP
    Posted 24 Novembro, 2010 at 23:31 | Permalink
    ………………
    Só falta acrescentar os empreendimentos piscatórios…

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  9. Nuno permalink
    25 Novembro, 2010 04:52

    Os portugueses de viver num sistema político feito por atrazados mentais para atrazados mentais.
    Dantes era D. Sebastião pois a sua morte numa aventura de putos teve a consequência de perder quarenta anos de nacionalidade para os castelhanos. Depois a coisa lá se foi recompondo mas a muito custo e lá assassinaram D. Carlos e fizeram disto uma republiqueta com uma bandeira verde e encarnada para disfarçar a merda.
    Agora, há 36 anos, apareceram uma data de mentecaptos que destruiram e desgraçaram este pobre país. Chegou a altura de o povo querer que apareça um governo liderado por um homem competente que nos faça sentir saudades de Salazar.
    Este, tal como o Rei Menino, já não volta…

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  10. Nuno permalink
    25 Novembro, 2010 04:55

    complementar o óbvio: “Os portugueses fartos de viver num sistema político feito por atrazados mentais…”

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  11. 25 Novembro, 2010 05:07

    Para esse peditório já dei.

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  12. Hawk permalink
    25 Novembro, 2010 05:24

    O Piscoiso a primeiro-ministro! Tem o meu voto.

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  13. Judite permalink
    25 Novembro, 2010 07:11

    “Para a esmagadora maioria dos portugueses, a revolta da tropa em 28 de Maio foi uma acção libertadora – e a chegada de Salazar ao poder foi um alívio” – Q.B.

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  14. PMP permalink
    25 Novembro, 2010 09:39

    Continuo sem perceber porque as Sonaes e J.Martins e outras são tão boas empresas comerciais mas não conseguem ser boas empresas industriais.
    Porque é que o Dr. Nogueira Leite e o Dr. Vitor Bento não criam empresas industriais ou agricolas em vez de trabalharem para as Brisas, Universidades, Motas, Bancos. ?

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  15. Pi-Erre permalink
    25 Novembro, 2010 09:52

    Que grande confusão vai na cabeça do comentador PMP!!!
    Continua sem perceber…
    Pois continua.

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  16. será permalink
    25 Novembro, 2010 09:57

    E eu que pensava que B. Madoff tinha obliterado o ‘charme discreto da burguesia’…

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  17. PMP permalink
    25 Novembro, 2010 09:58

    O sr. Pi continua com as parvoices infantis.

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  18. Outside permalink
    25 Novembro, 2010 10:05

    Parabéns.
    Excelente post.

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  19. 25 Novembro, 2010 10:20

    PMP,

    “Continuo sem perceber porque as Sonaes e J.Martins e outras são tão boas empresas comerciais mas não conseguem ser boas empresas industriais.”

    Sabia que o Grupo Sonae é dos maiores do mundo no sector dos aglomerados de madeira? E sabia que o Grupo Jerónimo Martins tb tem uma importante componente industrial no sector alimentar?

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  20. RASM permalink
    25 Novembro, 2010 11:14

    Excelente post. Uma “imagem” fiel de como se encontra este país, ou seja entregue á nova nobreza corrupta que tomou de assalto este país. Isto agora só lá vai, com uma nova revolução , mas desta vez não pode ser de cravos, responsabilizar e “nacionalizar” todos os seus bens que foram roubados.

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  21. JCA permalink
    25 Novembro, 2010 11:31

    .
    FMI, proposta ‘aterradora’ de Recuperação IRLANDESA,
    .
    o que se está a passar não é bem o sensacionalismo ‘aterrador’ que a Comunicação Social está a privilegiar para cabeçalhos. Por exemplo 23% de IVA é em 2014, em Portugal é JÁ em 2011; mexidas nas Pensões não é para todos. Um forte programa de recuperação da Economia (PME’s). Venda ao estrangeiro ou nacionalização de todos os Bancos.
    .
    Este OE tem muito a aprender com a Irlanda.
    A bem da Informação a que os Cidadãos, Famílias e Empresas têm direito, tudo aqui preto-no-branco:
    .
    -IRELAND – The National Recovery Plan: 2011-2014 proposal

    Click to access The%20National%20Recovery%20Plan%202011-2014.pdf

    .
    -A BOMBA NOTICIOSA silenciada até ao momento na nossa Com Social:
    -IRLANDA ACELERA NACIONALIZAÇÃO DA BANCA …
    http://www.elpais.com/articulo/economia/Irlanda/despedira/24750/funcionarios/dentro/duro/plan/ajuste/elpepueco/20101124elpepueco_3/Tes
    .
    Este plano ao pé do OE bota-abaixo que alguns portugueses desorientados estão a impingir aos Portugueses é um menino de coro mas para muitissimo melhor. E juros muito baratos ….
    .

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  22. PMP permalink
    25 Novembro, 2010 11:33

    LR,
    Eu sei que a SONAE e a J.Martins têm áreas industriais, mas a sua dimensão é muito mais reduzida que a área comercial.
    De qualquer forma o que eu quero questionar é porque nos sectores comerciais os empresários não se queixam de que o estado os impede de crescer, mas já os impede nos sectores industriais ou agricolas.
    Mas o mais importante é porque os nossos brilhantes economistas neo-liberais não criam empresas industriais ou agricolas ?

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  23. durer permalink
    25 Novembro, 2010 11:55

    Nem mais.

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  24. JCA permalink
    25 Novembro, 2010 12:05

    .
    Depois da Grécia e da Irlanda é a vez de Portugal. A seguir o elefante na loja de porcelana, Espanha:
    .
    -How Many Times Can One Driver Fall Asleep At The Same Wheel (And Live)?
    http://fistfulofeuros.net/afoe/economics-and-demography/how-many-times-can-one-driver-fall-asleep-at-the-same-wheel-and-live/
    .
    Na fila consta ainda a Bélgica e eventualmente a França. Na Itália a musica parece ser outra.
    .

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  25. 25 Novembro, 2010 16:10

    PMP,

    “Eu sei que a SONAE e a J.Martins têm áreas industriais, mas a sua dimensão é muito mais reduzida que a área comercial.”

    Cada Grupo orienta a sua estratégia para os sectores que se lhe afigurem mais rentáveis e/ou mais geradores de cash.

    “De qualquer forma o que eu quero questionar é porque nos sectores comerciais os empresários não se queixam de que o estado os impede de crescer, mas já os impede nos sectores industriais ou agricolas.”

    Não se queixam? Então você acha que não existem entraves à abertura e funcionamento das grandes superfícies?

    “Mas o mais importante é porque os nossos brilhantes economistas neo-liberais não criam empresas industriais ou agricolas ?”

    Quem cria empresas, comerciais, industriais ou agrícolas são os empreendedores, economistas ou não, cujos principais atributos devem ser a capacidade de inovação e de assumpção de riscos. Os economistas, neo-liberais (o que é isso?) ou não, são geralmente teóricos académicos e raramente reunem aqueles atributos.

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  26. Miguel permalink
    26 Novembro, 2010 12:28

    “Mas o mais importante é porque os nossos brilhantes economistas neo-liberais não criam empresas industriais ou agricolas ?”

    Sem duvida, é importantíssimo saber o porquê.

    “Continuo sem perceber porque as Sonaes e J.Martins e outras são tão boas empresas comerciais mas não conseguem ser boas empresas industriais.”
    Afinal conseguem mas não são tão boas como o PMP gostaria.

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  27. PMP permalink
    26 Novembro, 2010 12:43

    É importante perceber porquê o nosso déficit corrente é tão elevado, ou seja porque não existem mais e maiores empresas industriais e agricolas.
    Ainda não vi esses brilhantes economistas do tipo “neo-liberal” a terem propostas nesse sentido.

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  28. Capitao Gancho Jr permalink
    26 Novembro, 2010 22:27

    …a gente precisa do Mourinho como 1º ministro. Mal educado , directo , sempre de fronha feita…mas ridicularmente competente naquilo que faz. Que pena que ele em vez de ter tirado Desporto e Educação fisica , devia ter tirado Ciencias Politicas…

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