O filho do Homem Novo*
Era uma vez um casal que teve um filho cujo sexo resolveram não revelar. Dizem que assim a criança será livre de escolher o sexo que quiser. Infelizmente isto não é o princípio de um romance, mas sim o resumo de um caso real sucedido este ano, no Canadá.
Kathy Witterick e David Stocker, assim se chamam os pais da criança, não estão a fazer nada de novo. A História está cheia de tentativas de criar crianças libertas dos padrões tidos como atávicos e convencionais da família. A lista destas experiências é longa e, sem nos afastarmos geograficamente muito, inclui desde as crianças biologicamente perfeitas dos nazis ao afastamento das crianças das respectivas famílias nos primeiros anos da URSS, passando pelas políticas de roubo de crianças às mães espanholas para as entregar primeiro a famílias politicamente adequadas e depois socialmente mais abonadas, ou ainda pelos jardins-de-infância revolucionários da Europa dos anos 70 onde, à semelhança do que sucedeu em várias comunidades hippies, oficialmente não existia autoridade e a pedofilia era muitas vezes vista como um preconceito a combater e não como um crime.
O resultado destas engenharias sociais e morais é invariavelmente o mesmo: uma vez adultas, as crianças vítimas dessas teorias libertadoras – sim, porque tudo isto é sempre justificado com a necessidade de as libertar – oscilam entre achar que lhes roubaram algo, como acontece agora em Espanha com muitos adultos a exigirem saber quem são os seus verdadeiros pais, ou a revoltarem-se com enorme dureza contra aqueles que tanto as quiseram libertar, como sucede na Alemanha com algumas das antigas crianças que frequentaram os jardins-de-infância ditos “libertários”.
Vistas à distância, estas experiências têm em comum a crença de que às crianças cabe cumprir a utopia dos adultos. O que espanta e choca é que, sabendo nós o final dessas experiências, continuemos invariavelmente a encará-las tão festiva e negligentemente quanto no passado. Actualmente o desígnio do “Filho do Homem Novo” transferiu-se para a identidade da própria criança. Identidade sexual, como acontece no caso do bebé de Kathy Witterick e David Stocker, ou identidade da sua família. Por mais paradoxal que tal possa parecer, ao mesmo tempo que milhares de pessoas procuram saber quem eram os seus verdadeiros pais em países como a Argentina ou a Espanha, ninguém se interroga sobre quem é a mãe do filho de Elton John. Por mais capas de revista que se façam a dizer que Elton John e David Furnish são pais, por mais que se apaguem as diferenças entre homens e mulheres e tenhamos todos desatado a falar de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgéneros, por mais que em países como a Espanha se tenham inventado uns inspectores da igualdade que andam pelos pátios das escolas a ver se estão ser aplicadas as regras que pretendem obrigar os meninos e as meninas a brincar em conjunto e às mesmas coisas, as crianças não têm dois pais, nem duas mães. O direito de duas pessoas do mesmo sexo verem reconhecida a sua união não é um direito que se possa sobrepor ao direito à identidade da criança que estão a criar. Tal como as convicções de Kathy Witterick e David Stocker não se podem sobrepor ao bem-estar do seu filho, que, tendo muito provavelmente de viver no planeta Terra, não pode ser privado de ser identificado como homem ou mulher. Enfim, em matéria de utopias como no que respeita a tantas outras coisas, é necessário que algo mude, para que fique tudo na mesma e por isso neste início do século XXI o sonho do Homem Novo continua vivo. Só que agora não fala de bens materiais, mas sim do nosso corpo.
*PÚBLICO
Falta de assunto.
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Eu diria mais: Fartou-se de espremer os miolos para sair isto.
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A Helena devia ter explicado melhor, com desenhos. Os imbecis habituais não percebem.
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Se continuar tão politicamente incorrecta a dizer verdades tão inconvenientes, os libertários ditos democratas que vão tomando conta do mundo enquanto nós adormecemos frente às telenovelas, ainda lhe tratam da saúde e põe-na como Nova.
Espero que tenha a noção dos riscos que corre.
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Os idiotas do costume mamam tudo o que lhes colocam ä frente.
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Deixe cá ver se percebi : a Helena pegou no exemplo de um pai e de uma mãe que educam o filho de uma forma que considera absolutamente danosa para o futuro da criança para depois concluir que duas pessoas do mesmo sexo não devem educar uma criança?
Eu cá consigo simplesmente concluir que há pais que não nasceram para ter filhos. Mesmo sendo heterosexuais e seguindo a sua cartilha moral.
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Quando hoje os juros da dívida pública dispararam e quando ontem o tiririca Marcelo desferiu o ataque mais brutal na ex-futura coligação, e principalmente na pessoa de Paulo Portas, a douta autora vem com uma historieta de «putos que são como bandos de pardais à solta e que à noitinha sentem no colo dos pais»….
Essa do «Homem novo» é tão velha como a Salvé-Rainha!
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mas há sempre um idiota que gosta de estórias da carochinha.
sobre os posts da sra Helana eu prefiro os políticos, tipo “câmara Blasfémias corporativa.
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A Sô Dona Helena é uma expert nos posts tipo «câmara Blasfémias corporativa»
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“Os idiotas do costume mamam tudo o que lhes colocam ä frente.”
.
Outros há que mamam tudo o que lhes colocam atrás.
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daí a razão de ser da personagem do Herman José – Alfredo o borrado!
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Certeiro e corajoso, talvez por isso *s defenfens*s da triplicação (todos, todes, todas) não amem nem deixem a HM.
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Certeiro e corajoso, talvez por isso *s defensor*s da triplicação (todos, todes, todas) não amem nem deixem a HM.
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Alfredo, filho, não te enerves!
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permito-me citar pedro mexia , a título de cavar batatas:
«Depois da água transformada em sangue, das rãs, dos piolhos, das moscas, dos animais doentes, da sarna, da chuva de fogo, dos gafanhotos, das trevas e da morte dos primogénitos, parece que vem aí a undécima praga, «o liberalismo».»
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Como eu concordo com a análise da Helena! Claro que há sempre uns modernaços de serviço que, sabe-se lá porquê, são se opinião que mostram que são muito inteligentes se estiverem, por princípio, de acordo com coisas naturalmente estúpidas, mas que eles acham a contradição do facto a maior invenção desde a descoberta da pólvora.
É preciso inventar, inventar muito e se a invencionice for feita em reunião, com acta e tudo, então, não importa o disparate inventado, porque tem o valor de muitos braços no ar. E ficam cegos em relação ao óbvio. Que importa, se há uma pequena possibilidade da “consciência nova” não concordar com o óbvio, vamos é elaborar umas teorias que não expliquem nada mas que apontem futuros, visões de eleitos, e vamos todos concordar com elas. Porque, isso sim, dá visibilidade.
Bom senso, por andas tu?
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