O preço de dizer umas verdades
Nenhum retrato da situação económica da Grécia publicado nos últimos dois anos deixou de citar o problema da evasão fiscal como um dos problemas que mais contribuiu e contribui para o estado do país. Vou vitar apenas uma descrição entre muitas:
According to a remarkable presentation that a member of Greece’s central bank gave last fall, the gap between what Greek taxpayers owed last year and what they paid was about a third of total tax revenue, roughly the size of the country’s budget deficit. The “shadow economy”—business that’s legal but off the books—is larger in Greece than in almost any other European country, accounting for an estimated 27.5 per cent of its G.D.P. (In the United States, by contrast, that number is closer to nine per cent.) And the culture of evasion has negative consequences beyond the current crisis. It means that the revenue burden falls too heavily on honest taxpayers. It makes the system unduly regressive, since the rich cheat more. And it’s wasteful: it forces the government to spend extra money on collection (relative to G.D.P., Greece spends four times as much collecting income taxes as the U.S. does), even as evaders are devoting plenty of time and energy to hiding their income. (…)
Não creio que o problema grego se resolva com mais impostos, mas se todos contribuíssem como deviam até as taxas poderiam descer. Mas adiante, que o que interessa é a reacção hipócrita a Christine Lagarde, que disse apenas duas coisas óbvias: a) preocupa-a mais a situação das crianças no Niger do que a das crianças em Atenas, o que é normal pois as primeiras são imensamente mais pobres e o FMI foi criado para apoiar países pobres e não países ricos, como supostamente é a Grécia; b) todos, na Grécia, devem contribuir para a solução dos problemas, começando por pagar os seus impostos.
Caiu o Carmo e a Trindade. Desde o líder do Syriza até à sempre atenta equipa do senhor Hollande. E espera-se a qualquer momento mais uma indignação do nosso especialista em Grécia. E o curioso é que tudo isto acontece ao mesmo tempo que se pede para os políticos falarem verdade. Mas não era exactamente isso que Lagarde fez?
Estava a espantar-me pelos do costume não irem elogiar a Lagarde, só por porque sim.
Vamos por partes:
1) O FMI já fez algo pelos países como o Niger? Não me cheira. Aliás, sempre que o FMI entrou num País, ele ainda ficou pior do que estava antes. Exemplos. Procurem-nos na América Latina.
2) Falar dos Impostos, num País afectado por fraudes bancárias e por elevada corrupção é gozar com os pobres dos Gregos. Mas claro que falar dos bancos é crime, afinal eles nunca fazem nada de mal, certo? A juntar a isso, parece aquele tom bem de “jagunço” do “Vai trabalhar”, sem comentários
3) Gosto da lógica da preocupação com o Niger e com isso desvalorizar a Grécia, é tão estúpido como ir a um Hospital com uma gripe e o Médico não lhe ligar, porque existem doentes com cancro.
Por fim, nota-se que a Lagarde não sabe o que é a realidade Grega
GostarGostar
@Rinka
Como estava o tempo por Saturno? Deve ter chegado hoje, não e?
GostarGostar
“Da Vigarice como uma das Belas-Artes” – e dos seus habituais defensores e ” beneficiadores”…
Por que será que o óbvio incomoda tanto ?…
GostarGostar
As duras palavras de CLagarde incomodaram muita gente vígara, oportunista, incumpridora, laxista ! — na Grécia e…também por cá.
(Claro que pequena parte da população grega (e portuguesa) não tem culpa do que os políticos corruptos e/ou incapazes fizeram).
GostarGostar
Marcelo R Sousa – um perigoso “grego esquerdista” – acaba de se juntar aos hipócritas, no que à condenação da ex-ministra do ex-governo francês diz respeito.
esta mania de (certa) direita portuguesa apoiar tudo o que se pareça com o “politicamente incorrecto”, é mesmo uma mania.
GostarGostar
Antes de intervir (note-se, a pedido) num país, os técnicos do FMI fazem sempre uma prospecção e trabalho intenso, conclusivo e correcto sobre a real situação do país.
O FMI sabe muitíssimo bem o que originou e quem nada ou pouco fez para estancar a crise grega.
O povo grego “é assim”… Foi um fartar vilanagem !
GostarGostar
Mais uma vez vamos desmitificar as coisas.
Onde para a a verdade ?
Será o € o novo muro que divide a Europa?
Que condena a prosperidade e a liberdade de milhões de europeus.
Que nos deixa entregues a um socialismo burocrático sem poder de escolha ou de decisão naquilo que queremos para a Europa.
Perceba a grande jogada alemã para salvar a sua banca de apuros.
http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/05/dank.html
A história da crise do €. É a cultura estúpido!
http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/04/historia-da-crise-do-euro.html
GostarGostar
“Mas adiante, que o que interessa é a reacção hipócrita a Christine Lagarde, que disse apenas duas coisas óbvias: a) preocupa-a mais a situação das crianças no Niger do que a das crianças em Atenas, o que é normal pois as primeiras são imensamente mais pobres e o FMI foi criado para apoiar países pobres e não países ricos, como supostamente é a Grécia; b) todos, na Grécia, devem contribuir para a solução dos problemas, começando por pagar os seus impostos.”
.
parvoice essa senhora do FMI !! como se o FMI não tivesse tambem culpas pelo situação económica em que a Grécia e Portugal vivem ?? só acordaram agora, quando já tinham o exemplo argentino!!?? A senhora devia se demitir .Espero que o Estado Português nunca admita que falem assim do seu povo ! e o Gregos tem razão para estarem revoltados…só conseguem arranjar dinheiro para o dia a dia atravès da ecónomia informal ! Aquela senhora devia ser corrida imediatamente do FMI, não tem desculpas !
GostarGostar
a nulidade do Campo Grande devia calar-se de vez.
GostarGostar
Um pequeno mas significante caso de vigarice em Atenas : Na mais recente viagem, estava eu com duas pessoas a tomar o pequeno-almoço. Veio a conta, e nela, três parcelas a mais. Pedimos esclarecimento. O garçon, inicialmente calmo mas depois irritado porque colocada em causa a sua honestidade e interesse, explicou : aquelas quantias pagavam as vezes que veio do interior do restaurante para nos atender na esplanada !… O nosso amigo grego ripostou, exigiu a presença do dono ou gerente. Surgiu um gentleman tão vígaro como o garçon. Naquele restaurante, os empregados tinham a liberdade de cobrar, se quisessem, as idas à esplanada…
Soubemos que se chamássemos a polícia, provavelmente o “agente” diria que nada tinha a ver com o caso…
GostarGostar
http://www.imdb.com/title/tt0397508/
Uma tirada à Lagardère que soa a Lapalisse.
GostarGostar
Na mouche. Convém chamar as coisas pelos seus nomes, no momento em que perdemos a soberania orçamental, sob pena de não ser claro como a poderemos reaver. Com ilusões e paninhos quentes é que não será certamente.
GostarGostar
Dizer o que a senhora disse, como o disse, é a mesma asneira que dizer que “os portugueses andaram a viver à grande e á francesa”. As generalizações são sempre erradas.
GostarGostar
33:
À grande e à francesas ou não, cada um saberá por si. Colectivamente parece que foi 10% por ano. Agora chegou a altura de pagar a dívida, ou também é dos que berra que não consegue e prefere o sistema PS com promoção de um ano mais?
GostarGostar
Lagarde não se preocupa com as crianças gregas que passam mal porque os pais são pobres, pois não só há crianças mais pobres noutras partes do mundo como até há gregos com muito dinheiro que não pagam impostos. Lagarde quer os “seus” pagamentos e o resto os gregos que resolvam. Se os gregos devessem à Máfia teriam exactamente o mesmo tratamento: paguem, custe o que custar e a quem custar. Paguem os filhos pelos pais, mas paguem.
Isto demonstra o nível de degradação a que o Ocidente chegou nas últimas décadas e também o nível de ignorância da história europeia do século XX. Houve um país que passou pelo que os gregos estão a passar: pagou tudo, passou fome, e em poucos anos recuperou. Curiosamente chamava-se Alemanha, elegeu Hitler e provocou a segunda guerra mundial. Ao menos depois da 2a guerra já se tinha aprendido alguma coisa e a Alemanha, derrotada pela 2a vez, não pagou as suas dívidas… à Grécia!
Sabendo isto, é óbvio que Lagarde e Merkel estão a ver se reacendem uma guerra sangrenta na Europa ou talvez um movimento terrorista (não houve já um responsável alemão com um carro incendiado na Alemanha?).
A única reacção razoável seria a demissão imediata de Lagarde. Aliás o que é estúpido é que este acicatar dos gregos pode ajudar à ruptura nas próximas eleições.
GostarGostar
Antes de ler este postal, tinha já eu escrito no meu blog (Será que os anjostêm sexo?):
«Os gregos (ou talvez alguns gregos) sentiram-se ofendidos e estão furiosos com as declarações da Directora-Geral do FMI. Será que as notícias de que a fuga aos impostos está de tal modo enraizada e espalhada na Grécia que o governo não consegue cobrar o suficiente para alimentar as despesas correntes são mentira? Se assim for, que se ofendam com quem espalhou estas notícias. Se for verdade, não têm razão para se ofenderem, nem mesmo os cumpridores, já que Lagarde não se referia obviamente a estes. Aliás, a acreditar no que foi divulgado sobre o regabofe grego, o problema não reside apenas na dificuldade em cobrar impostos, está também na fuga generalizada ao pagamento dos transportes públicos, nas rendas vitalícias para descendentes de funcionários públicos, nos lugares de nomeação por favor, etc., etc.. Mais uma vez afirmo que lamento os sacrifícios que a austeridade impõe aos gregos, mas ofenderem-se por alguém dizer que pensa antes nas crianças africanas pobres (e podiam ser crianças de muitas outras regiões e adultos e idosos miseráveis de todos os países) é fechar os olhos ao sofrimento alheio.
Pelo sim, pelo não, recomendo à Sr.ª Lagarde que não pense em ir passar férias na Grécia.»
GostarGostar
desculpem lá mas cheguei agora de Marte … o FMI já fez alguma coisa por África? Qual a intervenção bem sucedida levada a cabo pelo FMI?
GostarGostar
“Os” e “as” da esquerda gostavam muito mais do FMI quando estava lá aquele que passa a vida com as calças pelos tornozelos, o DSK que não pode ver uma burra de saias.
Se a Mme Lagarde disse o que disse, e as reacções são as que temos visto, imagino o que seria se ela tivesse dito que estava mais preocupada com as crinças gregas do que com as crianças do Niger. Aí caía o Carmo e a Trindade, em Lisboa claro está, porque em Paris caía a Torre Eiffel.
GostarGostar
AC da Silveira,
A Trindade não pode “cair” : ainda serve uns bons bifes, frescos mariscos, óptimas açordas, etc.
Quanto ao Carmo, mais pedra menos pedra, depende do ACosta e do Viegas.
GostarGostar
O que chateia nisto tudo é que seja em que país for, quem cumpre as suas obrigações fiscais é que fica sempre a perder, ou seja, faz o papel do mexilhão…
GostarGostar
Os jornalistas tipo JMF57 lhe perguntaram a Presidenta Lagarde sim esto era bem a titulo pessoal ou como Pressidenta da Instituçao que preside que se chama FMI ?. Neste último caso bem seguro que a Instituçao que preside tem bem mais a perder com os pobres da Grecia que do Niger.
.
Enquanto alguma referencia a situaçao deixada pelo governo conservador de um tal Karamanlis que prante duas legislaturas inflou datos macroeconomicos como verdadero valor da dívida. Fez alguma observaçao?
.
Nem dois segundos para comentar a tristeza de uma pequena colaboraçao de um banco nomeado Goldman Sachs em todo este assunto?.
Tubaraçoes. Nao se comem entre eles. Será que dam bem para cozinhalos daríam bom sapor num plato de sopa?
GostarGostar
Não restam dúvidas que as declarações de C Lagarde só servem para incendiar – ainda mais – as próximas eleições gregas.
Interessa agora saber quem pode vir a lucrar com isso?
É que nas questões – políticas, económicas e financeiras – não há pessoas ou declarações inocentes .
GostarGostar
É claro que a senhora não falou assim por acaso. O que ela disse pode ajudar a convencer os gregos a sair do euro. E, de facto, eles não têm nada a perder. O resto da Europa é que perde.
GostarGostar
A mim também me rala mais a minha família que a sua, mas eu não sou a Lagarde, que neste caso devia ter calado a matraca!
GostarGostar
Através da mentira das generalizações, escondem-se responsabilidades individuais.
GostarGostar
Não é que a “madame” Lagarde não paga impostos sobre o rendimento que aufere (aqui ). É impressionante a desonestidade e as boçais conclusões destes moralistas de algibeira. Amigos, o FMI (seja o do DSK e o da Lagarde) tem um currículo interessantísimo de ajudas “bem-sucedidas” a países ditos pobres, podem começar a enumerálos – sempre em nome da verdade. Sejam mais honestos intelectualmente, o que se deseja, e impeçam que os vossos dedos sejam comandados por fundamentalismos de mercado que vos entorpece a mente.
GostarGostar
…e o FMI foi criado para apoiar países pobres e não países ricos, como supostamente é a Grécia. JMF
…
Em que manual será que o autor leu tao loavel e “novidossa” afirmaçao téorica …
GostarGostar
Lagarde disse umas verdades que os gregos precisavam há muito de ouvir mas que a utopia condena.E por cá há muitos utópicos.
GostarGostar