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Com tradições. *

22 Junho, 2013
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Este final de mandato de Rui Rio tem sido relativamente surpreendente. À primeira vista, quase revolucionário. Parece apostado em relembrar-nos a velha e bem-sucedida frase publicitária de uma conhecida marca de uísque: “a tradição já não é o que era”! No Porto, parece, de facto, não ser. Por exemplo, as corridas de automóveis, à custa da persistência camarária, já entraram no respetivo circuito internacional. Criou-se uma “ nova tradição” a grande velocidade, alicerçada no facto de ter existido, entre 1958 e 1960, um circuito internacional da Boavista, em fórmula 1. Criar-se uma “tradição rápida” – ou a sua ilusão (o tempo o dirá) – é algo de revolucionário! Quase tanto como acabar-se com ela….

Que o diga a “feira do Livro” e agora, o feriado municipal do S. João. A primeira, ao fim de décadas, desapareceu (espera-se que apenas por um ano); o outro, o feriado sanjoanino, também. E não por culpa de Rio. Este, como tantas vezes acontece nas revoluções a sério, apenas surge como a face que circunstancialmente é apropriada pelos factos. Realmente, o imbróglio origina-se numa descoordenação técnico-legislativa imputável, originariamente, ao poder legislativo e ao seu desnorte e confusão – ultimamente também já tradicionais. Rui Rio, como bom legalista que é, apenas se limitou a sublinhá-los. Poderia tentar contorná-los, mas acabou por (pelo menos, em termos mediáticos) chocar com eles, “pé a fundo” e com estrondo. Pelo que sei, até agora, haverá tolerância de ponto para os funcionários da autarquia, mas, formalmente, não haverá feriado municipal. Entretanto, existem também pequenos sinais de que a tradição pode, por vezes, ser a prazo – quer dizer, ter como horizonte apenas um mandato. Pelo menos, a “tradição” narrativa. E em política, a narrativa é fundamental. O novo mercado do Bom Sucesso fez-me recordar a narrativa do primeiro mandato de Rui Rio, anti centros comerciais e modernices desse género, sobretudo, na zona das Antas e na esfera de influência do F.C. do Porto! Idem, idem, com a nova construção e com uma espécie de retorno (novamente) à tradição do “pequeno comércio” e do urbanismo tranquilo e não volumétrico (daquele primeiro mandato). O novo Bom Sucesso, do antigo pequeno comércio que lá existia, tem, apenas, um talho e uma frutaria. Serve, agora – e, a meu ver, muito bem e com vantagens para aquela zona adjacente à Rotunda da Boavista – de copa (ou então, de uma espécie de hall de entrada) ao novo Hotel que lá se instalou. Mas o que teria sido deste novo Bom Sucesso se, porventura, o figurino atual se tivesse, por mera hipótese especulativa, equacionado ou discutido durante aquele já longínquo primeiro mandato de Rui Rio?

* Grande Porto, 21.06.2013

9 comentários leave one →
  1. palavrossavrvs permalink
    22 Junho, 2013 10:35

    Rio é um Salazar sem saias, pardo e perro de movimentos.

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  2. Sousa Pinto permalink
    22 Junho, 2013 10:41

    Profecias

    Vem isto a propósito da observação sábia de António José Seguro de que os primeiros 2 anos de Governo Passos mais pareceram durar 2 séculos.
    Muito bem.
    Como diz o povo, o rabo é sempre o mais custoso de esfolar.
    Se os primeiros 2 anos de Governo Passos pareceram ao chefe da oposição 2 séculos, os 2 seguintes vão seguramente parecer-lhe 2 milénios.
    E aqui entra a História.
    Jesus Cristo, para muitos o Messias, a quem eu chamaria Messias I viveu há 2 000 anos.
    Eureka!
    Portugal tem futuro!
    Daqui a 2 milénios vai chegar o Messias II, o verdadeiro, o António José Seguro.

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  3. YHWH permalink
    22 Junho, 2013 11:05

    Provavelmente há quem tema que tal impulso revolucionário de Rui Rio se oriente e rume ao PSD…

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  4. 22 Junho, 2013 11:41

    Um dos desportos mais caros é o das corridas de automóveis.
    A manifestação de riqueza a que se assiste no Circuito da Boavista é algo contrastante com o apertão a que a maioria das pessoas anda a ser sujeita, com ou sem automóvel.
    Para além da exibição e do estouro de máquinas caríssimas engolindo combustível à fartazana, há ainda os preços dos bilhetes que chegam aos 160€. Se quiser um camarote paga 3.000 euros.
    E ainda “VIP ALMOÇO” a 260€, sem que seja conhecida a ementa.
    Talvez uma francezinha!

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  5. piscoiso permalink
    22 Junho, 2013 11:58

    Mas compreendo o Rui Rio.
    O automobilismo é um desporto de elites.
    O futebol é um desporto popularucho e nem o campeão nacional, o Futebol Clube do Porto, é recebido na Câmara Municipal, como acontece em todo o lado.
    Rio é chic. Diria mesmo chiquérrimo.

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  6. Gabriel Silva permalink*
    22 Junho, 2013 12:41

    « Pelo que sei, até agora, haverá tolerância de ponto para os funcionários da autarquia, mas, formalmente, não haverá feriado municipal. »

    O feriado municial, formalmente e no cocnreto existe na mesma. Não foi alterado, nem suspenso, nem coisa nenhuma.

    O que sucedeu foi que a lei, erradamente fez depender o gozo do feriado municpal por parte dos funcionários publicos de decisão do conselho de ministros.

    Só esses e devido a esse erro, é que precisavam dessa tolerancia de ponto para poder gozar o feriado municipal, que abrange todos ( e não apenas os fp)

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  7. JCardoso permalink
    22 Junho, 2013 12:57

    “Cardozo avança no Porto uma semana após ganhar concurso feito por Menezes” DN
    A salvação do Porto está num túnel subaquático, em mais duas ou três pontes entre Gaia e o Porto, numa rede de transporte escolar gratuita, nos ajustes directos a empresas amigas, na atribuição de centros de estágio de futebol gratuitos e por aí fora. Um Porto forte com mais despesa pública, uma contradição do que faz o governo e do que defendem os seus mais acérrimos defensores, tipo CAA e Luís Filipe Menezes quando ajudou Passos Coelho a vencer o partido e as eleições. Símbolo do PSD já se foi e será que não quer Passos Coelho ao seu lado?

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  8. 22 Junho, 2013 15:06

    Rui Rio para implantar a responsabilizaçao precisa de ganhar o Porto, ganhar as legislativas e ganhar a PR. Aí sim a responsabilizaçao poderia finalmente “revulcionar” e ajudar a reduzir os irresponsaveis que já levaram Portugal tres vezes a bancarrota (apesar dos 210 mil milhoes da UE) e estarem previstos ganharem as proximas legislativas. e se fatima os ajudar com maioria!! que haja fé, fome e futebol e vamos lá.

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  9. mmpf permalink
    22 Junho, 2013 15:28

    O autor do postal queria criticar o Rio; procurou o pretexto, procurou mas parece que não encontrou. Decida-se, afinal o Rio tinha ou não razão (quanto à tolerância de ponto)?
    Parece que tinha (uma chatice): “Realmente, o imbróglio origina-se numa descoordenação técnico-legislativa imputável, originariamente, ao poder legislativo e ao seu desnorte e confusão – ultimamente também já tradicionais. Rui Rio, como bom legalista que é, apenas se limitou a sublinhá-los. Poderia tentar contorná-los, mas acabou por (pelo menos, em termos mediáticos) chocar com eles, “pé a fundo” e com estrondo.”
    Acho curiosa esta do “legalista” – será que agora é crime ser “legalista”? Faz-me lembrar o tempo em que ele era “contabilista”, “economicista”, etc., etc. Julgo que não é preciso dizer mais nada…

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