Explicações simples? Irresponsabilidade.
Esfalfo-me a tentar perceber o que se passa(ou) na cabeça dos actores desta tragicomédia. Procuro as explicações simples – normalmente, aquelas que são as mais realistas. Compreendo que o desconforto com a linha gaspariana que tem sido imposta (creio eu, ao próprio Gaspar, sobretudo depois de ouvir as declarações do Ministro das Finanças de Merkel sobre saída de Gaspar – ou seja, uma autêntica declaração de amor… político); o próprio Gaspar já reconheceu – e escreveu preto no branco – o seu falhanço, rectius, o falhanço das suas previsões, pelo que não vale a pena ser-se mais gasparista do que o próprio Gaspar.
Compreendo que – como disse na sua célebre carta de demissão o ex-Ministro das Finanças – seja, agora, o tempo do investimento, leia-se, de consolidar a austeridade orçamental com uma verdadeira política, ou seja, fazer aquilo que nunca foi feito por este Governo: ter uma verdadeira política de austeridade e não uma austeridade sem política ou em que as decisões políticas eram justificadas com os “modelos de três universidades diferentes” que, por sinal e como o próprio agora reconhece, falharam (comunicação ao país de Gaspar, na sequência da polémica da TSU -I).
Compreendo, também, que a escolha da Ministra Swap não indiciasse esse ajustamento relativamente ao que tem sido, até agora, uma linha sem política que, até mesmo em termos europeus e, em especial, no seio das entidades representadas pelos funcionários da “troika” que cá vêm, começa a ser motivo de dissidências graves.
Compreendo o pecado original do Governo que, em vez de se abalançar no primeiro ano de governação, para as reformas estruturais que deveriam acompanhar o ajustamento orçamental, dando-lhe consequência, encadeou-se com as orientações do ajustamento orçamental (em modelo teórico), continuando, ainda por cima, sem qualquer sentido de (boa) comunicação, a bater com a cabeça na parede (talvez as paredes de Bruxelas sejam mais fofas e menos agressivas do que as de cá).
E até compreendo o incómodo, a dificuldades política do parceiro de coligação do Primeiro-Ministro, perante isso tudo (e, diga-se, a teimosia e instransigência de Passos e do seu núcleo -duro).
Mas, mesmo assim, porquê esta atitude, agora e meia-hora antes da tomada de posse da nova-velha Ministra, de Paulo Portas?
Até mesmo porque – é bom NÃO ESQUECER – ele próprio iria apresentar, dentro de dias, o tal plano das reformas, tendo, aí, uma excelente oportunidade política para condicionar o Governo e o Primeiro-Ministro; com a sua experiência e habilidade política, para “atar” a Ministra – Swap e tentar pôr as coisas nos eixos (aí sim, capitalizando, e muito, politicamente, o seu papel).
Sim, porque é preciso ir às explicações simples e imediatas: agora, o Governo caiu, não por tudo aquilo que atrás referi e que muitos já aqui, nomeadamente no Blasfémias, referiram, mas simplesmente porque Portas se demitiu… meia-hora antes de uma tomada de posse e uns dias antes de ter que apresentar o tal plano que seria a base de discussão da 8ª avaliação dos funcionários da “troika”! Por muito patética que tenha sido a declaração de Passos, ontem à noite (e eu não acho que o tenha sido, naquelas circunstâncias), o facto é que Portas se demitiu, com estrondo e mesmo contra as expectativas do seu próprio Conselho Nacional de véspera (sim, de umas horas antes!).
Porquê? Explicações simples: talvez porque sim (lembram-se da velha experiência de coligação partidária Marcelo -Portas? Que teve o mesmo destino, porém, num outro cenário não governamental e sem as consequências de agora? Lembram-se?) .
Talvez porque a própria obrigação de apresentar tecnica e politicamente tal plano de reformas (“cortes”, inevitavelmente) tenha, também, alguma coisa a ver com a resposta. Agora estamos sem governo (em sentido político – material), sem plano, sem uma linha de negociação com os credores ….
Talvez porque a irresponsabilidade de se pensar fazer política como se os tempos fossem de normaldiade, seja prova de que não andam por aí, realmente, políticos -estadistas.
Já o Gaspar explicou-se muito bem; http://lishbuna.blogspot.pt/2013/07/extractos-da-carta-de-demissao-de-vitor.html
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A Realidade é esmagadora como Passos compreenderá já com certo atraso.
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O Passos não compreende nada, porque não atinge a linha da frente e está a movimentar-se um passos atrás.
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