Manifesto por menos dívida
12 Março, 2014
Sem a reestruturação da dívida pública não será possível libertar e canalizar recursos minimamente suficientes a favor do crescimento. (manifesto dos 70)
O manifesto dos 70 é o reconhecimento por parte da elite cainesiana portuguesa de que a dívida prejudica o crescimento. Depois de andarem anos a dizer que não há crescimento sem défice e dívida agora dizem que com tanta dívida não pode haver crescimento. Levaram uns 10 ou 20 anos a perceber, mas finalmente perceberam os custos do endividamento. Esta evolução positiva leva-me a crer que dentro de 10 ou 20 anos percebam que um país que tem como estratégia o regresso aos mercados não pode ameaçar os credores com reestruturações.
28 comentários
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Começo a ter esperança! Quando estes 70 ilustres representantes da alta e média burguesia nacional se insurgem é sinal de que a crise os começou a beliscar. E agora, sim, o Estado tem mesmo que resolver a questão. Qual é o problema de não pagar a dívida? Não se paga e pronto. O resultado é o mesmo que o de um perdão. A diferença está só no nosso foro psicologico.
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Esta esquizofrenia chega ao ponto de o primeiro subscritor do manifesto ser um dos responsaveis pelo descalabro da divida. Cravinho, para além de ter estado nas nacionalizações de 1975, era ministro da industria do IV governo, foi o pai das SCUTs, autoestradas a metro e de borla, tudo em nome do desenvolvimento económico, dizia ele.
Agora não quer pagar a divida de que ele foi um grande entusiasta.
Também gostava que me explicassem porque é que este manifesto surge agora, a dois meses da saída da troika.
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“Agora não quer pagar a divida de que ele foi um grande entusiasta.”
Não é propriamente uma contradição uma vez que só é entusiasta por fazer dívida quem não tem intenção de a pagar.
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Pedro Braz Teixeira escreve, no i, muitíssimo bem e a propósito: «Uma estranha associação de figuras, mais notáveis pelos cargos que ocuparam do que pelo fizeram nesses mesmos cargos, veio propor a restruturação da dívida pública.
Escolher o pai das SCUT, “que se pagavam a si próprias”, um dos maiores responsáveis pelo gigantismo da nossa dívida, para fazer declarações públicas sobre este manifesto é abusar da paciência dos portugueses. Estas PPP contêm cláusulas leoninas contra os interesses do Estado e dos contribuintes e nunca ninguém percebeu porque é que, até hoje, nunca foram investigadas.
Fazem a proposta de uma restruturação, que designam como “responsável”, não se percebe exactamente porquê. A proposta consiste em alargar fortemente o prazo dos empréstimos e reduzir a taxa de juro a pagar, prevendo-se mesmo que, em alguns casos e durante alguns anos não se pagassem juros.»
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O João Vieira Pereira do Expresso é bastante clarividente neste artigo
http://expresso.sapo.pt/os-9-erros-do-manifesto-dos-70=f860405
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JL,
O João Viera Pereira, disse tudo muito direitinho mas apenas se esqueceu de apontar a forma de pagar a divida. Segundo os entendidos, o ultimo trimestre de 2013 foi uma maravilha e tarvou a recessão, porque pura e simplesmente o consumo aumentou devido á quadra natalicia. Apenas assim e só assim a economia cria riquesa para pagar a divida.
Tudo o resto são tangas paga embrutecer o povão.
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Já ouviu falar de dados homólogos? A história do Natal é bonita para contar a crianças, quanto a factos: a sazonalidade não tem expressão em comparações homólogas, aliás se o efeito Natal fosse como diz teria que ter em Janeiro o decréscimo em cadeia igual ao crescimento verificado de Novembro para Dezembro, teve!?
Isto de negar a realidade (digo números, inequívocos, de várias instituições) dá jeito para colar com prognósticos de catástrofe.
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“Se não podemos falar sobre os nossos problemas, então teremos perdido a nossa independência . É uma espécie de censura não política, a submissão ao pensamento único dos mercados” – Bagão Félix, sobre as afirmações de ontem de PCoelho (sem ter lido todo o texto do manifesto, só conhecido hoje) de que “os mercados não gostam de façamos ondas” (citação livre 🙂 )
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Seremos mais sérios a falar dos nossos problemas quando somos realistas, não quando defendemos soluções que, ou conseguimos impor aos nossos credores (quem de fato acredita nisso?), ou entramos em ruptura e assumimos o default. Os mercados de facto não percebem a sobranceria de quem almeja o seu investimento na nossa dívida, aliás a idiotice vai ao ponto de dizer que temos de bater o pé, como se esta “persuasão” de quem deu largas provas de irresponsabilidade no passado recente, usasse do lógico-racional.
O pior do manifesto é que faz de nós portugueses estúpidos, se acreditarmos na argumentação e pior se a usarmos nas instâncias europeias. Desafio: como as decisões da UE são colegiais (ou perto) diga um único aliado externo que temos para esta retórica.
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Cavaco, há poucos dias, disse, por outras palavras, que a dívida é insustentável e não consta que seja considerado estúpido, pelos menos pelos actuais lideres do regime.
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Parece-me que não disse isso, aliás não poderia à luz das suas atribuições. O que ele diz é que a reforma do estado é imperativa tal como um acordo dos partidos do arco do poder para a próxima legislatura e para o cumprimento das metas orçamentais. Decorre que a principal preocupação dele é a existência de acordo e estabilidade quanto ao fundamental de cumprimento dos nosso compromissos. Por outras palavras terá dito sim que as afirmações de Seguro são irresponsáveis porque não poderá fazer grande parte do que promete.
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Zero aliados externos para essa retórica. Mais, este manifesto, nesta altura, é quase um crime de lesa a Pátria.
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“O manifesto dos 70 é o reconhecimento por parte da elite cainesiana portuguesa de que a dívida prejudica o crescimento.”
– Vá lá, João Miranda, não exagere. O documento não diz isso. Refere-se apenas à atual dívida que ultrapassa os 130% do PIB e que é considerada por muitos cidadãos como excessiva. 😉
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Fincapé, a velha máxima estalinista da mentira dita mil vezes, e patati-patatá, está a fazer escola. A divida publica neste momento, e é muito, não o nego, é de 111% do PIB, porque tem de descontar o dinheiro que o estado tem “em caixa” para pagar a divida de 2014 e mais de 70% da divida de 2015. Também tem de descontar o dinheiro que a troika emprestou aos bancos via estado, e que já está a ser reembolsado.
Esta é a realidade, e continuar a gritar nos media que a divida é superior ao que é na realidade, não é bom para ninguém. Infelizmente há muita gente em Portugal que devia ter juízo e não tem, como são as pessoas conotadas com a direita que assinaram este manifesto dos 70 de braço dado com gente como o Carvalho da Silva, o Boaventura SS e o Louçã, p. ex., que como sabe, são péssimas companhias.
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Passos Coelho disse um número maior, suponho que na casa dos 120%. Aliás, eu fui confirmar e o valor não ultrapassava os 130% só que esqueci-me de corrigir retirando a palavra “ultrapassa”.
Mas se reparar eu nem escrevi que a dívida é excessiva, mas sim “que é considerada por muitos cidadãos como excessiva.” É que eu não sei se é excessiva ou não em termos da capacidade de pagamento. Sei apenas que é muito alta. Não faltarão pessoas e empresas a ter dívidas superiores em relação ao seu património. É necessário é saber se é pagável nos atuais termos. E talvez seja. De qualquer modo, eu lembro-me bem de um governo legislar no sentido do alargamento do prazo de pagamento de créditos de habitação própria, que suponho ter atingido os 40 anos, para facilitar o pagamento. Também não estou a defender esta medida, que me pareceu um pouco excessiva. Estou apenas a constatar factos.
O comentário de cima é mais uma “correção” do que uma opinião.
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Veja a partir do minuto 10, se tiver pachorra…
http://www.tvi24.iol.pt/programa/4407
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Vi com todo o interesse e acredito nesses valores (111%). E não fico triste por isso, porque desejo sucesso ao governo, embora duvide dele e de muitas das ideias para o conseguir.
Aliás, tenho também dúvidas sobre a oportunidade do manifesto e sobre o seu interesse. E se tantos “especialistas” têm opiniões contrárias, quem sou eu para ter certezas?! Mas não me atrevo a pôr em causa o direito de opinião do grupo subscritor.
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Agradeço o seu comentário, e quanto ao último parágrafo, estamos de acordo.
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A dra. Manuela anda com os azeites…anda ressabiada por o Passos Coelho ter conseguido fazer aquilo que ela queria mas não conseguiu fazer …não liguem que isso passa-lhe com uns prozacs…
Em 2008 era contra o salário mínimo, depois a favor do salário mínimo.
Emprego para os Ucranianos…seis meses sem democracia…tem ideias mas não as divulga…o ps ia logo aproveitar-se delas…a favor do modelo de avaliação dos professores…contra o modelo de avaliação dos professores…contra a ida de Santana para Câmara de Lisboa …a favor da ida de Santana para a Câmara de Lisboa e, etc. e tal e coisa. Só em jantares, jantares e jantaradas.
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“um país que tem como estratégia o regresso aos mercados”
.
Ora aqui é a “porca torce o rabo”….!
Se o problema é a “dívida” o que se deveria impor era……não precisar de “regressar aos mercados” através de…..não existir déficit.
Sem deficit não haveria necessidade de “regressar aos mercados” mas, para isso, é necessário que o Estado gaste de acordo com as…..receitas
Tudo isto é um paradoxo!
Não posso acreditar que “Liberais” sufraguem o actual disparate de “ai-e-ta–temos-que-regressar-aos-mercados-a-todo-o transe-e-tal…”
Regressar aos mercados significa APENAS uma coisa: emitir MAIS DÍVIDA!
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SEMPRE fui contra a entrada no Euro (pelo menos no timing e no modo (patético e cheio de “whisfull thinking”) em que o Euro foi “instaurado”.
Ninguém em seu perfeito juízo pode negar que, se nos tivéssemos mantido no Escudo (fazendo a mesma opção que, na altura, fizeram a Suécia, a Dinamarca e o UK) poderíamos ter problemas mas….não estes nem tão graves……até porque, mantendo e Escudo (ao mesmo tempo que o Euro começava) nunca (JAMAIS e em TEMPO ALGUM) teríamos tido a hipótese de nos endividarmos até ao Oblivion…….Enfim…..mas na altura éramos “profetas da desgraça”….pois…..agora TOMEM! 🙂
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Se tivessemos ficado no escudo hoje o salário minimo seria qualquer coisa como 500-600 contos por mês. Um maço de cigarros custaria mais ou menos cinco contos e um litro de gazolina três contos. O desemprego seria superior a 30% e a população portuguesa residente estaria nos oito milhões, sendo que sete milhões viveriam à sombra do estado.
O cabaz de compras (lembram-se?) estaria de volta, e seria adquirido através de cupões ou tickets restaurante que vai dar ao mesmo.
A entrada no euro não foi errada. Erradas foram as politicas que não souberam adequar quer a economia, quer o papel do estado às exigências que um país pequeno e periférico como o nosso teria de adoptar. E continua a festa, porque quer o manifesto dos 70, quer as propostas do PS de mutualização da divida e “solidariedade” do norte para com o sul, quer dizer caridade internacional para resolver os nossos problemas, são mais do mesmo, porque nós, ou alguns de nós, não querem fazer o que é necessário para funcionar num sistema de moeda única.
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Masternene está-se a esquecer da dívida existente que tem de ser paga a quem nos emprestou nos prazos marcados.
Para isso acontecer mesmo com défice zero, terá de se vender nova dívida, para cobrir boa parte da existente.
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Estes já foram à vida…
http://expresso.sapo.pt/conselheiros-de-cavaco-que-assinaram-manifesto-dos-70-foram-exonerados=f860488
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Meu caro Alexandre Carvalho da Silva, tenho lido comentários excelentes da sua pessoa,mas este penúltimo atirou por terra o juizo que eu fazia do seu conhecimento,
pode estar certo que a entrada de Portugal no Euro só foi do interesse do capitalismo selvagem, o maior erro da história de Portugal pior que a ida de D. Sebastião a África,.
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Ai ai.
O Euro devido à incompetência ideológica de quem fez o 25 de Abril e nos deixou este regime de cariz populista, foi só o que travou não estarmos hoje com 40% de inflação, eventual escassez de produtos e incapacidade das empresas e hospitais se equiparem com tecnologia importada.
Ou seja o joel quer dar o poder aos políticos de Portugal sobre a moeda.
Quer ainda dar-lhes mais poder do que o que eles tiveram com os lindos resultados que se vêem.
Quer dar aos políticos a hipótese de fazer batota com a inflação.
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Já se deu ao trabalho de pensar quanto pagaria hoje de combustível se não tivesse entrado no euro?
Ou acha que o escudo iria valorizar face ao dólar ou ao euro nestes 15 anos?
E todos os aparelhos importados desde PCs, tablets, telemóveis, TVs, automóveis?
E tudo o resto que importamos?
Ainda se lembra das taxas de juro que pagava antes do euro, dos spreads praticados e da influência do que chama capitalismo selvagem nessas descidas?
Quando andou de banco em banco a negociar spreads não se queixou desse capitalismo?
Sem a entrada no euro este ajustamento que agora temos de fazer nem tinha sido notado pela maioria. Hoje estaríamos mais pobres mas, por via da desvalorização “natural” do escudo e inflação (ou pensa que com energia mais cara não ficava tudo mais caro?)nem se dava por isso.
Esta moeda forte veio destapar a incompetência dos nossos políticos e a sua absoluta falta de capacidade de reforma do monstro estado que andamos a sustentar.
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