Sempre queremos os brioches
29 Abril, 2014
Um dos problemas das prosas neorrealistas contemporâneas é que já não vivemos no mesmo Portugal do neorrealismo original. Já não há aqueles miúdos esfarrapados, e tantas vezes descalços, das fotografias de há 40 anos ou 50 anos, como bem ilustrava a capa do Público do passado dia 25 de Abril. Mesmo assim não se deixa de fazer um esforço para retratar um Portugal bem neorrealista e muito sofredor:
Pão há, pelos vistos. Faltam é os brioches. Sob a forma de corn flakes ou, de preferência, chocapic.
Também acho, caramba. Não se vêem por ai crianças esqueléticas com moscas à volta, não estamos à mercê de mercenarios sanguinarios, ainda no outro dia choveu. Afinal, não estamos assim tão mal. Chega de exagero !
Boas
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É um pouco temerário tomar a nuvem por Juno. A criança entrevistada (ainda) comia pão. Mas nada autoriza a concluir que ‘outras crianças’ tenham garantida essa acessibilidade alimentar básica.
Quanto aos brioches será necessário entender que eles vieram à liça quando forças militares já estavam. na rua (a guardar as padarias e impor a ordem nas parcas vezes em que havia distribuição de pão) …
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Quando? No tempo do PREC?!
Eu lembro-me é das filas para o leite aquando da 2ª bancarrota pós-Abril…
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Não!. No tempo de Maria Antonieta.
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Não há prova histórica de que a Antonieta tenha mencionado os tais brioches. Se é que essa frase foi alguma vez dita no contexto que lhe atribuem.
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O ponto, digo eu, é a investigadora, numa tese de doutoramento, entender a expressão do miúdo como significativa do que quer que seja. Ainda por cima da conclusão enviesada que queria atingir.
A questão não é os miúdos, nem os papossecos, nem a (in)compatibilidade entre uns e outros. Que a nível das escolas vai-se garantindo que ninguém fique sem pão.
A questão é o nível de cabotinice destes doutorandos (e da jornalista que assinou a peça). Mas em que mundo é que eles têm vivido ?
O paposseco é, em si mesmo, um mundo de prazer degustativo.E de uma eficácia alimentar exemplar.
Agora quem acha que os sem-abrigo apoiados pela SCM de Lisboa – o caso divulgado na altura vivia numa pensão na Rua de São Julião na Baixa de Lisboa, recebia Rend. mínimo – deveriam tomar o pequeno almoço todos os dias na pastelaria por razões de auto-estima, nem imagina o que seja o pão. Só conhece os croissants, brioches e queques.
Ademais, esta do paposseco faz lembrar aquela professora que numa reportagem da RTP em Janeiro deste ano, a propósito dos cortes nos vencimentos da FP, e depois de desafiada pela jornalista – “e como vai dizer aos seus filhos dos cortes do seu vencimento para este ano ?” – dizia assim a professora para dois miúdos à volta dos 8-10 anos: “Olhem, a Disney não pode ser …” e a camara da RTP buscava os olhos entristecidos daquelas pobres crianças.
E se estes gajos fossem gozar com o camões ?…
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Não é significativo. Todas as crianças em todas as gerações mostravam-se que ‘no dia a dia não tinham o que queriam’. Sequer o que gostavam. Coroar a estudos cientificos estas manifestações de crianças tão velhas como antes de cristo é que sugere ser o problema quando é apenas um repetitivo historico.
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Acima alguém de boa fé invocou as bichas para o leite nos tempos do PREC. Honestamente não me lembro, é a primeira vez que ouço embora não ponha em duvida a boa fé do afirmador.
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Lembro bem, e muito bem até tenho o carimbo na minha cedula pessoal, é do racionamento durante a 2ª Guerra Mundial ao mesmo tempo que aviões boches eram carregados todos os dias com carne, atum, peixe, pão fresco etc de Portugal para Berlen,
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até há aquela historia do tuga que no Aeroporto de Lisboa enfiou um balazio na cabeça dum oficialissimo SS que queria levar no avião para Berlen mais porcos que os que tinha pago e outras tantas ainda hoje varridas para debaixo do tapete desses tempos do racionamento de tantos ainda vivos que cresciam enfezados por falta de comidinha que o Regime racionou por dizia ‘não havia’ …
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Cretinice de seguro efeito é condenar o Salazar. Se tivesse mandado gente para a guerra talvez se tivessem evitado umas dinastias de idiotas em vez dos mencionados enfezados.
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Caro JCA.. a fila para o leite a que referi foi na 2ª bancarrota… no inicio dos anos 80… (só podíamos levar entre 4 a 5 pacotes de leite)… Não me diga que é como um que conheço que não se lembra disso porque era a empregada que tratava das compras! 😉
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e o sucesso das lojas de desconto do tipo Lidl… você já viu a composição dos produtos vendidos por lá?
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Saia do seu condomínio privado. Palhaço!
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hehehe
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“Doutoradas” à portuguesa – um autêntico caneiro “intelectual”.
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Pegar nas palavras infelizes de um miúdo de 9 anos e generalizá-las, pretendendo com isso fazer política partidária de apoio à garotada que está na (des)governação, só pode vir de alguém que, não encontrando outros meios para defender a sua dama, limita-se a lançar a confusão. Com serventuários destes, o grande merceeiro holandês pode vir a ter graves problemas!!!
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Tudo é relativo. Os alemães também já não matam judeus. Algumas pessoas deveriam fazer um “safari” à rua da miséria para conhecerem melhor o “país real”… Essa coisa onde moram os que viveram “acima das suas possibilidades”.
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Nem um Fiat panda consigo quanto mais o Ferrari dos meus sonhos e isso faz-me pobre??? Se para o gajo que tem o Fiat novinho em folha sou-o por certo o do Ferrari dar-me-á uma esmola, se me der, e até é capaz de me convidar para ir voluntariamente trabalhar para a sua firma. Olho para mim ao espelho e não me vejo pobre apesar de em dormindo acordar sobressaltado com o trabalho que não arranjo e o dinheiro que não vem. Tenho pão na mesa e como-o pensando em Deus nem o agradeço porque em sendo Deus acho que posso dispensar essas formalidades o que me leva a pensar se Deus não será pobre. é que com estes tirar de medidas em saber o que é a pobreza, existe????, há gajos que penso ser ricos que se acham pobres, e pobres que se acham ricos, e até fico embaraçado quando me acho pobre ou pensam que sou pobre o que me envergonha porque fico a pensar que sou um incapaz e depois olham para mim com aquele olhar de superioridade, se calhar até é de mim que me vejo assim, mas que sinto, sinto e fico a querer ter um brioche para o almoço para saber o que saboreia um rico, um brioche sem mais nada, nem manteiga, fiambre ou queijo. só um puro e imaculado brioche que parece ser uma medida, ou degrau, para a riqueza.
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Aleluia! Afinal ainda há pão. De que se queixa essa gente…?
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A Comunicaçao Social, quiçá por desconhecimento (dê-se o beneficio da duvida) não divulgou que o Presidente da Camara que ´parece não era ‘UEofilo’ foi alvejado a tiro enquanto fazia jogging’ era judeu. Eventualemnte por acaso tentaram limpar-lhe o cebo. Acasos ou ocasos. Não sei. Os que se chamam a si proprios de politologos têm oficial e comunicaçãosocialmente mais ‘ciência politica’ e ‘sociologias’ destas coisas que eu.
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A velha questão… já alguém perguntou ao Carlos Slim ou ao Bill Gates se eles têm tudo o que querem? Se lhes perguntarem, hão-de ver que eles afinal vivem no limiar da pobreza.
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Cambada de douturados possidónios é o produto maior de um Abril de equívocos!
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Algumas direcções de escolas públicas decidiram abrir a cantina nas férias, talvez, também, para ocuparem os funcionários. Não acho mal, nem bem.
O que acho mal é que digam que estão a fazer isso para matar a fome a uns quantos alunos. Não pensaria assim se a cantina abrisse para servir os alunos interessados, pobres, remediados ou ricos.
Digo isto por que, de uma forma pouco cuidada estão a pôr um ferrete em crianças que deveria ter tratamento igual a todas as outras. Receio que muitas não consigam vencer o estigma.
Se a cantina estivesse aberta para toda a gente aproveitariam os que podem pagar mas que não têm facilidade em proporcionar, ao almoço, a refeição aos filhos e aproveitariam os que vivem em famílias em dificuldades. Uns pagariam a refeição e os outros não, como é justo.
O que me parece reprovável é que venham alguns responsáveis pôr-se em bicos de pés, passando para a comunicação social a ideia de que estão a matar a fome a 120.000 crianças por dia, sabendo eles, de antemão, que os verdadeiros necessitados são em número muito inferior.
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Será quee ao fazer o doutoramento a sra. Gabriela fez também copy/past de un qualquer estudo no Dubay?
Será que ela mandou um mail à criancinha a explicar que o big-mac é feito com pães e não com chocapics?
Imagino a paranóia da sra. mas pão de mistura é pior que broa.
Mas isso não se aprende en doutoramentos
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O que é preciso é treinar a obediência, se possível com ordens absurdas. Por exemplo, uma ortografia novilingua que estilhaça a estabilidade ortográfica. Há logo quem comece a salivar e a obedecer com gosto, e a escrever “neorrealista” em vez de neo-realista ou “paposseco” em vez de papo-seco.
É um bom treino para o servilismo total.
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Recem finalicado o doutoramento da Gabriela ja fica mais proximo o MBA investigatorio na padaria da Jonet…:)
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Muito obrigado por trazer ao nosso conhecimento estas pérolas.
Evidentemente que uma criança comer pão é mil vezes mais saudável do que comer o Chocapic ou outra mistela qualquer mas ele naturalmente vai preferir este.
O que já não é saudável e uma futura doutorada publicar uma barbaridade daquele tipo.
Em Bolonha talvez, mas aqui?
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JMF,qual é o problema de uma criança querer Chocapic,se souber responder?
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O miudo até que tem sorte pois tem pelo menos pão para comer.
Não sei se na Coreia do Norte ou em Cubo terão, na Venezuela parece que não.
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Ou a santinha Jonet anda a mentir ao povo, ou se calhar há pessoas que precisam de pedir alimentos.
Custa a perceber estes imbecis que ao mesmo tempo que louvam a caridade, dizem que não existe ninguém a precisar dela.
Em que ficamos meus senhores?
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Se o rapaz antes comia chocapic e agora come päo obviamente que sente a crise. Que eu e o JMF tenhamos crescido a pao com manteiga e que isso nao tenha provocado nenhum trauma nao tem nada a ver com o tema.
Esta historia recorda-me uma discusao entre o meu pai e a minha tia nos tempos posteriores ao 25 de Abril. A empregada de limpeza da minha tia tinha comprado uma maquina de lavar – situacao que a escandalizou muito. Passou do fontanario à maquina lavar de um dia para o outro. Estou certo que se tivesse que voltar ao tanque a simpatica D. Albina voltaria com a energia que sempre teve. Mas permitam ao menos à senhora queixar-se que isto vai de mal a pior.
Penso que o nosso problema (da direita) é que tentamos justificar que nao estamos bem em crise quando deviamos assumir que a situacao é grave e explicar porque nao há melhor solucao. Este raciocinio obrigaria certamente a melhores escolhas e um pouco de vergonha na cara no governo pelo tempo que se esta a perder para diminuir o peso do estado e atacar os parasitas que vivem do estado – apesar dos constragimentos que sofrem os portugueses.
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No tempo da austeridade brutal de Soares pelo menos em Setúbal nem pão existia: definhava-se de fome quase como no paraíso do Arménio Sousa coreano . Como se vê esta pequena crise (1/3 da de Soares) até leva às pessoas escolherem uma alimentação saudável.
Espero que a Troika não vá embora
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A quem sucedeu o Soares para ir pedinchar ajuda lá fora? E quem foi aquele senhor que vendo as contas arrumadas e prontos a receber dinheiro da cee pôs o governo abaixo? Ah, aqueles aviários que do dia pra noite viravam fábricas. Gostei
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Volta Zé dos Bigodes!!!
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Os únicos factos que ficam aqui provados são, primeiro, que o Publico está neste momento irremediavelmente transformado num pasquim. O segundo é que a Gabriela Trevisan, a Raquel Varela e a outra que não me lembro do nome, que escrevia no JN que as mulheres, antes do 25/4 não sentiam prazer sexual, deviam juntar-se e concorrer com o Gato Fedorento.
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Uma criança querer cereais é “viver acima das nossas possibilidades”? Isto é a sério?
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O “esforço” continua na Euronews, pelos vistos. Também deve ser “a esquerda”.
http://www.euronews.com/2014/04/30/deep-austerity-cuts-in-portugal-see-children-hardest-hit/
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