Capitalizar empresas com crédito
18 Junho, 2016
A propósito da capitalização das empresas portuguesas:
- Quando se fala em capitalização de empresas, o capital é o dinheiro que alguém mete numa empresa tornando-se dono de parte das suas acções e sendo remunerado pelos lucros da empresa.
- Em Portugal os donos das empresas procuram controlá-las com o mínimo de capital possível, recorrendo tanto quanto possível ao crédito, porque o risco de alguém meter dinheiro próprio na sua empresa não compensa. O lucro é penalizado e em caso de falência o accionista perde tudo o que investiu.
- Desta forma as empresas portuguesas funcionam com níveis baixos de capital, o que as impede de crescer dado que o que podia ser lucro é dirigido para pagar juros aos credores.
- Os governo anunciou várias medidas para “capitalizar as empresas”. Nenhuma delas envolve incentivar o lucro. Nenhuma delas envolve qualquer incentivo que efectivamente alguém injecte dinheiro numa empresa sob a forma de capital, com os riscos e as vantagens inerentes. Todas são uma forma de subsidiar o crédito ou de, como eles dizem, “apoiar” o crédito.
- Relativamente a incentivos a alguém meter dinheiro num negócio, que têm forçosamente medidas amigas do lucro, o que é que o governo fez ou anunciou desde que tomou posse? Travou a reforma do IRC, reverteu processos de privatização/concessão, aumentou o salário mínimo e ameaça aumentá-lo para níveis incomportáveis, ameaça aumentar o IRS do alojamento local e anunciou várias “apostas” que geram crowding out do investimento privado (e.g. programa de investimento na reconstrução urbana, programas de start ups).
- Para alem de um empresariado tradicionalmente desconfiado do Estado, devido aos diversos abusos do passado, que começaram com as nacionalizações, temos um sistema de “capitalização” de empresas pagos com impostos cobrados às empresas.
11 comentários
leave one →
cobrados às empresas e em útima instância , a todos os contribuintes , que têm de pagar o mal parado , non? andamos a “salvar bancos há que anos , caramba.
GostarGostar
O nosso problema é que estas capitalizações, numa percentagem grande de empresas, vão para tesouraria, chama-se a isto, em linguagem popular, empurrar com a barriga. Depois a banca só tem mal parado, incobrável, etc. Retirando um período na Regeneração e um período no Estado Novo( a seguir à entrada na EFTA) a nossa história económica diz-nos que o nosso empresariado,desde o século 18, viveu sempre encostado ao Estado. Uma mudança só é possível com investimento e empresários estrangeiros e com investimento público. Para salvaguardar o investimento público dos gestores corruptos as leis penais tem de ser alteradas e as penas deviam ser agravadas e no limite, a prisão perpetua, caso contrário, não seremos viáveis como estado independente.
GostarGostar
Mal por mal …
… antes pouco investimento de empresários habituados a viver “encostados” ao Estado …
… do que muito investimento 100% do Estado, ainda menos criterioso e mais ineficiente e todo ele por conta dos contribuintes !!
GostarGostar
Fernando, o Estado Novo apoiou-se no investimento público nos anos de 30 a 60 e não havia esta corrupção. As leis tem de ser mudadas e cadeia com eles.
GostarGostar
Manuel,
A corrupção também existia no Estado Novo (estava era mais escondida pela censura) e hoje em dia exagera-se muito o peso e a dimensão real da corrupção (Portugal é até considerado um pais relativamente pouco corrupto nas classificações mundiais).
Empolar a dimensão e pôr a corrupção no centro é uma tendência relativamente populista : “os politicos são todos iguais e corruptos !”
Claro que há corrupção e, como diz o Manuel, a justiça deve funcionar e os culpados sancionados.
Mas o mais importante não é a corrupção, são as más politicas publicas, é o peso e o intervencionismo excessivos do Estado.
O que é preciso é mais investimento privado e uma economia menos dependente e formatada por demasiado investimento publico.
De resto, o excessivo investimento publico é precisamente uma das causas da corrupção.
GostarGostar
resumindo: investir mas com o dinheiro dos outros, seja ele o do contribuinte – o subsídio para o projecto estruturante – seja o do depositante. quando a coisa dá para o torto, empresa e dono nada têm a ver um com o outro. o porsche e a quinta estão safos, o empregado vai ganir para a porta da segurança social.
se é o banco que fica a arder, também não há problema. o contribuinte injecta, o depositante é ejectado e o resto que se lixe.
culpa dos impostos? duvido, é só olhar para as receitas do irc e para o peso da economia paralela.
como diria VPV, quem comeu comeu, quem não comeu tivesse comido. e como se diz pelas minhas bandas, agora venham-no tirar do cu com um gancho.
GostarGostar
Caro Manuel Branco,
Não é culpa de ninguém. Aposto que o Manuel também não mete o seu dinheiro em empresas.
GostarGostar
Eu invisto no sector que já representa 12% do PIB. Algum do meu capital é derretido pelos administradores da caixa na” la seda”, “pesca nova”, etc, e, não gosto e por isso recomendo uma revisão das leis penais, no Estado Novo, não havia nada disto. Em democracia também é possível, é uma questão de haver”uns safanões a tempo”.
GostarGostar
Em vez de torrar dinheiro em empresas inviáveis o Estado podia fazer o favor de deixar respirar as que ainda têm pulso? Um amigo que tem uma microempresa mostrou-me as 117 diferentes taxas, impostos e licenças anuais necessárias para manter a actividade. Além da óbvia sangria financeira, o tempo perdido também é muito. Ele nem quer ajudas, quer sobretudo que o deixem trabalhar.
GostarLiked by 1 person
Isto já cansa… A boçalidade do porcalhão-da-índia e os “resultados” no crescimento…
GostarGostar
Quem subscreve capital…está (também) emprestando : aliás há soluções jurídicas de capitalização/investimento.
António Costa está revolucionando o capitalismo.
Ou vocês ainda estão no tempo quando se faziam sociedades sem dinheiro à vista?????
GostarGostar