A morte é um embaraço*
E em Lisboa não se lhe arranja lugar. A autarquia lisboeta indeferiu novamente um projecto que visava a construção de um complexo funerário. As razões foram mudando consoante o promotor ia respondendo às questões levantadas pela autarquia, o que desde logo não abona nada em favor da transparência e da equidade dos processos de licenciamento. Afinal quais são os investidores que podem não só esperar anos e anos por um licenciamento como ter capacidade para responder com sucessivos estudos às exigências que a autarquia apresenta “às bochechas”, para usar a expressão visualmente eficaz do presidente do Supremo Tribunal de Justiça?
Mas para lá desta gestão pouco saudável dos processos de licenciamento, sejam eles de capelas mortuárias ou doutro qualquer equipamento, o que releva deste caso é a incomodidade com a morte que se traduz quer nesta incapacidade de lhe dar espaço quer na fúria legislativa para normalizar tudo aquilo que a rodeia. Veja-se por exemplo a legislação aprovada por várias autarquias do país que procura regular desde os símbolos religiosos às jarras e ao tamanho das lápides passíveis de serem colocadas nas campas. Em Lisboa o caso é mais grave pois não só faltam capelas funerárias como cemitérios, já que o cemitério tipo relvado inglês que a autarquia construiu em Carnide, nos anos 80 do século XX, não só custou o dobro dos cinco milhões de euros inicialmente previstos como acabou por revelar-se inútil já que os sete mil cadáveres ali enterrados nunca chegaram a decompor-se. E assim, de cemitério de humanos se viu transformado em necrópole de automóveis para abate. (Deste erro clamoroso na escolha do terreno não se conseguiu até agora que a Câmara Municipal de Lisboa prestasse qualquer esclarecimento.) Como ficção é interessantísssimo imaginar uma cidade onde sucessivos executivos camarários vão protelando os equipamentos mortuários com receio da reacção negativa da população. Mas como realidadeexiste algo de muito inquietante nesta concepção de cidade que atira para longe hospitais como o IPO, tribunais e complexos funerários. Ou seja, tudo o que não cabe naquela maquete virtual de escritórios cheios de gente jovem, elegante e saudável.
*PÚBLICO
Aquele moço que ocupa 2 lugares na televisão ainda não postou nada sobre o FCP. Será que sabe que perdeu? ou será dor de corno? Estranho…
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“…naquela maquete virtual de escritórios cheios de gente jovem, elegante e saudável.”
Só se fôr maquete, porque a realidade é escritórios cheios de gente burra, orelhas caídas e/ou lambebotas, cheia de banhas e celulite e, portanto, com uma saúde um bocado decrépita.
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#1: O “amigo caa” deve estar a ressacar…
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Muito bem, Helena
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Quando eu morrer
quero um braço di fora
p’ra tocar o meu pandeiro…
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A morte é um assunto doloroso já que muitos de vocês, infiéis que trocam as mesquitas pelos estádios, começam a perceber estarem a ser enterrados vivos pela clique do zézinho. E ainda por cima o próximo não vai poder fazer grande coisa.
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“Ou seja, tudo o que não cabe naquela maquete virtual de escritórios cheios de gente jovem, elegante e saudável.”
Então será tudo ressabiamento, já que o próprio executivo camarário também não cabe nessa maquete.
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De facto, a propósito de funerais, alguém lembrou a derrota do Porto, no Porto tripeiro, por um clube da Capital do Império que, infelizmente, já não somos.
A rataria e os assassinos das seitas comunistas e socialistas tiveram sempre, desde que foram paridos, a intenção de destruir as Nossas terras de Santa Cruz.
Curiosamente, as cores preferidas por esse clube “portista” são o azul e branco da Nossa bem Portuguesa Bandeira Monárquica.
Viva o Rei!
Nuno
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